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ENSE5

Ensaios Mecânicos
Prof. Aldo Marcel Yoshida Rigatti
rigattialdo@ifsp.edu.br
(17) 98107-2696

26/02/2024
Considerações - Ensaio de Tração
Ensaio amplamente utilizado na indústria de componentes
mecânicos como teste para controle das especificações da entrada
de matéria-prima.

Ensaio relativamente simples e de realização rápida além de


fornecer informações significativas para o projeto e fabricação de
peças e componentes.
Consiste na aplicação de carga de tração uniaxial
crescente em corpo-de-prova até a ruptura.
Objetivo compreender como reage o material devido aos esforços de
tração, avaliando as deformações, limites de resistência e a ruptura do material.
Definição do Ensaio de Tração
O ensaio de tração consiste em submeter o material a um
esforço que tende a alongá-lo até a ruptura. Os esforços ou cargas
são medidos na própria máquina de ensaio.

No ensaio de tração o corpo é deformado por alongamento,


até o momento em que se rompe.

Os ensaios de tração permitem conhecer como os materiais


reagem aos esforços de tração, quais os limites de tração que
suportam e a partir de que momento se rompem.
Deformação Antes daRuptura
Imagine um corpo preso numa das extremidades, submetido a uma força,
como na ilustração ao lado. Quando esta força é aplicada na direção do
eixo longitudinal, se diz que se trata de uma força axial.
Observe novamente a ilustração anterior. Repare que a força axial está
dirigida para fora do corpo sobre o qual foi aplicada. Quando a força axial
está dirigida no sentido mostrado, trata-se de uma força axial de tração.
A aplicação de uma força axial de tração num corpo preso produz uma
deformação, isto é, um aumento no seu comprimento com diminuição da
área da seção transversal.
Fatores de influência
Os resultados fornecidos pelo ensaio de tração são
fortementes influenciados pela:
• Composição química da liga (AISI 1020,AISI1040)

• Temperatura do ensaio
• Velocidade de deformação

• Anisotropia do material (é a característica que uma substância possui


em que uma certa propriedade física varia com a direção).
• Tamanho de grão

• Tratamento térmico
Influência da Composição Química
Quanto maior a quantidade de carbono existente no aço maior a sua resistência
mecânica e, consequentemente, menor a sua ductilidade e tenacidade.
Influência da temperatura e da taxa de deformação
no ensaio de tração
Influência da temperatura no ensaio de
tração

Aumento de resistência e perda de ductilidade em


baixas temperaturas.
Anisotropia
Em materiais deformados termomecanicamente (laminação,
forjamento, extrusão, etc...) As propriedades mecânicas
variam de acordo com a direção.
Por este motivo é importante a direção que é extraído o corpo
de Prova.

Direção
Direção Transversal Direção
Longitudinal Laminação
Anisotropia
Bandeamento microestrutural influencia na resistência a tração.
Sentido longitudinal a direção de laminação possui maior
resistência a tração do que no sentido transversal.
Orientação dos Corpos de prova
Ensaio de Tração

magnitude da carga aplicada

alongamento
Máquina do Ensaio
Corpo-de-prova padrão

Diâmetro padrão 12,8 mm;


Em que o comprimento da seção reduzida deve ser mínimo 4 vezes seu
no diâmetro, 60 mm é o valor comum;
O comprimento útil é 50 mm.
Os corpos-de-prova também podem ter seção retangular (chapa, placa ou perfil)

1ASTM Standards E 8 and E 8M, “Standard Test Methods for Tension Testing of Metallic Materials.”
Especificações dos Corpos de prova

• A parte útil do corpo de prova, identificada no desenho anterior por Lo, é a


região onde são feitas as medidas das propriedades mecânicas do material.
• As cabeças são as regiões extremas, que servem para fixar o corpo de prova à
máquina de modo que a força de tração atuante seja axial. Devem ter seção
maior do que a parte útil para que a ruptura do corpo de prova não ocorra
nelas.
• Suas dimensões e formas dependem do tipo de fixação à máquina. Os tipos de
fixação mais comuns são:
• Entre as cabeças e a parte útil há um raio de concordância para evitar que a
ruptura ocorra fora da parte útil do corpo de prova (Lo).
• Segundo a ABNT, o comprimento da parte útil dos corpos de prova utilizados
nos ensaios de tração deve corresponder a 4 vezes o diâmetro da seção da
parte útil.
Especificações dos Corpos-de-Prova
Por acordo internacional, sempre que possível um corpo de prova
deve ter 10 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento inicial. Não
sendo possível a retirada de um corpo de prova deste tipo, deve-se
adotar um corpo com dimensões proporcionais a essas.

Corpos de prova com seção retangular são geralmente retirados de


placas, chapas ou lâminas. Suas dimensões e tolerâncias de
usinagem são normalizadas pela ISO/R377 enquanto não existir
norma brasileira correspondente. A norma brasileira (NBR 6152,
dez./1980) somente indica que os corpos de prova devem
apresentar bom acabamento de superfície e ausência de trincas.
Alongamento
Aumento de comprimento que ocorre quando se
realiza um ensaio de tração.
Curva Tensão-Deformação Convencional/Engenharia
σ

ε
Curva Tensão-Deformação Engenharia x Real
Tipos de Deformação

Deformação elástica: não é permanente. Uma vez


cessados os esforços, o material volta à sua forma
original.

Deformação plástica: é permanente. Uma vez cessados os


esforços, o material recupera a deformação elástica, mas fica
com uma deformação residual plástica, não voltando mais à
sua forma original.
Curva Tensão-Deformação Convencional/Engenharia
σ Tensão máxima, após ela
começa a estricção !

σu x

x Ruptura !
σp = σe

2
!
1

ε
1. Regime elástico – Lei de Hooke σ = Eε Resiliência = área da região 1 da curva

2. Regime plástico – deformações permanentes Tenacidade = área total da curva (1+2)


Diagrama Tensão x Deformação
Materiais Dúcteis eFrágeis
Materiais Dúcteis: Qualquer material que possa ser submetido
a grandes deformações antes da ruptura é chamado de
material dúctil. Freqüentemente, os engenheiros escolhem
materiais dúcteis para o projeto, pois estes são capazes de
absorver choque ou energia e, quando sobrecarregados,
exibem, em geral, grande deformação antes de falhar.

Materiais Frágeis: Os materiais que apresentam pouco ou


nenhum escoamento são chamados de materiais frágeis.
Tipos de Falhas
Tipos de Falhas
a) Fratura frágil: pouca deformação, superfícies praticamente
paralelas entre si.
b) Fratura muito dúctil: muita deformação, superfícies
em formade cones.
c) Fratura dúctil: há deformação considerável, porém menor do que
no exemplo (b).
Tipos de Falhas
a) Fratura frágil: pouca deformação, superfícies praticamente
paralelas entre si.
b) Fratura muito dúctil: muita deformação, superfícies
em formade cones.
c) Fratura dúctil: há deformação considerável, porém menor do que
no exemplo (b).
Comportamento tensão-deformação Material Dúctil e Frágil
Relações de Tensão eDeformação
Com os dados registrados no ensaio, se determina a tensão nominal ou de
engenharia dividindo a carga aplicada P pela área da seção transversal inicial do
corpo de prova So.

P
 = So
A deformação normal ou de engenharia é encontrada
dividindo-se a variação no comprimento de referência L,
pelo comprimento de referência inicial Lo.

∆ L
 =
L o
Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young

σ
σp
y = a.x σ = E.ε

E
𝜎
𝐸=
𝜀

ε
Fornece uma indicação da rigidez do material, e depende fundamentalmente das
forças de ligação interatômica do material;

Varia com a temperatura;


Aumenta com o aumento da temperatura de fusão do material (avaliando materiais
diferentes);
Módulo de Elasticidade ou Módulo deYoung
Módulo de Elasticidade ou Módulo deYoung
O módulo de elasticidade do aço (Eaço= 210 GPa) é cerca de três vezes maior que o
correspondente para ligas de alumínio (EAl = 70 GPa), conseqüentemente, quanto
maior o módulo de elasticidade, menor a deformação elástica resultante da aplicação
de uma determinada carga.
MÓDULO DE ELASTICIDADE (E)
Em regime elástico (região OA) um material que está sujeito a carregamento
recupera suas dimensões originais após a retirada da carga. A tensão aplicada ao
material no campo elástico é proporcional à deformação sofrida até um dado limite
(limite de proporcionalidade). A constante de proporcionalidade entre σ e ε é
denominada Módulo de Elasticidade E:

No campo elástico ocorrem mudanças nas distâncias interatômicas e na extensão das ligações
interatômicas. O valor de E representa uma medida da resistência à quebra das ligações
interatômicas.
Coeficiente de Poisson (v):
Esse coeficiente mede a rigidez do material na direção perpendicular à
direção de aplicação da carga uniaxial, considerando εx = εy; O valor
numérico desse coeficiente é determinado conforme segue:

εy
εx
Coeficiente de Poisson (v):
Escoamento
A maioria dos metais apresenta nas curvas tensão/deformação, uma
transição do comportamento elástico para o comportamento plástico.

Curva tensão-deformação: não apresenta Curva tensão-deformação: transição elastoplástica é


um limite de escoamento nítido. muito bem definida e ocorre de forma abrupta.
Escoamento
A movimentação plástica do material ocorre em virtude da movimentação
das discordâncias no interior da rede cristalina, que é o rompimento das
ligações atômicas e a formação de novas ligações.
A aplicação de uma tensão de cisalhamento, o plano (A) é forçado para a
direita, ele por sua vez empurra as metades superiores dos planos (B) e
(C) na mesma direção. No final pode sobrar um semiplano extra.
A deformação plástica macroscópica corresponde simplesmente à
deformação permanente que resulta do movimento da discordância, ou
do escorregamento em resposta á aplicação de uma tensão de
cisalhamento.
Tensão Limite de Escoamento (σe)
O limite de escoamento pode ser contínuo ou descontínuo.

σe = ???

σp σp = σe

contínuo descontínuo
Tensão Limite de Escoamento (σe)
Metodologia para determinação do limite de escoamento
Adotar a tensão correspondente a uma
deformação permanente igual ao valor “n”.
σe

O valor de n pode assumir:


Metais e ligas em geral n = 0,2 % (e =
0,002);
Cobre e suas ligas
n = 0,5 % (e = 0,005);

0,002 Ligas metálicas muito duras.


n = 0,1 % (e = 0,001);
TENSÃO LIMITE DE ESCOAMENTO (σe)
MÓDULO DE RESILIÊNCIA (UR)
é a capacidade do material absolver energia ao ser elasticamente deformado
e liberar esta energia quando descarregado.

O módulo UR é a área abaixo da curva tensão x deformação na região elástica


de proporcionalidade (aproximadamente a área do triângulo da Figura)

No campo elástico ocorrem mudanças nas distâncias interatômicas e na


extensão das ligações interatômicas.

O valor de E representa uma medida da resistência à quebra das ligações


interatômicas.
Tensão Limite de Resistência À Tração (σu )

A tensão máxima suportada pelo material corresponde ao ponto U,


denominado Tensão Limite de Resistência à Tração (tensão
última).
Após o ponto U tem início a estricção, que representa o início da
ruptura do material, sendo um fenômeno marcado pela formação
de um “pescoço” no corpo de prova.
DUCTILIDADE
Medida da capacidade de deformação plástica de um material metálico
até a ruptura. Um material frágil experimenta pouca ou nenhuma
deformação até o instante da ruptura, enquanto que os materiais
dúcteis deformam apreciavelmente antes da ruptura (vide Figura
1.6). A ductilidade de um metal ou liga pode ser medida através de
dois métodos: alongamento percentual (Δl %) e redução de área
percentual (RA%).
DUCTILIDADE
Um conhecimento sobre ductilidade fornece informações tanto para a
área de projeto como para o processo.
Uma indicação da capacidade de deformação plástica de uma
estrutura antes de se romper pode ser útil ao projetista. Nas
operações de conformação é necessário saber o grau de
deformação que o material pode suportar sem que ocorra fratura.
Tenacidade (UT)
A capacidade de um material absorver energia até o momento da
fratura é denominado tenacidade. O módulo de tenacidade
quantifica a tenacidade de um material, sendo a energia absorvida
por unidade de volume, desde o início do ensaio de tração até a
fratura do cdp. A área total sobre a curva σ x ε representa a
tenacidade de um material, nestas condições em que ocorrem
pequenas taxas de deformação (situação estática).
A tenacidade pode ser determinada em condições de carrregamento
dinâmicas (ensaio de impacto) ou por meio de testes de tenacidade
à fratura (corpo de prova contendo uma trinca).
Corpo de Prova após Ensaio
Na zona radial, predomina a fratura
frágil, de propagação rápida, que produz
marcas radiais na superfície, apontando
para a origem da fratura. A fratura frágil
produz pouca deformação plástica
associada.
A zona de cisalhamento se forma sempre
junto à superfície livre, em consequência
da diminuição da seção resistente do
corpo de prova Isto causa a diminuição de
sua rigidez e maior possibilidade de
deformação plástica. Nesta região, nota-
se o coalescimento das microcavidades.
Corpo de Prova após Ensaio
Um corpo-de-prova após fratura, num ensaio de tração, apresenta os
aspectos típicos onde a fratura dúctil é denominada “taça e cone”. A zona
fibrosa forma a “taça” e a zona de cisalhamento formando o “cone”.

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