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CENTRO TECNOLÓGICO
VITÓRIA
2018
KARINA DE OLIVEIRA NASCIMENTO
VITÓRIA
2018
LIGAÇÃO EM ESTRUTURAS DE AÇO: PROCEDIMENTOS E
AUTOMATIZAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Macksuel Soares de Azevedo
Doutor em Engenharia Civil
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador
________________________________________
Prof. M. Sc. Marcos Antonio Campos Rodrigues
Mestre em Engenharia Civil
Universidade Federal do Espírito Santo
Membro interno
________________________________________
Prof. Dr. Adenilcia Fernada Grobério Calenzani
Doutora em Engenharia Civil
Universidade Federal do Espírito Santo
Membro interno
AGRADECIMENTOS
Agradecemos também aos nossos familiares, amigos e namorado(a) pelo apoio prático e
emocional, além dos conselhos, dos bons momentos de riso e compreensão quando a nossa
ausência se fez necessária.
RESUMO
A utilização do aço como elemento estrutural na construção civil traz muitos benefícios
durante a realização de uma obra, como redução no tempo de execução, maior garantia na
qualidade, diminuição dos depósitos no canteiro, maior organização e limpeza. Por essas
vantagens, o uso do aço no Brasil tem aumentado. As ligações em estruturas de aço são
responsáveis pela transmissão dos esforços entre seus elementos, sendo de primordial
importância o seu correto dimensionamento. Entretanto, poucos programas computacionais,
acessíveis a classe acadêmica, apresentam a análise completa das regiões nodais da união
entre os elementos de aço. O objetivo deste projeto de graduação é o desenvolvimento de um
programa computacional, em Visual Basic for Applications do Microsoft Excel, para
automatização e análise das ligações rígidas mais utilizadas em sistemas estruturais de aço.
Para tanto, utilizou-se a metodologia de cálculo da ABNT NBR 8800:2008 onde se verifica as
disposições construtivas e os estados limites últimos de cada componente presente nas
ligações. Na validação do programa desenvolvido, utilizaram-se referências da literatura
técnica sobre o tema, a fim de comparar os resultados obtidos sendo possível observar a
precisão do programa.
The use of steel as structural element in civil construction brings a lot of benefits during
construction realization, like time reduction, quality guarantees, warehouse decrease, better
organization and cleaning. For these vantages, the use of steel in Brazil has grown. The
connections in steel structures are responsible for strain transmissions in your elements, it’s
crucial to have them well designed. However, there is a small amount of computer programs,
accessible to academics, to show complete analysis from nodal regions of union between steel
elements. The objective of the work is the development of a computer program, in Visual
Basic for Applications of Microsoft Excel, to automatize and analyse rigid connections more
used in steel structural systems. Therefore, was used a calculus methodology from ABNT
NBR 8800:2008 where verify constructive arrangements and limit states in wich component
in connections. To validate the develop program, it was used technical literature references, in
order to compare obtained results being possible to note precision of the program.
Figura 11 – Região onde não é permitida pintura em superfícies pintadas ou jateadas. .......... 30
Figura 49 - Efeito alavanca com diagrama de momento fletor usado em cálculo em destaque.
........................................................................................................................................................ 65
Figura 50 - Efeito alavanca para mais de uma linha de parafuso em cada lado da chapa
(medidas em milímetros). ............................................................................................................. 65
Figura 52 – Resultados obtidos pelo FTOOL. (a) Diagrama de momento fletor (kN.m); (b)
Deformação da chapa. ................................................................................................................... 67
Figura 62 – Identificação de menor distância entre furos por TK Ligações Rígidas (a) e por
Fakury et al (b). ............................................................................................................................. 75
Tabela 1 – Propriedades dos aços utilizados nos parafusos e seus diâmetros comerciais ........ 16
1.2 OBJETIVOS................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO
Entretanto, para que as estruturas tenham propriedades como rigidez, capacidade resistente e
estabilidade preservadas, os elementos que a compõem precisam estar unidos por meio de
vínculos que transmitem, de forma satisfatória, os esforços entre os elementos estruturais e
resistam conjuntamente a eles. Esses vínculos são denominados ligações.
De acordo com Fakury, Silva e Caldas (2016), as ligações em estruturas de aço são compostas
por duas partes: elementos de ligação, tais como cantoneiras, enrijecedores e chapas; e meios
de ligação, sendo os parafusos e soldas.
Tanto o primeiro como o segundo grupo devem ser dimensionados seguindo os estados
limites últimos (para casos de estruturas usando toda a sua capacidade de carga) ou para os
estados limites de serviço (para casos de análise de estruturas em situações normais de uso).
Diante disso, neste trabalho abordaremos a análise do dimensionamento dos meios e dos
elementos de ligação, disposições construtivas, características mecânicas do aço e estados
limites a serem observados.
13
De acordo com Pfeil e Pfeil (2009), ligações flexíveis são aquelas que permitem rotação
relativa entre as peças (Figura 1) com um comportamento próximo ao de uma rótula, e
transmitindo um pequeno momento fletor. Isso se dá devido a não possibilidade de
construção, na prática, de uma ligação que represente de fato o comportamento de uma rótula
perfeita, admitindo assim a transmissão de momento fletor de baixo valor e tomando-o como
nulo, porém há a transmissão integral de força cortante e axial.
Admite-se como ligação rígida quando esta apresenta rotação aproximadamente nula em
relação aos seus elementos componentes (Figura 2), de forma a se obter transmissão integral
de todos os esforços entre as peças.
14
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
A utilização do aço como elemento estrutural na construção civil traz muitos benefícios
durante a realização de uma obra, como redução no tempo de execução, maior garantia na
qualidade, diminuição dos depósitos no canteiro, maior organização e limpeza. Por essas
vantagens, o uso do aço no Brasil tem aumentado. "A construção em aço representa
atualmente cerca de 15% do universo do setor de edificações no Brasil", afirma Carolina
Fonseca (2015), gerente executiva do Centro Brasileiro da Construção do Aço (CBCA).
Porém, para exercerem desempenho efetivo de sua capacidade resistente, as estruturas de aço
precisam estar conectadas entre si por meio de ligações que garantem integridade na
transmissão dos esforços. Dessa forma, destaca-se a importância do correto dimensionamento
das ligações em estruturas de aço, uma vez que a presença de falhas nesses elementos pode
acarretar mau funcionamento da estrutura e até o colapso.
Entretanto, atualmente, poucos programas computacionais, acessíveis a classe acadêmica,
apresentam a análise das regiões de ligação entre elementos estruturais de aço, isso faz com
que a utilização de métodos manuais de cálculo, presentes na literatura, surjam como
alternativa, mais viável, para o dimensionamento, podendo acarretar erros. Nesse contexto, o
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os parafusos são elementos responsáveis por prover a estabilização das estruturas devido ao
seu aperto na região das ligações. São formados por uma barra redonda, onde em uma
extremidade é rosqueada e na outra possui cabeça, podendo ser quadrada ou sextavada, que
possibilita a utilização de ferramentas para realizar o seu aperto.
Os parafusos podem ser separados em dois tipos, os comuns (que usam aço com baixo teor de
carbono, o que resulta a baixa resistência) e os de alta resistência (que usam aço com alto teor
de carbono). Os parafusos comuns são formados pelos aços ASTM 307 e ISO 898-1 Classe
4.6. Os parafusos de alta resistência são formados pelos aços ASTM A325 ou A490 e ISO
4016 Classe 8.8 ou 10.9. A Tabela 1 descreve as tensões características de cada tipo de aço.
Tabela 1 – Propriedades dos aços utilizados nos parafusos e seus diâmetros comerciais
(continua)
Tabela 1 – Propriedades dos aços utilizados nos parafusos e seus diâmetros comerciais
(conclusão)
ISO 4016
640 800 12 a 36 -
Classe 8.8
Alta
Resistência
ISO 4016
900 1000 12 a 36 -
Classe 10.9
O tipo de aço do parafuso está ligado diretamente aos esforços que o mesmo suporta, visto
que os parafusos comuns podem estar submetidos apenas aos esforços por contato, devido a
sua baixa resistência. Os parafusos de alta resistência podem sofrer esforços por contato ou
por atrito, sendo este último devido a pretensão dos parafusos.
Nas ligações por atrito, os esforços são resistidos numa primeira fase por esse atrito (Figura 4)
e, em uma segunda fase, quando o atrito é vencido e ocorre o deslizamento relativo das peças,
ocorrendo contato do corpo dos parafusos com as paredes do furo.
Fonte: Autores.
18
Em determinados projetos, para garantir que os estados limites de serviço não sejam
ultrapassados em algumas situações, pode ser empregado durante o aperto do parafuso uma
pretensão inicial, sendo esta, no valor mínimo de 70% do valor da força de tração resistente
nominal.
Nas ligações de estruturas de aço é possível ter grande precisão em suas medidas, de modo
que, um pequeno erro na locação de um furo em uma peça pode fazer com que os furos
localizados em outra peça não coincidam, sendo necessário alargar o furo ou fazer outro furo.
Esses procedimentos podem ocasionar pontos de fragilidade na ligação, gerando folga no
local do parafuso e ocorrendo deslocamento relativo entre as peças, podendo danificar a
estrutura como um todo.
Buscando evitar esses problemas, foram definidos, além do furo-padrão, outros três tipos de
furos, sendo usados em situações aonde a precisão para montagem não é alta, tendo assim
uma folga para o operador conseguir realizar seu serviço. Esses furos são identificados na
Figura 5, tendo as folgas definidas pela Tabela 2. Um exemplo onde os furos alargados ou
alongados podem ser imprescindíveis é para fixação de um elemento de aço em estruturas de
concreto, onde, caso o centro do furo esteja na direção de uma barra da armadura do concreto,
é possível deslocar esse parafuso sem grandes problemas, não afetando a estrutura como um
todo.
Fonte: Autores.
19
Diâmetro do Furo
Furo Padrão Furo Pouco Alongado Furo muito alongado
parafuso Alargado
A NBR 8800:2008 ainda prevê que, caso os furos nas peças sejam feitos por meio de punção,
deve-se acrescentar uma folga de dois milímetros no diâmetro do furo, devido ao desgaste que
a borda do furo tem quando é realizado esse processo.
A ABNT NBR 8800:2008 determina alguns limites mínimos e máximos para disposição de
furos dos parafusos em ligações, com o intuito de minimizar problemas nessas regiões,
geralmente mais fracas por terem muito manuseio nas operações (soldas, furos, lixamentos e
outros), ou por questões executivas da ligação. Portanto, temos as seguintes disposições
mínimas construtivas que devem ser seguidas nos projetos em aço:
Essa distância deve respeitar as medidas informadas na Tabela 3, que varia de acordo com o
procedimento de corte da peça.
Para furos alargados, alongados e muito alongados, existe uma parcela 𝛽𝑑𝑏 , sendo:
pol. mm mm Mm
1/2 22 19
5/8 16 29 22
3/4 32 26
20 35 27
7/8 22 38 29
24 42 31
1 44 32
1 1/8 27 50 38
30 53 39
1 1/4 57 42
36 64 46
> 1 1/4 > 36 1,75𝑑𝑏 1,25𝑑𝑏
O espaçamento mínimo entre centros de furos não deve ser menor do que 3𝑑𝑏 , porém, devido
a necessidades construtivas, pode ser reduzido a 2,7𝑑𝑏 .
• Entre centro de furos com elementos resistentes à corrosão não pintados (Inequação
2.2).
21
• Entre centros de furos com elementos pintados ou não sujeitos a corrosão (Inequação
2.3).
A distância mínima entre bordas de furos não pode ser menor do que um diâmetro de furo,
como mostra a Inequação 2.4.
𝑒𝑏𝑏 ≥ 𝑑𝑏 (2.4)
A distância mínima entre centro de furo e chapa deve respeitar a Inequação 2.5.
𝐹𝑆𝑑 (2.6)
𝐹𝑡,𝑆𝑑 =
𝑛𝑡
Sendo:
𝐴𝑏𝑒 a área efetiva da seção transversal do parafuso, sendo uma área média entre a seção do
parafuso na região que não tem rosca e a área na raiz da rosca;
A flexão na chapa, também denominado efeito alavanca, ocorre devido a força de tração da
ligação com parafusos que promove a deformação das chapas unidas pelo mesmo. Essa
deformação promove o aparecimento de forças nas extremidades da chapa (força Q conforme
Figura 6), ocasionando um momento fletor que deve ser combatido pelos parafusos.
• Na determinação das espessuras das chapas das partes ligadas, for empregado o
momento resistente plástico e a força resistente for reduzida de 33%, ou seja, 𝜙𝑎 =
0,67.
• Na determinação das espessuras das chapas das partes ligadas, for empregado o
momento resistente elástico e a força resistente for reduzida de 25%, ou seja, 𝜙𝑎 =
0,75.
Os parafusos tracionados não ficam no centro geométrico da peça e geram um momento fletor
na chapa da ligação. Assim como todo dimensionamento, deve respeitar a Inequação (2.9).
Sendo 𝑀𝑆𝑑 o momento fletor solicitante de cálculo, dado pela Equação 2.10, e 𝑀𝑅𝑑 o
momento fletor resistente de cálculo.
Sendo 𝑏 e 𝑎 definidos conforme Figura 7. Para que o procedimento de cálculo seja válido, a
dimensão 𝑎 não pode ser menor que a dimensão 𝑏.
Fonte: Autores
O momento fletor resistente da chapa depende da análise escolhida para considerar o efeito
alavanca. A equação 2.11 estabelece o momento resistente plástico.
24
𝑀𝑝𝑙 𝑍 𝑓𝑦 𝑝 𝑡 2 𝑓𝑦 (2.11)
𝑀𝑅𝑑 = = =
𝛾𝑎1 𝛾𝑎1 4 𝛾𝑎1
Sendo:
𝑀𝑒𝑙 𝑊 𝑓𝑦 𝑝 𝑡 2 𝑓𝑦 (2.12)
𝑀𝑅𝑑 = = =
𝛾𝑎1 𝛾𝑎1 6 𝛾𝑎1
𝑒2 𝑒1 (2.13)
⁄2
𝑝 = (< { 𝑏 + 0,5𝑑 ) + (< { )
𝑏 𝑏 + 0,5𝑑𝑏
𝑒1 (2.14)
⁄2
𝑝 = 2 (< { )
𝑏 + 0,5𝑑𝑏
Fonte: Autores
É importante levar isso em consideração, pois a região da rosca tem uma seção transversal
menor que o fuste, reduzindo a resistência do parafuso.
𝐹𝑣,𝑆𝑑 (2.15)
𝐹𝑣,𝑆𝑑1 =
𝑛𝑝 𝑛𝑠
𝑐 𝐴𝑏 𝑓𝑢𝑏 (2.16)
𝐹𝑣,𝑅𝑑 =
𝛾𝑎2
Sendo:
𝑐 o coeficiente que depende do aço do parafuso e se a força cisalhante está passando na rosca
ou no fuste do parafuso:
0,4 para parafusos formados com aço comum e para parafusos formados com aço de
alta resistência com a força cisalhante interceptando a rosca;
0,5 para parafusos formados com aço de alta resistência com a força cisalhante não
interceptando a rosca.
Porém, não é em todos os casos que se atuam apenas uma das forças, sendo importante
também colocar limitações quando temos o caso de tensões de tração e cisalhamento
ocorrendo nas peças.
Para isso, a ABNT NBR 8800:2008 define que para solicitações combinadas de tração e
cisalhamento deve-se atender a seguinte inequação:
2 2 (2.17)
𝐹𝑡,𝑆𝑑 𝐹𝑣,𝑆𝑑
( ) + ( ) ≤ 1,0
𝐹𝑡,𝑅𝑑 𝐹𝑣,𝑅𝑑
Figura 10, ou o esmagamento do furo, como na Figura 9. Esse estado limite último é
denominado pressão de contato.
Fonte: Autores.
27
Fonte: Autores.
Para fazer o correto dimensionamento dessa situação, a ABNT NBR 8800:2008 estabelece a
Inequação 2.18.
1,2 𝑙𝑓 𝑡 𝑓𝑢
𝛾𝑎2
𝐹𝑐,𝑆𝑑 ≤ 𝐹𝑐,𝑅𝑑 ≤ (2.18)
2,4 𝑑𝑏 𝑡 𝑓𝑢
{ 𝛾𝑎2
Sendo:
𝑙𝑓 é a menor distância, na direção da força, entre a borda do furo e a borda do furo adjacente
ou entre a borda do furo e a borda da parte ligada;
Nas ligações por atrito, deve-se fazer uma verificação adicional para não ocorrer o
deslizamento entre peças parafusadas, pois o deslocamento pode levar a estrutura a entrar no
seu estado limite último ou de serviço, principalmente se os furos usados não forem do tipo
padrão.
Para esse tipo de ligação, a ABNT NBR 8800:2008 recomenda o uso de parafusos de alta
resistência. A ABNT NBR 8800:2008 recomenda também o uso de ligações parafusadas por
atrito ou ligações soldadas, nas situações:
Para dimensionamento, a ABNT NBR 8800:2008 descreve que para furos alargados, furos
pouco alongados ou muito alongados na direção paralela a força aplicada, o deslocamento
entre peças deve ser considerado como estado limite último. Já para os furos padrão, pouco
alongados ou muito alongados na direção perpendicular a força aplicada, admite-se o cálculo
para o estado limite de serviço.
𝐹𝑡,𝑆𝑘 (2.20)
𝐹𝑓,𝑅𝑘 = 0,80 𝜇 𝐶ℎ 𝐹𝑇𝑏 𝑛𝑠 (1 − )
0,80 ∗ 𝐹𝑇𝑏
Sendo:
𝐹𝑇𝑏 a força mínima de pretensão por parafuso, definido pela ABNT NBR 8800:2008,
indicado na tabela 4;
0,35 para superfície laminada, limpa, isenta de óleos ou graxas, sem pintura ou para
superfícies galvanizadas à quente com rugosidade aumentada devido a escova de aço;
𝐹𝑡,𝑆𝑘 a força solicitante característica no parafuso que reduz a força de pretensão, calculada
pelas combinações raras de serviço ou, de forma simplificada, 70% da força de tração
solicitante de cálculo.
A solda é o meio de ligação mais utilizado devido, principalmente, à sua facilidade de ser
executada, tendo bastante resistência e necessitando de pouca mão de obra. A solda também
consegue ter uma grande vantagem econômica, visto que não precisa de chapas para ligação
de peças, como no caso de ligações parafusadas, e segundo Bellei (1998) é possível
economizar até 15% no peso do aço em estruturas de grande porte, tais como estruturas de
pontes.
O local onde é depositado o eletrodo durante a solda pode ser preparado ou não, levando a
dois tipos de solda, de filete e de penetração, esta última podendo ser total ou parcial.
31
A solda de penetração total é colocada diretamente no encontro das faces das peças a serem
unidas, sendo feito um chanfro para melhor fixação da solda, como mostra a Figura 12. A
característica que diferencia a solda de penetração total da parcial é que a as peças tem
continuação através da solda, como se fossem um único objeto, esse tipo de solda tem a
vantagem de fazer a transmissão de tensões entre os elementos ser a mais uniforme possível.
A Figura 13 mostra a comparação de distribuição de tensões entre soldas de filete e soldas de
penetração.
Fonte: Autores.
As soldas de filete possuem maior facilidade de execução uma vez que não é necessário a
preparação das faces dos elementos a serem ligados. A Figura 14 mostra como é uma solda de
filete.
32
Fonte: Autores.
Porém, diferente da solda de penetração, a solda de filete pode ser especificada para ser
intercalada, principalmente quando os elementos a serem unidos não forem muito espessos.
Esse procedimento pode acarretar no empenamento da chapa, devido a alta temperatura em
que ocorre no processo de soldagem. A Figura 15 mostra um exemplo de solda de filete
intercalada.
Fonte: Autores.
Independente do tipo de solda utilizado, o objetivo sempre é a união de peças, que podem ser
de quatro tipos, conforme mostra a Figura 16.
33
Fonte: Autores.
Fonte: Autores
34
Fonte: Autores
Soldas para ambos os lados e do mesmo tipo tem as mesmas dimensões, exceto
quando indicado;
Caso o símbolo de solda esteja no lado superior da seta, significa que a solda é na
posição indicada, mas no lado oposto.
Segundo Fakury, Caldas e Silva (2016) existem quatro tipos de posições de soldagens, plana,
horizontal, vertical e sobrecabeça, mostradas na Figura 19. A utilização de cada uma depende
do posicionamento do local da solda e em que momento da montagem da estrutura de aço está
ocorrendo a solda, sendo a plana a melhor posição e a de sobrecabeça a pior.
Fonte: Autores
35
Existem vários tipos de metal de solda, classificados de acordo com a resistência que se
obtém após a sua aplicação na ligação. Conforme Dos Santos (1977) a classificação é feita da
seguinte forma:
EXX Y1Y2
Onde:
1 = Todas as posições;
3 = Plana somente.
Ainda segundo Fakury, Silva e Caldas (2016), o eletrodo a ser escolhido para a solda deve ter
pelo menos a resistência de ruptura a tração maior do que a resistência ao escoamento do
metal base onde essa solda será aplicada, conforme mostra a Tabela 5.
Porém, existem outros cuidados que devem ser tomados com relação a solda de componentes
de aço. Por exemplo, a solda não tem efeito em componentes galvanizados, visto que a
camada de zinco que compõe o material não permite que ocorra a fusão entre o metal da solda
e o metal base.
Além disso, em emenda de perfis que possuem grande espessura (no caso de perfis soldados
com mesa acima de 50 mm e perfis laminados com mesa acima de 44 mm) deve-se fazer um
pré-aquecimento da peça para uma temperatura superior a 175 ºC, visto que somente o calor
fornecido pelo equipamento de solda não é suficiente para fazer ocorrer a fusão dos dois
metais.
Por ser um elemento com o comprimento muito maior que as medidas da sua seção
transversal, as soldas podem ser consideradas como linhas, não sendo necessário considerar a
sua espessura no momento de calcular as suas propriedades geométricas. Além disso, podem
ser consideradas como um único objeto, também facilitando o cálculo. Na Figura 20 pode-se
observar a localização de um grupo de solda em um eixo cartesiano, identificando também as
posições dos esforços solicitantes de cálculo.
Fonte: Autores
A Equação 2.21 mostra como calcular a resultante de tensões normais no ponto mais crítico
da solda.
Onde:
𝐴𝑒𝑤 é a área efetiva do metal de solda, calculada como ∑𝑛𝑖=0 𝑙𝑤𝑖 𝑎𝑤𝑖 , sendo:
√2
𝑎𝑤𝑖 é a garganta efetiva da solda, calculado por 𝑑𝑤 ;
2
𝐼𝑥𝑦 é o produto de inercia do grupo de solda (se os eixos X e Y forem os principais, o valor de
𝐼𝑥𝑦 é zero);
𝐹𝑥,𝑆𝑑 𝑀𝑧,𝑆𝑑 𝑦
𝜏𝑤,𝑥,𝑆𝑑 = + (2.22)
𝐴𝑒𝑤 𝐼𝑧
𝐹𝑦,𝑆𝑑 𝑀𝑧,𝑆𝑑 𝑥
𝜏𝑤,𝑦,𝑆𝑑 = + (2.23)
𝐴𝑒𝑤 𝐼𝑧
Sendo:
Com isso é possível estabelecer a tensão resultante de cisalhamento conforme Equação 2.24.
Para verificação dos elementos, a fim de se determinar se eles atendem aos critérios dos
estados limites últimos, deve-se analisar tanto o metal da solda quanto o metal-base presente
na ligação.
a) Soldas de penetração
Segundo Fakury, Silva e Caldas (2016), na solda de penetração as tensões atuantes são iguais
tanto no metal-base quanto no metal da solda, conforme mostra a Figura 21. Ao considerar
que a resistência do metal da solda sempre é superior a do metal base, vide Tabela 5, verifica-
se somente o metal-base quanto a escoamento. As tensões que o aço resiste são calculadas
pelas Equações 2.25 e 2.26. Quando atuarem tensões normais e de cisalhamento de forma
simultânea, a resistência deve obedecer ao critério de Von Mises, definido pela Equação 2.27.
Fonte: Autores
Sendo que 𝐴𝑒𝑤 é a área de solda na união das duas chapas e 𝐴𝑀𝐵 é a área do metal base que
está em união com a solda.
𝑓𝑦
𝜎𝑀𝐵,𝑅𝑑 = (2.25)
𝛾𝑎1
39
0,6𝑓𝑦
𝜏𝑀𝐵,𝑅𝑑 = (2.26)
𝛾𝑎1
𝑓𝑦
√𝜎 2 𝑀𝐵,𝑆𝑑 + 3 𝜏 2 𝑀𝐵,𝑆𝑑 ≤ (2.27)
𝛾𝑎1
b) Soldas de filete
Em soldas de filete os estados-limite que se aplicam são a ruptura da seção efetiva da solda
(Equação 2.28) e o escoamento do metal-base (Equação 2.29).
0,6 𝑓𝑤
𝜏𝑤,𝑅𝑑 = (2.28)
𝛾𝑎2
0,6 𝑓𝑦
𝜏𝑤,𝑅𝑑 = (2.29)
𝛾𝑎1
0,6𝑓𝑦
√𝜎 2 𝑤,𝑆𝑑 + 𝜏 2 𝑤,𝑆𝑑 ≤ (2.30)
𝛾𝑎2
Uma observação importante, citado por Dos Santos (1977), é da relação entre consumo de
metal de solda e a sua resistência. Duas soldas com o mesmo comprimento, porém uma com
perna de 5 mm e outra com perna de 8mm, tem uma diferença de consumo 150% maior,
aumentando a resistência em apenas 60%. Assim, deve-se optar por soldas mais longas e com
uma perna menor, poupando tempo e material no momento da execução.
De acordo com Fakury, Silva e Caldas (2016), em ligações com uso de solda é possível que
haja a ruptura do metal base na região adjunta a solda (seções de ruptura), como representado
na Figura 22. Para que isso seja evitado é necessário que a espessura dos elementos ligados
por solda obedeça a Equação (2.31.
40
2,25 𝑛 𝑎𝑤 𝑓𝑤,𝑟𝑒𝑠,𝑆𝑑
𝑡≥ (2.31)
𝑚 𝑓𝑢
2 2
𝑓𝑤,𝑟𝑒𝑠,𝑆𝑑 = √𝜎𝑤,𝑆𝑑 + 𝜏𝑤,𝑆𝑑 (2.32)
(a) Junta em Tê com solda de filete: chapa 1 com n=2 e m=2 e chapa 2 com n=2 e m=1;
(b) Junta em Tê com solda de penetração total: chapa 3 com n=1 e m=2;
(c) Junta com transpasse com solda de filete: 6 com n=2 e m=1. Na ausência da chapa 7, n=1 e m=1.
Fonte: Autores.
As disposições construtivas mínimas e máximas são válidas apenas para as soldas de filetes,
visto que o comprimento e a espessura da solda de entalhe são controlados pelas dimensões
dos elementos da ligação.
A dimensão mínima do filete de solda é definida de acordo com a espessura da chapa mais
fina que está se ligando. A
Tabela 6 mostra as dimensões mínimas do filete de solda de acordo com a ABNT NBR
8800:2008.
41
Dimensão mínima da
Espessura 𝑡 da chapa mais fina (mm)
perna 𝑑𝑤 (mm)
𝑡 ≤ 6,30 3
𝑡 > 19,0 8
A dimensão máxima do filete de solda é válida apenas quando ocorre união de chapas com
transpasse, onde a espessura da chapa determina a dimensão da perna de solda. Para chapas de
até 6,3mm a perna de solda tem que ser menor que a espessura, entretanto, para chapas mais
grossas a dimensão máxima fica limitada pela espessura da chapa menos 1,5mm. A Figura 23
mostra essas duas situações.
Fonte: Autores
cálculo como um trecho resistente. Assim, é determinado pela ABNT NBR 8800:2008 que as
dimensões do cordão não podem ser menores do que 40 mm e também menor do que 4 vezes
a perna do filete, caso contrário, apenas 25% do comprimento o filete pode ser considerado
para cálculo de resistência (Figura 24).
Fonte: Autores
No caso de união de chapas submetidas a esforços axiais, caso a solda vá até a extremidade,
deve-se estender a solda longitudinal no lado transversal até a uma distância mínima de 2𝑑𝑤
(Figura 25), contornando-a. Além disso, distância máxima entre soldas paralelas à força de
tração não deve ser maior do que 200 mm.
Fonte: Autores
43
No caso de transpasse entre chapas, esse transpasse deve ser de no mínimo 5𝑡, sendo t a
menor espessura das chapas soldadas. Dessa forma, evita-se rotação excessiva na parte da
ligação, podendo acarretar até em escoamento do aço.
Para cordões de solda muito grandes (dimensão longitudinal maior que 600 vezes a perna
da solda), usa-se um fator de ponderação do comprimento de solda, com o intuito de levar
em consideração o efeito de tensões não uniformes causadas por ligações com grande
comprimento. Sendo assim, o comprimento de solda a ser considerado é 𝛽 𝑙𝑤 , onde 𝛽 é
definido pela Equação 2.33.
𝑙𝑤
𝛽 = 1,2 − 0,002 ( ) (2.33)
𝑑𝑤
Ruptura da seção líquida: quando uma barra, conectada por parafusos ou soldas em
apenas alguns pontos de sua seção, sofre tração, os esforços não se distribuem de
forma uniforme entre os componentes interligados (Figura 26), uma vez toda
solicitação deve ser transmitida inicialmente aos elementos de ligação e estes por sua
vez, os conduzirão ao próximo componente estrutural. Desta forma conclui-se que as
tensões são mais elevadas nas proximidades dos furos, devido a sua concentração.
Figura 26 - Distribuição não-uniforme das tensões em ligações de elementos tracionados
Fonte: Autores
A área bruta da seção não é inteiramente solicitada, com isso utiliza-se o coeficiente
𝐶𝑡 , denominado coeficiente de redução da área líquida, de forma a se obter a área da
seção que de fato estaria sofrendo o esforço de tração com distribuição uniforme, esta
área é tida como área líquida efetiva (𝐴𝑒 ) e é obtida conforme a Equação 2.36.
45
𝐴𝑒 = 𝐶𝑡 𝐴𝑛 (2.36)
O escoamento da seção líquida não é considerado um estado-limite, uma vez que esse
fenômeno se restringe apenas a região de ligação, não desencadeando grandes
alterações às dimensões da barra. Portando haverá colapso na estrutura apenas com o
rompimento da seção, ou seja, quando a tensão atuante sobre a seção líquida efetiva
atinge o valor da resistência de ruptura do aço (𝑓𝑢 ), fazendo com que a força de tração
resistente de cálculo seja obtida segundo a Equação 2.37.
𝐴𝑒 𝑓𝑢
𝐹𝑡,𝑅𝑑 = (2.37)
𝛾𝑎2
Onde 𝛾𝑎2 é o coeficiente de ponderação da resistência para ruptura, igual a 1,35.
a) Linha de ruptura
Linha de ruptura é o percurso que passa por um conjunto de furos em uma ligação parafusada,
segundo o qual se rompe uma barra tracionada. Esse percurso é formado por um conjunto de
segmentos retos, que podem ser perpendiculares à força de tração 𝐹 ou formarem um ângulo
no qual a reta não esteja na mesma direção dessa força, como apresentado na Figura 27.
Fonte: Autores.
Além disso, o primeiro segmento das linhas de ruptura sempre deve situar-se na seção
transversal e unir uma extremidade longitudinal da chapa a um furo, e o último segmento
também deve localizar-se na seção transversal e unir a outra extremidade longitudinal da
chapa a um furo. Observa-se que as possíveis linhas de rupturas sempre passam pelos
parafusos mais próximos da força de tração 𝑁.
Onde:
𝑏𝑔 é a largura total da seção transversal;
∑ 𝑑ℎ é a soma dos diâmetros de todos os furos-padrões da linha de ruptura considerada;
𝑛 é o número de segmentos diagonais;
𝑠 é o espaçamento entre dois furos do segmento diagonal, na direção paralela à linha de
atuação da força de tração;
𝑔 é o espaçamento entre dois furos do segmento diagonal, na direção perpendicular à linha de
atuação da força de tração.
Sendo que, em casos onde o furo é do tipo padrão e feito por broca, 𝑑ℎ deve obedecer a
Equação 2.39, caso feito por punção, a Equação 2.40.
47
𝑑ℎ = 𝑑𝑏 + 1,5 𝑚𝑚 (2.39)
𝑑ℎ = 𝑑𝑏 + 3,5 𝑚𝑚 (2.40)
𝐴𝑛 = 𝑏𝑛 𝑡 (2.41)
Fonte: Autores.
48
Fonte: Autores.
Em barras conectadas apenas por soldas transversais, como na Figura 31, deve-se utilizar a
Equação 2.43.
𝐴𝑐
𝐶𝑡 = (2.43)
𝐴𝑔
Onde 𝐴𝑐 é tido como a área da seção transversal conectada do elemento.
49
Fonte: Autores.
Nas barras com seções transversais abertas quando a força de tração não for transmitida para
todos os elementos da seção transversal da barra, 𝐶𝑡 é calculado conforme a Equação 2.44.
𝑒𝑐
𝐶𝑡 = 1 − (2.44)
𝑙𝑐
Onde 𝑒𝑐 é a excentricidade da ligação, igual à distância do centro geométrico da seção da
barra, G, ao plano de cisalhamento da ligação (Figura 32) e 𝑙𝑐 é o comprimento efetivo da
ligação.
Figura 32 - Excentricidade em perfis de seção aberta
Caso a Equação 2.44 encontre um valor de 𝐶𝑡 superior a 0,90, por medidas de segurança, 𝐶𝑡
deve assumir como limite superior 0,90. No entanto, se o valor encontrado para 𝐶𝑡 for inferior
a 0,60, isso significa que a ligação é pouco eficiente, sendo necessário então que seja
modificada (Fakury, Silva e Caldas, 2016).
50
Em chapas planas quando a força de tração é transmitida por meio de soldas no sentido
paralelo a força e presente em ambas as bordas longitudinais da chapa (Figura 33), 𝐶𝑡 é
definido conforme as Inequações 2.45, 2.46 e 2.47.
𝐶𝑡 = 1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑙𝑤 ≥ 2𝑏 (2.45)
𝐶𝑡 = 0,87 𝑝𝑎𝑟𝑎 2𝑏 > 𝑙𝑤 ≥ 1,5𝑏 (2.46)
𝐶𝑡 = 0,75 𝑝𝑎𝑟𝑎 1,5𝑏 > 𝑙𝑤 ≥ 𝑏 (2.47)
Fonte: Autores.
Em chapas planas quando, além das soldas longitudinais em ambas as bordas, há também
solda transversal (Figura 34), 𝐶𝑡 igual a 1.
Figura 34 - Chapa com solda longitudinal e transversal
Fonte: Autores.
Em barras com seções tubulares retangulares: quando a força de tração for transmitida por
meio de uma chapa de ligação concêntrica ou por chapas de ligação em dois lados opostos da
seção (Figura 35), 𝐶𝑡 é definido conforme a Equação 2.44. Porém o comprimento da
51
ligação, 𝑙𝑐 , não pode ser inferior à dimensão da seção na direção paralela à(s) chapa(s) de
ligação.
Figura 35 - Excentricidade em barras com seções tubulares retangulares
Em barras com seção transversal tubular circular: quando a força de tração for transmitida por
meio de uma chapa de ligação concêntrica (Figura 35), 𝐶𝑡 é definido conforme as Inequações
2.48 e 2.49.
Figura 36 - Excentricidade em barras com seção transversal tubular circular
considerar uma distribuição das tensões de tração em um ângulo de 30° a partir do início da
ligação, e ambos os lados, ao longo da linha de ação da força.
Figura 37 - Largura efetiva na seção de Whitmore
Fonte: Autores.
Para chapas de ligação tracionadas com emendas parafusadas admite-se que a área líquida
efetiva da seção não seja superior a 85% de sua área bruta.
𝐾𝐿 𝑓𝑦 𝐴𝑔
𝑆𝑒 ≤ 25 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝐹𝑐,𝑅𝑑 = (2.51)
𝑟 𝛾𝑎1
53
Caso 𝐾𝐿 ⁄𝑟 > 25 deve-se aplicar o estado-limite último de flambagem de forma que a força
de compressão resistente de cálculo do elemento seja definida conforme a Equação 2.52.
𝜒 𝑄 𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝐹𝑐,𝑅𝑑 = (2.52)
𝛾𝑎1
Em uma barra perfeitamente reta, sem tensões residuais, constituída de material homogêneo e
elástico, ao sofrer compressão por uma carga perfeitamente centrada, não apresentará
deslocamento lateral até que a força atuante alcance o valor da força axial crítica de
flambagem (𝑁𝑒 ). Porém, na prática as barras apresentam uma curvatura inicial (𝑣𝑜 ), limitada
pelo comprimento da barra dividido por 1500, e também tensões residuais provenientes de seu
processo de fabricação.
Ao ser comprimida, a barra tende a ter sua curvatura inicial aumentada até que se inicie o
escoamento da seção central, uma vez que o centro da barra está sujeita ao maior momento
fletor (Figura 38), essa etapa é tida como fase elástica, caracterizada pela elevação do valor
da força atuante de zero até o valor correspondente ao início do escoamento (𝑁𝑐,𝑟 ).
Posteriormente, com o aumento da força de 𝑁𝑐,𝑟 o escoamento se propaga pela seção central
para as fibras internas da seção central e para as seções vizinhas, o que faz com que a rigidez
da barra se reduza cada vez mais e os deslocamento aumentem em ritmo mais pronunciado
(Fakury, Silva e Caldas, 2016). Há o colapso quando toda a seção central sofre o escoamento,
obtendo a denominada rótula plástica na seção, neste contexto a barra atinge a força axial
resistente (𝑁𝑐,𝑅𝑘 ).
54
1- Barra com curvatura inicial; 2- Início do escoamento; 3- Propagação do escoamento; 4- Formação da rótula
plástica; 5- Colapso.
Fonte: Autores.
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008 para barras com curvatura inicial, 𝜒 é representado
pela curva presente na Figura 39, definido pelas Equações 2.53 e 2.54.
𝑄 𝐴𝑔 𝑓𝑦
𝜆𝑜 = √ (2.55)
𝑁𝑒
As ligações são formadas por elementos que, quando ligados a outros em ambas as
extremidades, é denominado apoio-apoio (AA), por sua vez, quando ligado em apenas uma
extremidade é denominado apoio-livre (AL), como é possível observar na Figura 40.
Fonte: Autores.
4
𝑘𝑐 = 0,35 ≤ ℎ ≤ 0,76 (2.56)
√ℎ⁄𝑡𝑤
𝑄 = 𝑄𝑎 𝑄𝑠 (2.57)
𝑄𝑎 é definido como coeficiente de redução relacionado a elementos AA, cujo valor é obtido
conforme Equação 2.60 e 𝑄𝑠 coeficiente de redução relacionado a elementos AL, calculado
pelas Equações 2.61 a 2.68.
a) Elementos comprimidos AA
Fonte: Autores.
58
Fonte: Autores.
𝐸 𝑐𝑎 𝐸
𝑏𝑒𝑓 = 1,92 𝑡 √ (1 − √ )≤𝑏 (2.58)
𝜎𝑚á𝑥 𝑏 ⁄𝑡 𝜎𝑚á𝑥
𝑐𝑎 é igual a 0,34, exceto para almas e mesas de seções tubulares retangulares, onde é tido
como 0,38 e, forma conservadora, adota-se 𝜎𝑚á𝑥 = 𝑓𝑦 .
A área efetiva (𝐴𝑒𝑓 ) da seção transversal e é definida conforme a Equação 2.59 e onde 𝐴𝑔 é a
área bruta.
𝐴𝑒𝑓
𝑄𝑎 = (2.60)
𝐴𝑔
b) Elementos comprimidos AL
De acordo com a ABNT NBR 8800:2008, os valores de 𝑄𝑠 podem variar conforme o grupo ao
qual o elemento pertence, podendo ser definido pelas Equações de 2.61 a 2.68.
• Elemento do grupo 3:
𝑏 𝑓𝑦 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 1,34 − 0,76 √ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,45 √ < ≤ 0,91√ (2.61)
𝑡 𝐸 𝑓𝑦 𝑡 𝑓𝑦
59
0,53 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 2 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 > 0,91√ (2.62)
𝑏 𝑡 𝑓𝑦
𝑓𝑦 ( )
𝑡
• Elementos do grupo 4:
𝑏 𝑓𝑦 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 1,415 − 0,74 √ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,56 √ < ≤ 1,03√ (2.63)
𝑡 𝐸 𝑓𝑦 𝑡 𝑓𝑦
0,69 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = , 𝑝𝑎𝑟𝑎 > 1,03√ (2.64)
𝑏 2 𝑡 𝑓𝑦
𝑓𝑦 ( )
𝑡
• Elementos do grupo 5:
𝑏 𝑓𝑦 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 1,415 − 0,65 √ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,64 √ < ≤ 1,17√ (2.65)
𝑡 𝑘𝑐 𝐸 (𝑓𝑦 ⁄𝑘𝑐 ) 𝑡 (𝑓𝑦 ⁄𝑘𝑐 )
0,9 𝐸 𝑘𝑐 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = , 𝑝𝑎𝑟𝑎 > 1,17√ (2.66)
𝑏 2 𝑡 (𝑓𝑦 ⁄𝑘𝑐 )
𝑓𝑦 ( )
𝑡
• Elementos do grupo 6:
𝑏 𝑓𝑦 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 1,908 − 1,22 √ , 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,0,75 √ < ≤ 1,03√
𝑡 𝐸 𝑓𝑦 𝑡 𝑓𝑦 (2.67)
0,69 𝐸 𝑏 𝐸
𝑄𝑠 = 2 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 > 1,03√ (2.68)
𝑏 𝑡 𝑓𝑦
𝑓𝑦 ( )
𝑡
60
O elemento sujeito à momento fletor deve possuir momento resistente de cálculo (𝑀 𝑅𝑑 ) maior
ou igual ao momento solicitante de cálculo (𝑀 𝑆𝑑 ), onde o momento resistente deve ser
verificado quanto ao estado-limite de ruptura, conforme a Equação 2.71.
𝑍𝑒𝑓 𝑓𝑢 (2.71)
𝑀𝑅𝑑 =
𝛾𝑎2
𝑍𝑒𝑓 é o momento plástico efetivo, obtido descontando as áreas dos recortes e furos.
No caso de vigas com furos ou recortes na mesa tracionada, o momento fletor resistente de
cálculo à ruptura é obtido pela Equação 2.72.
𝑓𝑢 𝐴𝑓𝑛 𝑊𝑡 (2.72)
𝑀𝑅𝑑 =
𝛾𝑎2 𝐴𝑓𝑔
Onde 𝐴𝑓𝑛 é a área líquida da mesa tracionada; 𝐴𝑓𝑔 é a área bruta da mesa tracionada e 𝑊𝑡 é o
módulo de resistência elástico do lado tracionado da seção bruta, relativo ao eixo de flexão.
61
De acordo com Fakury, Silva e Caldas (2016), quando houver esforços combinados nos
elementos de ligação, admite-se a utilização do critério de escamento de von Mises (Equação
2.73) como forma de verificação da resistência as tensões combinadas.
2 2 2
𝑓𝑦
√𝜎𝑥,𝑆𝑑 + 𝜎𝑥,𝑆𝑑 𝜎𝑦,𝑆𝑑 + 𝜎𝑦,𝑆𝑑 + 3 𝜏𝑆𝑑 ≤ (2.73)
𝛾𝑎1
Onde:
Fonte: Autores.
62
Fonte: Autores.
Onde:
𝐶𝑡𝑠 é o coeficiente igual a 0,5 quando a tensão de tração é não-uniforme na área líquida e 1,0
quando uniforme (Figura 45).
Em ligações rígidas entre viga e pilar utilizando chapa de topo, essa é soldada à viga e
parafusada à mesa do pilar. Por ser uma ligação rígida, o momento fletor é transmitido da viga
para o pilar gerando esforços localizados no contato das mesas da viga com a chapa de topo e,
consequentemente, o pilar. Para evitar deformações localizadas, se faz necessário colocar
enrijecedores entre as mesas do pilar, a fim de criar uma extensão da mesa da viga, entre as
mesas do pilar, enrijecendo o local, conforme mostra a Figura 46.
É comum admitir que o momento fletor atuante na viga, esta conectada ao pilar por meio de
uma ligação simétrica, esteja decomposto em um binário de forças localizado nas mesas da
viga, ou seja, com a distância entre eles dado pelo intervalo entre ponto médio das mesas da
viga, causando tração na mesa superior e compressão na mesa inferior.
Entretanto, quando a simetria da ligação não é respeitada (Figura 47-C), este método de
cálculo se torna inválido. Por Murray e Shoemaker (2003) a força solicitante de cálculo, para
casos de ligações simétricas ou assimétricas, pode ser tomada conforme Equação 3.1.
64
Fonte: Autores.
𝑀𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑
𝐹𝑡,𝑆𝑑 = + (3.1)
(∑ 𝑑𝑛 ⁄𝑛𝐿 ) 2
Sendo 𝑀𝑠𝑑 o momento fletor de cálculo atuante na viga, 𝑑𝑛 a distância de cada linha de
parafusos a mesa da viga de local oposto a localização da linha (Figura 48), 𝑛𝐿 sendo o
número de parafusos tracionados e 𝑁𝑆𝑑 a força axial de cálculo atuante na viga.
Fonte: Autores.
Para verificação de flexão na chapa utilizam-se as Equações 2.9 a 2.11, conforme a ABNT
NBR 8800:2008, utilizando o modelo de viga com borda livre e engastada (Figura 49).
65
Figura 49 - Efeito alavanca com diagrama de momento fletor usado em cálculo em destaque.
Simulando o comportamento de uma chapa sujeita a força de tração solicitante de cálculo (F)
igual a 100 kN, com espessura (t) de 12,5 mm e com três linhas de parafuso (diâmetro de 12,5
mm) em cada lado da chapa tracionada (Figura 50).
Figura 50 - Efeito alavanca para mais de uma linha de parafuso em cada lado da chapa (medidas em milímetros).
Fonte: Autores.
66
Porém, para uma análise que representa melhor o comportamento da flexão na chapa de topo
adotou-se modelo com elemento biengastado na primeira linha dos parafusos (Figura 51). Foi
considerado mesma seção transversal apresentada na Figura 50, com 𝑝 determinado segundo
Equação 3.3, b tido como a menor distância de furo a chapa (6,76 cm), além de carga centrada
com valor igual a tração aplicada na chapa (F=100kN).
𝑒2 𝑒1 (3.3)
⁄2
𝑝 = (< {𝑏 + 0,5𝑑 ) + (< { )
𝑏 𝑏 + 0,5𝑑𝑏
0 0,0319⁄
= (< { ) + (< { 2 )
0,0676 + 0,5 ∗ 0,0125 0,0676 + 0,5 ∗ 0,0125
= (0) + (0,01595)
𝑝 = 0,01595 𝑚
Fonte: Autores.
Nesse modelo, o momento solicitante máximo que a chapa sofreria seria de acordo com a
Equação 3.4, que representa o momento fletor máximo em uma viga biengastada com carga
concentrada no meio.
𝐹𝑏 3 𝐹𝑏
𝑀𝑆𝑑 = = (3.4)
4𝑏 2 4
67
Figura 52 – Resultados obtidos pelo FTOOL. (a) Diagrama de momento fletor (kN.m); (b) Deformação da
chapa.
Fonte: FTOOL
Assim, ao utilizar esse modelo tem-se uma redução do momento solicitante em torno de 50%
em relação ao modelo de cálculo da ABNT NBR 8800:2008, como mostrado na Tabela 8.
Fonte: Autores.
Podendo então concluir que a norma apresenta resultados conservadores. Vale ressaltar que,
no programa computacional desenvolvido, utilizou-se o dimensionamento conforme a ABNT
NBR 8800:2008. Essa análise não se restringe somente a ligação de chapa de topo, podendo
também ser utilizada em outras ligações em estruturas de aço.
68
Esta ligação excêntrica é executada com a fixação de uma chapa console, paralelamente à
mesa do pilar, por meio de parafusos (Figura 53 (a)), ou soldas (Figura 53 (b)). Esse tipo de
ligação é usada, por exemplo, para apoiar vigas que não foram alinhadas com o pilar.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
69
Fonte: Autores.
70
Fonte: Autores.
Após a seleção da ligação desejada, devem ser fornecidos os dados de entrada ou, em caso de
modificação da ligação, retornar ao menu principal (Figura 57). Neste trabalho foram
considerados apenas perfis laminados e a utilização de momento resistente plástico em chapas
submetidas ao efeito alavanca.
Fonte: Autores.
71
Fonte: Autores.
72
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
4.1 RESULTADOS
Com a finalidade de validar o programa desenvolvido foi realizada análise comparativa dos
resultados obtidos com exemplos disponíveis em literaturas técnicas sobre ligações em
estruturas de aço.
74
A Figura 61 mostra exemplo de ligação rígida de chapa de topo de Fakury, Silva e Caldas
(2016).
A ligação é constituída de viga, pilar, chapa de topo e enrijecedores em aço USI CIVIL 350.
Parafusos com diâmetro de 19 mm em aço ASTM A325, com plano de corte passando pela
rosca e furos realizados por punção. Soldas com eletrodo 70XX. Momento fletor solicitante
de cálculo (Msd,viga) igual a -100kN.m, força cortante solicitante de cálculo (Vsd,viga) igual a -
290kN, força axial de tração solicitante de cálculo (N sd,viga) igual a 10kN e força cortante na
região superior do pilar (Vsd,superior,pilar) igual a -45kN.
Na Tabela 9 verifica-se uma pequena variação de resultados em uma das distâncias de furo,
isso ocorre devido a não verificação de Fakury, Silva e Caldas (2016) das distâncias verticais
entre furos da ligação (Figura 62 (a)), mas apenas do espaçamento horizontal entre furos
(Figura 62 (b)).
Figura 62 – Identificação de menor distância entre furos por TK Ligações Rígidas (a) e por Fakury et al (b).
Fonte: Autores.
76
A Tabela 10 apresenta comparação de resultados obtidos por meio de análise dos estados-
limite últimos da ligação.
(continua)
Tração na mesa e
nos enrijecedores da 210,10 682,90 210,13 682,87
viga (kN)
Compressão nos
enrijecedores e na 200,10 795,50 200,13 745,24
mesa da viga (kN)
Cisalhamento na
290,00 861,50 290,00 906,82
alma da viga (kN)
Cisalhamento nos
36,25 69,42 36,25 69,31
parafusos (kN)
Tração nos
52,53 87,21 52,53 87,07
parafusos (kN)
Cisalhamento e
tração nos parafusos 0,64 1,00 0,64 1,00
(kN)
Flexão na chapa de
1,58 2,27 1,58 2,27
topo (kN.m)
Pressão de contato
na chapa de topo e
36,25 243,20 36,25 242,78
na mesa do pilar
(kN)
Cisalhamento no
painel entre 260,10 715,90 260,13 715,91
enrijecedores (kN)
77
(continuação)
Cisalhamento dos
105,10 583,33 105,06 583,33
enrijecedores (kN)
Ruptura do metal solda
116,20 215,60 116,57 215,56
(MPa)
Solda entre Escoamento do metal
- - 82,41 190,91
alma da viga base (MPa)
e a chapa de Ruptura na região da solda
topo Real Mínimo Real Mínimo
Espessura da alma (cm) 0,95 0,44 0,95 0,45
Espessura da chapa (cm) 1,90 0,22 1,90 0,22
Ruptura do metal solda
- - 169,88 215,56
(MPa)
Solda entre Escoamento do metal
- - 120,10 190,91
mesa da viga base (MPa)
e a chapa de Ruptura na região da solda
topo Real Mínimo Real Mínimo
Espessura da mesa (cm) - - 1,25 -
Espessura da chapa (cm) - - 1,90 0,34
Solda entre Ruptura do metal solda
- - 132,09 215,56
enrijecedores (MPa)
e mesa do Escoamento do metal
- - 93,39 190,91
pilar base (MPa)
78
(conclusão)
Na análise do Cisalhamento na alma da viga são verificadas diferenças entre os valores das
forças resistentes. Isso ocorre devido a utilização da altura total do perfil ao se calcular a área
79
de cisalhamento pelo programa, algo estipulado na norma ABNT NBR 8800:2008, mas que
não foi considerado em Fakury, Silva e Caldas (2016), uma vez que utilizou a altura interna
do perfil. Além disso, o software não permite recortes na alma da viga, diferente do exemplo
de Fakury et al (2016) e que também causou a divergência da área líquida sujeita ao
cisalhamento.
Para se apurar a ligação excêntrica parafusada de chapa console, utilizou-se exemplo obtido
de Fakury, Silva e Caldas (2016) conforme Figura 63.
A ligação é formada por chapas em aço USI CIVIL 350. Parafusos em aço ISO Classe 8.8,
diâmetro de 22 mm, com rosca fora do plano de corte, trabalhando por atrito em superfícies
sujeitas a corrosão atmosférica e furos realizados por punção.
A Tabela 13 mostra a comparação das disposições construtivas obtidas por Fakury, Silva e
Caldas (2016) e o programa desenvolvido.
80
Nas disposições construtivas ocorreram diferenças nos valores entre as distâncias máximas
entre furos, isso ocorre porque o exemplo proposto considera a distância máxima entre furos
como sendo o menor valor entre 150 mm e 12 vezes a espessura da chapa mais fina presente
na ligação. Diferentemente, a ABNT NBR 8800:2008 declara que, para elementos sujeitos à
corrosão atmosférica, a distância entre furos deve ser o menor valor entre 180 mm e 14 vezes
a espessura da chapa mais fina da ligação, resultando no espaçamento máximo apresentado
(mínimo(180mm; 14*12,5=175mm)).
(continua)
(conclusão)
Na ligação por atrito verificou-se que o exemplo apresenta resultados referente a força
resistente de cálculo, entretanto a ABNT NBR 8800:2008 expõe método de cálculo referente
a força resistente característica para furos-padrão. Sendo assim, o programa de cálculo segue
as orientações descritas pela norma, corroborando com a diferença entre resultados.
Fonte: Autores.
A Figura 65 mostra exemplo de ligação rígida excêntrica soldada com chapa de console
desenvolvido pelos autores.
Fonte: Autores.
83
A ligação é formada por chapas em aço ASTM A36 com força atuante de 100 kN. Mesa do
pilar com comprimento de 230 mm (𝑏𝑓), chapa com medida paralela a medida da mesa de
220 mm (𝑏𝑓 − 𝑆), chapa console com espessura de 12,5mm, comprimento externo a mesa do
pilar de 190 mm (𝑎) e altura de 270 mm (𝐻). Solda com filete de 8 mm e eletrodo E70XX.
Fonte: Autores
(continua)
Exemplo desenvolvido
Software
pelos autores
Critério
Esforço Esforço Esforço Esforço
solicitante resistente solicitante resistente
Compressão na
100,00 539,77 100,00 539,77
chapa console (kN)
Cisalhamento na
100,00 460,22 100,00 460,23
chapa console (kN)
Rasgamento na
100,00 782,40 100,00 782,41
chapa console (kN)
Resistência a Flambagem lateral
9,50 48,83 9,50 48,86
momento com torção (kN.m)
fletor na chapa Ruptura na chapa
9,50 67,50 9,50 67,50
console (kN.m)
84
(conclusão)
Exemplo desenvolvido
Software
pelos autores
Critério
Esforço Esforço Esforço Esforço
solicitante resistente solicitante resistente
Ruptura do metal
Solda entre 86,70 215,50 86,08 215,56
solda (Mpa)
chapa console
Escoamento do
e pila 61,30 136,30 60,86 136,36
metal base (Mpa)
Fonte: Autores.
O exemplo é composto por chapas em aço USI CIVIL 350. Parafusos em aço ISO Classe 8.8,
diâmetro de 22 mm, com rosca passando pelo plano de corte, compondo ligação por contato,
superfícies pintadas ou não sujeitas à corrosão atmosférica e furos realizados por punção.
Soldas com eletrodo 70XX. O suporte não é verificado.
A Tabela 20 mostra a validação dos resultados obtidos por meio de análises de estados-limite
últimos. Para que o exemplo em questão se adaptasse as condições iniciais disponíveis no
software de cálculo, fez-se necessário ampliar o local de aplicação da carga, de forma a se
obter o mesmo valor de momento solicitante de cálculo tanto no programa computacional
quanto na literatura utilizada (Figura 67).
Dessa forma, por Fakury, Silva e Caldas (2016) e pelo programa computacional desenvolvido,
obtém-se momento solicitante de cálculo conforme Equações 4.1 e 4.2, respectivamente.
(continua)
Fakury, Caldas e
Software
Silva (2016)
Critério
Esforço Esforço Esforço Esforço
solicitante resistente solicitante resistente
Cisalhamento
nos parafusos 12,67 90,07 12,67 90,11
(kN)
Tração nos
36,75 113,20 36,44 113,20
parafusos (kN)
Cisalhamento e
tração nos 0,13 1,00 0,12 1,00
parafusos (kN)
Pressão e
contato chapa 12,67 371,60 12,67 371,56
topo (kN)
Flexão na chapa
1,29 2,40 1,28 2,40
topo (kN.m)
Rasgamento na
76,00 1438,00 76,00 1441,89
chapa topo (kN)
Cisalhamento na
76,00 1634,00 76,00 1634,00
chapa topo (kN)
Compressão na
chapa console 76,00 657,40 76,00 801,77
(kN)
Flambagem
Resistência a lateral com 9,58 65,12 9,58 62,98
momento fletor torção (kN.m)
na chapa console Ruptura na
- - 9,58 72,49
chapa (kN.m)
Cisalhamento
chapa console 76,00 644,30 76,00 644,32
(kN)
Tensões
combinadas na
5,73 31,82 5,73 31,82
alma console
(kN/cm²)
Ruptura do
metal solda 73,40 215,60 73,98 215,56
Solda entre
(MPa)
chapa console e
Escoamento do
chapa topo
metal base - - 52,30 190,91
(MPa)
88
(conclusão)
Fakury, Caldas e
Software
Silva (2016)
Critério
Esforço Esforço Esforço Esforço
solicitante resistente solicitante resistente
No estado limite último compressão na chapa console, a diferença encontrada nos resultados
se deve ao aumento da extensão da chapa console, arranjando assim uma maior área para
resistir ao esforço e, consequentemente, uma maior resistência do elemento. Pode-se observar
abaixo a diferença de aproximadamente 21%, sendo a mesma diferença notada entre os
valores.
No estado limite último de a flambagem lateral com torção foi encontrada a diferença citada
também pela alteração realizada para priorizar o momento fletor solicitante encontrado no
exemplo. Neste caso, o dado que foi alterado foi o comprimento da chapa console, que é um
𝐿𝑏
dos dados usados para se calcular o parâmetro 𝐿𝑏 , que corresponde a 𝜆 = ⁄𝑟𝑦 , alterando
O programa possui interface amigável e grande possibilidade de variações das ligações, por
meio dos diversos parâmetros disponíveis.
Por meio de validação constatou-se a precisão do programa frente aos resultados presentes na
literatura analisada, observando assim, poucas divergências de valores e, portanto,
apresentado conclusões satisfatórias. Entretanto, permitiu promover discussões sobre a
interpretação dos autores a respeito dos métodos de cálculo apresentados pela ABNT NBR
8800:2008, como também da necessidade de criação de métodos que permitam variações de
seus atributos e possibilitem a análise de uma gama maior de cenários, como por exemplo, o
estudo do efeito alavanca em casos de ligação assimétrica.
Por existir diversos problemas que se submetem ao campo de conexões em estruturas de aço,
sugerem-se alguns trabalhos que podem ser realizados como complementação deste:
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLEI, I. H.. Edifícios industriais em aço: Projeto e cálculo. 2. ed. São Paulo: Pini, 1998.
SOARES, R. C.; SILVA, H. J. F.; SILVA, J. M.. Ligações para estruturas de aço: guia
prático para estruturas com perfis laminados. Gerdau.
MURRAY, T. M.; SHOEMAKER, W. L.. Steel design guide series 16: Moment end-plate
connections. Chicago, 2003.
PFEIL, W.; PFEIL, M.. Estruturas de aço: Dimensionamento prático de acordo com a
NBR 8800:2008. 8. ed. São Paulo: LTC, 2009.
SANTOS, A. F.. Estruturas metálicas: projeto e detalhes de fabricação. 3. ed. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1977.