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CENTRO TECNOLÓGICO
CAMPUS DE JOAÇABA
PROJETOS DE SISTEMAS
MECÂNICOS
CENTRO TECNOLÓGICO
CAMPUS DE JOAÇABA
PROJETOS DE SISTEMAS
MECÂNICOS
No mesmo são tratados assuntos como: Fase de projeto informacional (PI): Análise do mercado
consumidor; Definição das etapas do ciclo de vida do produto (CVP); Levantamento das necessidades dos
clientes (NC’s) com base nas etapas do CVP; Conversão das necessidades (NC’s) em requisitos dos
clientes (RC’s) - reagrupamento; Definição dos requisitos de projeto (RP’s) com base nos requisitos dos
clientes (RC’s); Análise dos relacionamentos entre RC’s versus RP’s na Casa da Qualidade do QFD;
Análise dos relacionamentos RP’s versus RP’s na Casa da Qualidade do QFD; Elaboração da
Especificação de projeto do Produto. Fase de projeto conceitual (PC): Construção da estrutura funcional
do produto – desdobramento de funções; Criação da matriz morfológica (MM); Criação da matriz de
decisão (MD); Avaliação de alternativas de solução; Escolha da alternativa mais adequada à EPP;
Definição da estrutura conceitual do produto (ECP). Fase de projeto preliminar (PP): Encorpamento da
estrutura conceitual do produto – Definir interfaces entre partes; Definição de formas geométricas de
peças, submontagens, montagens e produto; Definição de materiais mais adequados à construção das
peças; Definição de itens comerciais (spair parts); Construção de protótipos virtuais e reais; Otimização
do comportamento em uso; Readequação de leiaute; Definição da estrutura preliminar do produto (EPrP);
Fase de projeto detalhado (PP): Definição final de materiais para manufatura (fabricação e montagem);
Definição final de spair parts; Definição final de forma geométrica; Elaboração de folhas de engenharia
com instruções de fabricação e montagem; Definição final de folhas de engenharia quanto aos
acabamentos superficiais e tolerâncias; Elaboração dos manuais de montagem/desmontagem, uso,
manutenção e descarte: Organização de dados e informações de projeto.
Tem a finalidade de proporcionar aos graduandos o conteúdo básico da disciplina e referencial básico
teórico, com o intuito de melhorar o aproveitamento dos mesmos.
Qualquer sugestão com referência ao presente trabalho, serão aguardadas, pois assim pode-se
melhorá-lo com futuras modificações.
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Maria em 1993. Em 1994 iniciou
o curso de especialização em Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina obtendo o
grau de Especialista em Engenharia Mecânica. Em 2003 concluiu o curso de Mestrado em Engenharia de
Produção na Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de concentração de Gerência,
desenvolvendo o trabalho intitulado Consolidação da Metodologia da Manutenção Centrada em
Confiabilidade em uma Planta de Celulose e Papel.
Professor de várias disciplinas da área de projetos nos cursos Técnico em Mecânica e Eletromecânica
do SENAI – CET Joaçaba.
É Professor dos cursos de graduação em Engenharia de Produção Mecânica, Engenharia Mecânica e
Engenharia de Produção da UNOESC – Joaçaba onde atua nos componentes curriculares de Resistência
dos Materiais, Elementos de Máquinas, Mecanismos, Pesquisa Operacional, Projeto de Sistemas
Mecânicos, Manutenção Mecânica, Sistemas Hidráulicos e Pneumáticos, Vibrações Mecânicas. É
também pesquisador nas áreas de Desenvolvimento de Projeto e Manutenção Industrial.
Professor dos cursos de pós-graduação em Engenharia de Manutenção Industrial, Gestão da Produção,
Engenharia de Manutenção; Engenharia de Projeto de Sistemas Mecânicos, Engenharia de Estruturas
Metálicas e Engenharia de Produção da Universidade do Oeste de Santa Catarina ministrando os
componentes curriculares de Manutenção de Elementos de Máquinas, Técnicas e Procedimentos de
manutenção, Metodologia de Projeto de Sistemas Mecânicos, Projeto para a Confiabilidade e
Mantenabilidade, Gestão da Manutenção, Metodologia da Pesquisa.
É perito técnico judicial, desenvolvendo trabalhos nas áreas automotiva e industrial na busca de causa
raiz de falhas.
Contato: Universidade do Oeste de Santa Catarina – Campus de Joaçaba
e-mail: douglas.zaions@unoesc.edu.br
Fone/Fax: (49) 3551 – 2000 ramal 2216
ÍNDICE
3 METODOLOGIAS DE PROJETO............................................................................................................................ 18
3.1 DEFINIÇÕES DE PROJETO ....................................................................................................................................... 18
3.2 CLASSIFICAÇÕES DE PROJETO ............................................................................................................................... 21
3.3 BREVE HISTÓRICO ................................................................................................................................................. 23
3.4 MODELOS DO PROCESSO DE PROJETO ................................................................................................................... 28
7 PROJETO PRELIMINAR.......................................................................................................................................... 82
7.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 82
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7.2 FUNÇÃO DO PROJETISTA ........................................................................................................................................ 84
7.3 OBSERVAÇÕES PARA O PROGRESSO TÉCNICO DO PROJETO..................................................................................... 87
7.4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DO PROJETO PRELIMINAR ...................................................................................... 88
7.5 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA ........................................................................................................................... 92
7.6 REGRAS GERAIS PARA SELEÇÃO DE MATERIAL ...................................................................................................... 96
7.7 MODELO ESQUEMÁTICO DOS PRINCÍPIOS DE SOLUÇÃO......................................................................................... 99
7.8 MODELO CINEMÁTICO DOS PRINCÍPIOS DE SOLUÇÃO ......................................................................................... 101
7.9 CÁLCULO ESTRUTURAL DA MONTAGEM .............................................................................................................. 103
7.10 LAYOUT DO PRODUTO .......................................................................................................................................... 112
7.11 MODELO GEOMÉTRICO DO PRODUTO .................................................................................................................. 113
1.1 INTRODUÇÃO
Ciclo de vida do produto é o espaço de tempo que vai do nascimento (ou renascimento) do
produto até o seu descarte, ou seja, quando o mesmo entra em desuso, podendo ser ou não
reaproveitado.
Pode-se exemplificar isso, pela detecção de falhas num rolo de tecido numa linha de fabricação
têxtil. Caso a agulha responsável pelo defeito não seja monitorada, a única forma dela se manifestar é
através do operador que visualiza e detecta a falha. Essa seqüência de eventos ocorre toda vez que
uma determinada função do produto ou da função de uma parte do produto não é realizada
devidamente em concordância com a especificação de projeto com base na qual foi, ou pelo menos,
deveria ter sido construído. Nesse caso, uma necessidade nasce pelo não cumprimento de uma ou
mais funções da estrutura funcional do produto ou de parte dele.
Entretanto, os casos mais prováveis de necessidades por novos produtos ou pela melhoria ou
inovação de um produto já existente, ocorrem naqueles produtos de maior uso, isto é, produtos que
estão constantemente sendo utilizados ou que tenham que desempenhar suas funções de maneira
ostensiva.
Um outro tipo de enfoque ou situação que pode ocorrer é aquela em que a necessidade por uma
função existe, é potencial e, no entanto, não é percebida pelo usuário. Esse tipo de necessidade,
muitas vezes é o que leva muitos inventores a tornarem realidade suas idéias criativas e a realizarem
produtos que nem o consumidor sabe que necessita.
As etapas do ciclo de vida do produto estão relacionadas entre si como mostrado na Figura 1.2, o
que compõe o modelo de entradas e saídas distintas entre suas diversas etapas. É uma forma de
representação que visa identificar cada etapa para organizar suas fases e sua posterior sistematização.
Na verdade, sabe-se atualmente que as diversas etapas do ciclo de vida de um produto, interagem
entre si, no entanto, sem que ocorra desmembramento da estrutura mestra, que é o que dá sustentação
à organização global do ciclo de vida do produto, quando sistematizada.
1.2 MERCADO
O mercado é o domínio (ou etapa) do ciclo de vida de um produto em que estão situados diversos
tipos de usuários e clientes, isso verificado para todos os tipos de produtos existentes na face da terra.
Mercado é tudo aquilo que pode adquirir um produto (ou serviço) com base numa necessidade. Essa
necessidade nada mais é que uma função, ou uma estrutura funcional, que deve ser realizada pelo
produto, ou seja, a função é realizada para suprir uma necessidade do usuário.
Um produto deve ter especificados os desejos e aspirações de seus usuários de tal forma que essas
características possam ser convertidas em requisitos de projeto. Isso implica que é muito importante
saber no que se baseiam as necessidades do usuário. Portanto, o mapeamento dos detalhes que
compõem as necessidades do usuário é crucial para a detecção do que realmente o usuário deseja. As
necessidades de um usuário podem estar relacionadas a um leque bastante complexo de coisas.
Dependendo do tipo de usuário (humano ou inanimado) elas podem ser descritas claramente ou
precisarem de um processamento, de uma tradução ou conversão, para uma linguagem que se possa
“entender” essa necessidade. A Tabela 1.1 mostra exemplos de usuários e produtos e suas respectivas
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necessidades apresentando alguns exemplos de necessidades manifestadas por diferentes tipos de
usuário/clientes.
Tabela 1.1 – Necessidades para tipos diferentes de usuários e produtos industriais.
Adotar uma classificação para os tipos de produtos é difícil, uma vez que existem muitas
classificações para o universo dos produtos industriais produzidos; porém, é necessário adotar uma
delas. De fato, produtos similares, têm ciclos de vida e atributos similares, razão pela qual, é um dado
importante no processo. A classificação proposta aparece na Tabela 1.2.
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Tabela 1.2 – Classificação básica de tipos de produtos.
Máquinas Industriais
Bens de Máquinas Agrícolas
Capital Máquinas de Construção
Tipos Equipamentos de Transporte
de Eletrônicos
Produtos Eletrodomésticos
Bens de
Brinquedos
Consumo
Móveis
Automóveis
Provavelmente a classificação mais completa segundo os tipos de produtos, é a adotada pelos
órgãos oficiais de registro de patentes. É uma classificação universal que tenta incluir a totalidade dos
produtos industriais, por motivos óbvios. A classificação básica, mostrada na Tabela 1.2 servirá de
base para trabalhar com um universo limitado de produtos. Isso serve como proposta mínima, básica
e inicial, que poderá ser, posteriormente, ampliada.
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2.1 INTRODUÇÃO
Macro fases
Fases
PP EP CP VE SI LP LI VP
Idéias de Plano de Especificações de Concepção Validade Solicitação de Liberação do Lote Inicial Validação do
Produto Projeto Projeto Econômica Investimento Produto Projeto
Figura 2.1 – Macro fases e fases do processo de desenvolvimento de produtos. Adaptado a partir de
Romano (2004) e Leonel (2006)
Quanto à macro fase de Elaboração do Projeto do Produto, esta envolve a realização do projeto
do produto e do plano de manufatura. Para Fonseca (2000), de uma forma geral esta macro fase
aborda as fases de Projeto Informacional, Projeto Conceitual, Projeto Preliminar e Projeto
Detalhado, onde segundo Leonel (2006) cada uma apresenta como resultados as especificações de
projeto, a concepção do produto, o leiaute do produto e o detalhamento do projeto e plano de
manufatura, respectivamente.
A fase de projeto conceitual do produto corresponde aquela onde é estabelecida a concepção que
melhor satisfaz às especificações de projeto. Essa concepção, de natureza qualitativa, representa o
produto em suas principais funcionalidades e princípios de solução e caracteriza-se por meio de
esquemas ou esboços da solução desenvolvida.
Sobre a melhor concepção desenvolvem-se processos para configurar o leiaute do produto. Esse
leiaute, de natureza quantitativa, consiste no arranjo geral dos elementos que caracterizam o produto
em suas principais geometrias e formas. Trata-se do projeto preliminar do produto. Por último,
desenvolvem-se processos para transformar o leiaute do produto em documentos que detalham as
soluções desenvolvidas, planejam a fabricação, definem o material, processos de controle de
qualidade, documentação final entre outros. Esta fase é conhecida como projeto detalhado do
produto. (ALONÇO 2004 pg. 39).
Leonel (2006), na releitura que fez do Processo de Projeto do Produto apresenta, sintetizadas na
Figura 2.2, as atividades principais para cada fase.
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1 - identificação das
especificações de projeto
que relacionam os requisitos
de forma, leiaute,
material, segurança,
ergonomia e manufatura;
2 - definição dos
componentes e/ou módulos
1 - definição dos fatores de existentes a serem
influência no projeto; utilizados; 1 - construção do protótipo
2 - identificação das 1 - estabelecer a estrutura 3 - revisão das patentes e e testes;
necessidades dos clientes; funcional do produto considerações sobre 2 - otimização das
3 - desdobramento das (definição da função global aspectos legais e de especificações dos
necessidades em requisitos e sub-funções); segurança; componentes;
dos clientes; 2 - definição dos princípios 4 - definição e seleção de 3 - finalização da
4 - transformação dos de solução disponíveis para leiautes alternativos, documentação do produto
requisitos dos clientes em as funções definidas; estabelecimento das (desenhos técnicos, manual
requisitos de projeto do 3 - estudar as estruturas principais dimensões dos de uso, manual de
produto; funcionais alternativas; componentes, seleção de assistência técnica, catálogo
5 - comparação de 4 - seleção da estrutura material, processo de de peças);
atendimento dos requisitos funcional; fabricação, tolerâncias; 4 - detalhamento do plano
(dos clientes e do projeto do 5 - definição de concepções 5 - realização de clínicas de manufatura;
produto) pelos produtos alternativas para o produto; com mock ups; 5 - solicitação de
semelhantes disponíveis no 6 - seleção da concepção 6 - avaliação dos leiautes investimento; e
mercado; e final; e dimensionais; e 6 - avaliação quanto ao
6 - definir as especificações 7 - identificação dos 7 - estabelecimento do atendimento do plano
de projeto do produto. processos de fabricação. leiaute final do produto. estratégico da empresa.
Figura 2.2 - Fases da elaboração do projeto do produto e atividades associadas. Fonte: Leonel (2006)
A macro fase de Implementação do Lote Inicial (Figura 2.1) se subdivide em três fases:
Preparação da Produção, Lançamento do Produto e Validação, onde envolve, desde a elaboração do
planejamento e preparação da produção (liberação para a produção), passa pela produção e liberação
do lote piloto, e por fim tem-se a validação do produto e do projeto (LEONEL 2006; ROMANO,
2004).
A última fase da Implementação do Lote Inicial destina-se à validação do produto junto aos
clientes, e à auditoria e validação do projeto junto aos clientes diretos e patrocinadores. Nesta fase
também procede-se o encerramento do projeto (processo de desenvolvimento do produto), são
liquidados os contratos e é realizada a prestação de contas (LEONEL 2006).
(09) Avaliação das estruturas de princípios de solução (EPS) alternativas – Matriz Decisão;
(12) Análise dos Módulos Realizáveis (MR) para as partes do produto – Adequação de PS’s;
(05) Análises DFx, (custos, fabricação, operações de montagem, manutenção, falhas, vibrações,
uso, etc.)
(06) Análise de atributos não funcionais (manufatura, manutenção, custos, descarte, etc);
(04) Documentação final das peças, submontagens, montagem e produto, com as instruções de
fabricação e operações de montagem,
3 METODOLOGIAS DE PROJETO
O presente capítulo tem por objetivo apresentar as principais metodologias de projeto utilizadas
no processo de projeto de sistemas mecânicos. O capítulo inicia com a definição de projeto e em
seguida são apresentadas as respectivas metodologias. Como referência bibliográfica básica para este
capítulo é utilizado Ferreira (1997).
Na visão de muitos autores tais como Shigley (1981), Myatt (1968), Norton (2000), projeto é o
conjunto de atividades que precede a execução de um produto, sistema, processo ou serviço. Projetar
é estabelecer um conjunto de procedimentos e especificações que, se colocados em prática, resultam
em algo concreto ou em um conjunto de informações que permita a sua realização.
De acordo com Pahl e Beitz (1984), “Projetar é uma atividade intelectual para satisfazer certas
demandas da melhor maneira possível. É uma atividade de engenharia que impinge em praticamente
todas as esferas da vida humana, baseia-se em descobertas e leis da ciência e cria condições para a
aplicação destas leis para a manufatura de produtos úteis”.
Para Back (1983), “projeto é a criação de algo novo, de algo que nunca tenha sido montado desta
forma e para esta finalidade, mesmo que seja a montagem de peças velhas”. Caracteriza ainda o
projeto, o de engenharia mais especificamente, como “uma atividade orientada para o atendimento
das necessidades humanas, principalmente daquelas que podem ser satisfeitas por fatores
tecnológicos de nossa cultura”.
Ullman (1992) define o processo de projeto como: “um mapa para, a partir de uma necessidade
por objeto específico, chegar ao produto final”. Alerta ainda para a possibilidade de poder haver
diferentes soluções para qualquer problema de projeto. O “mapa” de Ullman (1992) parece se referir
mais a uma metodologia de projeto que ao projeto propriamente dito.
Destas e de outras definições de projeto estudadas - tal como as coletadas por Evbuomwan et al
(1996) - percebe-se constante recorrência de termos como: idealização, objeto, necessidades e
otimização. A partir destes termos, pode-se sucintamente afirmar que, projetar é idealizar algo real
para satisfazer da melhor maneira possível uma necessidade.
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Cabem aqui algumas considerações. O projeto é predominantemente uma atividade intelectual,
um processo sobretudo criativo. Idealizar algo com existência real, seja um objeto material, como
um bem, seja algo não material, como um serviço. A idealização de algo que não possa vir a existir
não será um projeto, mas sim um sonho ou uma utopia.
Projeta-se algo para satisfazer uma necessidade, real ou latente. Há alguns anos, inexistia a real
necessidade de uma telefonia celular. Vivia-se bem sem esta. Hoje tal tecnologia está presente na
vida de profissionais que necessitam de um meio de comunicação rápido e portátil como uma
necessidade real. Revelou-se uma necessidade que era latente.
Projetar também envolve uma atividade de otimização. Busca-se a melhor solução possível sob
as restrições de projeto e dentro das limitações de recursos materiais e de conhecimento.
O processo completo de projeto, do inicio ao fim, segundo Shigley (1981) começa com a
identificação de uma necessidade e a decisão de fazer alguma coisa sobre ela. Após muitas iterações,
o processo termina com a apresentação dos planos para satisfazer à necessidade. A Figura 3.1 ilustra
este processo. Os parágrafos a seguir apresentam as idéias propostas por Shigley (1981) relacionadas
a Figura 3.1.
Identificação de uma
necessidade
Definição do Problema
Síntese
Análise e Otimização
Avaliação
Realimentação
Apresentação
A definição do problema deve incluir todas as especificações para o objeto que se deseja
projetar. As especificações estabelecem os elementos de entrada e as respostas, as características e as
dimensões que o objeto deve ter, o espaço ocupado e todas as limitações dessas quantidades. As
especificações definem o custo, a quantidade a ser fabricada, a vida esperada, a temperatura de
operação e a confiabilidade. Os itens óbvios das especificações são as velocidades, os avanços
esperados etc.
A avaliação é uma fase importante do processo de projeto pois nela verifica-se se o projeto será
bem sucedido. Compreende o teste de um protótipo em laboratório, com o objetivo de descobrir se o
projeto satisfaz realmente à necessidade, se é confiável, se competirá com êxito com produtos
similares, se é de fácil ou difícil manutenção ou de regulagem fácil.
A apresentação do projeto para outras pessoas é o processo final e vital, no processo de projeto.
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Para a sistematização do projeto, vários autores e normas procuram definir procedimentos que
gerenciam e analisam todas as informações geradas no projeto visando integrar todas as etapas do
ciclo de vida do produto.
Segundo Ferreira (1997), Pahl e Beitz (1983) classificar os processos de projeto de um produto e
os dividem, quanto à originalidade da tarefa e do princípio de solução, nas três modalidades: (i)
Projeto original que envolve a elaboração de um princípio de solução original para um sistema,
independentemente da originalidade da tarefa. (ii) Projeto adaptativo que envolve a adaptação de
um sistema conhecido para uma nova tarefa. O princípio de solução permanece o mesmo. (iii)
Projeto variante que envolve a variação de certos aspectos do sistema escolhido tal como tamanho,
formas e configurações, sem, no entanto alterar a sua função. Há outros autores que acrescentam a
lista de Pahl e Beitz (1983) o Projeto de desenvolvimento que envolve pouca novidade conceitual.
Os diferentes tipos de projeto aparecem como áreas num espaço conformado pelos eixos
coordenados definidos como Conceito, relacionado ao grau de inovação conceitual versus
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Configuração, relacionado à complexidade na configuração do produto sendo projetado. Este
modelo é ilustrado na Figura 3.3.
O projeto original é aquele com alto grau de novidade conceitual e alto grau de complexidade na
sua configuração. Neste caso, o projetista, deve apoiar-se em produtos da mesma família, segundo a
classificação de tipos de produtos. Exemplo é o projeto do primeiro aparelho de TV.
O projeto variante ou re-projeto, é aquele projeto com pouco grau de novidade conceitual e
pouco grau de complexidade na mudança da configuração. Neste tipo de projeto, os projetistas têm
um guia ideal para definir o ciclo de vida e os atributos do produto (assim como para determinar em
detalhes os problemas acontecidos) no produto original, oferecendo uma base sólida para a definição
das necessidades. Exemplo, são os projetos dos modelos sucessivos de aparelhos de TV.
O projeto adaptativo é aquele projeto com alto grau de novidade conceitual e pouco grau de
complexidade na configuração. Neste tipo de projeto, os projetistas têm um guia naqueles produtos
similares em configuração, apontados na classificação de tipos de produtos. Exemplo é o projeto de
um display alfa numérico, como interface homem/computador, baseado num aparelho de TV.
Grau de complexidade
da configuração
do produto
Projeto Grau de
novidade
Re-Projeto adaptativo
conceitual
Por fim, Hubka (1988) citado por Ferreira (1997) alerta para algumas diferenciações na natureza
do projeto com relação à quantidade de itens a serem fabricados. Nos casos extremos haveria:
• o projeto para produção em grandes lotes ou para a produção em massa, onde uma especial
ênfase deve ser dada à formalização dos desenhos e documentos de projeto. É usual fabricar e testar
um protótipo a fim de verificar se as funções de projeto foram alcançadas e de trazer ao projeto
qualquer deficiência observada, para que seja corrigida. Ferramentas especiais, gabaritos e fixações
para manufatura também devem ser preparadas.
Segundo Back et al (2008), a atividade de produção é inerente à atividade humana e tem papel
fundamental nas diversas fases de desenvolvimento econômico. Até a Revolução Industrial, no
século XVIII, os produtos eram elaborados diretamente por artesãos. Com o surgimento das fábricas
e com o aumento do volume de produção houve uma divisão do processo de produção em atividades
de projeto, fabricação e comercialização. No século XX, após a Segunda Guerra Mundial, iniciaram-
se estudos da atividade de projeto como uma disciplina independente. A partir de 1960 encontram-se
obras de autores que tratam da atividade de desenvolvimento de produtos de uma forma mais
sistemática: Asimov (1962), Cain (1969), Krick (1965), Vidosic (1969) e Woodson (1966).
Mais recentemente, na década de 1980, países como os Estados Unidos e a Inglaterra realizaram
estudos para identificar razões da perda de competitividade de seus produtos. Nos estudos da ASME
(1985, 1986) e de Wallace (1987), ficou evidenciado que essas perdas estavam associadas a
deficiências na qualidade de projeto de seus produtos. Apontou-se o planejamento inadequado em
ensino e pesquisa de princípios, teorias, metodologias e ferramentas de apoio ao projeto como um dos
principais fatores. Na Alemanha, contudo, desde a década de 1970, desenvolveu-se um grande
esforço de pesquisa nesta área do conhecimento, como mostram várias obras: Koller (1976), Pahl e
Beitz (1977), Rodenacker (1976) e Roth (1982). Estas são obras publicadas e traduzidas em várias
edições, até os dias atuais (BACK et al, 2008).
Após o estudo da ASME (1985), financiado pela National Science Foundation dos Estados
Unidos, houve um grande impulso em pesquisas e publicações de resultados, introduzindo novos
conceitos, dentre os quais se podem citar os seguintes: (i) projeto para o ciclo de vida do produto; (ii)
projeto para manufatura; (iii) projeto para montagem; projeto para qualidade total; projeto para
competitividade; (iv) desdobramento da função qualidade, (v) QFD; (vi) engenharia simultânea; (vii)
desenvolvimento integrado do produto; (viii) sistemas especialistas em projeto etc. (BACK et al,
2008).
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No Brasil foram poucas as iniciativas de ensino e pesquisa nesta área de conhecimento. No
Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, foram dados os primeiros passos, em 1976,
introduzindo disciplinas de metodologia de projeto de produtos industriais, na graduação e na
pósgraduação. No início da década de 1980, Back (1983) publicou a primeira obra em português
sobre metodologia de projeto de produtos industriais. A partir dessa data vários centros brasileiros
introduziram esta área de conhecimento em cursos de graduação e pós-graduação, geralmente nos
cursos de engenhariamecânica, engenharia de produção e desenho industrial. (BACK et al, 2008).
Somente na década de 1990, com a abertura da economia brasileira, é que houve, por parte da
indústria brasileira, uma grande procura deprofissionais com competência em desenvolvimento de
produto. Antes, a indústria brasileira pouco inovava em seus produtos, e o que mais funcionava era a
adaptação de produtos do exterior, tanto por empresas nacionais quanto por internacionais, usando
para essa prática um nome mais sofisticado, o de engenharia reversa (BACK et al, 2008).
Conforme Back et al (2008) a Tabela 3.1 dá uma breve idéia da evolução do conhecimento no
domínio de desenvolvimento de produtos, sob a ótica da equipe de pesquisadoresdo NeDIP, do
Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC.
Tabela 3.1 - Evolução no campo de conhecimento em projeto de produtos
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Como se pode verificar através das obras mostradas na Tabela 1.1, a partir dos meados da década de
1980, a área de desenvolvimento de produtos recebeu grande atenção, resultando numa avalanche de
publicações, novos termos, conceitos e siglas. Para citar exemplos, tem-se a seguir, traduzidos para o
português, vários termos encontrados na literatura inglesa:
• projeto para o ciclo de vida do produto (Design for Life Cycle – DFLC);
Conforme Ferreira (1997), desde inícios dos anos 60, vêm-se desenvolvendo modelos para o
processo de projeto que orientem o projetista em sua atividade. No projeto de engenharia, convergiu-
se para a um modelo de processo que compreende quatro fases. Tal modelo pode ser encontrado, com
pequenas variações, em diversos autores como French (1985), Pahl e Beitz (1995) e Hubka (1980,
ver figuras 2.2, 2.3 e 2.4. Este modelo está descrito mais formalmente na VDI 2221 conforme Figura
3.7
No modelo proposto por Pahl e Beitz (1995), mostrado na Figura 3.5 - um dos mais difundidos -
as fases do processo de projeto são denominadas:
• esclarecimento da tarefa;
• projeto conceitual;
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• projeto preliminar ou de leiaute (embodiment design) e
• projeto detalhado.
Tais fases compreendem atividades que levam respectivamente aos seguintes estágios de
desenvolvimento do produto, que, conforme será visto em capítulos posteriores, corresponderão a
modelos de produto de mesmo nome: (i) especificação de projeto; (ii) concepção; e (iii) projeto
preliminar;
Tarefa
Especificações
Concepções
Leiaute definitivo
Documentação
Solução
Figura 3.6 - Modelo do processo de projeto, segundo Hubka (1980). Fonte Ferreira (1997)
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Figura 3.7 - Modelo do processo de projeto, segundo a VDI 2221 . Fonte Ferreira (1997)
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As palavras chaves e questões que estão relacionadas com a fase de Projeto Informacional
são: Mercado, Requisitos de usuários/clientes, Requisitos de Projeto, Especificação de Projeto
de Produto, O que são usuários/clientes? O que são necessidades de usuários/clientes? O que
são requisitos do usuários/clientes? O que são requisitos de projeto? Como transformar
requisitos de usuários/clientes em requisitos de projeto? Quais as ferramentas de correlação,
verificação e avaliação de requisitos de usuários/clientes? Quais as ferramentas de correlação,
verificação e avaliação de requisitos de projeto?, Como especificar? O que é uma Especificação
de Projeto de Produto (EPP).
O trabalho de Fonseca (2000) serve como base de conhecimento para a primeira fase do processo
de produto, o projeto informacional (PI). Nele, o autor sistematiza as etapas para a obtenção da EPP,
com auxílio do QFD e de bancos de dados associados. Neste texto serão empregados alguns
conceitos provenientes do trabalho anteriormente citado.
As palavras chaves e questões que estão relacionadas com a fase de Projeto Conceitual são:
Especificação de Projeto de Produto (EPP), Estrutura Funcional de Produto (EFP), O que é função? O
que são estruturas funcionais? Como transformar uma especificação de projeto em funções de produto?
O que é comportamento em uso? O que é interface entre funções? Como representar uma estrutura
funcional? Modelos hierárquicos: Modelo de árvores hierárquico, Modelo relacional, Modelo orientado
à objetos (UML), Como avaliar as estruturas funcionais, Definição da estrutura funcional do produto
(EFP), Busca de princípios de solução de produto (PSP) para a realização das funções da EFP, O que é o
TRIZ? O conhecimento experimental, A experiência de projeto, A escolha de PSP, A matriz
morfológica (MM), A matriz de decisão (MD), Como avaliar uma alternativa de solução, A busca de
argumentos na EPP, A melhor alternativa de solução para concepção do produto. A estrutura
conceitual do produto (ECP).
Uma vez obtida a EPP, na fase de Projeto Conceitual (PC), parte-se para a definição da
concepção do produto Nessa etapa, um estudo acerca dos requisitos da EPP pode ser necessário para
a definição dos requisitos funcionais e dos não funcionais. Os requisitos funcionais alimentam a
análise funcional em que várias estruturas funcionais para o produto devem ser definidas e, apenas
uma contemplada. Essa análise deve ser realizada à luz da EPP para que não seja suprimido nenhum
requisito funcional. A estrutura funcional do produto é normalmente uma árvore hierárquica de
funções em cujo topo está a função global do produto (FG) que é desdobrada em funções parciais de
produto (FP) em vários níveis hierárquicos. As funções parciais do produto geram as folhas dessa
árvore que são as funções elementares do produto (FE).
Após a definição da estrutura funcional do produto (EFP), parte-se para definição dos
princípios de solução de produto (PSP) que atendam às funções elementares da estrutura funcional do
produto. Pelo menos um princípio de solução deve existir ou ser criado para cada função elementar
de produto. Normalmente existem diversas opções para a realização de cada função elementar. Essas
alternativas devem ser justapostas numa matriz (Matriz Morfológica) para que possam ser
combinadas. Depois de organizadas em opções alternativas de concepção para o produto numa
Projeto de Sistemas Mecânicos 34
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segunda matriz (Matriz de Decisão, em que tais alternativas são avaliadas segundo os requisitos de
projeto definidos junto à especificação de projeto de produto (EPP). Como resultado tem-se a
estrutura de princípios de solução mais adequada ao produto.
Essa estrutura de princípios de solução pode ainda ser re-trabalhada na obtenção de módulos
realizáveis (MR) e das peças que os compõem, ainda na fase de projeto conceitual. Todos os
procedimentos de projeto podem ser sistematizados, similarmente à obtenção dos princípios de
solução ao nível do produto.
Assim, as montagens e peças do produto começam a ser “pensadas” ainda na fase de projeto
conceitual. Essas informações irão alimentar de maneira mais completa a definição dos layouts das
partes do produto e todos os demais procedimentos, tarefas e etapas para a realização de peças,
montagens e do produto final, na fase de projeto preliminar.
As palavras chaves e questões que estão relacionadas com a fase de Projeto Preliminar são:
Encorpamento (embodyment) da solução conceitual, O que são módulos realizáveis (MR)? O
desdobramento funcional de produto à features, A estrutura funcional de montagem/submontagem, A
estrutura física de montagem/submontagem, A estrutura funcional de peça, A estrutura física de peça,
A estrutura funcional de uma região funcional da peça, A estrutura física da região funcional de uma
peça, A estrutura funcional de uma feature, A estrutura física de uma features, Como organizar as
estruturas funcionais e físicas de montagens, submontagem, peças, regiões funcionais e features, A busca
de soluções para as funções das estruturas funcionais de montagem à feature. A organização do layout
do produto, A alocação das montagens, submontagens e peças, As interfaces físicas entre montagens,
submontagens e peças, Os requisitos de materiais, resistência, vibrações, ruídos, ergonomia, fabricação,
operações de montagem, de uso, de manutenção, estéticos, de descarte e dinâmicos de peças,
submontagens, montagens e do produto. Os aspectos ligados ao dimensionamento estático e dinâmico. O
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 35
Prof. Douglas Roberto Zaions
uso de sistemas CAE/CAD/CAM na fase de projeto preliminar, A definição paramétrica de feature a
produto, A confecção de protótipos, Os testes preliminares, Preparação da documentação do produto.
Na fase de Projeto Preliminar (PP) é feita uma avaliação técnica e econômica inicial da
concepção escolhida na fase de projeto conceitual. As informações definidas nas fases iniciais são
processadas na busca de formas geométricas e dos layouts de peças, montagens e do produto como
um todo. Também, é nessa fase, que devem ser realizados os cálculos de resistência, de vibrações,
ruídos, a definição de materiais, levantadas as planilhas de custos, customização dos layouts, estudos
do comportamento em uso, das interfaces entre peças, montagens e do produto, além do
dimensionamento estático e dinâmico das partes do produto. Destaca-se nesse contexto, a
importância da análise feita pela equipe de projeto, acerca dos comportamentos em uso das várias
partes do produto, em destaque as partes móveis. Dessa maneira, antes da definição de formas
geométricas/geometrias é essencial um estudo de comportamentos e quando possível realizar
simulações computacionais e a verificação de parâmetros associados relevantes ao projeto.
As palavras chaves e questões que estão relacionadas com a fase de Projeto Detalhado são:
Sistemas CAD, O Modelamento geométrico, A parametrização do produto, O detalhamento de peças,
submontagens, montagem e do produto, A confecção de manuais de instruções de montagem e de uso,
As listas de peças e materiais, A verificação e checagem da documentação final para a manufatura,
Checagem de restrições dimensionais e geométricas, Checagem de tolerâncias e interfaces, Definição
final dos modelos para fabricação e montagem, O feed back e conseqüente realimentação da
documentação de projeto por conta das redefinições físicas do produto resultantes da manufatura, Idem
em relação ao uso do produto, A adequação do produto para exportação, Os requisitos de exportação
para o produto. Como adequar um produto à exportação.
5 PROJETO INFORMACIONAL
O projeto é um processo onde a experiência dos membros da equipe de projeto tem uma forte
influência e onde os processos psicológicos e sociológicos têm um papel ainda não totalmente
esclarecido. Isto se soma ao fato de tratar-se da fase inicial do processo, na qual existem poucas
informações para o trabalho e onde a equipe de projeto precisa procurar, num ambiente externo ao
escritório de projeto, os elementos que permitirão o trabalho criativo. Provavelmente, pelo fato de
tratar-se de uma fase onde o projeto ainda não tem forma, as ferramentas de trabalho ainda não foram
desenvolvidas, sobretudo, no que se refere ao seu tratamento sistemático.
Nossa abordagem para obtenção da especificação de projeto de produto (EPP) terá um enfoque
mais geral do que aquele que a enquadra dentro ou fora do processo de projeto. Propõe-se analisar o
processo de projeto de produto sob o critério integral de processo de desenvolvimento de produtos.
Trabalho de análise de
Viabilidade de Mercado
Setor de Mercado
Figura 5.1 – Modelo gráfico da definição do problema de projeto. Fonte: Fonseca (2000)
O processo anterior pode ser representado mediante um modelo baseado num sistema
bidimensional de coordenadas polares, onde o raio significa o incremento do conhecimento sobre o
produto que está sendo trabalhado. Traça-se assim uma espiral que, partindo de um conhecimento
mínimo (teoricamente zero) sobre o produto viável, vai ganhando em conhecimentos na medida em
que a pesquisa circula pelos setores produtivo, de mercado e de consumo. Nestes setores são
realizados os estudos econômicos e de marketing correspondentes, até ganhar corpo final mediante a
definição de um determinado problema de projeto, segundo esquematizado na Figura 5.1.
O processo inicia-se realmente no setor de consumo, que é onde são captadas as necessidades
dos consumidores. O trabalho neste setor, inicialmente, é insignificante, gerando uma noção vaga do
produto, pois se passa de imediato à realização da correspondente análise de viabilidade produtiva,
que, se resultar positiva, daria lugar a uma pesquisa de mercado e, finalmente, uma pesquisa
aprofundada dos diversos setores de consumo, que dá corpo ao problema de projeto.
Este problema de projeto, por sua vez, é entregue à equipe de projeto, que inicia o trabalho da
fase de projeto informacional, seguindo a seqüência do modelo de quatro fases. O trabalho consiste
em percorrer as fases do ciclo de vida do futuro produto, para dali captar as necessidades que,
transformadas em requisitos de usuário primeiro, em requisitos de projeto depois, darão lugar,
finalmente, às especificações de projeto. O processo descrito pode ser representado na espiral
mostrada na Figura 2.2, como um processo contínuo e único.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 39
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Projeto
Projeto
Projeto
Preliminar
Necessidades do Conceitual
Projeto
Descarte Detalhado
te
Necessidades para a car
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Desativação/Reciclagem
Especificações
em
de Projeto P roje
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Necessidades de
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Necessidades para
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Setores de Consumo Setores Produtivos
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Necessidades da
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Necessidades
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Funcionais Armazenagem
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Setores de Mercado
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Trabalho de
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Necessidades de Marketing
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Necessidades do Transporte
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Clientes externos Clientes internos
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o
Com a Tr
pra Vend
Setores de mercado
Clientes intermediários
Figura 5.4 – Seqüência de tarefas para a obtenção da especificação de projeto de produto (EPP).
Fonte: Fonseca (2000)
Projeto de Sistemas Mecânicos 42
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O quadro é um desenvolvimento da proposta original de Fonseca (2000) e segundo ele, a fase de
projeto informacional deve agregar as seguintes etapas e tarefas para a obtenção da especificação de
projeto de produto:
É nesse estudo inicial que são identificadas as necessidades dos usuários. Dependendo do
tipo, natureza e aplicação do produto, o desdobramento desta tarefa pode ser grande o suficiente para
envolver mais que toda a equipe de projeto envolve uma equipe multidisciplinar composta por
profissionais das áreas de marketing, custos, finanças, vendas, jurídico, sociais, informática, etc. Na
grande maioria dos casos, é feito um levantamento minucioso dos desejos dos usuários diretos, o que
traduz usualmente, 70% a 80% dos requisitos necessários ao produto. Os 20% a 30% restantes,
distribuem-se entre os usuários indiretos. Alguns exemplos de usuários indiretos são: Setores
diversos de empresas como produção, ferramentaria, controle de qualidade, operações de montagem;
Proprietários de empresas, Mecanismos de porte, Tipos variados de mecanismos, etc. Para efeito
dessa disciplina, a análise se dedicará apenas aos usuários diretos do produto, sejam eles humanos ou
inanimados.
À definição do ciclo de vida se deverá dedicar tempo suficiente, pois considera-se um fator
fundamental para o trabalho de projeto.
Os atributos do produto são aqueles que serão usados como referência no levantamento das
necessidades. A proposta mínima de atributos do produto, como conceito associado às propriedades
comuns a todos os produtos industriais, é mostrada na Figura 5.5. Esta proposta mínima servirá de
referência, selecionando-se, dentre eles, aqueles atributos relevantes para cada projeto específico. A
definição dos atributos do produto dependerá, como no caso da definição do ciclo de vida, de vários
fatores, como tipo de projeto, tipo de produto, experiência dos projetistas no tipo de produto a ser
desenvolvido, tempo disponível, recursos para executar o projeto, entre outros.
Projeto de Sistemas Mecânicos 44
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Funcionamento
Ergonômico
Estético
Atributos Básicos Econômico
Segurança
Confiabilidade
Atributos Gerais Legal
Patentes
Da Normalização
Da Modularidade
Do Impacto Ambiental
Fabricabilidade
Atributos do Ciclo de vida
Montabilidade
Embalabilidade
Forma Transportabilidade
Configuração Armazenabilidade
Geométricos Dimensões Comerciabilidade
Acabamento Da Função
Ajustes Usabilidade
Atributos Materiais
Material (tipo) Textura Mantenabilidade
Fixações Reciclabilidade
Cor
Peso (ou Massa) Descartabilidade
Forças
Atributos Específicos Cinemática (velocidade, aceleração, etc.)
Atributos Energéticos Tipo de Energia (térmica, elétrica, etc.)
Fluxo (massa ou energia)
Função Ter porta material. Ter cor Ter estrutura Estrutura mod.
Ter mesa c/port.mat. agradável. leve. resistente.
Ter mesa mais larga. Ser ergonômica.
Uso Ter mesa inclinada. Não seja dura.
Ter encosto maior. Não ter ressaltos.
A matriz funciona através de um percurso horizontal; em cada linha da matriz (fase do ciclo de
vida, específicas do produto), detendo-se em cada coluna (atributo básico do produto) levantam-se
(na interseção) as necessidades associadas à dupla assim conformada (fase do ciclo de vida e atributo
básico correspondente). Desta maneira, iniciando o percurso horizontal na linha superior e descendo,
linha a linha, a equipe de projeto levanta as necessidades (quantas sejam possíveis levantar em cada
dupla de fatores). Em cada interseção deve-se formular as seguintes perguntas estimulantes:
● Existe, na fase do ciclo de vida em questão, alguma necessidade associada ao atributo básico da
interseção?
Nas etapas iniciais, além de ter-se poucos elementos sobre o produto que vai ser projetado, existe
pouco apoio metodológico ou sistemático. Usando a matriz de referência, a equipe de projeto tem a
possibilidade de fazer uma viagem virtual (detectando necessidades) pelos aspectos mais importantes
Projeto de Sistemas Mecânicos 46
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do produto, arranjados em forma de matriz, conformada pelos aspectos temporais (ciclo de vida),
pelos quais o produto deve atravessar durante sua vida vs. os aspectos mais relevantes do mesmo
(atributos básicos).
A quarta etapa é, converter as necessidades em requisitos de usuário. Esta etapa tem duas tarefas,
que serão expostas a seguir.
A tradução das necessidades implica numa sistematização simples. Para converter necessidades
em requisitos de usuário, propõe-se o seguinte:
• uma frase curta composta pelos verbos ser, estar ou ter, seguida de um o mais substantivos, ou
• uma frase composta por um verbo que não seja ser, estar ou ter, seguida de um ou mais
substantivos, denotando, neste caso, uma possível função do produto.
Por exemplo, se um cliente expressa que o produto deve possuir massa suficiente para garantir um
produto pesado (projeto de um ancora), o requisito de usuário seria redigido assim:
No segundo caso, (verbo mais substantivo) o verbo pode (ou não) ser um formador de funções,
que possui importância adicional, devido ao fato que a expressão possa conter funções importantes
do produto que está sendo projetado.
Quando as necessidades são definidas diretamente pela equipe de projeto, elas podem ser escritas
diretamente na forma padronizada usando os verbos ser, estar ou Ter, mais substantivos, ou usando
os verbos formadores de funções mais os correspondentes substantivos obtendo-se, assim,
diretamente os requisitos de usuário, sem necessidade de fazer a conversão posterior, acelerando o
processo.
Existem verbos formadores das funções típicas da engenharia. Como um exemplo, durante a fase
inicial do projeto de uma furadeira, a necessidade original de algum usuário expressa que: “que a
furadeira tenha a potência suficiente para furar tanto madeira como concreto e metal”; esta expressão
deve ser convertida em requisito de usuário.
Do anterior fica claro, que as necessidades brutas, uma vez convertidas em requisitos de usuário,
podem gerar dois tipos de informações: uma denota desejos dos usuários, relativas a características
não funcionais e outra que gera prováveis funções no produto.
Projeto de Sistemas Mecânicos 48
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Os resultados relevantes desta quarta etapa são:
A segunda matriz, neste caso para converter requisitos de usuário em requisitos de projeto, é
denominada matriz de apoio à obtenção dos requisitos de projeto. Na Figura 2.6 são mostrados os
requisitos de usuário, anteriormente gerados na matriz de apoio ao levantamento das necessidades da
cadeira escolar, como linhas da matriz, tendo como colunas os atributos específicos do produto. Os
cruzamentos das linhas (requisitos de usuário) com as colunas (atributos específicos), incentivam a
equipe de projeto a decidir (estimulados pelos atributos específicos), quais os requisitos de projeto
(mensuráveis) satisfazem o requisito de usuário da linha, podendo-se gerar os correspondentes
requisitos de projeto, nas interseções.
Figura 2.6 – Matriz de apoio à conversão dos requisitos de usuário em requisitos de projeto.
A casa da qualidade será usada como parte da sistematização proposta, com variantes que
permitam avaliar produtos originais desde o seu início; será realizada uma análise do uso desta
ferramenta de avaliação. O uso da casa da qualidade visa a estabelecer as relações entre as duas
categorias de requisitos obtidas nas etapas anteriores: os requisitos de usuário e os requisitos de
projeto, hierarquizando estes últimos, como base das especificações de projeto. A Figura 5.8, mostra
esquematicamente, a distribuição dos campos a serem considerados na matriz da casa da qualidade.
Sexto Campo
Oitavo Campo
Carmo (2008) fez uma releitura de Ogliari (1999) e apresenta os algoritmos para hierarquia dos
requisitos de projeto, baseada nas avaliações da matriz principal, com ou sem as avaliações do teto
Legenda
Relacionamento Telhado
n
1-
2-
3-
4-
5-
6-
Requisitos do Cliente irk
1-
2- grik
3-
4-
5-
6-
7-
8-
9-
10 - Pj
11 - pi
12 - m
13 -
Importância do Requisito de projeto pi p1 p2 p3 p4 p5 p6
Importância do Requisito de projeto Rreq i
(com telhado)
Figura 5.9 - Planilha GFD com a simbologia para hierarquização dos requisitos de projeto
A importância do requisito de projeto (pi) é obtido a partir da seguinte expressão dada por Ogliari
(1999) apud Carmo (2008):
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 53
Prof. Douglas Roberto Zaions
m
pi = ∑ irk × grik
k =1
Onde:
grik = grau de relacionamento entre o i-ésimo requisito deprojetoe o k-ésimo requisito de usuário.
n pi × p j
R reqi = ∑ × grau relacionamento do telhado
j =1 pi + p j
R reqi
= peso do i-ésimo requisito, considerando os relacionamentos do telhado;
A hierarquia dos requisitos de projeto é o resultado final das avaliações efetuadas na casa
da qualidade e darão elementos fundamentais para a posterior definição das especificações de
projeto. Cabe à equipe de projeto decidir uma hierarquia final dos requisitos de projeto. Com esta
finalidade é que se propõe a sistemática apresentada a seguir.
5.2.4.1 Seleção das especificações de projeto finais como resultado da casa da qualidade.
Desta maneira, existirão três conjuntos de requisitos de projeto para cada lista hierarquizada,
os mais importantes, os importantes e os menos importantes. Isto permite comparar os conjuntos de
requisitos de projeto com seus similares, nas diferentes hierarquizações. Na comparação, por
exemplo, se nos primeiros conjuntos (os primeiros das listas existentes) os requisitos de projeto se
mantêm, praticamente os mesmos, é sinal de que o trabalho realizado tem consistência.
Se no conjunto dos requisitos de projeto mais importantes (primeiros conjuntos das quatro
hierarquias), a maioria deles mantém-se (dentro dos primeiros conjuntos, nas quatro listas, mesmo
com mudanças na posição de algum requisito dentro do conjunto), significa que existem poucas
contradições entre as hierarquias obtidas e o trabalho também tem validade. Neste caso, pode-se
tomar para a hierarquização final, uma média das hierarquizações, ou decidir a mesma por consenso
da equipe de projeto.
No caso de existirem grandes diferenças na posição hierárquica dos requisitos de projeto, nas
quatro listas hierárquicas, deve-se revisar o trabalho da casa da qualidade, assim como o peso da
importância de cada requisito de usuário, reiniciando o trabalho de avaliações.
De qualquer forma, para efeito desta disciplina, será considerado o resultado referente à
hierarquia que corresponde a avaliação com telhado e sem considerar concorrentes.
(01) Parâmetro alvo a ser atingido pelo requisito, no projeto, a fabricação ou funcionamento;
(02) Avaliação que se propõe estabelecer para verificar o cumprimento do alvo definido;
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(03) Aspectos que devem ser evitados durante a implementação do requisito.
Com isso, a Especificação de Projeto do Produto (EPP) estará concluída e definida para a
próxima fase do processo de projeto do produto.
Inicialmente, são definidas as necessidades de cada fase do ciclo de vida do produto. Existem
duas maneiras gerais de levantar necessidades:
(1) Uma maneira é coletar as necessidades, em cada fase do ciclo de vida, através de
questionários estruturados, atuando junto aos clientes. Coletadas as necessidades brutas
através das entrevistas diretas, através de envio de questionários escritos, ou usando qualquer
outro método de interagir com clientes ou usuários. É necessário um processamento destas
necessidades, classificando-as, ordenando-as e agrupando-as, usando as informações
levantadas nas etapas e tarefas anteriormente executadas, como descrito anteriormente no
início do capítulo.
(2) A segunda maneira de levantar necessidades é, sem consultar os clientes do projeto a equipe
de projeto define, diretamente, as necessidades do projeto que está sendo desenvolvido;
isto baseado nos trabalhos iniciais de marketing, na experiência dos projetistas, em check-list,
ou nos atributos do produto, usando em qualquer caso, as informações obtidas pelo trabalho
precedente de captação de informações.
No caso de ser escolhido o procedimento em campo para a detecção das necessidades dos
usuários/clientes diretos, a técnica mais empregada é a entrevista pessoal direta. Geralmente, é o
usuário que visualiza um melhoramento, alteração ou a necessidade de um novo produto. Sendo
assim, uma conversa inicial com os possíveis usuários diretos é muito importante, para que se
estabeleça a descontração e a interatividade necessária ao processo de tomada de requisitos. Partindo
do principio de que 90% das patentes requeridas no planeta são re-projetos, pode-se concluir que são
poucos os casos de novos produtos, ou seja, aqueles produtos em essência realmente inovadores.
Não esquecer que a linguagem dos usuários diretos da grande maioria dos produtos industriais
e, especificamente, dos usuários e operadores da grande maioria dos sistemas mecânicos existentes,
são linguagens coloquiais, cheias de dialetos e expressões diversas. O projetista deve se colocar em
igualdade de condições e anotar os termos pronunciados pelo usuário para uma posterior tradução.
Quando se sentir à vontade, peça ao usuário uma tradução, caso isso não seja constrangedor ao
usuário ou ao entrevistador.
É muito importante que a entrevista seja feita não apenas com um usuário, mas com uma
quantidade significativa deles. Isso depende da disponibilidade dos mesmos e do tipo de produto e/ou
necessidade requerida. Para produtos de pequeno a médio porte, como pequenas montagens,
utensílios, implementos, mecanismos não-motorizados, etc., considere um range de 4 a 8 (quatro a
oito) usuários diretos. Para produtos motorizados de médio porte, equipamentos não-motorizados
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grandes, máquinas de médio porte, use entrevistar de 8 a 15 (oito a quinze) usuários. Finalmente, no
caso de produtos ostensivamente motorizados, modulados e motorizados por setores, equipamentos
de muito grande porte não motorizados e demais máquinas e equipamentos de grande porte
motorizados ou não, use entrevistar de 15 a 30 (quinze a trinta) usuários, para obter uma boa
estimativa das necessidades inerentes ao produto novo ou reprojeto.
Para obter melhores resultados, use uma técnica bastante aplicada na obtenção das
necessidades. Utilize pequenos gravadores, máquinas fotográficas e/ou filmadoras, para registrar com
maior ênfase as impressões, colocações e idéias dos usuários quanto às suas necessidades
relacionadas ao produto. Essas situações reais trazem esclarecimentos importantes dando maior
credibilidade à pesquisa, direcionando melhor a obtenção de informações na busca da solução do
problema de projeto.
O passo posterior é entender o que foi descrito, gravado, fotografado, filmado, ou de alguma outra
forma, registrado nas entrevistas com os usuários. As impressões e respostas dos usuários devem ser,
agora, listadas e registradas em relatórios estruturados para estudo. A equipe de projeto deverá
reunir-se e tentar, da melhor forma possível “entender” o que cada usuário pretendeu dizer com suas
respostas. Essas interpretações devem ser anotadas e registradas na forma de tabelas, em bancos de
dados relacionais, por exemplo.
Um fato muito importante, se deve às formas como usualmente os usuários expressam suas
necessidades. São, normalmente, duas:
(1) Uma frase curta que expressar sua necessidade por meio de um dos três verbos, ser,
estar, ter, seguido de um ou mais substantivos;
(2) Expressar sua necessidade por um verbo que não seja, ser, estar, ter, seguido de um ou
mais substantivos, o que denota uma futura função a ser trabalhada na fase de projeto
conceitual do produto.
Essa consideração vai ajudar mais tarde na elaboração das estruturas funcionais alternativas
na busca de soluções conceituais para a especificação de projeto do produto.
O primeiro caso (usar os verbos ser, estar ou ter), auxilia na geração dos requisitos de usuário
que não constituem funções do produto, mas, são expectativas dos usuários. Estas expressões são as
mais adequadas para expressar as necessidades brutas, contidas nas respostas dos questionários
respondidos pelos clientes, no caso de ser usada este tipo de consulta. As frases deste tipo
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 59
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representam desejos, pedidos, ordens, que, de alguma maneira, os clientes acham que devem ser
incluídas, através do produto que está sendo projetado.
A equipe de projeto deve estar preparada para transformar os desejos dos clientes ao formato
padronizado proposto. Por exemplo, se um cliente expressa que o produto deve ter massa suficiente
para garantir um produto pesado (projeto de um âncora), o requisito de usuário seria redigido como:
Ter peso grande.
Para o segundo caso, (verbo mais substantivo) o verbo pode (ou não) ser um formador de
funções, que possui importância adicional, devido ao fato de que a expressão possa conter funções
importantes do produto que está sendo projetado.
Quando as necessidades são definidas diretamente pela equipe de projeto, elas podem ser
escritas diretamente na forma padronizada usando os verbos Ser, Estar ou Ter, mais substantivos, ou
usando os verbos formadores de funções mais os correspondentes substantivos obtendo-se, assim,
diretamente os requisitos de usuário, sem necessidade de fazer a conversão posterior, acelerando o
processo.
Existem verbos formadores das funções típicas da engenharia. Como um exemplo, durante a
fase inicial do projeto de uma furadeira, a necessidade original de algum usuário expressa que: “que a
furadeira tenha a potência suficiente para furar tanto madeira como concreto e metal”; esta expressão
deve ser convertida em requisito de usuário.
Grau de
Requisitos do Cliente
Importância
Ser confiável 10,0
Custo de operação 9,0
Baixo Custo Custo de manufatura 8,0
Custo de manutenção 9,0
Nível de ruído 5,0
Ergonomia 7,0
Altura do corte 9,0
Controle
Alcance do corte 8,0
Resistência mecânica 8,0
Tipo Tomada de força mecânica do trator 4,0
Acionamento Tomada de força hidráulica do trator 4,0
Navalhas de corte 5,0
Sistema de
Correntes de corte 5,0
corte
Mecanismo de ajuste de corte para deslizar nas entreplantas 8,0
Segurança durante a operação 8,0
Segurança
Segurança na manutenção 8,0
Baixo peso 3,0
Transporte
Sistema de levantamento para transporte até o pomar 7,0
Montagem no Ter aproveitamento de suportes de implementos agrícolas 4,0
trator Ser fácil de montar no trator 7,0
Fácil de operar 6,0
Operação Abertura no deslocamento longitudinal do braço 4,0
Operação de corte boa 4,0
Um requisito é uma condição necessária para a obtenção de um objetivo, ou para o preenchimento de certo
fim. Para a fase de projeto informacional, um requisito será a condição para a satisfação de um ou
mais objetivos de projeto definidos a partir do usuário/cliente. Na presente proposta o requisito
sempre estará associado a um substantivo. Se satisfaz necessidades, será denominado requisito de
usuário. Se é uma característica física do produto visando à solução de projeto, será denominado
requisito de projeto.
Assim, requisito de usuário/cliente é aquela primeira tradução das necessidades brutas obtidas
a partir das entrevistas com os usuários, levadas a uma linguagem compreensível para projetistas.
Essa definição reflete o fato de associar o requisito de usuário aos usuários ou consumidores do
produto que está sendo projetado.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 61
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Os requisitos de usuário terão que ser convertidos em requisitos de projeto, vinculando os
desejos e necessidades de clientes e usuários às características técnicas, formais, de funcionamento,
de uso, entre outras, do produto que vai ser projetado. Os requisitos de projeto devem ser expressões
curtas das características físicas que possam ser adequadamente mensuradas. Um requisito de usuário
tem de gerar, pelo menos, um requisito de projeto, podendo gerar mais de um, dependendo do
trabalho em execução.
Os requisitos de usuário/cliente nada mais são que suas necessidades manifestadas numa
linguagem técnica. Assim, os termos não técnicos citados pelos usuários/clientes, devem ser
traduzidos pela equipe técnica de projetistas para uma terminologia mais próxima possível da
terminologia técnica de projeto, usualmente utilizada na área de projeto do domínio de aplicação. Por
exemplo, um termo popular e coloquial do tipo “burrinho de freio”, deve ser traduzido na definição
dos requisitos do usuário/cliente, como “cilindro mestre”, que é o termo técnico que melhor lhe
identifica no domínio de aplicação automotivo.
Os requisitos de projeto são aquelas características técnicas e/ou físicas mensuráveis, que o
produto deve ter para satisfazer os requisitos de usuário anteriores. Essa definição reflete o fato de
associar o requisito de projeto à entidades físicas do produto, bem mais que a fatores subjetivos
estabelecidos pelos usuários/clientes.
Tabela 5.3 – Categorias de informação na fase de projeto informacional.
Geralmente, num ambiente industrial, fica claro o que são os requisitos de projeto, até mesmo
para quem não está diretamente ligado à área de projeto. Na academia, é necessário esclarecer o que
são os requisitos de projeto. Todo e qualquer produto industrial ou sistema mecânico, deve seguir
uma série de requisitos técnicos que estejam em conformidade com as leis físicas que vão reger seu
comportamento em uso. Na verdade o conhecimento técnico para essa tarefa de projeto na fase de
projeto informacional, pressupõe que o projetista já tenha o conhecimento dos parâmetros e das
variáveis necessárias a um bom desempenho no do produto do domínio de aplicação a que está
ligado. É com base nesse conhecimento que a equipe de projeto deve saber antecipadamente o que
considerar como requisito de projeto para o produto que está sendo projetado, seja obrigatório ou
não. No entanto, pode-se citar alguns requisitos que normalmente são usados, independentes do
domínio de aplicação do produto. A Tabela 5.4 mostra claramente esses requisitos.
Tabela 5.4 – Alguns requisitos de projeto a serem considerados na elaboração da especificação de
projeto de produtos industriais.
Processo Meio
Ergonômicos Custos Segurança Manufatura Confiabilidade
Uso ambiente
Potência No de Qty. De
Conforto de Projeto No de peças Pouca manutenção
consumida acidentes resíduos
Temperatura
Manuseio na Capacidade Tempo de
de Fabricação do No decibéis Vida útil
operação produtiva montagem
equipamento
Dimensões Ajustes em Proteções Materiais
de Montagem Descarte Detecção de falhas
limitadas produção monitoradas convencionais
de Componentes Monitora/o em processo
de Testes
Uma necessidade levada à linguagem dos projetistas (requisito de usuário) está, ainda, na
forma de necessidade, sem estar associada às características mensuráveis do produto. Convertê-la em
requisito de projeto, significa decidir algo físico sobre o produto, que o afetará definitivamente
durante o trabalho de projeto.
Os requisitos de usuário são expressões padronizadas, mas, que podem não conter, ainda,
elementos físicos mensuráveis, indispensáveis para guiar a execução do projeto. A conversão de
requisitos de usuário em requisitos de projeto será feita através do conceito dos atributos específicos
do produto. Esta conversão é apoiada na denominada matriz de obtenção dos requisitos de projetos,
que será vista mais tarde.
Os requisitos de usuário são situados nas linhas da matriz principal da casa da qualidade e os
requisitos de projeto nas colunas da mesma; eles são avaliados na denominada matriz principal da
casa da qualidade. Os produtos concorrentes, definidos antes, serão situados nas colunas de uma
denominada matriz secundária, à direita da matriz principal da casa da qualidade, na qual avalia-se
também cada requisito de usuário versus cada produto concorrente. A casa da qualidade é melhor
abordada nas próximas seções.
A planilha QFD gerada para o projeto da roçadora para pomares de maça é mostrada na
Figura 5.10 em que são correlacionados os requisitos de usuário versus os requisitos de projeto.
A literatura existente sobre esse tema designa indistintamente o termo aqui definido como
especificações de projeto substituindo-o pelo termo “requisitos de projeto”, “lista de requisitos”,
“requisitos técnicos” ou simplesmente “requisitos”. Na realidade estas denominações designam o
resultado final da fase de início do projeto tentando um direcionamento, na forma de bases, que
orientem os projetistas na execução do projeto.
Figura 5.10 – Planilha QFD para o projeto conceitual da roçadora de pomares de maçãs.
Projeto de Sistemas Mecânicos 66
Prof. Douglas Roberto Zaions
A fase de projeto informacional, como processo de transformação de informações, consiste
num desdobramento contínuo das necessidades de entrada, que são transformadas em requisitos de
usuário primeiramente, em requisitos de projeto após e, finalmente, em especificações de projeto.
As metas são os valores alvos, a serem definidos nas métricas associadas aos requisitos de
projeto selecionados; podem estar contidos no problema de projeto ou, na maioria das vezes, devem
ser definidos pelos projetistas, como por exemplo: “cor verde” ou “peso igual ou menor do que 2
quilogramas”, “nível de ruído máximo de 60 decibéis”, etc.
Para chegar-se à Especificação de Projeto do Produto (EPP), existem várias. Uma delas e,
muito utilizada, é correlacionando os requisitos de usuário com requisitos de projeto na Casa da
Qualidade, ou mais conhecida como matriz QFD, da expressão em Inglês Quality Function
Deployment ou desdobramento da função qualidade.
A matriz QFD, nada mais é que um algoritmo que correlaciona dois grupos de parâmetros de
projeto: as necessidades/requisitos do usuário e os requisitos de projeto. Esses componentes de
correlação são colocados na matriz e a cada cruzamento é atribuído um valor correspondente segundo
a avaliação da equipe de projeto. Não necessariamente todos os cruzamentos deverão ser avaliados,
apenas aqueles que têm algum tipo de relacionamento que por pode ser fraco, médio ou forte,
dependendo da forma como são processados os dados.
Existem alguns softwares que realizam a correlação estabelecida pela Casa da Qualidade
QFD. Um deles é o SacPro, desenvolvido por Ogliari (1999) Este software será disponibilizado aos
alunos da disciplina para eventual utilização.
A especificação de projeto de produto estará completa com a adição de metas, objetivos e restrições.
Essa inclusão trata das diretivas explícitas procedentes do problema de projeto e resultantes do estudo
de marketing prévio, além de expor claramente os objetivos, as metas que devem ser atingidas, assim
como as restrições impostas ao projeto ou ao produto. Por outro lado, para cada requisito de projeto
selecionado como especificação de projeto, devem ser definidos os parâmetros alvos (metas
específicas), a forma de avaliá-los e os fatores que devem ser evitados na sua implementação, como
complemento de cada requisito de projeto, que o converte em especificação de projeto. Os requisitos
de projeto selecionados como especificações, (com seus parâmetros alvos, a avaliação, e o que deve
ser evitado) se juntarão às metas, objetivos e restrições gerais do produto (tomado como conjunto);
estes dados junto a uma descrição do produto a ser projetado, constituem as especificações de
projeto.
5.9 CONCLUSÕES
Foi analisada, adicionalmente, outra ferramenta útil para o projeto informacional, a casa da
qualidade, sobre a qual se aprofundou no seu uso e seu preenchimento, decorrente da qual podem ser
obtidas quatro hierarquizações diferentes dos requisitos de projeto.
Finalmente, foi proposta uma sistemática para avaliar as várias hierarquizações resultantes da
casa da qualidade
C ii cl o
A tr ib u to s d o C l o dd ee v
V i idd aa F a b r ic a b i l id a d e
M o n ta b i l id a d e
C o n f ig u ra ç ã o E m b a la b i l id a d e
F o rm a T r a n s p o rt a b i li d a d e
D im e n sõ e s A r m a z e n a b il id a d e
G e o m é tr ic o s A c a b a m e n to S u p . C o m e rc ia b i li d a d e
A j u s te s e T o l . F u n ç õ a b i li d a d e
T e x tu r a U s a b i li d a d e
E le m . d e F i x a ç ã o M a n u te b i l id a d e
M a te ri a l R e c i c l a b i l id a d e
A tr ib u to s M a t e r ia i s P e s o o u M a s s a D e s c a r ta b i l id a d e
C o r
F o rças
A tr ib u to s E n e r g é ti c o s C in e m á t ic a ( V e lo c . A c e l e ra c . e t c .)
A tr ib u to s E s p e c íf ic o s T ip o d e E n e rg ia
F lu x o (m a sa o u e n e rg ia)
S in a is
A tr ib u to s d e C o n tr o l e C o n tr o l e d a q u a li d a d e
CICLO DE VIDA
Projeto
Pro jeto
Pr oje to Atributos básicos do produto Atributos específicos do produto
Pr elimin ar
Co nc eitu al
P ro jeto
De talha do Ciclo de Funcionamento Ergonomia Estética Econômico Segurança Confiabilidade Legal Patentes Normalização Modular Ambiental Requisitos Geométricos Material Cor Peso ou massa Forças Cinemática Tipo Energia Fluxo Sinais Estabilidade Qualidade
Vida
de Projeto Projet
o Seja de fácil Ter materiais não
lag
Montagem montagem
Madeira
cic
Fa ag ressivo s. ou Aço
Nec . bri
Re
Pr oble ma d e
Nec. co m facilidade.
Ne c.
Manu
Nec. Ne c.
Fun
dovrável.
azen
co m facilidade
Venda Seja econô mica
ção
Ca ptaçã o da s Material
Arm
Leve
Nece ssidades barato
Função Ocupe pouco Seja
Ne c. espaço agradável Ocupe pou co
espaço.
te
Setores de Mercado
or
Nec . Uso
sp
Seja cômoda
Fo rma estética Cor
an
Seja agradável
o
Nec. M arketing
Tr
Nec. . adeq.
Manutenção Ocupe mín. Ter mínima
Com volume manutenção Seja cômoda Dimen sões
a
pra Vend Ter mater. ad equadas.
Reciclagem
Obte nçã o da s recicláveis Fo rma Mat.
Seja seg ura
Espe cificaç õe s Descarte Ter mater. estável resisten te
de P rojeto Próprios ao Ter materiais
descarte Madeira
recicláv eis/d escat. ou Aço
Fronteira do processo de
transformação de informações
Listadenecessidades
ListadeRequisitosdeusuário
No no Camp o
6 PROJETO CONCEITUAL
Na fase anterior, lembrou-se que o levantamento das necessidades dos usuários do produto é
uma fonte de descrições em que os desejos e aspirações são expressos por meio de frases contendo
verbos como “ser”, “estar” e “ter” e que quando esses desejos não são manifestados por estes verbos,
os outros verbos utilizados coordenam as ações das descrições das funções do produto. Agora, é o
momento de recuperar essas informações e transforma-las nas estruturas funcionais alternativas para
o seu produto.
No modelo de árvore as funções são representadas por retângulos no interior dos quais são
descritas as siglas das correspondentes funções. Essas funções são identificadas e descritas numa
relação à parte.
De acordo com o nível hierárquico funcional é necessário identificar cada função com a função de
maior nível à qual se relaciona. Dessa forma costuma-se identificar a função global do produto como
FG1 e, a partir daí, fazer os desdobramentos, utilizando a representação numérica correspondente em
tantos índices funcionais quanto forem necessários. Por exemplo, FP1.1, FP1.2, FP1.1.2, FP2.3.5, FP
1.5.3.2 e assim sucessivamente. A Figura 6.1 mostra um exemplo de estrutura funcional hierárquica
em árvore de produto
FG1
As interfaces funcionais podem ser entendidas como as possíveis ligações entre os quadros
representativos das funções, na representação gráfica de uma estrutura funcional hierárquica de
produto em árvore, como a mostrada na Figura 6.1.
A equipe poderá usar essa mesma representação na análise de comportamento em uso para
verificar que ligações existem entre as diversas funções que compõem a estrutura funcional definida
e propor outras alternativas para a realização da função global do produto.
Salienta-se ainda que, num caso de projeto real, é necessário definir duas ou mais estruturas
funcionais para o produto. Isso torna a busca de alternativas de solução mais agradável e eficiente,
uma vez que,caso uma estrutura não atenda às especificações de projeto, é possível dispor de uma
segunda opção de estrutura funcional para o produto.
A Tabela 2.3 mostra o desdobramento funcional com as siglas das funções e suas respectivas
descrições para o caso de um produto já projetado, um veículo automóvel, em que é destacado parte
do sistema de geração de potência.
Tabela 6.1 - Descrição das funções da estrutura funcional do produto representado na Figura 6.1
Função FP FP FP
Descrição Descrição Descrição Descrição FE Descrição
Global Niv 1 Niv 2 Niv 3
Estruturar
FP1.1
veículo
FP1.2.1
FP1.2.2.1
FP1.2.2.2
Receber
FE1.2.2.3.1
rotação
do motor
Transmitir
Transportar Transmitir Conectar rotação
FG1
pessoas Gerar rotação rotação do FE1.2.2.3.2 para a
FP1.2
potência FP1.2.2 e potência virabrequins caixa de
ao sistema FP1.2.2.3 com a polia câmbio
de eixos de
Gerar
transmissão FE1.2.2.3.3
marchas
para o eixo
Transmitir
rotações
FE1.2.2.3.4
da caixa
de câmbio
Projeto de Sistemas Mecânicos 74
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FP1.2.3
FP1.2.4
Gerar
FP1.3 energia
elétrica
Acomodar
FP1.4
pessoas
Após a definição das estruturas funcionais alternativas, uma apenas deverá ser definida para a
busca de soluções conceituais na matriz morfológica. Para tal, é fundamental a análise de
comportamento em uso que a equipe de projeto deve realizar. Essa escolha pode contar com a
presença de especialistas no domínio de aplicação ou área de atuação em que o produto está inserido
e com as pessoas e/ou profissionais que têm experiência específica com as questões contidas nas
definições do comportamento que o produto deve ter ao realizar sua estrutura funcional. O
conhecimento experimental daquelas pessoas que têm convivido com o domínio de aplicação de um
produto a ser melhorado e ainda no campo de aplicação de um produto novo muito valioso nesse
processo.
Definida qual estrutura funcional deverá gerar a primeira estrutura conceitual do produto, é
hora de montar a matriz morfológica (MM). A matriz morfológica nada mais é que uma tabela que
comporta a estrutura funcional do produto e suas respectivas descrições, até o nível de funções
elementares. Ao lado de cada função elementar serão colocadas suas alternativas de solução física.
São os chamados de princípios de solução ou módulos realizáveis. O TRIZ, por exemplo, é um banco
de dados comercial contendo milhares de princípios de solução, catalogados a partir de uma pesquisa
mundial realizada pelos seus autores. Em que foram consultadas a grande maioria das patentes
requeridas nos maiores institutos de propriedade industrial do mundo, incluindo o nosso INPI
(Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 75
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A equipe de projeto deverá definir para cada função elementar do produto, as alternativas de
princípios de solução que melhor achar conveniente. Isso tudo, novamente, sendo analisado sob o
prisma da especificação de projeto de produto e do comportamento em uso, que são os principais
balizadores na busca das soluções conceituais para o produto.
Um exemplo de Matriz Morfológica é mostrado na Figura 6.2, resultante da análise realizada num
projeto acadêmico. Os quadros representativos de cada alternativa na matriz morfológica podem
conter desde croquis da alternativa até dados numéricos e/ou descrições textuais sobre a solução
gerada pela equipe. Aconselha-se, tanto quanto possível, a colocar nestes quadros desenhos
representativos ou croquis da solução desejada.
O próximo passo é a definição da matriz de decisão (MD), matriz em que são ordenadas as
opções alternativas geradas a partir dos princípios de solução descritos e representados na matriz
morfológica. Isso significa que você pode copiar a própria matriz morfológica para servir como base
da definição das alternativas de solução. A Figura Figura 6.3 mostra a matriz de decisão
correspondente ao caso real da Figura 6.2.
Uma observação importante sobre as ilustrações dos princípios de solução é a de, além de
representá-lo por meio de um croqui é, igualmente, descrevê-lo.
Projeto de Sistemas Mecânicos 76
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braço de alcance
Fixar Base Suporte Frontal Suporte Traseiro
Suporte Lateral
FE1.1.1.2
Rotacionar Braço de
Corte Fixação c/ tubo Fixação c/ eixo
FE1.1.2
Roçar o inço que cresce no espaço das entre-plantas dos pomares de maçã
Fixar o Sistema de
Regulagem Encaixe reto Encaixe p/ eixo Encaixe p/ tubo
FE1.2.2.1
FP1.1.2 Regular o
de corte
alcace do corte
Suportar o Sistema de
Corte Viga U Barra Redonda Tubo Redondo Tubo Retangular
FE1.2.2.2
Levantar a roçadora
Força Hidráulica Força Manual
para trasnp. até o pomar Força Mecânica
FE1.3.1
FP1.3 Roçar o inço
Proteger o Sistema de
Corte Interno e Externo Calota red. abaul. Calota quadrada Calota red.reta
FE1.3.3
Transmitir força p/
posicionar o sistema de Força Hidráulica Força Manual Força Mecânica
FE1.4.2
Transmitir força p/ o
giro das navalhas Engrenagem Mancal / Eixo
Cardã
FE1.4.3
braço de alcance
Fixar Base Suporte Frontal Suporte Traseiro
Suporte Lateral Suporte Lateral
FE1.1.1.2
Rotacionar Braço de
Corte Fixação c/ tubo Fixação c/ tubo Fixação c/ eixo Fixação c/ tubo
FE1.1.2
Roçar o inço que cresce no espaço das entreplantas dos pomares de maçã
Fixar o Sistema de
Regulagem Encaixe reto Encaixe reto Encaixe p/ eixo Encaixe p/ tubo
FE1.2.2.1
FP1.1.2 Regular o
de corte
alcace do corte
Suportar o Sistema de
Corte Tubo Retangular Viga U Barra Redonda Barra Redonda
FE1.2.2.2
Levantar a roçadora
Força Manual
para transp. até o pomar Força Mecânica Força Mecânica Força Hidráulica
FE1.3.1
Transmitir o movimento
FP1.3 Roçar o inço
FE1.3.2
Proteger o Sistema de
Corte Interno e Externo Calota red. abaul. Calota red.reta Calota red. abaul Calota red.reta
FE1.3.3
Transmitir força p/
posicionar o sistema de Força manual Força Mecânica Força Mecânica Força Hidráulica
FE1.4.2 corte
Transmitir força p/ o
Mancal / Eixo Mancal / Eixo Mancal / Eixo
giro das navalhas Cardã
FE1.4.3
A avaliação e valoração das concepções alternativas para o produto com base nas possíveis
Estruturas de Princípios de Solução (EPS) pode ser feita com a utilização de métodos específicos. A
escolha da melhor alternativa de solução para compor a solução conceitual do produto deve agora ser
realizada com base nas opções definidas na matriz de decisão. Existem alguns métodos propostos por
autores diversos aplicados na busca da melhor solução conceitual para o produto. Nesta disciplina
será utilizado como padrão o método Passa-não-Passa (PñP) como ferramenta de auxílio à esta tarefa
de projeto e que é ostensivamente utilizado na escolha da solução conceitual de um produto cujo
projeto seja sistematicamente elaborado. O método Passa-Não-Passa (PñP) é simples, porém precisa
ser entendido em suas características para que não ocorram erros de cálculo na sua elaboração. A
primeira característica a ser considerada é o uso dos mesmos pesos atribuídos pelos usuários do
produto quando da realização das correlações na matriz QFD (Quality Function Deployment).
Esse método consiste em definir os pontos fracos e fortes de cada opção desenhada na matriz
de decisão comparando-as com as necessidades dos clientes do produto, anteriormente definidas na
fase de projeto informacional. Cada conceito é comparado a cada necessidade. Desta forma deve-se
construir uma tabela como a Tabela 4.6 mostrada a seguir, onde para cada item das necessidades dos
clientes os princípios de solução de cada opção são avaliados pela equipe de projeto e definidos como
“passa – P ”, quando coerentes com a opção mostrada, ou “não passa – NP ”, quando não coerentes
com a opção mostrada. A opção que melhor atender às necessidades dos clientes deve ser escolhida
como referência para que seja confrontada com cada uma das soluções alternativas. Nesse confronto,
são atribuídos os mesmos pesos utilizados na “Casa da Qualidade – QFD” para cada necessidades do
cliente.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 79
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Tabela 6.2 – Quadro de avaliação “Passa-Não-Passa” (PñP).
Opções
Necessidades do Cliente
I II III IV
Ser confiável P P P P
Ter baixo custo de manutenção P P NP NP
Ter baixo custo de operação P P P NP
Ter controle de altura do corte P P P P
Ser seguro durante a realização da tarefa pelo operador P P P P
Ser seguro durante a sua manutenção P NP NP P
Ter baixo custo de manufatura P NP P NP
Ter controle do alcance do corte P P P P
Ter mecanismo de ajuste de corte para deslizar nas entreplantas P P P P
Ter resistência mecânica P P P P
Ser ergonômico P P NP P
Ser fácil de montar no trator P P P P
Ter sistema de levantamento para transporte até o pomar P P P P
Ser fácil de operar P P P P
Ter baixo nível de ruído P P P P
Ter sistema de corte por navalhas ou correntes P P P NP
Ser acionado pela tomada de força do trator P NP P NP
Ter abertura no deslocamento longitudinal do braço P P P P
Ter aproveitamento de suportes de implementos agrícolas P P P P
Ter operação de corte boa P NP P NP
Ter baixo peso P P P P
O próximo passo é definir qual a opção alternativa é a mais adequada para o produto de
acordo com a avaliação da equipe de projeto. Os princípios de solução de cada opção alternativa são
novamente comparados um-a-um, desta vez com os princípios de solução da opção escolhida como
“Referência”. Quando o princípio de solução da opção analisada atender melhor que o da
“Referência”, marca-se um sinal “+”, se atender de igual forma, marca-se um sinal “=” e se atender
menos que o da “Referência”, marca-se um sinal de “–“. Em seguida é feita a soma das pontuações,
procedendo-se da seguinte forma:
(c) Totalizar o número de sinais fazendo a diferença entre os itens (a) e (b);
Projeto de Sistemas Mecânicos 80
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(d) Totalizar os pesos referentes aos sinais de “–“ e “+” e anotar como peso total.
O peso total é o índice usado na comparação final das opções com a “Referência”. Caso
alguma opção tenha como resultado um peso total positivo maior que a “Referência”, tal opção
deverá ser escolhida. Caso contrário, a própria “Referência” deve ser escolhida, como mostrado na
Tabela 6.3.
Tabela 6.3 – Quadro de avaliação das necessidades do cliente
A
Total (+) +2 +2 +1
Total (–) –8 –10 –7
Total Global (–) + (+) –6 –8 –6
Peso Total –33 –42 –31
Legenda: (=) Atende igual à referência; (–) Atende menos que a referência; (+) Atende mais que a referência.
A tarefa agora é se concentrar na realização física do produto. Isso deve ser feito a partir da
verificação dos espaços disponíveis para o produto, ou seja, se é uma montagem ou submontagem
que será inserida num conjunto maior, existem restrições de interface que deverão ser consideradas.
Ao contrário, se tratar de um produto isolado, as restrições de espaço físico não são tão preocupantes.
Também, nessa fase uma análise simultânea de custos deve ser realizada a cada tomada de
decisão e cada escolha de parâmetros fundamentais de projeto, por exemplo, na definição de
componentes comerciais que atuam juntamente com peças que serão manufaturadas na própria
empresa. Tem início a fase de Projeto Preliminar.
Projeto de Sistemas Mecânicos 82
Prof. Douglas Roberto Zaions
7 PROJETO PRELIMINAR
7.1 INTRODUÇÃO
Esse processo vai se especializando até chegar-se na solução preliminar do produto (SPP),
isto é, numa configuração geométrica que só não é definitiva porque precisa ser detalhada,
desenhada, modelada geometricamente, etc., usualmente em Sistemas CAD. A solução preliminar do
produto (SPP) engloba ainda as definições de materiais, processos de fabricação, ajustes, tolerâncias
e, principalmente, os dimensionamentos estáticos e dinâmicos, baseados na cinemática dos
movimentos do produto, realizados por meio dos cálculos de resistência dos materiais e mecanismos.
(b) Estudo das interfaces entre peças, submontagens, montagens e do produto como outros
produtos com os quais o seu produto vai interagir;
(e) Estudo de resistência estrutural e dos componentes que sofrerão solicitações (mecânicas,
químicas, elétricas, etc.);
(h) Estudo de manufatura – dados importantes para a fabricação e para a montagem do produto;
Cada uma dessas tarefas na fase de Projeto Preliminar deve se adequar ao tipo de produto em
questão. É obvio que nem sempre todos os produtos passarão por todas estas etapas, elas servem mais
como uma orientação de projeto sistemático.
Embora muitos considerem a capacidade de projetar como um dom inato, qualquer pessoa
pode obter sucesso na elaboração de um projeto, desde que se dedique à tarefa com afinco e que use
uma metodologia apropriada para abordar o problema global.
É necessário determinar-se as condições de trabalho dos produtos, bem como das forças
solicitantes, dos efeitos secundários, das influências dos processos de fabricação, das exigências do
mercado. Enfim, as características e requisitos ditados na Especificação de Projeto Produto (EPP)
devem ser levadas em conta sempre qualquer decisão tenha que ser tomada pela equipe de projeto.
(08) Eletricidade;
(09) Informática;
(10) Óptica;
(11) Acústica;
(12) Vibrações;
Toda peça de máquina deve preencher sua função com o mínimo de dispêndio (desperdício).
Para projetar uma peça de acordo com a função que ela deve realizar, é preciso que todas as
condições de serviço sejam bem conhecidas. O projetista não deve, por exemplo, projetar um mancal
ou uma engrenagem qualquer, mas um mancal ou uma engrenagem que nas condições especificas em
que irá trabalhar seja o mais apropriado. A dificuldade reside em que, sob condições de serviço, são
reunidos os mais diferentes fatores, muitas vezes de difícil avaliação. Esse assunto será abordado em
detalhes dentro deste texto.
Para que cada peça seja executada com o mínimo de dispêndio, devem ser estudados em
detalhe todos os problemas de execução, material usado, montagem, etc. De um modo geral, o plano
de trabalho do projetista deve incluir:
(01) Determinação exata dos desejos do comprador, ou seja, formulação precisa do problema
construtivo;
(02) Verificação da possibilidade de execução como os meios disponíveis;
(03) Reunião de todos os dados técnicos, especificações, informações, prospectos, folders,
experiências anteriores da empresa e de concorrentes que possam ser úteis na elaboração do
projeto;
(04) Determinação das possíveis soluções segundo uma metodologia sistemática;
(05) Elaboração das linhas gerais do layout do produto com a disposição global e medidas
principais;
(06) Subdivisão do projeto referente à solução escolhida, em grupos construtivos principais,
subgrupos, etc., de acordo com o tamanhos do objeto. Cada membro da equipe pode
preocupar-se com um subgrupo e ir, gradativamente, fornecendo os elementos necessários
de cálculo e conformação para o projetista de peças individuais, como mostra a Tabela 7.1.
Projeto de Sistemas Mecânicos 86
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Tabela 7.1 - Desdobramento do projeto global de um guindaste giratório, [ ]
(07) Elaboração do projeto detalhado dos grupos construtivos e das peças individuais
(08) Controle e verificação cuidadosa do projeto e dos modelos geométricos, discutindo-se os
requisitos das outras fases do ciclo de vida do produto, como manufatura, principalmente no
que se refere aos processos com retirada/adição de material como usinagem, fundição,
injeção, etc. É sempre preferível corrigir um modelo geométrico do que alterar durante a
usinagem das peças, por exemplo. Nessa verificação deve-se atentar para os seguintes itens:
(a) Pontos críticos – Quais dificuldades podem aparecer na usinagem, na montagem
ou no uso do produto;
(b) Resistência – Recalcular as seções perigosas ou de risco. Verificar a existência
de pontos de concentração de tensão, entalhes e fluxo de forças inadequadas;
(c) Pontos de fricção – Verificar os pares de metal atritante, acabamento superficial,
tolerâncias de ajuste, lubrificação. No caso de desgaste, é possível um reajuste
ou fácil substituição da peça?
(d) Vedações – Ventilação, aberturas de inspeção?
(e) Montagem – Ela é possível? Há espaço para as ferramentas de montagem?
(f) Usinagem – Como usinar, fixar, medir? A usinagem é possível com as máquinas
e ferramentas usuais e/ou disponíveis?
(g) Simplificação – peças simétricas no lugar de direita e esquerda. Uso de peças
padronizadas em vez de especiais. Aplicar tecnologia de Grupo sempre que
possível. Redução de tipos diferenciados de parafusos e porcas;
(h) Economia de materiais – procurar diminuir comprimentos, volumes e pesos,
pelo uso de revestimentos no lugar de peças de metal maciço;
(i) Economia de execução – Pela adoção de maiores tolerância;
(j) Cotas nos desenhos – Estão todas indicadas. As informações específicas acera
de usinagem e montagem, estão indicadas? Há concordâncias das cotas?
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 87
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(09) Recepção do produto ou máquina pronta. Realização dos ensaios necessários. Verificação
das condições de uso e funcionamento. Modificações necessárias;
(10) Elaboração das instruções acerca de transporte, desmontagem, montagem, uso, manutenção
e condições ambientais.
● Falhas;
● Concorrência.
Quanto mais claramente forem determinadas as condições, e/ou requisitos do produto, tanto
mais claro se apresentará o caminho a seguir na busca da solução para a realização física do produto.
O projetista deve, pois, antes de pensar na solução do problema, dedicar-se com empenho na
determinação mais exata quanto possível destes fatores decorrentes da especificação de projeto de
produto. Tais fatores podem ser sintetizados como:
(a) Realização das funções do produto;
(b) Solicitações mecânicas
(c) Influências químicas e climáticas;
(d) Limitações de espaço;
(e) Tamanho/Peso;
(f) Transporte e despacho;
(g) Manejo/Manuseio;
(h) Manutenção;
(i) Custo;
(j) Reparo;
(k) Consumo de energia;
(l) Durabilidade;
(m) Segurança de funcionamento;
(n) Custo de operação;
(o) Estética;
(p) Ergonomia;
(q) Prazo de entrega;
(r) Número de peças;
(s) Ruído/Vibrações;
(t) Segurança contra acidentes.
Cada montagem, submontagem, peça e região funcional das peças de um produto industrial
exige a realização de uma estrutura funcional. Em geral a realização da função exigida é possível de
diversas maneiras pela disposição apropriada dos diversos elementos construtivos. Faz parte da tarefa
do projetista descobrir as soluções possíveis e dentre elas definir a mais adequada.
Além das solicitações devidas à realização de toda a sua estrutura funcional, os produtos estão
sujeitos a solicitações mecânicas devidas às condições de utilização. Trata-se em geral de forças,
momentos, vibrações, velocidades e acelerações. Incluem-se aí ainda, as possibilidades de avaria por
manejo impróprio e descuidos, como golpes, quedas, sobrecargas, etc.
Todo produto deve ser resistente às diferenças de temperatura, aos diferentes estados
higrométricos do ar (unidade), à ação química de gases e vapores, assim como à ação corrosiva da
água e de soluções salinas, ácidas, básicas, etc.
Ainda que não haja requisitos e exigências neste sentido, o projetista, por razões econômicas,
deve tentar reduzir os fatores a um valor mínimo. No caso de automóveis, embarcações e aeronaves,
a importância da redução de peso é tão grande que muitas escolas de engenharia possuem uma
cadeira especial que aborda “Construções Leves”, em que são estudadas as normas que permitem
preencher da melhor forma possível a exigência de peso mínimo.
No caso de peças muito grandes, muitas vezes há limitação de peso e dimensões para o
transporte rodoviário e/ou ferroviário. Para peças pequenas, deve-se prever a economia de espaço
para melhor adequar seu transporte, facilidade de embalar, possibilidade de desmontagem de peças
salientes sujeitas a quebras, etc.
(g) Manejo/Operação
Projeto de Sistemas Mecânicos 90
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Prever manejos fáceis, simples e seguros com posição, forma e movimentos cômodos de
todas as alavancas, botões e rodas de comando. Prever diminuição de força e de caminhos de manejo,
posição cômoda e ergonômica do operador (estofamentos, encostos, etc.). Além disso, concentrar os
órgãos de comando com alcance das mãos ou pés dos instrumentos de comando, num único eixo.
Esquemas e instruções fixadas nas proximidades de alavancas de comando.
(h) Manutenção
No tocante à manutenção deve-se observar que tipo de pessoas (se são instruídas ou não, se
técnicos ou leigos, dona de casa, etc.). Por exemplo, no caso de aparelhos domésticos, as exigências
quanto á manutenção devem ser minimizadas, obrigando o uso de mancais não lubrificados, etc. De
um modo geral, deve-se facilitar ao máximo o controle e a manutenção, prevendo-se um plano de
lubrificação fixo à máquina, pontos de lubrificação acessíveis e pintados de vermelho, controles de
níveis de óleo com vidros bem visíveis, conta-gotas ou manômetros para controle da circulação do
óleo, termômetros para controle de temperaturas, etc. Uma forma externa lisa facilita a limpeza e
diminui os riscos de acidentes. A manutenção deve exigir o mínimo de ferramentas e a redução do
número de tamanhos e tipos de parafusos e elementos de fixação em geral.
(i) Custo
Pode ser limitado pela capacidade aquisitiva dos interessados, pela concorrência ou por outras
considerações de ordem econômica, como demanda de mercado interno e externo, por exemplo.
Trata-se de um fator importante de projeto, que pode determinar todo o trabalho construtivo do
produto.
(j) Reparo
Em geral, peças sujeitas a um maior desgaste são projetadas e realizadas em separado com
uma disposição no layout da montagem em que está inserida que permita uma fácil e rápida
substituição.
(l) Durabilidade
(o) Estética
Beleza de forma, acabamento, pintura, cores, etc., podem ter uma influência marcante e
decisiva no sucesso de um produto.
(p) Ruído/Vibrações
Na grande maioria dos casos, é indesejável. Há casos em que devem ser especialmente
evitados, por exemplo, em aeronaves e automóveis. A vibração pode ser desejável, principalmente
para transporte e operações que requeiram uma repetição de movimentos harmônicos.
Devem ser observados os dispositivos legais sobre o assunto, como as Normas de Segurança
da Legislação Trabalhista, previstas por órgão governamentais. Por exemplo, a exigência de capas
cobrindo peças girantes ou pontas agudas, transmissões por engrenagens, correias ou correntes,
rebolos, etc. Deve-se, de modo geral, prever:
Deve-se pensar nas conseqüências de uma eventual ruptura de uma peça, prevendo-se
segurança máxima de todas as peças das quais podem depender vidas, como freios de automóveis e
guindastes, cabos de elevadores, etc.
A definição do layout prevê que sejam examinadas as possíveis soluções conceituais sob o
prisma das exigências que influenciam diretamente na forma do produto. Em geral existem várias
soluções de combinação possíveis. O projetista não pode dar-se por satisfeito com uma ou duas
soluções. Deve procurar descobrir “todas” as soluções possíveis. Isso lhe proporciona as vantagens
de:
(b) Evitar a surpresa desagradável de constatar que outras empresas resolvem melhor o problema.
Como a definição da solução foi feita sistematicamente, isto é, seguindo uma metodologia de
(Pahl & Beitz – quatro fases), é lógico deduzir que a solução encontrada para a realização física do
produto retém as aspirações dos usuários e da equipe de projeto, baseada em conhecimento científico.
Mesmo assim, sugere-se à equipe de projeto que faça um check-up nas fontes pesquisadas para a
obtenção da solução do produto, para certificar sua viabilidade. Dentre estas fontes pode-se citar:
(01) Construções conhecidas;
(02) Teoria de mecanismos;
(03) Elementos de máquinas;
(04) Evolução histórica do produto;
(05) Revistas de patentes;
(06) Revistas técnicas de eventos científicos;
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(07) Exposições;
(08) Propriedades físicas;
(09) Outros ramos da ciência;
(10) Experiências de especialistas no assunto;
(11) Modelos;
(12) Análise crítica de falhas e reclamações;
(13) Estudo das soluções paralelas e inversas e suas combinações.
Para melhor elucidar as fontes descritas anteriormente, cada uma delas será abordada
separadamente a seguir.
(01) Construções conhecidas
Em primeiro lugar, o projetista deve procurar estudar soluções conhecidas, tanto as da própria
empresa como as dos concorrentes. Muitas vezes a tarefa construtiva consistirá em analisar uma
construção conhecida, estudando suas falhas e defeitos, dando-lhe uma concepção mais
apropriada. O projetis, ou equipe de projeto, deve também procurar reproduzir de memória as
soluções de que se recorda de sua experiência ou da leitura de catálogos e propectos, do estudo de
revistas técnicas, das visitas a exposições e feiras, de observações da vida diária, etc.
(02) Teoria de mecanismos
Além destes elementos de máquinas, são ainda conhecidos de outros campos da ciência da
engenharia mecânica, os componentes hidráulicos, pneumáticos, eletro-eletrônicos, ópticos,
acústicos, etc.
(04) Evolução histórica
A leitura de revistas, jornais e publicações sobre Patentes, pode ser muito útil como fonte de
possíveis soluções inventivas.
(06) Revistas especializadas e conferências
Muitas vezes estudos profundos e ensaios realizados em outros ramos da ciência podem dar
uma orientação extraordinária ao projetista. Por exemplo, o projetista de automóveis pode
aproveitar utilmente de estudos e resoluções usadas em aeronaves, locomotivas, etc.
(10) Experimentos
Muito importantes e muitas vezes indispensáveis para colher subsídios necessários à solução
de problemas novos, para os quais não existem fundamentos teóricos nem dados práticos. No
entanto são muito dispendiosos, razão pela qual devem ser evitados, sempre que possível. De
qualquer forma, devem ser cuidadosamente planejados e orientados, prevenindo-se perdas de
energia e recursos.
(11) Uso de modelos e protótipos
Ensaios posteriores à realização de um produto são uma fonte de experiência para o projetista,
como ensaios de recepção e de operação, medição de esforços e deformações em máquinas já em
funcionamento. Os modelos elucidam muitos problemas construtivos. Podem ser de diversos
tipos, conforme se destinarem ao estudo de uma função, forma espacial, distribuição de tensões,
deformações, etc.
(12) Análise crítica de falhas e reclamações
Toda construção nova está sujeita a falhas. Deve-se determinar as suas causas e eliminá-las
gradativamente. Certos efeitos secundários imprevisíveis são muitas vezes bastante desagradáveis
(ruídos, desgastes, vibrações, etc.). Os erros, no entanto, são uma grande fonte de experiência. Os
compradores, pelo uso constante do equipamento, podem indicar os defeitos e às vezes, sugerir
alterações significativas no produto. Dessa forma, esse monitoramento é, igualmente, importante.
(13) Soluções paralelas e inversas e suas combinações
Após encontrada uma solução, o estudo de soluções paralelas e inversas e suas combinações
permite uma análise mais completa do problemas construtivo
Em muito casos, por meio da nova análise funcional, é possível obter-se grandes
simplificações e economia, fazendo-se um determinado objeto (montagem, submontagem ou peça)
acumular diversas funções. Em outros casos, inversamente, um desdobramento funcional adicional,
pode ser vantajoso.
Projeto de Sistemas Mecânicos 96
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7.6 REGRAS GERAIS PARA SELEÇÃO DE MATERIAL
Para a seleção do material mais adequado a uma determinada construção, deve-se observar os
seguintes fatores:
(01) Solicitações mecânicas;
(02) Solicitações químicas;
(03) Temperatura de serviço;
(04) Durabilidade;
(05) Segurança de serviço;
(06) Tamanho e forma;
(07) Peso;
(08) Condutibilidade elétrica, térmica ou magnética;
(09) Tipo de execução;
(10) Número de peças;
(11) Aproveitamento de sobras;
(12) Prazo de entrega;
(13) Propriedades do material;
(14) Custo do Material;
(15) Disponibilidade do material;
(16) Padronização dos materiais.
Peças de forma muito complicada, em geral são executadas mais facilmente por fundição. Por
outro lado, a fundição tem limites quanto ao tamanho das peças (em geral convém soldar peças
muito grandes) e não é apropriada para peças compridas e de pequena seção transversal.
(05) Peso
O peso pode ser um fator de grande importância. Por exemplo, num volante ou num
contrapeso de elevador, um peso elevado é desejável. Ao contrário, em veículos ou em peças de
máquinas com movimento alternativo, como o pistão de motores a explosão, deseja-se pouco
peso.
(06) Condutibilidade elétrica, térmica ou magnética
O projetista deve lembra-se sempre que todo produto deve realizar uma função
essencialmente econômica. Uma máquina perfeita, mas invendável por seu preço excessivamente
Projeto de Sistemas Mecânicos 98
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elevado, não tem valor. Por essa razão, o custo de um material pode levar ao uso de um material
de propriedades menos adequadas, porém mais barato. A possibilidade de aproveitamento de
sobras também pode baixar o custo do material.
(10) Disponibilidade de material
É um fator a considerar no projeto, uma vez que, por questões de disponibilidade ou não do
material no mercado consumidor, um produto pode deixar de ser realizado.
(11) Padronização de material
Não esqueça, a fase de Projeto Detalhado é onde são realizados os modelamentos geométricos
das peças, das submontagens e cada montagem do produto. Portanto, se você for desenvolver a fase
de Projeto Detalhado, os desenhos de cada peça, das submontagens, montagens e geral do produto
deverão estar anexados ao trabalho. Na fase de Projeto Conceitual (PC) foram selecionadas algumas
opções alternativas para compor a estrutura conceitual do produto, após o estudo e a análise das
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 99
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estruturas funcionais definidas para o produto com base na Especificação de Projeto do Produto
(EPP).
Para que essas estruturas físicas possam ser dimensionadas na fase de projeto preliminar, é
necessário inicialmente descrever esquematicamente o modelo físico de cada uma das possíveis
soluções. Esse primeiro esquema global do mecanismo vai sendo especializado e melhor definido à
medida que o projeto evolui, na direção da definição preliminar. Dessa forma, o croqui esquemático
inicial, deve passar por processamento seqüencial de passos, que são considerados básicos nesse
contexto. Esses passos serão discutidos a seguir.
Essa tarefa depende do tipo de produto que estiver sendo projetado. Pode tratar-se, desde um
conjunto de poucas peças e/ou componentes, sendo, na verdade, um produto composto por uma única
Projeto de Sistemas Mecânicos 100
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montagem, até vários conjuntos de submontagens, formados por uma ou mais centenas de peças.
Cada esquema deve ser modelado a partir do esquema global do produto e ir sendo desdobrado até o
menor nível de montagem possível. Nesse desenho esquemático, devem constar, os pontos de apoio
e/ou fixação, pontos de rotação, de aplicação de força e/ou torque, de tomada ou transmissão de força
e/ou torque, possíveis áreas de desgaste por atrito, possíveis pontos de aquecimentos em uso, pontos
de solicitações estáticas e/ou dinâmicas, pontos de solicitações térmicas e pontos sujeitos às
vibrações mecânicas.
Lembre-se que, daqui p’rá frente seu conhecimento sobre resistência dos materiais, estática,
dinâmica, mecânica vetorial e vibrações, é fundamental. Portanto, para melhor sustentar essa fase do
processo de projeto de produto, “abra” os livros e anotações sobre esses temas e mãos à obras. Só
p’rá lembrar:
A abstração da seqüência dos passos a serem seguidos durante o projeto preliminar será ilustrada
com um exemplo prático, por meio de representações esquemáticas, para uma melhor visualização e
entendimento do trabalho a ser realizado. A Figura 7.3 mostra um esquema primário que deve ser
feito para o caso da busca de um dispositivo que possa realizar a função elementar de produto (FE)
descrita como “Ampliar força no movimento pendular”.
Figura 7.3 – Representação gráfica de uma possível solução para o princípio de solução definido para
realizar a função elementar “Ampliar força no movimento pendular”.
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7.8 MODELO CINEMÁTICO DOS PRINCÍPIOS DE SOLUÇÃO
A alocação das montagens, submontagens e peças, se faz pela priorização funcional, ou seja,
quais funções da estrutura funcional do produto são consideradas principais, secundárias, derivadas
e/ou acessórias. Isso conduz a um levantamento prévio das responsabilidades funcionais de cada
entidade ou objeto físico que compõe o produto, proporcionando uma adequada alocação e
distribuição das estruturas montáveis de maior influência na hierarquia da estrutura funcional global1
do produto.
Neste sentido, é conveniente olhar para o esquema proposto e analisar as relações entre os
parâmetros existentes, como no caso das proporções entre os deslocamentos coordenados 2x : 2y em
função da proporção entre os comprimentos das duas barra a : b, ou, simplesmente, obter outras
1
Estrutura Funcional Global do Produto: A estrutura funcional global do produto abrange não apenas a estrutura funcional do
produto, aquela definida na fase de projeto conceitual. Mais que isso, agrega as estruturas hierárquicas funcionais de cada montagem,
submontagem e de cada peça que compõe o produto.
Projeto de Sistemas Mecânicos 102
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relações mais adequadas à cinemática associada à função a ser realizada pelo sistema. Novamente, é
necessário levar em consideração, como em todas as análises cinemáticas a serem realizadas no
projeto de qualquer dispositivo, as restrições e requisitos de projeto de alguma forma especificadas na
EPP.
Figura 2.17 – Representação gráfica do modelo cinemático da solução para o princípio de solução apresentada no
passo1.
Suponha que, para os requisitos e restrições de projeto dessa submontagem, os valores dos
deslocamentos coordenados sejam 2x = 200 mm e 2y = 100 mm e que o deslocamento angular
correspondente tenha que ser de 2θ = 30o. Quais deverão ser os comprimentos das barras a e b?
Para esse dimensionamento, precisa-se saber quais relações trigonométricas estão envolvidas.
Considerando o esquema mostrado na Figura 7.4 tem-se:
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Figura 7.4 – Representação gráfica do modelo cinemático da solução para o princípio de solução
apresentada no passo1, com os valores dos parâmetros necessários à realização da função global
requerida.
x 100 100
x = a.senθ → a = = = = 386,37 mm
senθ sen15 o
0, 2588
y 50 50
y = b.senθ → b = = = = 193,185mm
senθ sen15 o
0, 2588
Pelas relações consideradas, os valores dos comprimentos das barras que compõem a alavanca
em projeto devem ser, respectivamente: a= 386,37 mm e b = 193,185 mm.
Considerando que, para este estudo de caso, a força necessária na extremidade da barra b deva
ser da ordem de 1000 Kgf. Qual a força necessária a ser aplicada na extremidade da barra a? A
Projeto de Sistemas Mecânicos 104
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análise estática pode ser feita pela consideração das equações de força e momentos, da resistência dos
materiais, com base no esquema mostrado na Figura 7.5.
Figura 7.5 – Representação gráfica do modelo estático da solução proposta , com os valores dos
parâmetros necessários à realização da função global requerida.
Tem-se que aplicar as duas equações da estática: equação de forças ΣFx’ = 0 e equação de
momentos ΣMO = 0, para a configuração de forças e momentos mostrada naFigura 7.6.
Figura 7.6 – Diagrama de corpo livre com a representação das forças e momentos do modelo estático
da solução proposta, necessários à realização da função global requerida.
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Com base naFigura 7.6, os correspondentes somatórios para forças e momentos estão
descritos a seguir, considerando um novo sistema de referências, traçado conforme coordenadas da
posição de maior afastamento da alavanca.
∑F x' =0 ∑F y' =0
Fax ' − Rx ' + Fbx ' = 0 Fay ' − Ry ' − Fby ' = 0 (1)
Fax ' = Rx ' − Fbx ' Fby ' = Fay ' − Ry '
∑M O =0
Fax ' .a − Fby ' .b = 0 (3)
Fby ' .b b
Fax ' = = .Fby '
a a
A tarefa agora é calcular as reações e as forças que provocam os momentos para o
dimensionamento, tanto dos braços da alavanca como da articulação que irá apoiá-la para a
multiplicação da força de entrada. O apoio deve ser dimensionado usando-se os valores das reações
Rx’ e Ry’. Existe uma “junção” entre a peça alavanca e a peça apoio da alavanca nessa montagem que,
muito provavelmente, terá ainda outras peças na sua composição, tais como, buchas de apoio (na
entrada e saída), parafusos, arruelas de pressão e lisas (fixação), etc.
Considerando as relações (2), pode-se dar início ao cálculo dos valores das forças Fby’.e Fax’
que realizarão os torques, correspondentes aos momentos em relação ao ponto de apoio “O” pela
ação e reação das barras a e b da alavanca. A força reativa Fb = 1000 Kgf é um requisito de projeto e
deve ser atendida para a realização da função global dessa montagem. O ângulo θ é outro requisito de
projeto e deve ser igual a 15o. Assim, tem-se:
Pelas relações (3) dos momentos torçores nas barras a e b, considerando que, para o croqui
mostrado na Figura 6 e para o “layout” disponível, os valores dos comprimentos das barras são,
respectivamente, iguais a 386,37 mm e 193,19 mm, pode-se calcular a força Fax’. Estas relações
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 107
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garantem que, no equilíbrio estático, o somatório dos momentos correspondentes é igual a zero. Tem-
se então:
∑M O =0
Fax ' .a − Fby ' .b = 0
Fby ' .b b 193,19
Fax ' = = .Fby ' = .965,93 = 482,98Kg
a a 386,37
Essa força deve provir de um outro mecanismo ou dispositivo, cuja interface funcional com a
montagem que está sendo dimensionada, deverá transferir em uso uma força de 500 Kgf, atendendo
ao requisito desejado. Este valor poderia ser anteriormente previsto com base na condição de
deslocamento inicial em que tem-se o valor do deslocamento na horizontal como a metade do valor
do deslocamento vertical, ou seja, 2x = y.
∑F x' =0 ∑F y' =0
Fax ' − Rx ' + Fbx ' = 0 Fay ' − Ry ' − Fby ' = 0
Fax ' = Rx ' − Fbx ' Fby ' = Fay ' − Ry '
O próximo passo é dimensionar a seção transversal dos braços da alavanca e o material a ser
utilizado na sua construção. Da teoria de resistência dos materiais, pode-se dizer que os braços da
alavanca estarão sujeitos à flexão pura, podendo ser representada, por exemplo, por um modelo
estático de vigas engastadas, fixadas no ponto “O”, como mostrado na Figura 7.8.
Projeto de Sistemas Mecânicos 108
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O problema agora fica simples e pode ser resolvido aplicando os procedimentos usuais de
cálculo de resistência dos materiais. Os requisitos a serem considerados aqui são definidos numa
breve verificação da especificação de projeto do produto. Usualmente, esse é momento de pensar na
otimização de material e forma, o que sugere a aplicação de perfis cujas seções transversais sejam
padronizadas e disponíveis comercialmente.
Um diagrama de corpo livre deve ser feito para um dos braços da alavanca, como o mostrado
na Figura 7.9. O procedimento de cálculo para o outro braço é similar.
M+
Figura 7.9 – Diagrama de corpo livre de um dos braços da alavanca (montagem em projeto).
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 109
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A fórmula para tensões de flexão elástica é dada pela equação a seguir. Ela mostra que, para
um momento fletor positivo e valores positivos de “y”, as tensões de normais σx são de compressão e,
para valores negativos “y”, as tensões são de tração.
M .y
σx = − (4)
I
Considerando uma viga de seção retangular maciça simétrica com maior dimensão na altura, y
= (b/2) e a correspondente equação do momento de inércia para esse tipo de seção, chega-se a:
b
M .
σx = 3 =
2 M .b.12 6.M 6.(193185, 00) 1159110, 00
= = = (5)
a.b a.b3 .2 a.b 2 a.b 2 a.b 2
12
Nesse ponto, tem-se dois conjuntos de variáveis a serem consideradas. De um lado, a
geometria da seção da viga e do outro, a tensão de flexão resultante. Nesse caso temos que verificar o
espaço disponível e definir uma seção comercial compatível com esse espaço, calculando o valor da
tensão de flexão resultante. Essa tensão pode ser comparada, por exemplo, à tensão de escoamento ou
admissível de vários materiais disponíveis comercialmente na definição do material para a alavanca.
Esse é o momento do projeto preliminar para a aplicação de uma análise de elementos finitos,
para otimização de forma. Tem-se por experiência que, para esse tipo de aplicação, a forma mais
otimizada para esse tipo de componente usualmente aproxima-se da mostrada na Figura 7.10.
Projeto de Sistemas Mecânicos 110
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Figura 7.10 – Forma usual da alavanca otimizada por análise de elementos finitos na fase de projeto
preliminar.
De qualquer maneira a seção comercial normalizada para esse tipo de aplicação deverá ser
otimizada porque dificilmente se encontra um perfil desta natureza, comercialmente. O projetista
deve optar pela forma que melhor se adequar aos seus recursos de manufatura.
Pode-se optar inicialmente, por um material de utilização usual, SAE 1040 laminado a quente,
por exemplo, cuja tensão Limite de Elasticidade está em torno de 360 MPa, tensão Resistência
Estática em torno de 580 MPa e tensão Resistência à Fadiga em torno de 260 MPa para carregamento
repetido ou alternado. Usando-se este material, chega-se a uma composição, baseada na equação (5)
que fornece a seguinte relação paramétrica (MPa = N/mm2 e Kg = 9,8 N):
1159110, 00
σx =
a.b 2
1159110, 00 1159110, 00 1159110, 00 Kg .mm
a.b 2 = = =
σx σ RF 260 MPa
1159110, 00 Kg .mm 1159110, 00 Kg.mm
a.b 2 = .mm 2 = .mm 2
260 N 26 Kg
a.b 2 = 44581,15mm3
Considerando um material comercial que apresente uma seção transversal contendo uma
parametrização especificada por b = 2a, chega-se a:
b3
a.b = 44581,15mm => = 44581,15mm3
2 3
2
b3 = (44581,15).(2)mm3 => b = 44, 67mm => a = 22,34mm
R = 1118, 03Kgf
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Na verdade, este cálculo deve tomar por base uma tensão de projeto correspondente ao limite
de resistência à fadiga do pino que fará a junção da alavanca como o seu apoio. A tensão de projeto,
nesse caso, deverá ser a Resistência a Fadiga (σRF). A representação das reações na região de
interface entre alavanca e apoio é representada na Figura 7.11. Observe que, na direção de atuação da
força reativa R são geradas duas reações contrárias de igual valor. Este é o valor que deve ser
utilizado no cálculo do diâmetro e do material do pino de articulação do mecanismo.
π .d 2
R = 2.Ra e Ra = τ .
4
Aqui, novamente, é necessário buscar uma otimização entre os parâmetros relacionados à
geometria e ao material. Isso é uma constante no dimensionamento na fase de projeto preliminar, o
que vale muito o conhecimento e a experiência prática da equipe de projeto. No entanto, é possível
fazer uma boa estimativa, de acordo com os dados e as informações disponíveis em cada caso
particular. No caso da alavanca, pode-se usar um pino de aço dúctil e verificar o valor do diâmetro
correspondente. O consenso entre material e valor do diâmetro estabelece condições de se estabelecer
os valores finais dos parâmetros de projeto que, para este pino de articulação, são o diâmetro e o
material.
Optemos por um aço dúctil (SAE 1045) que apresenta um limite de ruptura por cisalhamento
de 120 MPa. Pela equação da reação do apoio, tem-se:
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π .d 2
559, 02 Kg = τ .
4
Kg π .d 2
559, 02 Kg = 12 .
mm 2 4
(4).(559, 02)
d2 = = 7, 70mm
(12).(π )
Tem-se, portanto um pino circular maciço de aço SAE 1045 com diâmetro de 8 mm,
aproximadamente. A mesma seqüência de procedimentos deve ser adotada para as demais
alternativas de solução previstas na matriz de decisão. Não esqueça das interfaces entre montagens
em que é fundamental considerar o comportamento em uso, ou seja, a continuidade das funções do
produto em cada uma de suas montagens.
O dimensionamento do apoio (mancal) é feito com base nos parâmetros de cálculo estrutural
definidos para o pino, uma vez que cada mancal de apoio estará sujeito às solicitações provenientes
das reações no pino de articulação. As reações nas seções do pino sujeitas ao cisalhamento passam a
ser as forças atuantes em cada mancal. Apesar dessa solicitação ocorrer apenas num determinado
setor do mancal, o mesmo deve ser dimensionado como se o as forças de solicitação atuassem em
todo setor circular, ou diâmetro do mancal.
Quanto à fixação do apoio (mancal), vai depender do próximo princípio de solução a ser
dimensionado, ou seja, de onde esse apoio deverá ser fixado. Isso fica para o próximo
dimensionamento.
Dependendo do tipo de projeto (projeto novo, reprojeto, etc.), uma prévia visão espacial e
dimensional do produto, é esperada. Quando tratar-se de um produto que esteja inserido dentro de um
outro produto maior, ou seja, quando, hierarquicamente, tratar-se de uma montagem ou
submontagem integrada a um produto ou uma montagem, respectivamente, essa visão torna-se ainda
mais clara.
Nesses casos, as restrições dimensionais devem ser estabelecidas com base, principalmente
em:
(01) Nos tipos de interfaces de entrada e saída nas quais o produto deverá se conectar;
(02) Nos fluxos de energia e materiais que deverão ocorrer durante o uso do produto em processo;
(03) Nos tipos de materiais definidos, ou a serem definidos, das interfaces de entrada e saída.
UNOESC – Curso de Engenharia de Produção Mecânica 113
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O projetista deve abstrair ao máximo suas idéias em relação às localizações das partes físicas
associadas ao princípio de solução que está projetando. A hora é de rabiscar e fazer croquis
exaustivamente, até chegar à forma otimizada do mecanismo ou dispositivo que está procurando.
Uma boa lista desses objetos (peças e componentes comerciais) pode ser descrita para cada
parte do produto, na intenção de organizar as informações e os parâmetros de projeto que possam
interferir localmente e externamente às submontagens e montagens. Assim, o projetista deve ir
montando o quebra-cabeças de cada mecanismo e, aos poucos, elucidar a solução particular de cada
princípio de solução anteriormente escolhido na composição da solução global do produto na matriz
de decisão (MD), definida na fase de projeto conceitual.
O sistema CAD pode, aos poucos, ir sendo incorporado, já na fase de projeto preliminar, à
medida que as peças possam ser parametrizadas, isto é, definidas sem os valores específicos de seus
parâmetros dimensionais. Na verdade, do ponto de vista da parametrização, o modelo geométrico das
peças, submontagens, montagens e mesmo do produto como um todo, pode ser quase que totalmente
criado na fase de projeto preliminar, desde que possa ser modelado parametricamente, uma vez que
muitas alterações de âmbito dimensional e geométrico estarão por vir.
8 PROJETO DETALHADO
De acordo com as necessidades o projeto ainda pode gerar outros documentos para a produção
como, por exemplo, prescrições para transporte e montagem, instruções para os testes de controle da
qualidade, instruções para operação, manutenção e reparação.
Também é de grande importância para o projeto a verificação dos documentos para a produção,
principalmente dos desenhos dos componentes e das listas de componentes quanto a: (i) observação
das normas; (ii) cotagens claras e apropriadas à produção; (iii) demais indicações necessárias à
produção; (iv) considerações a respeito da compra, por exemplo, peças para estoque.
É muito importante também a interação com as outras fases do projeto. As fases de trabalho entre
a etapa de projeto informacional, conceitual e preliminar se relacionam com a etapa de detalhamento.
Por exemplo, na elaboração dos desenhos individuais, é habitual dar prioridade a componentes
individuais que influenciam no prazo e desenhos de peças brutas, para já aprontá-las dentro do
possível, antes da definição final do projeto detalhado.
A estrutura de um produto pode influenciar o fluxo da produção, e torna-se conveniente que todos
os departamentos envolvidos no projeto participem da sua elaboração.
Para a produção dos desenhos técnicos é indicado que sejam seguidas as normas técnicas. Aqui
serão tratadas algumas definições básicas que deverão ser analisadas com maior critério durante a
execução do desenho.
Não obedecendo normas técnicas, mais muito importante para esquematização e busca de
soluções, os esboços constituem em uma ferramenta fundamental para auxiliar na busca de
informações.
Em relação ao tipo de produção Pahl et al (2005) distingue entre: (i) desenhos originais ou
desenhos de base (desenhos à tinta nanquim ou a lápis, desenhos pilotados ou objetos arquivados no
computador) como original para cópias; (ii) desenhos-formulário, geralmente fora de escala.
Além disso, desenhos para produção podem ser subdivididos em(PAHL et al, 2005): (i) desenhos
de execução com diferentes graus de completude (p. ex., de pré-execução e execução final, desenhos
de soldagens, etc.); (ii) desenhos do conjunto (p. ex., desenhos de montagem); (iii) desenhos de peças
sobressalentes; (iv) desenhos de ensaios; (v) desenhos de implantação (desenhos de fundações); e (vi)
desenhos da distribuição.
Outros tipos de desenho são os destinados para ofertas, para pedidos, para aprovação, desenhos
dos meios de produção e desenhos de patentes.
A lista completa de peças faz parte da descrição completa dos objetos para que sua produção seja
efetuada com sucesso.
Aqui também como no ítem anterior serão usadas apenas definições básicas.
• Listas de peças de projeto são aquelas, nas quais o projetista organiza a compilação das peças e
a estrutura do produto correspondente, segundo critérios funcionais.
• Por uma lista de peças para a produção ou para a montagem compreende-se uma lista de peças
do projeto, que foi suplementada com indicações relativas à produção e à montagem. Listas de peças
de produção principalmente na produção avulsa são específicas de um contrato.
• Além disso, para casos especiais conhecem-se ainda listas de preparação, listas de peças com os
custos e feias de sobressalentes. Porém, dever-se-ia objetivar trabalhar somente com um tipo de lista
de peças.
Observa-se também que a estrutura dos desenhos devem estar afindas com os desenhos do
projeto.
Vários são os sistemas de CAD/CAM que poderão ser utilizados no auxílio ao desenvolvimento
do projeto, muitas são as alternativas existentes, cabendo ao projetista e a empresa achar a solução
mais adequada para o seu projeto.
Alguns requisitos gerais deverão ser seguidos para a execução dos sistemas numéricos e são
definidos também por normas técnicas, que determinam, por exemplo, número de casas, fonte da
escrita, etc..
São requisitos gerais para sistemas numéricos (PAHL et al, 2005): (i) Identificação, ou seja,
possibilitar reconhecimento claro e inconfundível de um objeto com base nas suas características; (ii)
Classificação, ou seja, possibilitar ordenamento das coisas e das circunstâncias de acordo com
características definidas. Uma classificação é somente uma descrição de características selecionadas;
(iii) Identificação e classificação deveriam ser manipuláveis em separado; (iv) A estrutura de um
sistema de números deveria permitir extensas possibilidades para ampliações; (v) Devem ser
assegurados tempos de acesso reduzidos, inclusive na execução manual, bem como uma
administração simples; (vi) Deve haver compatibilidade com os requisitos da computação; (vii)
Deverá ser objetivada a boa compreensão, inclusive para os desenhos estranhos à empresa, através de
uma estrutura lógica de sistema, terminologia clara e boa capacidade de retenção (em geral sistemas
de numeração com menos de 8 dígitos). (viii) Deve ser dada estrutura conveniente ao projeto, para
processamento e saída de informações de qualquer natureza pelo e para o projetista, especialmente
para a numeração de desenhos e das listas de peças. (ix) O número de um objeto deverá ser mantido,
independentemente do produto no qual este objeto é aplicado e se é adquirido como peça avulsa ou
peça comprada fora.
É importante a classificação dos objetos em artigos, sendo o número do artigo uma espécie de
identidade do produto. Para uma classificação clara dos artigos devemos classificá-los, por exemplo
em (i) objetos; (ii) documentos; e (iii) instruções sobre procedimentos.
Os dados dos artigos podem ser armazenados de acordo com a característica de cada artigo, de
forma racional e organizada. Essa organização é feita cada vez mais através de um sistema de bancos
de dados, por sua disponibilização de informações digitalizadas.
Disposição definitiva
Documentação
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