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MECÂNICOS
Introdução
As propriedades mecânicas de um material determinam como ele irá se
comportar ao ser submetido a esforços mecânicos e essas propriedades
podem ser verificadas por meio de ensaios mecânicos. A escolha do
ensaio a ser realizado depende do tipo de esforços que o material irá
sofrer e de sua aplicação prática.
Neste capítulo, você vai estudar um dos mais importantes ensaios,
segundo Souza (1982): o ensaio de tração, que é estático e destrutivo.
Ao final, você vai saber definir os passos para a execução do ensaio de
tração; vai ser capaz de elaborar o diagrama tensão‑deformação a partir
dos resultados do ensaio e vai identificar, com base na leitura do diagrama
tensão-deformação, as propriedades do material e alguns tipos de fratura.
facilidade de aplicação;
flexibilidade do método (pode ser utilizado desde arames até blocos);
amplitude das informações fornecidas;
2 Ensaio de tração
Célula de carga
Amostra ou
corpo de
prova
Movimento
do travessão
Raio de concordância
P’
No link a seguir, você pode assistir a um vídeo que mostra a execução de um ensaio
de tração em aço carbono.
https://goo.gl/isGVqk
Diagrama tensão-deformação
Souza (1982) define tensão como a resistência interna de um corpo a uma
força externa aplicada sobre ele, por unidade de área, enquanto deformação é
definida como a variação de uma dimensão, por unidade da mesma dimensão,
quando o corpo é submetido a um esforço.
Durante o ensaio de tração, a força aplicada é convertida em tensão, cau‑
sando uma deformação no corpo de prova, o que possibilita a criação de um
gráfico da tensão (σ) em função da deformação (ε), também chamado de
diagrama tensão-deformação, conforme mostra a Figura 4.
6 Ensaio de tração
σ
C
B
A
ε
Figura 4. Diagrama tensão-deformação.
Fonte: Garcia, Spim e Santos (2012, p. 67).
Deformação plástica
No limite da zona elástica ocorre a zona plástica, em que tensão e a deformação
não são mais relacionadas proporcionalmente, ou seja, os átomos não retornam
às suas posições originais quando cessa a aplicação da carga, causando uma
deformação permanente ou residual.
8 Ensaio de tração
resiliência e tenacidade;
ductilidade;
limite de escoamento;
limite de resistência;
limite de ruptura;
estricção.
Resiliência e tenacidade
Resiliência é a capacidade que o material tem de absorver energia durante
a deformação elástica e liberá‑la quando descarregado. Já tenacidade é a
capacidade de absorver energia durante a deformação plástica. A tenacidade
tem grande importância no projeto de peças que devem sofrer tensões acima
do limite de escoamento sem fraturar, como molas, engrenagens, correntes,
eixos, etc.
Ensaio de tração 9
Ductilidade
Ductilidade é a capacidade que o material tem se deformar plasticamente até
a ruptura. Pelo gráfico tensão-deformação é possível avaliar a ductilidade do
material, pois quanto maior a zona plástica (maior a deformação), mais dúctil
é o material, e quanto menor a zona plástica, mais frágil é o material.
Quanto mais dúctil for o material, menos uniforme será a distribuição da
deformação ao longo do corpo de prova.
Limite de escoamento
Limite de escoamento (σe) é a tensão atingida durante o escoamento, dado
pela Equação 4:
P
σe = A e (4)
0
Limite de resistência
Limite de resistência (σr) é a tensão máxima suportada pelo material, dado
pela Equação 5:
P
σr = A r (5)
0
Limite de ruptura
O limite de ruptura (σf ), dado pela Equação 6, é a tensão de ruptura do
material.
Pf
σf = A (6)
0
Estricção
A estricção (φ), dada em forma percentual, é a diminuição da seção transversal
do corpo de prova após a ruptura, determinada pela Equação 7:
A0 – A
φ= A0 · 100 (7)
Figura 5. Representação esquemática de fratura: (a) frágil, (b) muito dúctil e (c) dúctil.
Fonte: Souza (1982, p. 69).
Metais muito duros, como aço temperado e ferro fundido cinzento, apre‑
sentam deformação plástica pequena ou nula, fazendo com que a estricção seja
mínima e que, após a ruptura, as duas partes do corpo de prova apresentem
aparência granular e brilhante (Figura 5a), caracterizando uma fratura frágil.
Já metais muito dúcteis, como chumbo e ouro, apresentam grande defor‑
mação plástica, o que faz com que, após a ruptura, as duas partes do corpo
de prova sejam separadas apenas por um ponto (Figura 5b), caracterizando
uma fratura dúctil. A fratura dúctil é caracterizada por uma zona fibrosa no
centro do corpo de prova. Quanto menos dúctil for o metal, menor será a zona
fibrosa. Quando esta zona fibrosa é nula a fratura pode ser considerada frágil.
Segundo Chiaverini (1986), a análise da fratura, além de verificar se o
comportamento do material é dúctil ou frágil, permite observar a presença
de falhas originadas durante a fabricação.
12 Ensaio de tração
BEER, F. P. et al. Mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. 856 p.
CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. 3 v.
GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. Ensaios dos materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2012. 384 p.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012. 734 p.
SOUZA, S. A. Ensaios mecânicos de materiais metálicos: fundamentos teóricos e práticos.
5. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1982. 286 p.
Leituras recomendadas
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E8/E8M-11: standard test
methods for tension testing of metallic materials. West Conshohocken, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 6892-1: materiais metá-
licos: ensaio de tração: parte 1: método de ensaio à temperatura ambiente. Rio de
Janeiro, 2013.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 377: steel and steel
products: location and preparation of samples and test pieces for mechanical testing.
Geneva, 2013.