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Propriedades Mecânicas

“Uma propriedade consiste em uma peculiaridade de um dado material em termos


do tipo e da intensidade da sua resposta a um estímulo específico que lhe é
imposto.”
JR CALLISTER, W. D., 2006, pg 02 e 677

Exemplo:
Resistência Mecânica: é a resposta ou reação interna do material a uma carga
externa que age no sentido de romper as ligações atômicas responsáveis pela coesão
do material. Assim, quanto maior a resistência mecânica, maior o nível de carga
suportada pelo material sem que ele sofra uma fratura.
Propriedades Mecânicas
A microestrutura do material influenciará significativamente nas propriedades
mecânicas do material. Assim, quando a microestrutura do material for alterada por
algum processo, as propriedade mecânicas serão alteradas (modificadas).

Exemplos de alteração da microestrutura no caso dos aços

Modificar de CCC para CFC implica na redução da resistência mecânica, aumento


da ductibilidade e eliminação das propriedades magnéticas.

Adição de elementos de liga, por exemplo de carbono, aumenta a resistência


mecânica, aumenta a dureza e reduz a ductibilidade.

Redução do tamanho de grãos aumenta a resistência mecânica, aumenta a dureza,


aumenta a tenacidade.
Propriedades Mecânicas

 Resistência Mecânica

 Dureza

 Ductibilidade

 Elasticidade e Rigidez

 Resiliência

 Tenacidade
Propriedades Mecânicas
Definições

Resistência Mecânica: pode ser definida como a reação das forças das ligações
atômicas, (ou forças internas) que mantém o material coeso, a uma carga externa que
cria a tendência de romper as ligações atômicas. A resistência mecânica é sempre
medida na iminência (nas proximidades) do rompimento das ligações atômicas (ou
da fratura do material). A medida da resistência do material é caracterizada por um
valor médio constante denominada de tensão máxima ou limite de resistência.
Propriedades Mecânicas
Definições

Estado de Tensão desenvolvido no material: Estado de tensão é a medida da


relação ou da razão entre a carga externa aplicada e a área da seção transversal de
um corpo (elemento de máquina ou elemento estrutural). O corpo pode ser real ou
abstrato (desenho de projeto), portanto, é uma propriedade de estado do corpo e
depende exclusivamente do valor da carga externa e do valor da área da seção
transversal. Quando o corpo é real, ou seja, fabricado com determinado material, o
estado de tensão pode ser definido como a reação das forças das ligações atômicas,
que mantém o material coeso, a uma carga externa que altera a condição de
equilíbrio interno do material. O estado de tensão pode ser medido com qualquer
valor de carga sobre o material, ou seja, pode variar. Ao contrário da medida da
resistência mecânica, não está associado, necessariamente, ao rompimento das
ligações atômicas.
Célula Unitária
Cúbica de Face Centrada (CFC)

Célula Unitária
Cúbica de Corpo Centrado (CCC)
F4
F3 Limite de
F2 resistência

F1 Estado de
tensão
Ruptura da ligação
atômica

Distância e
equilíbrio
Resistência Mecânica Estado de Tensão
F

𝐹
𝜎𝑚𝑎𝑥 𝜎=
𝐴
Ø

F
Propriedades Mecânicas
Definições
Dureza: pode ser definida como a resistência mecânica superficial a penetração de um
material por outro. Outra definição usualmente utilizada refere-se a capacidade que um
material tem de riscar (desgastar) outro material. Assim, quanto mais duro for um
material, maior a sua capacidade de riscar outro material ou maior a sua resistência
superficial de ser penetrado ou riscado por outro material.
As medidas da dureza dos materiais são relativas e não absolutas com é, por exemplo, a
resistência mecânica, assim, deve-se ter cuidado na comparação de medidas obtidas por
diferentes técnicas.
A primeira escala de dureza utilizada foi a Mohs, desenvolvida pelo minerologista alemão
Friedrich Vilar Mohs em 1812, na qual são classificados por ordem de dureza dez
minerais existentes na crosta terrestre. A escala varia de 1 a 10, sendo 1 ao material mais
mole e 10 ao mais duro. O valor 1 foi atribuído ao talco e 10 ao diamante. Atualmente
existem outras escalas de dureza utilizadas na ciência dos materiais, entre elas: Rockwell,
Vickers, Knoop e Brinel.
Escala Mohs
A escala Mohs mede qualitativamente a capacidade de um material riscar o outro, assim, todos
riscam o talco e o diamante risca todos os demais. Contudo, a escala Mohs não representa a
dureza absoluta do material, ou seja, o diamante não é 10 vezes mais duro em relação ao talco.
Na escala Brinel de dureza, o diamante exibe uma dureza média na ordem de 6000 HB enquanto
o talco de 5 HB e o Coríndon aproximadamente 1200 HB. Na escala Knoop, o diamante exibe
dureza de 7000 KHN enquanto a do quartzo é de 800 KHN.
Dureza
Talco 1
Gipsita ou gesso 2
Calcita 3
Fluorita 4 Aços
Apatita 5
Feldspato ou Ortoclásio 6
Quartzo 7
Topázio 8
Coríndon (ex.: safira e rubi) 9 Carbeto de Silício
Diamante 10
Ensaio de Tração
É um dos ensaios mais importantes e mais frequentes na área de metais. Consiste em
submeter uma amostra a uma força crescente (tração) e medir simultaneamente a
força aplicada e a deformação resultante. Os materiais cerâmicos (frágeis)
apresentam particularidades que dificultam a realização do ensaio, tais como:
dificuldade de usinagem para a fixação e alinhamento da amostra na máquina.

O resultado do ensaio de tração é o Diagrama de Tensão-Deformação.


Exemplo da Máquina de Ensaio de Tração

Hibbeler, 2006.
F gradativa
Corpo de Prova

Tensão
Área seção transversal

𝐹 𝐹𝑜𝑟ç𝑎
𝜎= =
Extensômetro
𝐴 Á𝑟𝑒𝑎

F Hibbeler, 2006.
Fexterna Corpo de Prova

Tensão
𝐼𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎𝑠 𝐹𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠
𝜎=
Á𝑟𝑒𝑎
N
𝑁 𝐹
𝜎= =
𝐴 𝐴

Hibbeler, 2006.
Ensaio
Aplicar carregamento progressivo até a ruptura do corpo de prova.
Será registrado simultaneamente o valor da carga aplicada e a variação
de comprimento.
F
Registro das Grandezas
𝐹 ∆𝐿
𝐹 ∆𝐿 𝐿𝑖 − 𝐿0 𝜎 𝜀
𝐴 𝐿0

Ruptura

F
Material sem Carregamento
Aplicação de Carregamento
F

Deformação (alteração de forma)


Retirada do Carregamento

Recuperação Elástica (retorno à


posição de equilíbrio)
Aplicação de Carregamento
F Deformação (alteração de forma)

Deformação (alteração de forma)


Retirada do Carregamento
Deformação permanente

Deformação permanente
Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa]

σescoamento

σ2

σ1
ε [mm/mm]
Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa]

σescoamento

εlimite de elasticidade εescoamento ε [mm/mm]


Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa]

Δσ
σescoamento Δε

εlimite de elasticidade εescoamento ε [mm/mm]


Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa] σmáxima
σruptura

σescoamento

ε [mm/mm]
Diagrama Tensão Deformação

Ductibilidade

Hibbeler, 2006.
Região Elástica

 A tensão é proporcional à deformação, vale a


Lei de Hooke (σ = E.ε);
 O material recupera suas dimensões e formas
no alívio do carregamento;
 As tensões são uniaxiais (carga aplicada no
centróide da seção transversal e a barra é
prismática).
 Nos aços a magnitude das deformações
elásticas é da ordem de milésimos de mm/mm
ou 0,1% de L0.
Escoamento
 Deformação permanente (plástica) sem
aumento de carga;
 Movimento coletivo de átomos na
direção do carregamento;
 Intenso movimento de discordâncias
(ocorre uma “relaxação” do material);
 Quanto mais alto for o limite de
escoamento mais resistente é o material;
 O limite de escoamento é utilizado
como critério de projeto em materiais
dúcteis.
 O escoamento não altera a intensidade
das ligações atômicas. Hibbeler, 2006.
Escoamento

Não é observado
escoamento!
Escoamento
Aumento do teor de carbono nos aços aumento o limite de escoamento!
Esquema ilustrativo do
escoamento
Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa] σmáxima

ruptura

σescoamento

ε [mm/mm]
Diagrama Tensão Deformação
Material Dúctil
σ [MPa] σmáxima

ruptura
σescoamento

O aumento da resistência mecânica do


material associado ao escoamento é
definido como encruamento do material
ou endurecimento por deformação.

ε [mm/mm]
Endurecimento por Deformação (Encruamento)
 A deformação plástica só continua se houver aumento das tensões;
 O estado de tensão ainda é uniaxial;
 Limite de resistência é usado como critério de projeto em materiais frágeis;
 O limite de resistência é a resistência absoluta do material.

Equiaxial Encruada

Hibbeler, 2006.
Trefilação
- Fabricação de Fios -

F
Efeito do Encruamento sobre a Resistência ao
Escoamento
σ [Pa] σ [Pa]
σmax σmax

σe
σrup σrup
σe

descarregamento

ε [mm/mm] ε [mm/mm]

Diagrama da MP Diagrama do Arame


Estricção (processo de ruptura)
 Após atingir o limite de resistência a área da seção transversal começa a diminuir em
região localizada do corpo de prova;
 O estado de tensão não é uniaxial;
 O material se rompe na tensão de ruptura.

Hibbeler, 2006.
Mecânica da Fratura

 Materiais Dúcteis: qualquer material que possa ser submetido a grandes deformações
antes da ruptura é chamado de material dúctil. Frequentemente, os engenheiros
escolhem materiais dúcteis para o projeto porque estes são capazes de absorver choque
ou energia e, quando sobrecarregados, exibem, em geral, grande deformação antes de
falhar.
 Os materiais que apresentam pouco ou nenhum escoamento são denominados
materiais frágeis. Os materiais frágeis não possuem tensão de ruptura à tração bem
definida, então se registra a tensão de ruptura média observada em um conjunto de testes.
Materiais frágeis resistem mais a esforços de compressão do que de tração em função da
tendência da compressão “fechar” as trincas na medida que o carregamento aumenta.

Hibbeler, 2006.
Mecanismo (processo) de Ruptura Dúctil
(a) (b) (c)

(a)Estricção
(b)Formação de vazios
(c)Coalescimento (crescimento) dos vazios
(d)Formação de uma trinca
(e)Aumento e propagação da trinca
(d) (e) (f) (f)Fratura do material
Tipos de Fraturas
 Fratura Dúctil: quando há deformação plástica macroscópica;
 Fratura Frágil: quando não há deformação plástica macroscópica.

Importância o Tipo de Fratura


Fratura dúcteis são consideradas mais seguras que as fraturas frágeis pelos seguintes motivos:
 propagam-se estavelmente: isto significa que a ruptura só se propaga mediante aumento das
tensões impostas no material. Se o nível de tensão não se elevar, o material não se fratura;
 Apresentam deformação plástica macroscópica: isto significa que se pode perceber visualmente
que “algo está indo errado” com o material (devido a deformação visível a olho nu). Servindo de
alerta para que se faça a manutenção.
 As fratura frágeis são perigosas porque uma vez iniciadas, são instáveis, isto é, propagam-se sem
necessidade de elevar o nível de tensão.
 As fraturas frágeis não dão “aviso prévio”.
Fonte: Pedro A. N. Bernadini: Apostila de Materiais de
Construção Mecânica II, UFSC,1993.
Propriedades Mecânicas
Definições
Ductilidade: pode ser definida como a capacidade do material em se deformar (mudar de
forma) macroscopicamente sob ação de uma solicitação externa sem se romper. A
ductibilidade também é conhecida como maleabilidade, ou seja, um material maleável é
um material dúctil.

A deformação ou mudança de forma pode ser classificada de duas maneiras:

Deformação elástica: quando o material, sob ação de uma solicitação externa,


muda a sua forma e retorna a forma original quando a solicitação é retirada. Assim, a
deformação elástica é recuperável sempre que a carga sobre o material é aliviada.
Deformação plástica: quando o material, sob ação de uma solicitação externa,
muda a sua forma de maneira permanente, ou seja, a deformação não pode ser
recuperada. A ductibilidade sempre estará associada à deformação plástica.
Propriedades Mecânicas
Definições
Rigidez ou módulo de elasticidade: pode ser definida como a resistência do
material à deformação elástica. Quanto maior a rigidez de um material menor será a
sua capacidade de se deformar elasticamente. Por exemplo, a borracha utilizada na
fabricação de câmara de pneus é um material com rigidez muito baixa. Por outro
lado, o diamante é um material com elevada rigidez.
σ [MPa]

Módulo de Rigidez (E) aumenta com a


o aumento da inclinação da reta.

ε [mm/mm]
Propriedades Mecânicas
Definições
Resiliência: pode ser definida como a energia absorvida pelo material enquanto ele se deforma
elasticamente. As molas de modo geral, são elementos de máquinas projetados prevendo alta
resiliência. Outro exemplos: varas de caniços para pesca, varas para salto em altura, solados de
tênis.

Tenacidade: pode ser definida como a energia total absorvida pelo material até a sua fratura. Em
muitos casos a tenacidade é entendida como uma combinação entre a resistência e ductibilidade
do material. Isto porque quanto maior for a medida da sua resistência mecânica e a sua
capacidade em se deformar plasticamente, maior será a sua tenacidade. Elementos de máquinas
de transmissão de potência como por exemplo, eixos, engrenagens, rodas, fusos, correntes, são
projetados prevendo tenacidade elevada. Elementos estruturais como vasos de pressão também
são projetados prevendo alta tenacidade. Assim como elementos de impacto como bigornas,
martelos, cinzéis.
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
 Resistência Mecânica = σmax
 Resistência Mecânica em Projetos = σe
σ [Pa]
σmax

σrup
σe

ε [mm/mm]
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
 Elasticidade ou Rigidez = (a)
 Plasticidade ou Ductibilidade = (b)
σ [Pa]
σmax

σrup

σe

ε [mm/mm]
(a) (b)
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
 Resiliência
𝑁 𝑚 𝐽
σ [Pa] . =
𝑚2 𝑚 𝑚3
σmax

σrup
σe
σlp Lei de Hooke
Energia absorvida
durante a deformação 𝜎 = 𝐸. 𝜀
elástica
ε [mm/mm]
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
 Tenacidade
σ [Pa]
σmax

σrup
σe

Energia absorvida até a


ruptura

ε [mm/mm]
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
Demonstração
σ [Pa]
Eixo abcissas a unidade é Pascal = N/m2
σmax Eixo das ordenadas a unidade é metro/metro

σrup O produto das duas grandezas: Tensão.Deformação


σe

𝑚 𝑁 𝑚 𝑁.𝑚 𝐽 𝐽𝑜𝑢𝑙𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎


𝑃𝑎. = = 3 = = =
Energia absorvida 𝑚 𝑚2 𝑚 𝑚 𝑚3 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
pelo material

ε [mm/mm]
Identificação da Propriedades Mecânicas
no Diagrama Tensão-Deformação
 Rigidez ou módulo de elasticidade
σ [Pa]

σmax

σrup
σe

E = módulo de elasticidade (inclinação da reta 𝐶𝑂 ∆𝜎


do regime elástico) E = t𝑔 ∝ = =
𝐶𝐴 ∆𝜀
ε [mm/mm]

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