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Propriedades mecânicas

Mossoró, setembro 2021


Introdução
• Muitos materiais, quando em serviço, são submetidos a forças ou
cargas.

• Nestas situações é necessário conhecer as características do


material de maneira que não ocorra uma deformação excessiva e
nem a fratura. O comportamento mecânico do material reflete a
relação entre sua resposta ou deformação a uma carga ou força
aplicada.
Introdução

Propriedades mecânicas

• Determinam a capacidade que o material tem para resistir aos


esforços que lhe são aplicados. Essa capacidade é necessária não
só durante o processo de fabricação, mas também durante sua
utilização.
Introdução
• As propriedades mecânicas são determinadas pela execução de
experimentos em laboratório que replicam as possíveis condições de
trabalho.

Fatores a serem considerados incluem:


• A natureza da carga aplicada;

• Duração da carga aplicada;

• Condições ambientais.
Introdução
Fatores a serem considerados incluem:

• Carga: tração, compressão, cizalhamento.

• Magnitude: constante com o tempo ou alterar continuamente.

• Tempo de aplicação: fração de segundo ou estender-se por um


período de muitos anos.

• A temperatura de serviço pode ser um importante fator.


Tipos de forças

Figura 1. Tipos de forças


Tensão e deformação
• Se uma carga é estática ou varia de maneira lenta com o tempo e
está aplicada uniformemente sobre uma seção reta ou superfície
de um elemento estrutural, o comportamento mecânico pode ser
determinado pelo teste de tensão-deformação.

• Teste de tensão-deformação - muito utilizado para metais à


temperatura ambiente.

• Tensões: tração, compressão, cizalhamento, torção.


• Deformações: elásticas e plásticas
Tensão e deformação
Tração

Figura 2. Ilustração esquemática de como uma carga de tração


produz um alongamento e uma tensão linear positiva.
Tensão e deformação
Compressão

Figura 3. Ilustração esquemática de como uma carga de compressão


produz contração e uma deformação linear negativa.
Tensão e deformação
Compressão

Figura 4. Ilustração esquemática de um ensaio de compressão.


Tensão e deformação
Cizalhamento

Figura 5. Representação esquemática de deformação cizalhante (γ).

As forças que agem sobre um corpo, provocam deslocamentos em planos diferentes.


Tensão e deformação
Torção

Figura 6. Representação esquemática de deformação de torção


(ângulo de torção θ ) produzido por um torque aplicado T.

Deformação que um objeto sofre quando é aplicado um movimento de rotação


Tensão e deformação
Torção

Figura 7. Representação esquemática de torção.


Teste de tração

• Tração - teste mecânico comum de tensão-deformação, usado


para determinar propriedades mecânicas de materiais.

• Uma amostra é deformada, geralmente até à fratura com carga de


tração que é aplicada axialmente ao longo do eixo de uma
amostra.
Teste de tração

Figura 8. Amostra padrão de tração com seção reta circular.


Teste de tração

• Durante o teste, a deformação é confinada a uma estreita região


central, que tem uma seção reta uniforme ao longo do seu
comprimento.

• A máquina de teste de tração é projetada para alongar a amostra


numa taxa constante e para medir continuamente e simultaneamente a
carga aplicada instantânea (com uma célula de carga) e as resultantes
elongações (usando um extensômetro).
Teste de tração

Representação do aparelho
usado para conduzir testes de
tensão deformação.
A amostra é elongada pelo
movimento. A célula de carga e
o extensômetro medem,
respectivamente, a magnitude
da carga aplicada e a
elongação.

Figura 9. Amostra padrão de tração com seção reta circular.


Teste de tração

Um teste de tensão-deformação demora vários minutos para


ser executado e é destrutivo, ou seja, a amostra de teste é
permanentemente deformada e usualmente fraturada.
Teste de tração
Tensão de engenharia
Equação 1

Unidades de tensão de engenharia:

• libra-força / in 2, psi;

• megapascals, MPa (SI); 1 MPa = 106N/m2.

Onde:
F – carga instantânea aplicada perpendicularmente a seção reta da
amostra (unidades: libra-força (lbf) ou Newtons (N));
A0 - área da seção reta original antes que qualquer carga seja
aplicada ( in2 ou m2).
Teste de tração
Deformação

Equação 2

Onde:

• lo - comprimento original antes que qualquer carga seja aplicada;

• li - comprimento instantâneo.
Teste de compressão

• Conduzido de maneira similar ao teste de tração, com exceção que a


força é compressiva e a amostra se contrai ao longo da direção da
tensão.

• Por convenção, a força compressiva é considerada negativa, o que


fornece uma tensão negativa. Além disso, como (lo > li),
deformações compressivas calculadas a partir da Equação 2 são
necessariamente também negativas.
Teste de cizalhamento

Para testes realizados usando uma força cizalhante pura, a tensão


cizalhante t é calculada de acordo com a relação.

Onde:
• F é a carga ou força imposta paralelamente às faces superior e
inferior, cada uma das quais tem uma área de Ao.
Teste de cizalhamento
A deformação cizalhante (γ) é definida como a tangente do ângulo
de deformação ϴ, como indicado na figura.

Figura 10. Ilustração esquemática de deformação cizalhante.


Teste de torção
• A Torção é uma variação do cizalhamento puro, onde um
componente estrutural é torcido conforme a figura.

Forças de torção produz um movimento rotacional ao redor do eixo


longitudinal de uma extremidade a outra do elemento estrutural.

Figura 11. Ilustração esquemática de torção.


Deformação elástica

Deformação reversível, sem deslocamentos permanentes de


átomos ou moléculas. Após o esforço mecânico, o metal volta à
forma e às dimensões originais. É o regime de deformação onde
não ocorre mudança dimensional permanente, ou seja, com o fim
do carregamento, o material volta ao estado inicial.
Deformação elástica
Comportamento tensão-deformação
O grau de deformação ou escoamento de uma estrutura depende da
magnitude da tensão imposta. Para muitos metais que são tensionados
em tração e em relativamente baixos níveis, tensão e deformação são
proporcionais entre si através da correlação.

Lei de Hooke

Onde:
E - constante de proporcionalidade (psi ou MPa) é o módulo de
elasticidade ou módulo de Young.
Deformação elástica

Módulo de elasticidade (E) – considerado como a rigidez ou a


resistência do material à deformação elástica. Quanto maior o
módulo, mais rígido é o material, ou menor é a deformação elástica
que resulta da aplicação de uma dada tensão.

Está relacionado diretamente com as forças das ligações interatômicas.


Deformação elástica

O processo de deformação no
qual a tensão e a deformação
são proporcionais entre si , é
chamada de deformação
elástica.

Figura 12. Diagrama tensão-deformação mostrando deformação


elástica linear para ciclos de carregamento e descarregamento. Ao
aliviar a carga, a linha volta à origem.
Deformação elástica
O módulo de elasticidade depende da temperatura. Com o aumento
da temperatura, o módulo de elasticidade decresce.

Figura 13. Módulo de elasticidade x temperatura para o tungstênio,


aço e alumínio.
Deformação elástica

Um pedaço de cobre com 305 mm (12 in) de comprimento é


puxado em uma tensão com um estresse de 276 Mpa (40.000
Psi). Se a deformação for totalmente elástica, qual será o
alongamento resultante? Considere o módulo de elasticidade
do cobre (E) = 110x103Mpa.
Deformação elástica

Fios de aço carbono com área de seção transversal de 62,9 mm2


são utilizados para a fabricação de peças pré-moldadas de
concreto. Nessas peças, a armação de fios de aço é pré-
tensionada (tração) antes de ser imersa na matriz de concreto.
Depois que o concreto endurece, a tensão na armação de aço é
retirada, o aço sofre recuperação elástica e comprime todo o
sistema, aumentando a resistência mecânica do conjunto. O valor
do módulo de elasticidade desse aço é de 200 GPa. Assumindo
que esses fios sofreram uma deformação elástica de 1 % quando
foram pré-tensionados, qual a F(N) a que eles foram submetidos?
Deformação elástica
Deformação elástica

Um pedaço de arame recozido de aço baixo carbono tem 2mm


de diâmetro. Limite de escoamento 210 Mpa e módulo de
elasticidade (E) de 207 GPa. Pergunta-se:

a) Se uma garota de 54 Kg se dependura neste arame,


ocorrerá deformação plástica no arame?

b) Calcule o alongamento percentual do arame com a garota


dependurada.

c) O que aconteceria se o arame de cobre tivesse limite de


escoamento = 70 Mpa?
Deformação elástica
Deformação elástica
Deformação plástica

• Para a maioria dos materiais metálicos, o regime elástico persiste até


deformações de aproximadamente 0,005 (0,5 %).

• A medida em que o material é deformado além desse limite, a tensão


não é mais proporcional à deformação, ocorrendo então uma
deformação permanente não recuperável, ou, deformação plástica.

• A lei de Hooke não é mais válida para este caso.


Deformação plástica

• De um ponto de vista atômico, a deformação plástica corresponde


ao rompimento das ligações com os átomos vizinhos originais e em
seguida as ligações são refeitas com novos átomos vizinhos, uma
vez que grande número de átomos ou moléculas movem-se entre si.
Após a remoção da tensão eles não retornam mais às suas posições
originais.
Deformação elástica x plástica

Deformação elástica Deformação plástica

Precede a deformação plástica Provocada por tensões que


ultrapassam o limite de elasticidade
Reversível Irreversível (deslocamentos
permanente dos átomos)
Desaparece quando a tensão é Não desaparece quando a tensão é
removida removida
Proporcional a tensão aplicada Não se aplica a Lei de Hooke
(Lei Hooke)
Propriedades em tração
Escoamento e limite convencional de escoamento

• É importante conhecer o nível de tensão no qual a deformação


plástica começa, ou onde ocorre o fenômeno do escoamento.

• Para alguns metais que experimentam a transição gradual, o ponto


de escoamento pode ser determinado como o desvio inicial a partir
da linearidade da curva tensão-deformação, (Ponto P- limite de
proporcionalidade). A posição do ponto P é difícil de ser medida com
precisão, usando assim o método de desvio.
Propriedades de tração

Figura 14. Comportamento tensão-deformação para um metal mostrando


deformações elástica e plástica. O limite proporcional P e o limite de escoamento
(ϱy) , são determinado usando o método de desvio com deformação residual de
0,002 (0,2 %).
Propriedades em tração

• Como não existe um limite claro entre as regiões elástica e plástica,


foi estabelecida uma convenção onde uma linha reta é construída
paralelamente à região elástica da curva de tensão-deformação num
especificado desvio de deformação, usualmente 0,002.

• A tensão corresponde à interseção desta linha e a curva tensão-


deformação quando ela se curva na região plástica é definida como o
limite convencional de escoamento Ҽy (Figura 16).
Propriedades em tração

A transição elástica-plástica é bem


definida e ocorre abruptamente (ponto
de escoamento). No ponto superior de
escoamento, a deformação plástica é
iniciada com um decréscimo na tensão.
A deformação flutua ao redor de um
valor constante de tensão (ponto
inferior de escoamento). A tensão
subsequentemente sobe com
crescente deformação.

Figura 15. Comportamento representativo de tensão-deformação encontrado em


alguns aços demonstrando o limite de escoamento descontínuo.
Propriedades em tração

Para os metais que exibem esse


efeito, o limite de escoamento é
tomado como a tensão média
associada ao limite de escoamento
inferior, uma vez que esse ponto é
bem definido.
Os limites de escoamento podem
variar desde 35 Mpa para o
alumínio de baixa resistência até
acima de 1400 Mpa para aços de
alta resistência.
Limite de resistência à tração

Após o escoamento, a tensão


necessária para continuar a
deformação plástica cresce até
um máximo (ponto M) e a seguir
decresce até a fratura (ponto F).
O Limite de Resistência à Tração
(LRT) é a tensão no máximo na
curva de tensão-deformação.

Figura 17. Comportamento de tensão-deformação até a fratura (ponto F).


A resistência a tração é indicada no ponto M. Dentro dos circulos é possível
verificar a geometria do corpo de prova deformado em vários pontos ao longo
da curva.
Limite de resistência à tração

• Toda deformação até o ponto (M) é uniforme através de toda a região


estreita da amostra. Entretanto, na tensão máxima, uma pequena
constricção ou pescoço começa a se formar e toda deformação
subsequente é confinada neste pescoço até ocorrer a fratura.
Fenômeno denominado estricção ("necking") ou empescoçamento. A
resistência à fratura corresponde à tensão no ponto de ruptura.

• Os limites de resistência à tração podem variar desde 50 MPa para


um alumínio até um valor tão alto quanto 3000 MPa para aços de alta
resistência mecânica.
Limite de resistência à tração

Normalmente, quando a resistência de um metal é citada para fins


de projeto, o limite de escoamento é o parâmetro utilizado. Isso
ocorre porque, no momento em que a tensão correspondente ao
limite de resistência à tração chega a ser aplicada, com frequência
uma estrutura já sofreu tanta deformação plástica que já se tornou
imprestável.
Ductilidade

Ductilidade - propriedade mecânica que corresponde ao grau de


deformação plástica que o material suportou até o momento de sua
fratura. Um material que apresenta pouca ou nenhuma deformação
plástica antes da fratura é denominado frágil.
Ductilidade

Figura 18. Representações do comportamento de tensão tração-deformação


para materiais frágil e dúctil carregado até a fratura.
Resiliência

Resiliência – capacidade de um material absorver energia


mecânica quando ele é deformado elasticamente e depois com o
descarregamento, o material volta a sua forma original.
Dureza

Dureza - propriedade de um material que permite a ele resistir à


deformação plástica, usualmente por penetração. O
termo dureza também pode ser associado à resistência à flexão,
risco ou corte. É a medida da resistência de um material a uma
deformação localizada.

Um material é considerado mais duro que o outro quando consegue


riscar esse outro. Para determinar a dureza dos materiais, podemos
usar uma escala de 1 a 1O. O valor 1 (um) corresponde ao mineral
menos duro conhecido pelo homem, o talco. O valor 10 é a dureza do
diamante, o mineral mais duro.
Tenacidade

Tenacidade - capacidade de um material para absorver energia até


a fratura. A geometria de amostra bem como a maneira de
aplicação da carga são importantes nas determinações de
tenacidade. Compreende o regime elástico e elástico-plástico.
Tensão verdadeira e deformação verdadeira
• O declínio na tensão para continuar
a deformação após o ponto máximo
M, parece indicar que o material está
se tornando menos resistente.

• Na verdade, a resistência do material


está aumentando. Porém, a área da
seção reta está diminuindo (região
de pescoço), onde ocorre a
deformação. Isto resulta numa
redução na capacidade da amostra
em suportar carga.

Figura 19. Comportamento de tensão-deformação a fratura (ponto F).


A resistência a tração é indicada no ponto M.
Tensão verdadeira e deformação verdadeira

• A tensão de acordo com a equação abaixo, baseia-se na área da


seção reta original (A0), ou seja, antes que qualquer deformação
ocorra, não considerando esta diminuição em área no pescoço.
Tensão verdadeira e deformação verdadeira

Às vezes é mais significativo usar uma tensão verdadeira-deformação verdadeira.

• Tensão verdadeira ҼT - carga F dividida pela área da seção reta


instantânea (Ai) na qual a deformação está ocorrendo
(considerando o pescoço, passado o ponto de tração).
Tensão verdadeira e deformação verdadeira

A curva de tensão
deformação verdadeira com
correções, considera o
complexo estado de tensão
na região do pescoço.

Figura 20. Comparação do comportamento tensão-deformação da


tensão de engenharia e do comportamento tensão-deformação da
tensão verdadeira.
Referências

• CALLISTER, William D. Jr. Ciência e Engenharia de Materiais:


Uma Introdução 5a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 612 p.

• https://www.researchgate.net/figure/Figura-9-Ensaio-de Compressao-
a-forca-de-compressao-aplicada-ao-provete-b-setup_fig2_277330897

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