Você está na página 1de 149

Licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel

CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Cap.5. Ensaios Mecânicos

O. C. Paiva

2017/2018
Licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel

Bibliografia

A.G. Magalhães, J.P. Davim, Ensaios Mecânicos e


Tecnológicos, 4ª edição, Editora Publindústria, 2010

J. Barralis, G. Maeder, Prontuário de Metalurgia, 1ª


edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2005

William F. Smith, Princípios de Ciência e Engenharia dos


Materiais, 3ª edição, McGraw-Hill, 1998

Ciência dos Materiais_ O.C. Paiva 2


ENSAIOS MECÂNICOS
Definição: conjunto de procedimentos que permitem determinar as
propriedades mecânicas dos materiais que são importantes para
controlo, comparação entre materiais ou, ainda, para completar o
conjunto de propriedades necessárias para projecto.

Os ensaios mecânicos podem ser:


o Destrutivos – se implicam a destruição do corpo de prova;

o Não destrutivos – se a sua realização não implica destruição do


corpo de prova.

Como escolher o ensaio mecânico?

Considerar: i) tipo de material;


ii) tipo de esforços;
iii) propriedades a determinar.
Ciência dos Materiais_ O.C. Paiva 3
Normalização
A normalização comporta todo o conjunto de regulamentos,
nacionais ou internacionais, que permitem uniformizar os
métodos de ensaio, a terminologia, as simbologias, etc, e que
tornam reprodutíveis os resultados ou conclusões extraídas sobre
um ensaio ou método de análise.
Normas

de ensaio de materiais

Descrevem o correcto Indicam valores mínimos ou intervalos de


procedimento para efectuar valores das propriedades mecânicas ou
um determinado ensaio físicas a que o material deve satisfazer para
mecânico a finalidade a que se destina

Ciência dos Materiais_ O.C. Paiva 4


Esforços – tipos fundamentais

Tração

Compressão

Corte

Torção

Flexão

Ciência dos Materiais_ O.C. Paiva 5


ENSAIO DE TRAÇÃO

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 6


Ensaio de tração (NP EN ISO 6892-1: 2009)
A facilidade de execução, a reprodutibilidade e o conjunto de
informação extraível tornam o ensaio de tração no ensaio
mecânico mais “universal”.
x
z

Estado uniaxial de tensão: sxx = s


syy = 0
szz = 0

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 7


Conceito de tensão e extensão

F Tensão média é a resistência


interna de um corpo a uma força
exterior aplicada sobre ele, por
S0 unidade de secção:

F
l0
lf Extensão nominal é o quociente:

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 8


Provetes

L0

b
a
L0

Dimensões características:
Lo – comprimento entre marcas de referência, zona útil ou
zona calibrada do provete
S0 – secção inicial da parte útil do provete

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 9


Sistemas de fixação dos provetes
1 2 3 4 5

1 - roscado
2 - liso (varão)
3 - com ressalto
4 - com furo
5 - liso (chapa)

Variáveis a controlar durante o ensaio


o Alinhamento dos provetes
o Velocidade de ensaio (baixa, 2-5 mm/min)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 10


Equipamento
Máquina Shimadzu (Laboratório
de Ensaios Tecnológicos do DEM)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 11


Equipamento

Extensómetro – medição do
alongamento sofrido pelo
provete

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 12


Traçado curva convencional força-alongamento
Força
Força Fm Fm
máxima

Alongamento

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 13


Traçado da curva convencional tensão-extensão

Rm
Tensão, s

Estricção
ReH

Def. homogénea Def.


localizada

zona plástica

zona elástica zona Extensão, 


elásto-plástica

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 14


Deformação elástica vs plástica

B
s A’
início da
fim do A instabilidade
domínio
C rotura
plástica - estricção
elástico final

p e 

t t = e + p

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 15


Deformação plástica não uniforme - estricção

a - formação do pescoço
b - formação de cavidades a b c
c - coalescimento das
cavidades para promover
uma fissura
d - formação e propagação da e
d
fissura a 45 graus em
relação à tensão aplicada
e - rompimento do material
por propagação da fissura

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 16


Conceito de módulo de elasticidade
s

s=E E=s/


Módulo de elasticidade ou módulo de Young

Na região onde a Lei de Hooke é válida (regime elástico


linear) o módulo de Young pode ser obtido pelo
coeficiente angular do gráfico tensão-deformação

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 17


Determinação do módulo de elasticidade
O módulo de elasticidade pode ser definido:

- pela tangente à curva no ponto O da origem (A),


- pela tangente num determinado ponto da curva (B, por exemplo),
- pela secante à curva para uma extensão específica (C, por exemplo).
C

s A
B

o 
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 18
Determinação do módulo de elasticidade

Curva tensão-deformação no regime elástico linear

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 19


Determinação do módulo de elasticidade

Curva tensão-deformação não-linear

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 20


Influência da temperatura no módulo de elasticidade

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 21


Módulo de elasticidade para alguns metais e ligas metálicas
Metais E Ligas E
(MPa) (MPa)
Ferro, Níquel 210 000 Aços 210 000
Molibdénio 350 000 Aços inoxidáveis austeníticos 196 000
Cobre 119 000 Ferro fundido nodular 140 000
Alumínio 70 000 Bronzes, latões 77 000-119 000
Magnésio 45 500 Bronzes de Manganés 105 000
Zinco 98 000 Bronzes de alumínio 84 000-133 000
Zircónio 101 500 Ligas de alumínio 70 000-74 500
Estanho 42 000 Monel (liga de níquel) 130 000-182 000
Berílio 257 000 Hastelloy (liga de níquel) 189 000-215 000
Ósmio 560 000 Invar (liga de níquel-ferro) 140 000
Titânio 100 000 Inconel (liga de níquel) 160 000
Chumbo 17 500 Nimonic (liga de níquel) 187 000
Ródio 297 500 Ligas de titânio 112 000-121 000
Nióbio 105 000 Ligas de magnésio 45 500
Ouro, Prata 78 500 Ligas de estanho 51 000-54 000
Platina 158 000 Ligas de chumbo 14 000-29500

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 22


Propriedades de resistência – materiais com patamar de cedência
F Fm
Tensão de rotura ou
FeH resistência máxima
=> Menor valor da força
FeL durante a cedência,
desprezando eventuais
fenómenos
Patamar transitórios
de
cedência

Dl

Tensão de cedência (materiais com patamar de cedência)

Tensão de cedência superior Tensão de cedência inferior

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 23


Propriedades de resistência – materiais sem patamar de cedência
Qual o ponto de separação entre as zonas elástica e plástica em metais
e ligas que não exibem patamar de cedência?

Tensões limite convencionais

Limite convencional de
proporcionalidade – Rpη

Rpη
Método gráfico
(depois do ensaio)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 24


Tensões limite convencionais
Tensão limite convencional de proporcionalidade

Rp0,2
o Em geral: η = 0,2%

o Ligas metálicas que


deformam relativamente
pouco (aços alto teor carbono
e alta ligada, ligas não-
ferrosas duras): η = 0,1%

o Aços para molas: η = 0,01%

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 25


Propriedades de ductilidade
A ductilidade é a capacidade dos materiais
deformarem-se plasticamente sem sofrer
rotura.

As medidas de ductilidade são de grande


interesse:

o Indicam até que ponto um material pode


ser deformado sem fraturar em operações
de conformação plástica;

o Indicam ao projetista, se o material se


deforma plasticamente antes de fraturar;

o Permitem avaliar a qualidade do material.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 26


Propriedades de ductilidade

Extensão após rotura

Coeficiente de estricção

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 27


Morfologia da fratura dúctil

Fratura dúctil  Estricção (Z) elevada

s s a) Material dúctil
com patamar
de cedência
b) Material dúctil
sem patamar
de cedência
 
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 28
Morfologia da fratura dúctil

Fratura dúctil  Estricção (Z) elevada

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 29


Morfologia macroscópica da fratura frágil


Fratura frágil  Estricção (Z) muito reduzida

A fratura frágil ocorre com a formação e propagação de


uma fissura que ocorre numa direcção perpendicular à da
tensão aplicada

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 30


Ensaio de tração (EN 10002): determinação de
propriedades
1 – material com patamar de cedência
Constante elástica: E
(módulo)
s Rm Propriedades de resistência
(retiradas do gráfico)
ReH – tensão de cedência
ReH
Rm – tensão máxima ou de
de rotura

E = s/ Parâmetros de ductilidade


(medidas no provete)
A - Extensão após rotura

Deformação após  Z - Estricção

rotura

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 31


Ensaio de tração (EN 10002): determinação de
propriedades
2 – material com limite de proporcionalidade
Constante elástica: E
s Rm (módulo)

Propriedades de resistência
(retiradas do gráfico)
Rp0,2 Rp0.2 – tensão limite
convencional de
E = s/ proporcionalidade
Rm – tensão máxima ou de
rotura

0,2 Parâmetros de ductilidade


Deformação após rotura  (medidos no provete)
A - Extensão após rotura
Z - Estricção

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 32


Curvas σ,  para vários materiais metálicos

1 1 - Aço Cr-Ni, tratado


2 2 - Aço de liga com Ni, tratado
3 - Aço com 0.62% C, tratado
3 4 - Aço com 0.62% C
5 - Aço com 0.32% C
4 6 - Liga de Al de alta resistência
7 - Aço com 0.11% C
8 - Liga dúctil de Al

5
6
7
8

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 33


Módulo de resiliência
s 1 – Aço de mola
se1 (se1 = Rp0,2)

2 – Aço macio
se2 (se2 = ReH)


A resiliência corresponde à capacidade de o material absorver energia
no domínio elástico e sua restituição após descarga. É expressa através
do módulo de resiliência, Ur :

então,

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 34


Fenómeno de encruamento

MECANISMO AO NÍVEL MICROSCÓPICO:


Maior energia
Maior Interferência
despendida para as
densidade de entre
deslocações vencerem
deslocações deslocações
estes obstáculos

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 35


Fenómeno de encruamento

Tensão, kgf/mm2
Tensão

Efeito da taxa de deformação plástica a frio (encruamento) nas


propriedades mecânicas  aumento da resistência mecânica e
diminuição da ductilidade – o módulo de elasticidade (E) mantêm-se
inalterado
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 36
Fenómeno de encruamento
O fenómeno de
encruamento pode
eliminar a existência
do patamar de
cedência

ATENÇÃO: A alteração das


Tensão

propriedades mecânicas
provocada pelo encruamento
não altera o módulo de
elasticidade do material

Patamar de cedência

Deformação
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 37
Fenómeno de encruamento

Evolução das propriedades mecânicas do aço inoxidável 304


motivada por uma pré-deformação plástica de 25%

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 38


Módulo de resiliência - materiais com limite de
proporcionalidade

Rp0,2
Tensão

(Aproximadamente a área
do triângulo)

p0,2 Deformação

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 39


Módulo de resiliência de alguns materiais

Material Ur x 103 (N/mm2)


Aço macio (médio carbono) 233
Aço de mola 2237
Duralumínio 103
Cobre recozido 4
Borracha 1944

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 40


Módulo de tenacidade
A tenacidade corresponde à capacidade do material se deformar
plasticamente e absorver energia no domínio plástico antes da rotura.
Tensão, s

e = s e / E
Material frágil tem uma
maior resiliência e menor
tenacidade que o material
dúctil

Deformação, 
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 41
Módulo de tenacidade
Uma forma de quantificar a tenacidade é calcular a área
abaixo da curva de tração; é uma indicação do trabalho
realizado por unidade de volume.
Materiais dúcteis Materiais frágeis

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 42


Coeficiente de Poisson
O coeficiente de Poisson – ν - exprime a relação entre a deformação
longitudinal (na direção do carregamento) e a deformação transversal.
x F

L
z L0
y
b0 F
b
em que: deformação transversal

deformação longitudinal

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 43


Coeficiente de Poisson

Coeficiente de
Material
Poisson (n)
Cobre 0,34
Alumínio 0,33
Titânio 0,34
Magnésio 0,29
Níquel 0,31
Aço 0,30

Domínio elástico  n = 0.3; DV > 0


Para a maioria dos
metais:
Domínio plástico  n = 0.5; DV = 0

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 44


Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas
Tensão (MPa)

Extensão (mm/mm)

Evolução das propriedades mecânicas do ferro em função da


temperatura

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 45


Influência da temperatura e da velocidade de
ensaio no comportamento à tração de um metal

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 46


ENSAIO DE DUREZA

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 47


Ensaio de dureza
A dureza define-se como a resistência que um material
oferece ao sofrer uma deformação plástica na sua
superfície.

Interesse no conhecimento da dureza:

o Conhecimento da resistência ao desgaste;


o Conhecimento aproximado da resistência mecânica
através do uso de tabelas de correlação;
o Controlo de qualidade de tratamentos térmicos e
termoquímicos;
o Controlo de qualidade em processos de conformação
plástica e em processos de ligação.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 48


Nota:
.... o conceito físico de dureza traduz uma propriedade que
pode ser interpretada de modo diverso ...

Vantagens:
o rapidez de execução;
o baixo custo dos equipamentos envolvidos.

Métodos de medição:
o risco (escala de dureza de MOHS)
o ressalto (método SHORE)
o penetração (BRINELL, VICKERS, ROCKWELL)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 49


Escala de dureza de MOHS (ano de 1822)

Nº de Termo da
dureza escala
1 talco
2 gesso
3 calcite
4 flurite
5 apatite
6 ortóclase
7 quartzo
8 topázio
9 corindo
10 diamante

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 50


Dureza por ressalto (método SHORE)
Definição:
dureza por ressalto é uma medida da capacidade que o
material apresenta em absorver a energia cinética de um
corpo que embate na sua superfície.

Domínio de aplicação:

o toda a gama de dureza dos


metais;
o é amplamente utilizado na
medição da dureza de
polímeros, elastómeros e
borrachas;
o útil para medições em
‘estaleiro’.
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 51
História

c)

a) Escleroscópio original com


tubo graduado, criado em
1905;
b) escleroscópio com escala;
c) equipamento atual 52
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 52
Equipamento

- Segundo a ASTM-D 2240 existem


12 escalas, dependentes da
intenção de uso, sendo elas: A, B,
C, D, DO, E, M, O, OO, OOO, OOO-S
e R;
- Cada escala varia entre 0 e 100,
sendo que valores maiores indicam
um material mais duro;
- As escalas mais comuns são a A e
D;
- Escala A - plásticos macios e a D -
plásticos rígidos.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 53


Limitações:

o deve ser executado com o tubo perfeitamente


vertical;
o muito sensível ao acabamento superficial;
o medições em peças pouco espessas são sensíveis ao
tipo de apoio;
o peças pouco espessas ou de baixa rigidez podem
entrar em vibração com o impacto do martelo.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 54


Princípios gerais para a realização de ensaios de
dureza por penetração
o perpendicularidade
 entre a força e a
 = f (s) superfície da peça;

o aplicação lenta da carga;

o preparação correta da
t superfície;
tempo
o tempo de espera após
Valores de t: aplicação da carga e
Mg – 60 s antes da descarga
Aços – 10 s (fenómeno de fluência
transitória)
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 55
Dureza por penetração - equipamento

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 56


Tipos de penetradores

A forma e o material do
penetrador depende do
método de determinação
da dureza.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 57


Método BRINELL (NP EN ISO 6506-1: 2014)

penetrador esférico – carboneto de tungsténio (HBW)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 58


Método BRINELL (ano 1900)

Indentadores
Brinell

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 59


Penetrador - esfera de
carboneto de tungsténio
(HBW)

Tabela apresentando cargas


típicas para os diferentes
diâmetros dos penetrador

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 60


Vantagens:

o método económico;
o baixo tempo de preparação das superfícies;
o ótimo para materiais pouco homogéneos.

Desvantagens:

o não-linearidade carga-impressão (em materiais mais


dúcteis deve-se usar F mais baixas e penetradores de
menor D);
o dureza máxima admissível baixa.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 61


Método BRINELL (ano 1900)

Verifica-se que é válida a relação


Aços, F. Fundidos - 30
Ligas de Cu e Al – 10
Pb, Sn – 2,5

(kgf/mm2)

sendo:
F – carga aplicada (até 3000 kgf)
D – diâmetro do penetrador (1,0; 2,5; 5,0 e 10 mm)
d – diâmetro da impressão
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 62
Apresentação do resultado da medição:

360 HBW 5/750/10

5 - diâmetro da esfera do penetrador utilizada em, mm


750 - valor da força de ensaio em, kgf
10 – tempo de aplicação da força em, s

esfera de carboneto W – HBW

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 63


Método VICKERS (NP EN ISO 6507-1: 2005)
O método utiliza um único tipo de penetrador que consiste numa
pirâmide regular de diamante com base quadrada e ângulo entre as
faces opostas de 136°

136°corresponde ao ângulo de ataque da condição ideal do


penetrador esférico Brinell, para o qual d / D = 0,375

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 64


Método VICKERS (ano 1929)

Indentador Vickers – pirâmide


quadrangular de diamante
formando angulos de 136º entre
as faces

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 65


Método VICKERS (ano 1929)

kgf/mm2 N/mm2

ou

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 66


Método VICKERS (ano 1929)
Vickers (EN ISO 6507) para aços

i) A utilização de um
penetrador de
diamante, torna o
ensaio aplicável a
todos os tipos de
materiais;

ii) a área da impressão


é proporcional à força
aplicada, o que torna
o ensaio insensível à
força aplicada.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 67


Forças aplicáveis:

- de 1 até 120 kgf em macrodurezas


- de 10 a 1000 gf em microdurezas

Baixas forças aplicadas

Diminuem o risco de danificação do penetrador

Exigem instrumentação de leitura mais correta e melhor


preparação da amostra

Para durezas até 300 HB, as escalas Brinell e Vickers


são coincidentes.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 68


Vantagens:

o escala contínua;
o grande precisão de medida (deformação nula do
penetrador);
o possibilidade de fazer impressões muito pequenas;
o possibilidade de medir durezas em todos os materiais.

Desvantagens:

o regulação de velocidade mais crítica (mais moroso);


o superfície muito mais cuidada (maiores ampliações de
medição);
o ensaio globalmente menos económico.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 69


Apresentação do resultado da medição de
dureza:

540 HV 20/20
- valor da força de ensaio em, kgf
- duração da aplicação da força em, s

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 70


Método ROCKWELL (ano 1924)

Ciências dos Materiais _ O.C. Paiva 71


Método ROCKWELL (ano 1924)
(EN 10109) i) baseia-se no princípio da impressão;
ii) a variável de medida é a penetração;
iii) existe um comparador
e = aumento permanente da
HR = E - e
profundidade de penetração devido
à carga maior F1
E = constante que depende do
formato do indentador:
- 100 para indentador de cone
diamante,
- 130 para indentador de esfera
de aço
HR = valor da dureza Rockwell
Momento de leitura da dureza, F0 = pré-carga (kgf)
após a recuperação elástica F1 = carga em (kgf)
devido à remoção de F1 F = carga total em (kgf)

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 72


Método ROCKWELL (ano 1924)
a) Escalas A
C  F0 = 10 kgf + F1 = 140 kgf – cone de diamante
D

Apenas deformação
C (materiais duros) plástica
Ciências dos Materiais _ O.C. Paiva 73
Método ROCKWELL (ano 1924)
b) Escalas B  F0 = 10kgf + F1 = 90kgf – Esfera de aço 1/16”
E, F, G, M, H e K

1,5875 mm

B (materiais macios) Apenas deformação plástica

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 74


Método ROCKWELL (ano 1924)

Indentador para a dureza


Rockwell C – cone de
diamante

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 75


Escalas de dureza
Rockwell:
- NP 141-1990
- ASTM E18-94

Cargas (kgf/mm2):

B – 10 + 90 = 100 kgf

C – 10 + 140 = 150 kgf

76
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 76
Ensaio Rockwell para produtos metálicos de
pequena espessura (NP4072: 1990)

Utiliza-se como penetrador apenas uma esfera de aço


com 1/16’’ (1,5875 mm) de diâmetro

Espessuras > 6 mm F0 = 10 kgf


F1 = 90 kgf

F0 = 3 kgf
Espessuras < 6 mm
F1 = 27 kgf

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 77


Ensaio Rockwell superficial (NP 4073: 1990)
i) para determinar a dureza da camada superficial;
ii) em peças que só possam admitir impressões muito pequenas.
Escala Símbolo Indenta Força Força Força Campo Materiais
de de dor inicial adicional total de
dureza dureza (Fo) (F1) (F) aplicação
kgf kgf kgf
15N HR15N cone 3 12 15 70-94 aços
HR15N tratados e
metal duro
30N HR30N cone 3 27 30 42-86 idem
HR30N
45N HR45N cone 3 42 45 20-77 idem
HR45N
15T HR15T esfera 3 12 15 6-9 HR15T bronze,
1/16´´ latão, aço
macio
30T HR30T esfera 3 27 30 29-82 HR30T idem
1/16´´
45T HR45T esfera 3 42 45 1-72 HR45T idem
1/16´´

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 78


Vantagens do método Rockwell:

o as superfícies não necessitam de polimento;


o pequenas irregularidades são eliminadas pela pré-carga;
o não necessita de sistema ótico;
o equipamento mais simples.

Desvantagens do método Rockwell:

o escala C só para aços temperados;


o necessidade de usar muitas escalas e esferas diferentes
para abranger toda a gama de materiais possíveis.

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 79


Vantagens do método Rockwell:

Model Q150R Automatic Rockwell Tester


from Qness GmbH - ONITRON
Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 80
Equivalência entre escalas de dureza

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 81


Tabela de conversão de dureza

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 82


Exemplo de Tabela de
conversão de dureza em
resistência à tracção

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva


83
Microdurezas
A microdureza utiliza forças de ensaio bastante baixas,
geralmente, inferiores a 1kgf, e adequa-se:
- medição da dureza de microconstituintes
- dureza em peças de dimensões muito pequenas

Knoop Vickers

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 84


Equipamento
Visualização da amostra

ferrite

perlite

Determinação de fileiras
MD
de microdurezas para
determinar a zona
MB MB
ZAC ZAC
termicamente afectada
em cordões de soldadura

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 85


Notas finais
Distância mínima
entre incisões
recomendada

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 86


Importância das propriedades mecânicas na
seleção de materiais

Ciência dos Materiais _ O.C. Paiva 87


ENSAIOS DE IMPACTO

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 88


Ensaios de Tenacidade
o Probabilidade de ocorrência de fratura frágil em serviço,
mesmo em materiais dúcteis, de uma forma imprevisível

o Ensaios de tenacidade  solicitação estática


Mecânica da fratura – propagação de uma fissura pré-
existente em condições elásticas (KIC) ou elasto-
plásticas

o Ensaios de tenacidade  solicitação dinâmica


Ensaios de impacto ou choque Charpy e Izod

o Os ensaios de impacto medem a capacidade de absorção de


energia de deformação no domínio plástico, constituem um
método de comparação de materiais

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 89


Ensaios de impacto

Normas que regulam o procedimento de ensaios de impacto


sobre metais: ASTM E23, ISO 148-1, EN 10045-1 (NP 10045-1)

o A capacidade de um determinado material de absorver


energia do impacto está ligada à sua tenacidade, que por
sua vez está relacionada com a sua resistência e ductilidade

o O ensaio de resistência ao choque dá informações da


capacidade do material absorver e dissipar essa energia

o Como resultado do ensaio de choque, obtém-se a energia


absorvida pelo material até à fratura, caracterizando assim
o seu comportamento dúctil-frágil

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 90


História

o O teste de impacto foi desenvolvido por volta de 1900, por


SB Russell (1898, um norte-americano) e Georges Charpy
(1901, um francês)

o O teste tornou-se conhecido como o teste Charpy, devido


às contribuições técnicas e esforços de normalização
realizadas por Georges Charpy

o O teste foi fundamental para a compreensão dos


problemas de fratura de cascos de navios durante a
Segunda Guerra Mundial

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 91


Titanic, 1912 – Rotura frágil

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 92


Titanic, 1912 – Rotura frágil

o O impacto é um esforço de natureza dinâmica

o O comportamento dos materiais sob ação de cargas dinâmicas


é diferente de quando está sujeito a cargas estáticas

o Comportamento frágil dos materiais às baixas temperaturas

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 93


Fatores de que pode depender uma fratura frágil
o Temperaturas baixas

o Velocidades de deformação elevadas

o Estados triaxiais de tensão

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 94


Equipamento de ensaio

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 95


Equipamento de ensaio - evolução

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 96


Provetes Charpy entalhados

* Todas as dimensões
expressas em mm

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 97


Provetes Izod

* Todas as dimensões expressas em mm

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 98


Fixação dos provetes

Charpy

Izod

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 99


Execução do ensaio

Configuração do teste
Charpy

Medição da resistência ao impacto


Configuração do teste
Izod

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 100


Medição da energia absorvida

Considerando que não existe perdas de energia ao longo do ensaio:

Eabs = Ep0 – Ep1

Energia potencial  Ep = m g h, sendo m – massa


g – aceleração da gravidade
h – altura
Eabs = m g (h0 – h1)

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 101


Apresentação dos resultados

A apresentação dos resultados dos ensaios de impacto, num


relatório técnico, deve ser acompanhada da seguinte informação:
- Norma usada (EN 10045-1, ASTM A-370, ASTM E-23, etc)
- Energia potencial máxima do martelo em, J
- Temperatura do ensaio em, ºC

Tipo de entalhe Profundidade do entalhe

KV 200/2 = 80 J Energia absorvida

Energia potencial do martelo (energia nominal da máquina)

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 102


Notas:

- Se o provete não sofrer rotura,


como resultado do ensaio, deve
ser referido que o provete não
sofreu rotura para a energia
nominal da máquina

- Em máquinas mais antigas a


energia absorvida pode ser
apresentada em, kgf.m, kgf.cm,
kgf.mm

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 103


Fatores que influenciam a resistência ao choque
1. Temperatura de transição – genericamente as temperaturas
baixas são um fator penalizante para os materiais metálicos

3 3

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 104


Critérios para determinação da temperatura de transição
Energia aborvida (J)

50%

 T1 – temperatura de transição plástica;


 T2 – T correspondente ao ponto do gráfico onde o valor de energia absorvida é
igual à média dos dois patamares;
 T5 – T que produz uma fratura 50% fibrosa e 50% brilhante;
 T6 – T abaixo da qual a fratura é 100% brilhante, temperatura de ductilidade nula.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 105


Critérios para determinação da temperatura de transição

 T1 – T correspondente ao ponto da curva onde se inicia a queda no


valor da energia absorvida, temperatura de transição plástica;
 T2 – T correspondente ao ponto do gráfico onde o valor de energia
absorvida é igual à média dos dois patamares;
 T3 – T abaixo da qual o material apresenta uma tenacidade inferior
a um valor pré-estipulado, temperatura de transição de ductilidade;
 T4 – T acima da qual a fratura é 100% fibrosa;
 T5 – T que produz uma fratura 50% fibrosa e 50% brilhante;
 T6 – T abaixo da qual a fratura é 100% brilhante, temperatura de
ductilidade nula.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 106


Efeito da temperatura no tipo de fratura

Aspeto
Aspeto fibroso
brilhante
e liso

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 107


Fatores que influenciam a resistência ao choque
1. Temperatura de transição
o Nem todos os metais apresentam uma transição dúctil-frágil.

o Os metais que apresentam uma estrutura CFC, por exemplo, as ligas


de alumínio e de cobre, permanecem dúcteis mesmo a
temperaturas muito baixas.

o Metais com estruturas CCC e HC apresentam uma temperatura de


transição dúctil-frágil, que depende tanto da composição química
como da microestrutura.

o Fatores que influenciam a temperatura de transição dúctil-frágil:


i) tratamentos térmicos, ii) tamanho de grão, iii) taxa de encruamento,
iv) elementos de liga, v) presença de impurezas, vi) o processo de
fabrico, vii) localização da retirada do corpo de prova, etc

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 108


Influência da localização da retirada do corpo de prova na
temperatura de transição dúctil-frágil

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 109


Influência da estrutura cristalina na temperatura de
transição dúctil-frágil

Cobre (CFC)

Aço macio (CCC)


Energia absorvida (J)

Zinco (HC)

Temperatura (ºC)

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 110


Tipos de fratura – Fratura frágil

o A superfície de fratura
apresenta baixa
deformação plástica
o A fratura apresenta um
aspeto granular e
brilhante
o Ocorre para tensões
normais de tração

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 111


Tipos de fratura – Fratura dúctil

o A superfície de fratura
apresenta elevada
deformação plástica
o A superfície de fratura
apresenta um aspeto
fibroso
o Ocorre por
escorregamento ou
maclagem dos planos
cristalográficos
sujeitos às tensões de
corte máximo

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 112


Comparação dos tipos de fratura

Fratura frágil Fratura dúctil


entalhe

Contração
lateral

sem expansão lateral a+b = expansão lateral

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 113


(...)
2. Velocidades de deformação elevadas – a diminuição do
tempo de acomodação do material à solicitação que lhe é
aplicada traduz-se por uma diminuição da capacidade de
deformação plástica.

3. Estados triaxiais de tensão – a presença de um entalhe


provoca uma redistribuição local de tensões que leva ao
aparecimento de tensões transversais que de outra forma não
apareceriam

IMPORTANTE: os resultados de ensaios de impacto só são


comparáveis se efetuados na mesma geometria de provete, pelo
que têm um caráter puramente qualitativo.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 114


Influência do teor de carbono na resistência ao
impacto de aços – Ensaio Charpy

Aços-carbono com diferentes teores de carbono, submetidos ao seguinte


ciclo térmico:
- estágio de 4h a 870ºC (austenitização)
- arrefecimento lento
- à Tamb obteve-se uma estrutura constituída basica/ por ferrite e perlite.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 115


Curvas esquemáticas da temperatura de transição
dúctil-frágil de aços

Aço A  transição elevada, acima de 30 ºC


Aço B  transição mais baixa, cerca de 10 ºC
Aço C  transição em torno de 0 ºC
Aço D  sem transição, ou seja, somente lenta queda de
resistência ao choque com a diminuição da temperatura
Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 116
Testes de impacto em veículos automóveis

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 117


ENSAIO DE FADIGA

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 118


Definição

“Fadiga corresponde a um processo localizado de alteração


estrutural provocado pela existência de solicitações
dinâmicas, que pode resultar no aparecimento de fendas
ou fratura total do componente ou estrutura ao fim de um
número suficiente de variações de carga.”

“Fadiga mecânica é o fenómeno de rotura progressiva de


materiais sujeitos a ciclos repetidos de tensão ou
deformação. O estudo do fenómeno é importante para o
projecto de máquinas e estruturas, uma vez que a grande
maioria das falhas em serviço, são causadas pelo processo
de fadiga.”

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 119


Relevância do estudo do fenómeno da fadiga

o Os materiais, particularmente os metais, quando submetidos a


tensões flutuantes ou repetitivas - esforços cíclicos - rompem-se a
tensões muito inferiores às determinadas nos ensaios de tração
(cargas quasi-estáticas).

o A rotura que ocorre nas condições de esforços dinâmicos é


conhecida como rotura por fadiga.

o Em estruturas e equipamentos como pontes, aviões, veículos,


entre outros, quando submetidos a contínuos esforços dinâmicos e
vibrações, o fenómeno da fadiga representa cerca de 90% das
falhas em serviço de componentes metálicos.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 120


… História

As primeiras observações do fenómeno de fadiga datam o ano de


1829, quando Wilhelm August Julius Albert publicou resultados de
testes realizados em correntes de ferro submetidas a carregamentos
cíclicos.

No período de 1852 a 1869, August Wöhler estudou a rotura de


eixos ferroviários. A ocorrência destas falhas era imprevisível para
os engenheiros da época. Vários eixos fraturavam após apenas
algumas centenas de quilómetros de serviço e, embora projetados
de acordo com critérios de resistência estática, essa fratura ocorria
sob condições de carregamento normal.

Apesar dos ensaios de tração realizados no material antes da


entrada em serviço revelarem adequada ductilidade, a rotura em
serviço não apresentava sinais de deformação plástica.
Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 121
Superfície de fratura por fadiga
Iniciação da fratura A falha por fadiga
por fadiga ocorre devido a
nucleação e
propagação de
defeitos em materiais
quando submetidos a
Área de ciclos alternados de
progressão da
fratura por
tensão/deformação,
fadiga seguida de rotura
final. O número de
ciclos para a rotura
define-se por:
Área da
rotura final
Nr = N i + N p

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 122


Exemplos de superfícies de
fratura por fadiga

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 123


Tipos de ciclos de fadiga e seus parâmetros
i) Com amplitude de tensão constante
σmáx = - σmin
a) Ciclo alternado σm = 0
R=-1

σmáx ≠ σmin
b) Ciclo repetido σm ≠ 0
R ≠ -1

ii) Com amplitude de tensão variável

c) Ciclo irregular ou aleatório

d) Ciclo alternado por blocos


Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 124
Ciclo de fadiga com amplitude de tensão constante

σmáx = - σmin
σm = 0
R=-1

a) Ciclo alternado

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 125


Ciclo de fadiga com amplitude de tensão constante

σmáx ≠ σmin
σm ≠ 0
R ≠ -1

b) Ciclo repetido

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 126


Parâmetros dos ciclos de fadiga com amplitude
de tensão constante
Tensão média

Tensão alternada
ou
Amplitude de tensão

Razão de tensões

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 127


Ciclo de fadiga com amplitude de tensão variável

σtração

tempo

σcompressão
c) Ciclo irregular ou aleatório

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 128


Ciclo de fadiga com amplitude de tensão variável

σ s2
s3
s1
tempo

d) Ciclo alternado por blocos

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 129


Relações empíricas

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 130


Tipos de ensaios de fadiga
o em provetes (interesse comparativo)
o nas próprias peças (útil para optimização projeto)

Provetes
o própria peça ou
protótipo;
o produtos acabados
(arames, tubos, chapas,
etc)
o provetes maquinados

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 131


Exemplo de provetes normalizados

Provetes de fadiga
normalizados
segundo, a norma
ASTM – E1823,
E1150, E466

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 132


Exemplos de provetes solicitados em flexão rotativa

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 133


Equipamento

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 134


Curvas S-N
O desempenho de materiais em fadiga normalmente é caracterizado
pela "curva S-N", também conhecida como "curva de Wöhler", que é um
gráfico de magnitude de tensão (S) por número de ciclos (N) em escala
logarítmica.

Nota: a curva S-N é


estabelecida
habitualmente para a
situação em que a
tensão média é nula 
σmáx= - σmin

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 135


Representação de resultados de fadiga
A) Curvas S-N com tensão limite de fadiga

Para os aços e
ligas ferrosas em
geral, ligas de Ti e
de Mo, o limite de
resistência à
fadiga (σRf) está
entre 35 e 65% do
limite de
resistência à
tração.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 136


Representação de resultados de fadiga
B) Curvas S-N com tensão limite convencional de fadiga
A tensão limite
convencional de fadiga é a
tensão à qual ocorrerá a
falha em materiais tipo, Al,
Mg, Cu e suas ligas
decresce continuamente
com o número de ciclos.

Esta tensão pode ser


definida como a tensão à
qual ocorre a rotura para
um número arbitrário de
ciclos, em geral entre 107 e
108 ciclos.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 137


Representação de resultados de fadiga  curvas S-N

Tensão
limite
de fadiga

Os resultados de ensaios de fadiga contêm alguma dispersão, pelo que é


vulgar associar-se um tratamento estatístico de que pode resultar a
associação à curva S-N de limites de probabilidade de rotura (ou vida)

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 138


Representação de resultados de fadiga  curvas S-N

Razões possíveis para explicar a dispersão de resultdos:


o variações nas dimensões e acabamento superficial dos
provetes;
o falta de homogeneidade do material;
o precisão da máquina de ensaios.

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 139


Fadiga: Aço DIN St 52.3

Estrutura de perlite + ferrite

350

300 AÇO DIN St 52.3

250
Max.(MPa)
(MPa)

200
Tensão

150
Tensão

100

50

0
0 2000000 6
2x10 4000000 6
4x10 6000000 6
6x10 8000000 6
8x10 10 7
10000000

Nº de Ciclos
Nº ciclos

(Resultados obtidos no âmbito de um trabalho de fim de curso


Laboratório de Materiais 2005/2006)

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 140


Ciclo de fadiga com amplitude de tensão variável
A maioria dos casos práticos corresponde a situações em que os
componentes estão sujeitos a amplitudes de tensão variáveis.

s2
s3
s1
s2
s3
s1
Espetro de carga

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 141


Ciclo de fadiga com amplitude de tensão variável

Teoria dos danos acumulados ou lei de Palmgren-Miner

Os danos acumulam-se de forma linear verificando-se


rotura quando:

K – nº de variáveis de tensão no espetro de carga


ni – nº de ciclos realizados a cada nível de tensão
Ni – vida previsível extraída da curva S-N

Materiais Metálicos _O.C. Paiva 142


Fatores que influenciam o comportamento à fadiga

o O limite de fadiga depende da composição química, do tamanho de


grão, das condições de conformação mecânica, do tratamento
térmico, etc  encruamento dos aços dúcteis aumenta o limite de
fadiga

o A forma e geometria das peças  são fatores críticos, porque a


resistência à fadiga é grandemente afetada por descontinuidades
nas peças, como cantos vivos, encontros de paredes, mudança
brusca de secções

o Acabamento superficial - uma superfície rugosa, contém


irregularidades que se comportam como se fossem pequenos
entalhes, aumentam a concentração de tensões, resultando em
tensões residuais  tendem a diminuir a resistência à fadiga

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 143


Fatores que influenciam o comportamento à fadiga
(cont.)
o Defeitos superficiais - queima superficial de carbono nos aços
(descarbonização), recozimentos superficial, presença de picadas 
diminuem a resistência à fadiga

o Revestimentos (cromagem, niquelagem) - introduzem grandes


mudanças nas tensões residuais, além de poderem conferir
porosidade ao metal  diminuem a resistência à fadiga

o Tratamentos superficiais (cementação, nitruração) – endurecedores


da superfície  podem aumentar a resistência à fadiga

o O meio ambiente também influencia consideravelmente o limite de


fadiga, pois a ação corrosiva de um meio químico acelera a
velocidade de propagação da formação de picadas

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 144


Exemplos de falha em serviço por fadiga

Falha por fadiga de uma


árvore de cames

Falha por fadiga de uma


mola helicoidal

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 145


Exemplos de falha em serviço por fadiga

Rotura por
fadiga da pá do
ventilador de
um gerador

Rotura por fadiga de uma roda dentada

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 146


Testes de fadiga específicos sobre um avião

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 147


Fadiga oligocíclica
o Fadiga para a qual a vida não ultrapassa os 104 ou 105 ciclos
o As tensões aplicadas são normalmente elevadas e as
frequências de aplicação baixas
o Exemplos – reservatórios de pressão, estruturas tipo off-shore,
solicitações do tipo térmico
o Este tipo de fadiga divide-se normalmente em:

 Amplitude de tensão constante


o Efeitos marítimos - efeito das ondas
- efeito das marés
 Amplitude de extensão constante
o Efeitos da variação de temperatura
o Aplicação direta de deformações
- reservatórios de pressão
Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 148
Fadiga clássica vs Fadiga oligocíclica

deformações elásticas deformações inelásticas

vidas de 107-108 ciclos vidas de 104-105 ciclos

leis que caracterizam o processo função da estimativa de vida função da


amplitude de tensão amplitude da deformação plástica

Fadiga CLÁSSICA Fadiga OLIGOCÍCLICA

Materiais Metálicos _ O.C. Paiva 149

Você também pode gostar