Você está na página 1de 7

Resumo Propriedades mecânicas dos materiais e ensaios

Propriedades mecânicas:

As propriedades mecânicas dos materiais definem o comportamento do material ao receber


esforços mecânicos, são as propriedades mecânicas que determinam a capacidade de um
material de receber e resistir a esforços sem que se rompam ou percam a resistência.

Para a determinação das propriedades mecânicas, são aplicadas cargas ao material que
resultam em reações internas que podem levar a deformação do corpo de prova,
ocasionado por uma tensão (força/área)

As cargas aplicadas a um material para definição de suas propriedades mecânicas, são


aplicadas de forma lenta e gradual, com velocidade constante, para que a velocidade não
afete o comportamento de reação da peça.

Os esforços sofridos por uma peça podem ser de tração, compressão, torção, cisalhamento
e flexão.

Outras propriedades além da resistência mecânica:


Tenacidade
Resiliência
Ductilidade
Dureza
Deformação
Elasticidade

Tenacidade: Capacidade de um material de absorver energia ao deformar-se plasticamente


até o momento de ruptura.

Resiliência: Capacidade de um material de armazenar energia ao deformar-se


elasticamente e então liberar essa energia ao cessar a carga.

Ao ser submetido a uma carga, um material pode ser deformado elasticamente ou


plásticamente. Ao ser deformado elasticamente os átomos e ligações cristalinas são
afastados porém ao cessar a carga voltam ao estado original. Se a carga continuar sendo
aplicada após o limite de deformação elástica do material, haverá deformações plásticas e
elásticas ocorrendo na estrutura da peça, e assim que é cessado o esforço, o material
permanece com a deformação plástica.
Por isso a deformação plástica é chamada de deformação permanente, e a elástica de
reversível.

Ensaios Mecânicos:

Os ensaios mecânicos são utilizados para medir as propriedades mecânicas dos materiais
ao serem submetidos a esforços, compreendendo valores fornecidos por tensões e
deformações, e dão valores que permitem o controle de estoque, fornecedores e controle
do produto acabado.
Os ensaios mecânicos podem ser destrutivos ou não destrutivos.
Permitem a análise e definição de novos materiais, novos processos de fabricação e
tratamentos térmicos.

Ensaio de tração:
O ensaio de tração é utilizado para definição de propriedades mecânicas dos materiais ao
submeter um corpo de prova a esforços de tração, o material proporciona valores de
resistência mecânica ao sofrer tensões.
O ensaio é feito na máquina universal de ensaio, onde a carga é medida por uma célula de
carga e o alongamento é medido por um extensômetro, os valores são enviados a um
sistema computadorizado que converte os valores de força em tensão de engenharia.

Propriedades mecânicas que podem ser obtidas através do ensaio de tração:

Módulo de elasticidade:
O módulo de elasticidade é um valor adimensional usado para medir a resistência de um
material a ser deformado elasticamente.
Quanto maior o módulo de elasticidade de um material, mais frágil ele é, pois permite
menores deformações elásticas.
A fórmula do módulo de young é Tensão= deformação.Módulo

O módulo de elasticidade de um material pode ser influenciado pela sua temperatura,


quanto maior a temperatura, menor a resistência do material a deformação elástica.

Tensão de escoamento a 0,2% ou 0,02mm/mm

A tensão de escoamento é ponto a partir da qual a deformação plástica se torna


significativa, é onde no gráfico o material deforma sem variar muito a tensão.
Convencionalmente a tensão de escoamento na maioria dos materiais é encontrado a 0,2%
de deformação. A tensão de escoamento é encontrada traçando uma reta paralela ao
trecho inicial da curva de deformação.

Limite de resistência à tração ou tração máxima

Corresponde a tensão máxima atingida no gráfico tensão x deformação.


A partir desse ponto o material perde a resistência e ocorre a estricção, ou
empescoçamento.

Alongamento até a fratura

O material ao ser deformado por tração sofre o alongamento, que pode ser calculado por:
%AL= (Lf-L0/L0)x100

Esta propriedade fornece um valor para avaliar a ductilidade de um material.

Redução de área
Ao ser deformado e alongado o corpo de prova também passa pela redução de área da
seção transversal, que é calculada por:
%RA=(A0-Af/A0)x100
Também é um indicador da ductilidade do material

A adição de elementos de liga aos metais e os tratamentos térmicos afetam na resistência e


ductilidade do material.

Mecanismos de deformação plástica.

MONOCRISTAIS:

Bandas e linhas de escorregamento na superfície de cristais metálicos

As bandas e linhas de escorregamento ocorrem quando há deformação plástica resultante


de uma tensão aplicada a um monocristal, onde assim ocorre o escorregamento de átomos
em planos cristalográficos específicos, tornando visível marcas de deformação.

Mecanismos de escorregamento

Ao ser aplicada uma tensão, há o movimento de discordâncias e o escorregamento de


átomos nos planos, resultado de deformações plásticas.

As discordâncias provocam deslocamento de átomos em planos e direções específicas,


planos mais compactos favorecem o deslocamento dos átomos, pois como os átomos se
encontram mais próximos um dos outros, necessitam menor energia para se deslocar.
Os planos de escorregamento de maior densidade atômica na estrutura CCC são os planos
[110], [112] e [123], porém não são planos de máxima compactação como na estrutura CFC,
por isso são necessários maiores energias para deformar.

O escorregamento nos materiais de estrutura HC ocorre nos planos basais [0001], pois são
os planos de maior compactação
Caso a relação c/a for alta, o deslocamento ocorre nos planos basais, se for baixa pode
ocorrer nos planos prismáticos.
A limitação do sistema de escorregamento nos metais HC torna o material de menor
ductilidade.

Tensão de cisalhamento resolvida crítica

O escorregamento em monocristais de metal puro, ocorre quando a tensão de cisalhamento


nos planos de escorregamento do material atingem a tensão resolvida crítica. Essa tensão é
equivalente a tensão de escoamento, com ela é atingida a energia necessária para ocorrer
o deslocamento dos planos atômicos.
Essa tensão pode variar em relação a:
- Estrutura cristalina
- Características das ligações atômicas
- Temperatura de deformação
- Planos de escorregamento ativos em relação a tensão aplicada.
A lei de Schmid diz que a relação entre a tensão uniaxial que atua sobre um monocristal
cilíndrico de metal puro, e a tensão de cisalhamento que ocorre no plano de
escorregamento é dada por:

Tr=Fr/A1 —-> é a tensão de cisalhamento resolvida em relação a direção de


escorregamento
Tr- tensão resolvida
Fr- força resolvida ou cisalhante
A1- Área de cisalhamento no plano de escorregamento

T= F/A0 —----> é a tensão uniaxial aplicada ao cilindro


T- Tensão uniaxial
F- Força
A0- Área inicial do cilindro

Tr=(F/A0)cosλcosθ

Maclagem

A maclagem ocorre quando uma parte da rede atômica se deforma originando uma imagem
espelhada da rede adjacente que não foi deformada.
Se diferencia das bandas de escorregamento, pois nestas são formados degraus de
escorregamento atômico, porém sem mudar o eixo cristalográfico, na maclagem o eixo é
mudado com a direção específica de maclagem, formando regiões bem definidas, pois os
átomos se deslocam em uma distância específica do plano de macla.

Endurecimento por solução sólida

A adição de componentes em uma solução sólida provoca o endurecimento do material de uma


rede cristalina, pois os átomos substitucionais ou intersticiais causam distorções nas ligações
das redes, resultando em regiões de tensão que dificultam o deslocamento de discordâncias, e
consequentemente a deformação.

Policristais

Os contornos de grão dificultam a movimentação dos átomos e das discordâncias, contornos de


grão de maior ângulo dificultam mais a movimentação dos planos do que contornos de menor
ângulo. Cada grão possui direções de deslocamento próprias, e portanto a resistência varia de
um grão para o outro.

Aumento da resistência mecânica por deformação a frio

A deformação plástica a frio provoca o cisalhamento dos grãos e o alongamento na direção da


deformação, as discordâncias são rearranjadas.
O processo de endurecimento por deformação a frio é chamado de encruamento, é um
processo em que a tensão de escoamento do material aumenta, assim como a tensão de
resistência à tração, e a ductilidade diminui.
As discordâncias possuem campos de tensão ao redor que são importantes para a
movimentação desses defeitos, assim como a multiplicação ou aniquilação das discordâncias.

Isotrópico e anisotrópico

Materiais policristalinos podem ser isotrópicos ao apresentarem grãos orientados


aleatoriamente, ou podem ser anisotrópicos ao sofrer deformação a frio e os grãos serem
orientados em uma direção formando grãos texturizados.

Isotrópico: as propriedades não variam com as direções


Anisotrópico: as propriedades variam com as direções

Recuperação, recristalização e crescimento de grão

Materiais deformados plasticamente a frio sofrem encruamento, efeito que aumenta a


resistência mecânica do material, e diminui a ductilidade, para que o material volte a possuir
alguma certa ductilidade, é necessário o recozimento do material, que mudará sua estrutura,
aliviando tensões internas e aumentando a ductilidade.
O recozimento é feito elevando a temperatura do material a ser recozido.

Recuperação

A recuperação é o alívio das tensões internas pelo recozimento, pelo rearranjo das
discordâncias em configurações de menor energia.

No rearranjo das discordâncias, as discordâncias de sinal contrário se combinam e aniquilam o


defeito, porém a discordância pode também ser impedida de se deslocar, por causa de uma
discordância de sinal semelhante.

A poligonização é a formação de contornos de baixo ângulo.

Recristalização

É a nucleação de novos grãos livres de defeitos

A nucleação pode ocorrer por duas formas diferentes:

A migração de um núcleo para dentro de um grão deformado..


A migração de um contorno de grão de alto ângulo para dentro de um cristal de alta deformação.

Crescimento de grão

O crescimento do grão é o aumento do tamanho médio dos grãos de materiais policristalinos, o


aumento dos grãos ocorre pelo deslocamento dos contornos de grãos, que acontece pela
diminuição da energia total dos contornos.

Fratura dos metais


A fratura ocorre quando há a separação de um material em dois ou mais, devido a ação da
tensão.
A fratura dúctil é a fratura que ocorre de forma gradual com formação das fissuras lentamente,
após uma deformação significativa.
A fratura frágil ocorre mais rapidamente com a formação de fissuras de forma rápida em planos
cristalográficos característicos. (planos de clivagem)

A fratura dúctil ocorre formando-se espaços vazios


Nas regiões que sofrem estricção, quando há a coalescência de microvazios, os vazios se
encontram formando uma trinca, e rompendo o cdp.

(Fratura frágil)
Fratura transgranular: a fratura se propaga através dos grãos.
Fratura intergranular: a fratura se propaga pelos contornos de grãos.

TRANSIÇÃO dúctil-frágil

Materiais dúcteis podem fraturar de forma frágil.


Pode acontecer em certas condições de tensão, velocidade de deformação e temperatura.

A temperatura é a variável que representa esta transição, enquanto a taxa de deformação e


tensão são mantidas constantes.

Ao aumentar a temperatura de um material frágil, o material passa pela transição dúctil-frágil e


entra na condição de fratura dúctil quando a temperatura é elevada.

Ensaio de resistência ao impacto.

Ensaio para avaliar materiais que necessitem resistir a impactos.


Os corpos de prova podem ser do tipo charpy ou izod.

O charpy é posicionado horizontalmente enquanto o izod é posicionado verticalmente.

Você também pode gostar