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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

ABORDAGEM SOBRE ENSAIO DE TRAÇÃO,

ENSAIO DE DUREZA E ENSAIO DE IMPACTO

Marcelo Rangoni Bifano1

Silmara Caldareli Rodrigues1

Roseli Marins Balestra2

Resumo: Esse trabalho descreve a experiência adquirida pelos autores durante a


realização dos ensaios de tração, dureza e impacto realizados no laboratório da
Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), bem como, os conceitos teóricos
assimilados em sala de aula. São expostos os conceitos e a importância da realização
de tais ensaios nos materiais de prova por meio da revisão da literatura. Discutidas
tais questões, são apresentados os materiais e métodos utilizados em cada um dos
ensaios abordados. Nos ensaios foram realizados os testes de tração, de dureza
Rockwell e de impacto Charpy. Os resultados alcançados em laboratório refletiram de
forma satisfatória os resultados descritos na literatura, dentre eles cita-se a curva
tensão-deformação obtida, a facilidade de medição da dureza Rockwell e o aumento
da fragilidade do material ao ser submetido ao ensaio de impacto à temperatura
ambiente e em seguida à uma temperatura mais baixa.

Palavras-chaves: ensaio de tração, curva tensão-deformação, ensaio de dureza,


ensaio de impacto.

1 – Discente do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São João Del-Rei;


2 – Docente da Universidade Federal de São João Del-Rei;
INTRODUÇÃO

Segundo Callister (2012), é obrigação dos engenheiros compreender como as


várias propriedades mecânicas são medidas e o que essas propriedades representam;
elas podem ser necessárias para o projeto de estruturas/componentes que utilizem
materiais predeterminados, a fim de que não ocorram níveis inaceitáveis de
deformação e/ou falhas. Um importante aspecto da análise e projeto de estruturas se
relaciona com as deformações causadas pela aplicação das cargas a uma estrutura
(BEER, 1995).
A resistência de um material depende de sua capacidade de suportar uma
carga sem deformação excessiva ou ruptura. Essa propriedade é inerente ao próprio
material e deve ser determinada por métodos experimentais (HIBBELER, 2010).
Para se determinar tais características dos materiais existem ensaios como o
de tração, de impacto e de dureza. E dentre estes ensaios existem vários métodos e
equipamentos diferentes que podem ser utilizados.
Com o ensaio de tração, pode-se afirmar que praticamente todas as
deformações promovidas no material são uniformemente distribuídas em toda a sua
extensão, pelo menos até ser atingida uma carga máxima próxima do final do ensaio
e, como é possível fazer com que a carga cresça numa velocidade razoavelmente
lenta durante todo o teste, o ensaio de tração permite medir satisfatoriamente a
resistência do material. A uniformidade da deformação permite ainda obter medições
para a variação dessa deformação em função da tensão aplicada. Essa variação,
extremamente útil para o engenheiro, é determinada pelo traçado da curva tensão-
deformação a qual pode ser obtida diretamente pela máquina ou por pontos. A
uniformidade termina no momento em que é atingida a carga máxima suportada pelo
material, quando começa a aparecer o fenômeno da estricção ou da diminuição da
secção do provete, no caso de matérias com certa ductilidade. A ruptura sempre se dá
na região mais estreita do material, a menos que um defeito interno no material, fora
dessa região, promova a ruptura do mesmo, o que raramente acontece.
A precisão de um ensaio de tração depende, evidentemente, da precisão dos
aparelhos de medida que se dispõe. Com pequenas deformações, pode-se conseguir
uma precisão maior na avaliação da tensão ao invés de detectar grandes variações de
deformação, causando maior imprecisão da avaliação da tensão. Mesmo no início do
ensaio, se esse não for bem conduzido, grandes erros podem ser cometidos, como
por exemplo, se o provete não estiver bem alinhado, os esforços assimétricos que
aparecerão levarão a falsas leituras das deformações para uma mesma carga

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aplicada. Deve-se, portanto, centrar bem o corpo-de-prova na máquina para que a
carga seja efetivamente aplicada na direção do seu eixo longitudinal.
A Figura 1 traz um exemplo esquemático do equipamento utilizado para a
realização de um ensaio de tração.

Figura 1: Equipamento utilizado para o ensaio de tensão. (Fonte: Wikipédia)

Já a Figura 2 traz um exemplo de um corpo de prova cilíndrico, e a Figura 3 o


gráfico de tensão-deformação resultante do ensaio de tensão.

Figura 2: Corpo de prova padrão.

Na Figura 3 o diagrama tensão-deformação obtido por meio de um ensaio de


tração tem como descrição: 1. Tensão Máxima de Tração 2. Tensão de Escoamento 3.
Tensão de Ruptura 4. Região de Encruamento 5. Região de "Estricção".

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Figura 3: Gráfico tensão-deformação. ( Fonte: Wikipédia)

Segundo Melo, dureza é a propriedade de um material que permite a ele


resistir à deformação plástica, usualmente por penetração. O termo dureza também
pode ser associado à resistência à flexão, risco, abrasão ou corte. Ainda segundo
Melo, a dureza não é uma propriedade intrínseca do material, ditada por definições
precisas em termos de unidades fundamentais de massa, comprimento e tempo. Um
valor da propriedade de dureza é o resultado de um procedimento específico de
medição.
Existem diversos padrões e métodos para medição de dureza, cada qual sendo
adequado para um grupo de materiais. Os métodos de medição de dureza mais
utilizados são listados abaixo:
 Teste de Dureza Rockwell
 Teste de Dureza Superficial Rockwell
 Teste de Dureza Brinell
 Teste de Dureza Vickers
 Teste de Microdureza (Knoop/Vickers)
 Teste de Dureza Mohs
 Teste do Escleroscópio -Escala Shore- Durômetro

Completando temos o ensaio de impacto, segundo a CIMM, o objetivo principal


é medir a quantidade de energia absorvida pelo material durante a fratura. São
essenciais para garantir a segurança, confiabilidade e qualidade dos mais diversos
materiais. É muito utilizado no setor automobilístico, de aeronaves e em peças
específicas utilizadas na indústria.

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DESENVOLVIMENTO

Ensaio de Tração

Para executar o ensaio de tração ou compressão, prepara-se um corpo de


prova do material com forma e tamanho "padronizados". Uma forma de quantificar
estas deformações em função das cargas é a utilização de um diagrama de tensão-
deformação. Para a obtenção do diagrama tensão-deformação de certo material,
normalmente se faz um ensaio de tração em uma amostra do material (BEER, 1995).
Nesse ensaio se usa comumente um corpo de prova típico do material. O
diagrama tensão-deformação varia muito de material para material, e, para um mesmo
material, podem ocorrer resultados diferentes em vários ensaios, dependendo da
temperatura do corpo de prova ou da velocidade de crescimento da carga (BEER,
1995). Entre os diagramas tensão-deformação de vários grupos de materiais é
possível, no entanto, distinguir algumas características comuns; elas nos levam a
dividir os materiais em duas importantes categorias, que são os materiais dúcteis e os
materiais frágeis (BEER, 1995).
Os materiais dúcteis, que compreendem o aço estrutural e outros metais, se
caracterizam por apresentarem escoamento a temperaturas normais. O corpo de
prova é submetido a carregamento crescente, e seu comprimento aumenta, de início,
lentamente, sempre proporcional ao carregamento. Desse modo, a parte inicial do
diagrama tensão-deformação é uma linha reta com grande coeficiente angular.
Entretanto, quando é atingido um valor crítico de tensão, o corpo de prova sofre uma
longa deformação, com pouco aumento da carga aplicada. Essa deformação é
causada por deslizamento relativo de camadas do material de superfícies oblíquas, o
que mostra que esse fato se dá principalmente por tensões de cisalhamento. A Figura
2 mostra o diagrama tensão-deformação de um aço com baixo teor de carbono e
mostra que o alongamento do material após o início do escoamento pode ser até 200
vezes maior do que o alongamento ocorrido antes do escoamento se iniciar (BEER,
1995).
Quando o carregamento atinge certo valor máximo, o diâmetro do corpo
começa a diminuir, devido à perda de resistência local. Esse fenômeno é conhecido
como estricção. Após ter começado a estricção, um carregamento mais baixo é
suficiente para manter o corpo de prova se deformando, até que se dê a sua ruptura.
No ensaio de tração, o corpo de prova ou provete é submetido a um esforço
que tende a alongá-lo ou esticá-lo até à ruptura. Geralmente, o ensaio é realizado num
corpo de prova de formas e dimensões padronizadas, para que os resultados obtidos

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possam ser comparados ou, se necessário, reproduzidos. Este é fixado numa máquina
de ensaios que aplica esforços crescentes na sua direção axial, sendo medidas as
deformações correspondentes. Os esforços ou cargas são mensurados na própria
máquina, e, normalmente, o ensaio ocorre até a ruptura do material (ensaio
destrutivo).
O dispositivo usado para conduzir ensaios tensão-deformação por tração
encontra-se na Figura 1. O corpo de prova é alongado pelo travessão móvel; uma
célula de carga e um extensômetro medem, respectivamente, a magnitude da carga
aplicada e o alongamento.
Em um ensaio de tração, obtém-se o gráfico tensão-deformação, na qual é
possível analisar o comportamento do material ao longo do ensaio. Do início do
ensaio, até a ruptura, os materiais geralmente passam pelas seguintes etapas:
Deformação elástica: para a maioria dos metais que são solicitados em tração e com
níveis de tensão relativamente baixos, a tensão e a deformação são proporcionais de
acordo com a relação abaixo.

Esta é a conhecida lei de Hooke uniaxial e a constante de proporcionalidade “E” é


o módulo de elasticidade, ou módulo de Young.
As deformações elásticas não são permanentes, ou seja, quando a carga é
removida, o corpo retorna ao seu formato original. No entanto, a curva tensão-
deformação não é sempre linear, como por exemplo, no ferro fundido cinzento,
concreto e polímeros.
Até este ponto, assume-se que a deformação elástica é independente do
tempo, ou seja, quando uma carga é aplicada, a deformação elástica permanece
constante durante o período em que a carga é mantida constante. Também é
assumido que após a remoção da carga, a deformação é totalmente recuperada, ou
seja, a deformação imediatamente retorna para o valor zero.
Deformação plástica: acima de certa tensão, os materiais começam a se deformar
plasticamente, ou seja, ocorrem deformações permanentes. O ponto no qual estas
deformações permanentes começam a se tornar significativas é chamado de limite de
escoamento (ou tensão de cedência).
A magnitude do limite de escoamento é a medida da resistência de um material
à deformação plástica e pode variar muito, como por exemplo, entre 35 Mpa para uma
liga de alumínio de baixa resistência até 1400 Mpa para um aço de alta resistência.
Durante a deformação plástica, a tensão necessária para continuar a deformar
um metal aumenta até um ponto máximo, chamado de limite de resistência à tração,
no qual a tensão é o máximo na curva tensão-deformação de engenharia. Isto

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corresponde à maior tensão que o material pode resistir; se esta tensão for aplicada e
mantida, o resultado será a fratura. Toda a deformação até este ponto é uniforme na
seção. No entanto, após este ponto, começa a se formar uma estricção, na qual toda a
deformação subsequente está confinada e, é nesta região que ocorrerá ruptura. A
tensão que corresponde à fratura é chamada de limite de ruptura.
Assim, é possível obter o gráfico tensão-deformação, que varia conforme o
material analisado. Por exemplo, os materiais frágeis, como cerâmicas e concreto, não
apresentam um limite de escoamento. Já os materiais dúcteis, como o alumínio,
apresentam o limite de escoamento bem definido.

Ensaio de Dureza

Segundo Callister 2012, a dureza é uma medida de resistência de um material


a uma deformação plástica localizada. Os ensaios de dureza são realizados com
maior frequência que qualquer outro ensaio mecânico, por diversas razões: são
simples e baratos, é não destrutivo e podem-se estimar outras propriedades
mecânicas a partir dos dados coletados.
A seguir descrevem-se diversos ensaios de dureza, finalizando com o ensaio
Rockwell, objeto de estudo no laboratório.
O método Knoop é utilizado para a medição de micro-dureza, na qual um
penetrador de diamante, com formato piramidal, é pressionado contra uma superfície
devidamente polida (CALLISTER, 2012). A dureza Knoop é dada pela fórmula:

Onde “P” é a carga aplicada em kgf, “A” é a área superficial de impressão em mm 2, “L”
é o comprimento da impressão (em mm) ao longo do maior eixo e “Cp” é um fator de
correção relacionado ao formato do penetrador (idealmente 0,070279).

Este método foi desenvolvido no National Bureau of Standards (hoje NIST), por F.
Knoop e é normatizado pela ASTM D1474 (Standard Test Methods for Indentation
Hardness of Organic Coatings).

Dureza Vickers é um método de classificação da dureza dos materiais baseada


num ensaio laboratorial. Neste método, é usada uma pirâmide de diamante com
ângulo de diedro de 136º que é comprimida, com uma força arbitrária "F", contra a
superfície do material. Calcula-se a área "A" da superfície impressa pela medição das
suas diagonais (CALLISTER, 2012). A dureza Vickers HV é dada por:

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Onde

O método é baseado no princípio de que as impressões provocadas pelo


penetrador possuem similaridade geométrica, independentemente da carga aplicada.
Assim, cargas de diversas magnitudes são aplicadas na superfície plana da amostra,
dependendo da dureza a ser medida. O Número Vickers (HV) é então determinado
pela razão entre a carga (kgf) e a área superficial da impressão (mm2). Por ser
dependente da área a escala Vickers varia rapidamente quando comparada a
Rockwell, por exemplo: 68 HRC~940 HV e 60 HRC~697 HV.
Este método foi desenvolvido no início da década de 1920 como uma
alternativa ao Brinell. Uma das grandes vantagens é que os cálculos da dureza não
dependem das dimensões do penetrador.
O mesmo penetrador pode ser usado nos ensaios de diversos materiais,
independentemente da dureza. Além disso, esta é uma das escalas mais amplas entre
as usadas para medição de dureza e pode ser utilizada para todos os metais, com
uma grande precisão de medida.
A grande vantagem deste método é a pequena impressão deixada, sendo que
este procedimento é utilizado em ensaios de micro e nano-dureza, na qual é possível
analisar cerâmicas e finíssimas camadas de revestimento. As desvantagens são a
necessidade de preparar a amostra previamente e o uso de um microscópio
adequado.
Este ensaio é padronizado pela norma ASTM E384 (Standard Test Method for
Knoop and Vickers Hardness of Materials). A Figura 4 mostra um indentador para a
dureza Vicker.

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Figura 4: Indentador para dureza Vicker. ( Fonte: Wikipédia)

O método Brinell é um método de medição da dureza, utilizado principalmente


nos materiais metálicos. Este método foi proposto em 1900, pelo engenheiro
sueco Johan August Brinell. É o primeiro ensaio de dureza normatizado e amplamente
utilizado na engenharia e metalurgia.
O teste típico consiste em um penetrador de formato esférico com 10 mm de
diâmetro, feito de aço de elevada dureza ou de carbeto de tungstênio.
A carga aplicada varia entre 500 e 3000 kgf e, durante o teste, a carga é
mantida constante por um período entre 10 e 30 segundos.
O número Brinell de dureza (HB) é função da carga aplicada e do diâmetro da
impressão resultante e pode ser obtido através da seguinte relação:

Onde “P” é o valor da carga aplicada (em kgf), “D” é o diâmetro do penetrador e “d” é o
diâmetro da impressão resultante, ambos em milímetros.

Uma das grandes desvantagens do ensaio Brinell é o tamanho do penetrador, que


muitas vezes causa danos consideráveis à peça analisada.

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Para garantir um bom resultado, a medição do diâmetro da impressão deve ser

feita em pelo menos duas direções. Além disso, é necessário manter a relação
constante para obter resultados adequados.
A dimensão da dureza Brinell é Mpa e a uma das normas que a rege é
a ASTM E10 (Standard Test Method for Brinell Hardness of Metallic Materials). A
Figura 5 mostra um indentador para dureza Brinell.

Figura 5: Indentador para dureza Brinell. ( Fonte: Wikipédia)

O método Rockwell é um método de medição direta da dureza, sendo um dos


mais utilizados em indústrias. Este é um dos métodos mais simples e que não requer
habilidades especiais do operador. Além disso, várias escalas diferentes podem ser
utilizadas através de possíveis combinações de diferentes penetradores e cargas, o
que permite o uso deste ensaio em praticamente todas as ligas metálicas, assim como
em muitos polímeros.
Os penetradores incluem esferas fabricadas em aço de elevada dureza, com
diâmetros de 1/16, 1/8, 1/4 e 1/2 polegada, assim como cones de diamante, utilizados
nos materiais de elevada dureza.
Neste sistema, a dureza é obtida através da diferença entre a profundidade de
penetração resultante da aplicação de uma pequena carga, seguida por outra de maior
intensidade.
A carga inicial aplicada é 10 kgf, seguida por uma carga de 60, 100 ou 150 kgf,
conforme a escala utilizada. A Tabela 1 descreve os principais tipos e as
características de ensaio de dureza Rockwell.

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Tabela 1: Especificações dos diversos ensaios de dureza Rockwell.

Símbolo Penetrador Carga Principal (kgf)


A Cone de Diamante 60
B Esfera de 1/16" 100
C Cone de Diamante 150
D Cone de Diamante 100
E Esfera de 1/8" 100
F Esfera de 1/16" 60
G Esfera de 1/16" 150
H Esfera de 1/8" 60
K Esfera de 1/8” 150

Quando especificar Rockwell, o índice de dureza e o símbolo da escala devem


ser indicados. A escala é designada pelo símbolo HR seguido pela identificação
apropriada da escala. Por exemplo, 80 HRB representa uma dureza Rockwell de 80 na
escala B.
Para cada escala, os valores de dureza podem chegar até 130. No entanto, é
adequado utilizar outra escala Rockwell caso os valores obtidos sejam inferiores a 20
ou superiores a 100.
Imprecisões podem ocorrer caso a amostra possua pequena espessura, se a
impressão ocorrer próxima de um canto da amostra ou próxima de outra impressão.
Assim, a espessura do corpo ensaiado deve ser pelo menos dez vezes superior a
profundidade da impressão. Além disso, a impressão deve ser feita a uma distância
equivalente a três diâmetros do penetrador de outras impressões e cantos da amostra
e, a superfície em questão deve possui uma boa planicidade.
Os equipamentos modernos para obtenção da dureza Rockwell são
automatizados e muito simples de usar. A dureza é fornecida diretamente pelo
equipamento e cada medição requer apenas alguns segundos.
Normas que regem estes ensaios são a ASTM E18 (Standard methods for
Rockwell hardness and Rockwell superficial hardness of metallic materials) e
a ISO 6508-1 (Metallic materials - Rockwell hardness test - Part 1: Test method (scales
A, B, C, D, E, F, G, H, K, N, T)).
Existe outro tipo de ensaio Rockwell utilizado para avaliar a dureza superficial,
chamado de Rockwell superficial.

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Ensaio de Impacto

Existem dois tipos principais de ensaios de impacto, o ensaio de Charpy e o de


Izold. Eles diferenciam basicamente pela posição em que o chanfro do corpo de prova
é posicionado. A seguir descrevemos ambos, dando ênfase ao ensaio de Charpy.
Segundo o site da CIMM, o ensaio Charpy mede a resistência dos materiais usando um pêndulo,
o teste determina a resistência, medindo a energia absorvida no momento do impacto.
O teste Charpy é um dos métodos para determinar a resistência e sensibilidade
dos materiais quando submetido a uma certa carga de impacto. O objetivo principal é
medir a quantidade de energia absorvida pelo material durante a fratura. São
essenciais para garantir a segurança, confiabilidade e qualidade dos mais diversos
materiais. É muito utilizado no setor automobilístico, de aeronaves e em peças
específicas utilizadas na indústria.
A principal vantagem do teste Charpy é a simplicidade e o baixo custo e o
tamanho reduzido do corpo de prova. O teste ainda pode ser executado em diversos
campos de temperaturas. Além disso, o corpo de prova é adequado para medir as
diferenças de comportamento para materiais de baixa resistência ao impacto como os
aços estruturais. Também é, frequentemente, usado para fins de controle de qualidade
e de aprovação de materiais.
O ensaio é realizado por um pêndulo de impacto. O corpo de prova é fixado em
um suporte, na base da máquina. O martelo do pêndulo - com uma borda de aço
endurecido - é liberado de uma altura pré-definida, causando a ruptura do corpo em
teste. A altura de elevação do martelo após o impacto, em comparação com a anterior,
dá a medida da energia absorvida pelo corpo de prova.
O teste pode ser conduzido em temperatura ambiente ou em temperaturas
mais baixas para testar a fragilidade do material em baixa temperatura.
Ainda no site da CIMM, no ensaio Charpy o corpo de prova é bi-apoiado como
uma viga simples, com um entalhe central. O corpo de prova é posicionado de forma
que o entalhe fique na face oposta à face de impacto. O posicionamento do entalhe é
tal que o impacto ocorre na região de maior tensão - a seção transversal média do
corpo de prova. Como mostra o esquema abaixo

Os corpos de prova podem ser de diferentes tipos e dimensões dos entalhes. A


norma americana E23 especifica os tipos. Eles são divididos em três grupos: A, B e C.
Todos possuem as mesmas dimensões. A seção transversal é quadrada com 10 mm
de lado e o comprimento é de 55 mm. O entalhe é executado no ponto médio do
comprimento e pode ter 3 diferentes formas: em V, em forma de fechadura e em U

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invertido, que correspondem aos grupos A, B e C respectivamente, como mostra a
figura.
Os entalhes mais profundos ou agudos, do tipo Charpy A, são indicados para
teste de materiais mais dúcteis ou quando as velocidades no teste são menores. As
duas condições favorecem a ruptura frágil. Para ferros fundidos e metais fundidos sob
pressão, o corpo de prova não necessita de entalhe.
Mas os corpos de prova do ensaio Charpy ainda podem variar de acordo com
algumas normas internacionais. É o exemplo da forma Mesnager, semelhante ao
corpo Charpy tipo C, mas com profundidade de entalhe reduzida, e o Schnadt, com
cinco diferentes geometrias de entalhe. No corpo Schnadt, um pino de aço é
posicionado dentro do entalhe para a execução do teste. O pino previne o
aparecimento de tensões de compressão no impacto. Veja os formatos nas imagens a
seguir.

Figura 6: Charpy máquina de teste e amostras de acordo. (Fonte: TWI-Global)

O ensaio Izod é realizado em pêndulo de impacto, semelhante ao pêndulo do


teste Charpy. Entretanto a fixação e posição do corpo de prova são específicas do
teste. No ensaio Izod o corpo de prova é fixado por um par de garras na posição
vertical.
Quando o pendulo da máquina de teste Izod é liberado ele oscila na direção
descendente e atinge o corpo de prova na posição vertical do braço. O corpo de prova

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é quebrado. O braço do pêndulo continua seu movimento, com redução de momentum
devido à energia absorvida pelo corpo de prova no instante do impacto. Uma escala
graduada fornece a leitura da energia gasta na fratura do corpo de prova.

Objetivos
Proporcionar aos alunos da disciplina Ciência e Tecnologia dos Materiais de
como verificar se o material é adequado para a fabricação de um componente, garante
não apenas que o mesmo estará dimensionado e não falhará, mas também que o
projeto poderá ser realizado utilizando-se um material que proporciona reduções de
custos para a fabricação, tornando o item mais competitivo no mercado.
Além disso, Compararmos experimentalmente as diferenças nas propriedades
mecânicas de materiais metálicos com composições e tratamentos térmicos
diferentes.

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METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Ensaio de Tração
No método de ensaio de tração, o corpo de prova deve ser preso pelas suas
extremidades nas garras de fixação do dispositivo de testes. A máquina de ensaio de
tração é projetada para alongar o corpo de prova a uma taxa constante, além de medir
contínua e simultaneamente a carga instantânea aplicada e os alongamentos
resultantes. A amostra testada é deformada de maneira permanente, sendo
geralmente fraturada.
Neste ensaio de tração foi utilizada a máquina Universal e o corpo de prova
esta representados nas seguintes figuras:

Figura 5: Máquina Universal utilizada no ensaio de tração.

Então o Técnico Eugênio fixou o corpo de prova nas garras da máquina


Universal, onde o corpo de prova foi submetido a uma carga de 10 toneladas, foi
selecionada uma velocidade que deve ser consultada em uma norma para se validar o
ensaio. Lembrando-se que inicialmente não se sabia qual o tratamento térmico o corpo
teria sido submetido, portanto somente após o ensaio poderia se afirmar que ele foi
temperado ou recozido.

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Figura 7: Foto do corpo de prova do ensaio de Tração

Durante o ensaio a carepa formada devido ao tratamento térmico se soltou, já


que ela não possui muita resistência.
Foi possível visualizar a evolução da carga no visor da máquina, e quando
essa carga variou de forma mais lenta, pode afirmar que houve a troca de deformação
de elástica para plástica. Na fratura do corpo de prova foi quando a carga caiu o seu
valor.
Analisando a carga alcançada, concluiu-se que a peça foi tratada de forma
temperada.
Por motivos de custos do papel da máquina utilizada, não foi possível a
emissão do gráfico.

Ensaio de dureza

A propriedade mecânica denominada dureza é largamente utilizada na


especificação de materiais, nos estudos e pesquisas mecânicas e metalúrgicas e na
comparação de diversos tipos de materiais. Entretanto, o conceito físico de dureza não
tem o mesmo significado para todas as pessoas que tratam com essa propriedade.
O ensaio é baseado na profundidade da penetração, medindo apenas a
deformação plástica. A dureza Rockwell elimina o tempo necessário para a medição
de qualquer dimensão causada pela impressão, pois o valor da dureza do material é

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lido diretamente na máquina de ensaio, sendo, portanto um ensaio mais rápido e
menos sujeito a erros humanos. Além disso, utilizando-se penetradores pequenos,
muitas vezes não danificamos a peça a ser usada como corpo de prova.
A peça de experimentação foi o aço 4340 temperado, no qual sua superfície
tem que ser plana e lixada. A máquina utilizada no ensaio de dureza possui um
indentador piramidal de diamante.

Figura 8: Indentador piramidal de diamante.

Figura 9: Maquina utilizada no ensaio de dureza Rockwell.

Foi utilizado um suporte para a peça de forma cilíndrica, possibilitando a


indentação na parte de cima da mesma.
A escala utilizada foi uma de dureza maior para não danificar o indentador.
Nesse caso como é um material bem duro, a norma recomenda o ensaio de dureza
Rockwell C, com 150 kg aplicada.
A fim de começar o ensaio tem que colocar o suporte com a peça na maquina
e girar o suporte até atingir o zero de referencia, nesse momento uma luz da maquina

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se apaga indicando que se pode começar o processo de indentação, então se libera a
carga de 150 kg.
Após um pequeno tempo a maquina libera a leitura, lembrando que a leitura é
feita na escala C.

Ensaio de impacto (Charpy)


Existem dois subtipos de ensaio de impacto, o Charpy e o Izod, que se
diferenciam pelo modo como são disponibilizados na máquina para o ensaio. Os
corpos-de-prova são padronizados, contendo entalhes que produzem um estado
triaxial de tensões no material ensaiado.

O ensaio de impacto foi do tipo Charpy, também conhecido como ensaio de


choque ou resiliência, é utilizado para analisar o comportamento dúctil ou frágil dos
materiais, principalmente dos metais.
Foram feitos dois ensaios um com o corpo de prova a temperatura ambiente e
outro com temperatura mais baixa , já esse ultimo sofreu um resfriamento antes do
ensaio.
Primeiramente foi feito na peça um entalhe de acordo com a norma, com uma
abertura de 60°. É necessário se zerar a maquina em 300 joules, já que 300 joules é
energia cinética do martelo da maquina. E após o ensaio a energia absorvida no
impacto e lida pelo relógio do equipamento. Analogamente isso foi realizado nas duas
peças ensaiadas.

Figura 10: Maquina utilizada no ensaio de impacto (charpy)

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Figura 11: Corpo de prova após o ensaio.

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RESULTADOS

Ensaio de Tração
No ensaio de tração foi possível verificar que o corpo de prova é um material
dúctil, com fratura angular. A carga máxima de 6 N, e tempo gasto até a fratura foi de
aproximadamente de 2 minutos e 22 segundos.
Como já foi dito, concluiu-se que o material foi tratado termicamente de forma
temperada.
O ensaio foi invalidado, pois o corpo de não era normatizado e foi utilizado
apenas para ensaio de âmbito acadêmico, portanto ele fraturou bem próximo a garra e
não na área útil.

Ensaio de dureza
O resultado do ensaio de dureza foi de 59 Rockwell C. Para obtenção de um
resultado mais eficiente, é recomendado que se faça pelo menos 20 medições para se
fazer uma media, levando-se em conta que valores discrepantes não deverão entrar
na media, já que estes podem ser devidos á uma região encroada.

Ensaio de impacto (Charpy)

O resultado na peça a temperatura ambiente foi de 139J com uma fratura


dúctil, já a peça que foi resfriada foi de 40J com uma fratura frágil, ou seja, a que foi
resfriada precisou de menos energia pra ser fraturada.

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3 CONCLUSÕES
Visando tal aplicação, este trabalho teve como propósito principal estudar o
processo de tração, dureza e impacto e falha em processos compreensivos e atrativos
através de ensaios mecânicos simples e pela avaliação experimental e numérica de
tais ensaios. Desta forma, buscou-se contribuir para a discussão acerca da falha por
fratura dúctil em processos de conformação mecânica.

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REFERÊNCIAS

BEER, F.P., JOHNSTON, E.R. Resistência dos Materiais. 3. ed. São Paulo: Makron
Books, 1995,817.

CALLISTER, W. D., RETHWISCH, D. G. Ciência e Engenharia de Materiais: uma


introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012,1225.

Teste Izod. Disponível em: <http://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6583-


teste-izod#.VDPvY2ddVAo>. Acesso em: 04 out. 2014.

HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2010,688.

MELO, S. Ensaio de Dureza. Material para Produção Industrial. Disponível em:


<http://www.sidneymelo.com.br/Discipl/Material/dureza.pdf>. Acesso em: 04 out. 2014.

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Dureza_Knoop>. Acesso em: 04 out. 2014.

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Dureza_Vickers>. Acesso em: 04 out. 2014.

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2014.

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