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Curso de Graduação em

Engenharia Mecânica

Tecnologia Mecânica

Ensaios de Flexão e Dobramento


Ensaio de Flexão
Aplicação
 É um ensaio muito utilizado na indústria de materiais
cerâmicos, em concreto, madeira, metais duros (mistura de
carbonetos duros aglomerados por Co) e metais de elevada
dureza (ferros fundidos, aço ferramenta e aço rápido).

 Metais dúcteis: absorvem grandes deformações, ocorrendo o


dobramento do corpo de prova. Nesse caso, o ensaio consiste
em um ensaio de fabricação, o ensaio de dobramento.

 É bastante empregado para o controle das especificações


mecânicas dos componentes.
Definição
 Consiste na aplicação lenta de uma carga crescente em
determinados pontos de um corpo de prova padronizado, o
qual pode estar na condição biapoiada ou engastada em uma
das extremidades, até a sua ruptura.

 Mede-se o valor da carga aplicada (P) versus a deformação


máxima ou flecha (ν) (deslocamento dos pontos de aplicação
de carga) atingida na flexão.

 O ensaio de flexão impõe sobre a seção transversal níveis de


tensão de tração, compressão e cisalhamento
simultaneamente.
Definição
 ASTM E855:1990 descreve três métodos de ensaio para
determinação de propriedades para tiras, chapas ou vigas:
ensaio em vigas engastadas, ensaio a três e ensaio a 4 pontos.

 Fatores que influenciam os resultados: características do


corpo de prova (direção de laminação, dimensões,
microestrutura, tensões residuais, tratamentos térmicos, etc),
velocidade de aplicação da carga, condições de operação e
ambientais (aferição do equipamento, manuseio do operador,
variações de temperatura, etc).
Definição

Os níveis máximos

de tensão sobre a

superfície

dependem da

configuração

geométrica da seção

transversal.

Curva característica do ensaio para diferentes geometrias


de seção.
Definição
 Ensaio em três pontos: consiste em uma barra biapoiada com
aplicação de carga no centro da distância entre os apoios.
Existem 3 pontos de carga: uma direta e duas reações nos
apoios.

 Ensaio em quatro pontos: consiste em uma barra biapoiada


com aplicação de carga em dois pontos equidistantes dos apoios.
Existem 4 pontos de carga: duas diretas e duas reações nos
apoios.

 Método engastado: realizado com o engaste de uma das


extremidades do corpo de prova, com a aplicação de carga na
extremidade oposta.
Ensaio de flexão pelo método de 3 e 4 pontos

Ensaio de flexão em 3 pontos Ensaio de flexão em 4 pontos


O equipamento é dotado de dois suportes ajustáveis, um dispositivo de
aplicação de carga e um medidor da deflexão ou curvatura.

Na maioria das vezes, os apoios são roliços com possibilidade de giro, o


que ajuda na diminuição do atrito entre o CP e os suportes.

As dimensões dos apoios são proporcionais às do corpo de prova.

Créditos: https://afinkopolimeros.com.br/servicos/ensaios-laboratoriais/ensaios-mecanicos/
Ensaio de flexão pelo método de 3 e 4 pontos
Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de flexão de três e quatro
pontos

Distância Comprimento Largura


Espessura (h)
entre apoios (L) (b)

0,25 mm
<h< 150.h 250.h 3,81 mm
0,25 mm
0,51 mm
<h<
1,3 mm
h > 0,51 mm 100.h 165.h 12,7 mm

As características de deformação do material são determinadas em função da


deflexão máxima atingida no ensaio e quanto maior for o comprimento útil do
corpo de prova, maior será a facilidade de se medir a deformação.
Ensaio de flexão pelo método engastado
Método engastado
Ensaio de flexão pelo método engastado
 O aparato utilizado consiste basicamente em um dispositivo tipo
morsa, que provocará a deformação do corpo de prova pela
aplicação de uma carga em sua extremidade.

Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de flexão pelo método


engastado

Espessura (h) Comprimento/Espessura Largura/Espessura

0,38 mm
L/h > 15 b/h > 10
(mínimo)

 Aconselha-se um mínimo de 6 corpos de prova para cada


amostra ensaiada.
Propriedades Mecânicas na Flexão
Considerações Iniciais
 Módulo de ruptura ou resistência à ruptura (MOR): valor
máximo da tensão de tração ou compressão nas fibras
externas do corpo de prova durante o ensaio de flexão.

 Módulo de elasticidade em flexão (MOE): relação entre


tensão e deformação dentro da região de comportamento
elástico.

 Módulo de resiliência em flexão (Urf)

 Módulo de tenacidade em flexão (Utf)


Considerações Iniciais
 Para fins de simplificação, são adotadas as seguintes
considerações:

• Corpo de prova inicialmente retilíneo.

• Material homogêneo e isotrópico.

• Consideração de Euler-Bernoulli.

• Existência da superfície neutra, que passa pelo eixo


longitudinal do corpo de prova, que não sofre tensão normal.

• A distribuição da tensão normal da seção transversal é


linear, com máxima compressão na superfície interna (superior)
do corpo de prova e máxima tração na superfície externa
(inferior).
Admite-se que, durante

a flexão, as seções

transversais do corpo

de prova não sofrem

deformação, mas

apenas se encurvam

em relação ao centro

de curvatura.

Consideração de Bernoulli, em
que as seções planas não se
deformam, permanecendo
planas durante todo o ensaio.
O cruzamento da superfície neutra com qualquer seção transversal
do corpo de prova gera uma linha chamada de linha neutra (LN), a
qual se encontra no centro de gravidade da seção transversal e não
se desloca durante a flexão.

Destaque da
superfície neutra que
passa pelo eixo
longitudinal do corpo
de prova. A interseção
da superfície neutra
com qualquer seção
transversal gera uma
linha neutra sob a
qual a seção gira sem
sofrer deformação
durante o ensaio.
A fratura tem início
nesse local.

Distribuição linear de tensão ao longo da seção plana no interior


do corpo de prova.
Considerações Iniciais

Seções transversais possíveis

h Retangular

Suporte Circular

Esquema de aplicação de carga em três pontos para determinação


do comportamento tensão-deformação e da resistência à flexão.
Módulo de Ruptura – σrf (MOR)
Seção Seção
Retangular Circular

M PL/4 PL/4

c h/2 D/2
(Válida para o regime elástico)

J bh³/12 πD4/64
 M: momento fletor máximo;

 c: distância do centro do corpo de prova até as fibras mais externas;

 J: momento de inércia inicial da seção transversal em relação à linha neutra.

 L: distância entre os pontos de suporte;

 b: largura da seção transversal do corpo de prova;

 h: altura (espessura) da seção transversal do corpo de prova;

 D: diâmetro da seção transversal do corpo de prova.


Módulo de Elasticidade – E (MOE)
 O módulo de elasticidade no ensaio de flexão em três pontos é
dado por:

 ν: deflexão (flecha) medida para cada carga (P) aplicada;

 Para materiais dúcteis, o corpo de prova deforma-se


continuamente sem se romper, não permitindo a determinação
de nenhuma propriedade de interesse prático.
Tipo de Ensaio Seção Retangular Seção Circular

σrf
Ensaio de flexão
em três pontos
E

Ensaio de flexão σrf


em quatro
pontos
E

σrf
Método
Engastado
E

 Pf: carga no momento da fratura;

 a=L/6;
Tabulação da resistência à flexão (módulo de ruptura) e do módulo
de elasticidade para dez materiais cerâmicos comuns.
Curvas de tensão versus flecha para quatro amostras de um aço
ferramenta com diferentes durezas e mesma seção transversal.
Módulo de Resiliência (Urf) e de Tenacidade (Utf)

 σp: tensão limite de proporcionalidade;

 S: área da seção transversal;

 νf: flecha máxima atingida na carga máxima.


Ensaio de Dobramento
Aplicação

 É bastante utilizado na indústria de produção de calhas,


tubos, tambores e de uma grande variedade de elementos
conformados plasticamente.

 É um ensaio extremamente simples de ser executado.

 O corpo de prova poderá ser retirado do produto acabado ou


poderá ser o próprio produto acabado, desde que este seja
adequado para ser colocado na máquina de dobramento.
Definição

 O dobramento é o esforço que se caracteriza por induzir numa


peça tensões de compressão numa parte da seção transversal
e de tração na outra. O ensaio de dobramento é qualitativo e
visa avaliar a ductilidade do material.

 Analisam-se o encruamento do material e o raio mínimo em


que este pode ser dobrado sem que ocorra a ruptura, o
retorno elástico do dobramento após a retirada da carga e a
formação de defeitos na região dobrada.
 O ensaio consiste em dobrar um corpo de prova de eixo
retilíneo e seção circular (maciça ou tubular), retangular ou
quadrada, assentado em dois apoios afastados a uma
distância especificada, de acordo com o tamanho do corpo de
prova, por meio de um cutelo, que aplica um esforço de flexão
no centro do corpo de prova até que seja atingido o ângulo de
dobramento α especificado.
 O diâmetro (D) do cutelo varia de acordo com a severidade do
ensaio, sendo indicado nas especificações, geralmente em
função do diâmetro ou espessura do corpo de prova. Quanto
menor for D, mais severo é o ensaio.

 O ângulo α também determina a severidade do ensaio e é


geralmente de 90º, 120º ou 180º. Ao atingir esse ângulo, a
zona tracionada do corpo de prova não deve conter defeitos.
 O ensaio de dobramento a 180º pode ser realizado em uma só etapa,
caso se tenha um cutelo com o diâmetro exigido pela norma adotada
ou em duas etapas, quando o diâmetro do cutelo exigido é muito
pequeno ou nulo:

 1ª etapa: usa-se o menor cutelo disponível (D’) para iniciar o ensaio,


até um ângulo qualquer adequado.

 2ª etapa: comprime-se o corpo de prova dobrado no sentido de


fechá-lo completamente, usando um calço de diâmetro
aproximadamente igual a D ou sem calço (dobramento sobre si mesmo).
Particularidades do ensaio

 Há duas variantes para o ensaio de dobramento:

 Dobramento livre: o dobramento é obtido pela


aplicação de força nas extremidades do corpo
de prova, sem aplicação de força no ponto de
máximo dobramento.

 Dobramento semiguiado: uma extremidade é engastada e o


dobramento é efetuado na outra extremidade, em outro local
do corpo de prova.
Particularidades do ensaio
 A carga, na maioria das vezes, não importa e não precisa ser
medida.

 No dobramento guiado, os apoios devem ser bem lubrificados


para eliminar ao máximo o atrito, que provocaria
tracionamento indevido do corpo de prova, aumentando a
severidade do ensaio.

 A velocidade do ensaio não é um fator importante, mas não


deve ser alta o suficiente para enquadrá-lo como um ensaio
dinâmico.
Normas Aplicáveis

 ASTM E290:97 – Trata do dobramento semiguiado para a


avaliação da ductilidade em metais.

 ASTM E190:92 – Trata da análise do dobramento de soldas


em chapas metálicas.

 ASTM E855:90 – Trata da determinação do módulo de


elasticidade pelo dobramento de chapas.

 ASTM A438:80 – Trata da conduta de dobramento transversal


em barras de ferro fundido cinzento.
Referências

 CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica: Estrutura e


Propriedades das Ligas Metálicas. 2a ed. São Paulo: McGraw-
Hill, 1986, 266 p.

 FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Ensaios de materiais:


profissionalizante de mecânica. Rio de Janeiro, 2009.

 GARCIA, A.; Spim, J. A.; SANTOS, C. A. Ensaios dos


materiais. 2a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014, 365 p.

 SOUZA, Sérgio Augusto de. Ensaios mecânicos de materiais


metálicos: fundamentos teóricos e práticos. 5.ed. São Paulo:
Blücher, c1982, reimpr. 2012.

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