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Índice
1 – Introdução......................................................................................................................... 2
2 – Propriedades dos processos de soldadura ....................................................................... 2
3 – Classificação dos processos de soldadura. ....................................................................... 3
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 1 ‐ Introdução à tecnologia dos processos de soldadura
1 – Introdução
A soldadura é um processo de ligação permanente entre duas peças através de uma união
íntima e atómica entre as superfícies em contacto, obtendo‐se uma junta com propriedades
mecânicas análogas ou superiores às do metal base e mantendo‐se a continuidade de natureza
metálica ou não metálica (existe soldadura de plásticos) através da ligação.
Numa soldadura ideal existirá uma continuidade total entre os elementos a ligar de modo
que será impossível distinguir a junta dos elementos ligados. Este objectivo é quase impossível
de alcançar na prática, o que não quer dizer que não se consigam obter ligações de elevada
fiabilidade. De facto a enorme gama de processos de soldadura existentes, permite resolver a
maior parte dos problemas de soldadura dos mais diferentes metais e de muitos plásticos,
tipos de juntas e aplicações.
Para obter juntas soldadas isentas de defeitos e com propriedades mecânicas adequadas,
os processos de soldadura devem preencher alguns requisitos. Em primeiro lugar é necessário
fornecer energia, normalmente sob a forma de calor, às partes a unir. O calor pode ser gerado
por meio de uma chama, um arco elétrico, uma resistência elétrica ou meios mecânicos.
Duas superfícies só podem ser ligadas de um modo satisfatório se estiverem isentas de
óxidos ou outros contaminantes. No entanto, embora necessária, a limpeza das superfícies
antes da soldadura não é suficiente. Assim, o processo de soldadura deve ser capaz de
remover ou dispersar os filmes de óxidos ou outras substâncias. Este objetivo é conseguido
pela ação química de um fluxo ou pela ação decapante de um arco elétrico ou ainda por meios
mecânicos como a fricção. As substâncias contaminantes podem estar presentes sob a forma
de filmes orgânicos, gases absorvidos ou compostos químicos (óxidos) no metal base. O calor
desenvolvido na maioria dos processos de soldadura é em geral eficaz para remover os filmes
orgânicos ou gases de modo que são os óxidos que apresentam maior importância.
Uma vez eliminados os filmes de óxidos ou nitratos, deve evitar‐se a sua formação
durante a execução da soldadura. Assim, em qualquer processo de soldadura deve haver um
meio de proteger a zona da junta da influência da atmosfera durante a soldadura. Se, por
exemplo, o processo usa um fluxo para fazer a limpeza das superfícies da junta então ele
poderá desempenhar também a função de proteção. Noutros processos a proteção é
assegurada por gases inertes ou que não formem óxidos refratários (são óxidos que têm uma
temperatura de fusão muito alta e que, por isso, dificultam a soldadura pois não fundem) com
o metal base fundido. Existem casos em que a soldadura é feita no vácuo, portanto, não
existindo oxigénio não há possibilidade de oxidação. Nos processos em que a soldadura é feita
a velocidade elevada e aquecimento reduzido pode não haver tempo para se produzir
oxidação apreciável das peças de modo que se torna desnecessário qualquer tipo de proteção.
Em alguns casos o metal fundido é expelido fazendo‐se a ligação entre duas superfícies
completamente limpas.
Naturalmente é condição essencial que a junta produzida tenha propriedades
mecânicas apropriadas. Assim, nos processos que envolvem a fusão das partes a ligar é
necessário, por vezes, adicionar desoxidantes ou elementos de liga. Assim, um processo de
soldadura deve preencher quatro requisitos para produzir juntas de qualidade satisfatória:
A operação de soldadura mais simples seria aquela em que as duas partes a ligar tivessem
as superfícies preparadas com precisão atómica. Estas superfícies postas em contacto no
vácuo produziriam uma união ideal por partilha dos electrões dos átomos do material
constituinte das partes a ligar. De facto, a variação das forças de coesão interatómica em
função da distância nuclear é dada na figura 1, portanto, desde que se consigam aproximar
dois átomos a uma distância tal que a força de atração tenha uma intensidade suficiente para
manter os átomos em equilíbrio forma‐se a ligação (note‐se que na área abaixo da linha de
força nula, as forças são atrativas enquanto que acima da linha do zero, as forças são
repulsivas).
Alternativamente as superfícies a unir podem ser ligadas por metal líquido (Figura 3). Os
ajustamentos de contorno e estrutura são efectuados quando o material fundido solidifica. A
maioria dos processos de soldadura utiliza este princípio.
Soldadura
Feixe de
Frio Quente Resistência Oxiacetilénica Aluminotermia Laser Arco Eletroescória
Eletrões
Pressão Elétrodo
Indentação Projeção Soldadura
com chama Plasma MIG revestido
de pernos
contínuo
TIG
Figura 4 – Classificação dos Processos de Soldadura.
Tecnologia dos processos de ligação 1
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
Designação Portuguesa:
SER (soldadura por elétrodo revestido)
Índice
1‐ Características .................................................................................................................... 2
2‐ Fontes de corrente ............................................................................................................. 5
2.1‐ Características das fontes de corrente........................................................................ 5
2.2‐ Tipos de fontes de corrente ........................................................................................ 7
2.3‐ Correção do fator de potência .................................................................................... 7
2.4‐ Fator de marcha .......................................................................................................... 8
3‐ Elétrodos revestidos ........................................................................................................... 8
3.1‐ Fabrico dos elétrodos .................................................................................................. 8
3.2‐ Revestimento dos elétrodos ....................................................................................... 9
3.2.1‐ Funções do revestimento .................................................................................... 9
3.2.2‐ Constituintes do revestimento .......................................................................... 12
3.2.3‐ Recuperação de elementos do revestimento no metal depositado ................. 13
3.2.4‐ Tipos de revestimento ....................................................................................... 13
3.3‐ Elétrodos de alto rendimento ................................................................................... 14
3.4‐ Normas de classificação dos elétrodos ..................................................................... 15
3.5‐ Influência do revestimento na quantidade de gases contida no metal depositado . 16
3.6‐ Escolha de Elétrodos ................................................................................................. 17
3.6.1‐ Natureza e importância da operação ................................................................ 17
3.6.2‐ Fatores a ter em conta na escolha de um elétrodo ........................................... 17
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
1‐ Características
Arco elétrico
Sentido de Soldadura
Alma
Revestimento metálica
Cratera Atmosfera
Escória
Gotas de
metal
de adição
Banho
Peça de
fusão Cordão de soldadura
Figura 2 ‐ Esquema de soldadura manual com elétrodos revestidos.
Por vezes, ao invés de se fazer um cordão corrido, com o fim de fazer um cordão mais
largo, efectua‐se com o elétrodo um movimento de ziguezague (para obter uma largura
máxima de 4x o diâmetro do electrodo) designado por balanceamento (figuras 3 e 4).
90° Mov. do
elétrodo
90°
parar
ligeiramente nas sentido sentido da
extremidades da da
soldadura soldadura
90°
90°
sentido sentido da
da da
soldadura soldadura
Figura 4 ‐ Movimentos do elétrodo durante a soldadura em posição vertical ascendente.
O arco é uma descarga elétrica entre dois elétrodos e processa‐se através de um gás
ionizado designado por “plasma”. A relação entre a corrente e a tensão do arco não é linear,
isto é, não obedece à lei de Ohm conforme se mostra na figura 5.
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
Tensão do Arco
Arco Arco
instável estável l1
l2
l3
Intensidade
2‐ Fontes de corrente
O processo de soldadura por arco elétrico necessita de corrente suficiente para fundir
a peça e o metal de adição e de uma tensão adequada para manter o arco. Os elétrodos que se
encontram no mercado requerem em geral tensões da ordem de 16‐35 V (ter em atenção que
estes não são os valores da tensão em vazio) e correntes da ordem de 50 a 350 A. Os elétrodos
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
podem operar em corrente alterna ou em corrente contínua. Neste último caso a polaridade é
escolhida em função do revestimento do elétrodo. A corrente alternada é preferida sob o
ponto de vista de custo.
Uma fonte de corrente de soldadura deve ser projectada de tal modo que produza um
arco estável durante o funcionamento de modo a evitar elevações bruscas de corrente
aquando do curto‐circuito e por outro lado ser capaz de permitir uma recuperação adequada
da tensão a fim de evitar a extinção do arco. Simultaneamente a corrente deve ser
razoavelmente constante para todos os comprimentos de arco de modo a obter‐se uma
constância de penetração e de velocidade de transferência de metal. Em geral, em soldadura
manual com elétrodos revestidos usam‐se fontes de corrente do tipo “corrente constante”. Na
figura 6 estão representadas duas curvas características deste tipo de fontes de corrente,
curva 1 e curva 2.
Tensão do Arco
Curva 1
Curva 2
Comprimento elevado
Comprimento normal
Comprimento pequeno
Grande Variação
Figura 6 ‐ Curvas características das fontes de corrente e sua relação com o comprimento de arco.
A tensão em vazio das fontes de corrente (isto é, a tensão quando a fonte não está em
carga – não está a soldar) varia entre 50 e 90 Volt. Normalmente a tensão em vazio é de 80 V
mas há determinados tipos de elétrodos que exigem maior ou menor valor. Deste modo, há
que tomar atenção na aquisição das fontes de corrente pois estas não são (habitualmente)
dotadas de dispositivos de regulação da tensão em vazio, ou seja, a tensão em vazio não é um
parâmetro que se possa regular.
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
Por norma existem dois tipos de fontes de corrente: as de corrente alternada ‐ CA (ou
transformadores) e as de corrente contínua ‐ CC (ou retificadores). Seguidamente são
apresentadas as suas principais características:
Uma fonte de corrente utilizada em soldadura não está a ser usada continuamente. A
operação de soldadura é interrompida para substituir o elétrodo, remover a escória, etc.
Fatores de marcha da ordem dos 40% à intensidade de corrente máxima são vulgares
em muitas fontes de corrente utilizadas em soldadura manual com elétrodos revestidos. Se a
soldadura é executada com uma intensidade de corrente inferior, o fator de marcha poderá
ser mais elevado. O fator de marcha (para várias intensidades) é um parâmetro importante a
ter em conta na escolha de uma fonte de corrente. Se for conhecido o fator de marcha para
uma dada intensidade, pode calcular‐se o seu valor para uma intensidade de corrente
diferente a partir da seguinte relação:
Na tabela 3 são fornecidos valores típicos de fatores de marcha para vários processos
de soldadura:
3‐ Elétrodos revestidos
imersão dos mesmos, isto é, dos arames, num banho constituído pelo revestimento. Em
seguida os elétrodos são secos e empacotados.
O enxofre e o fósforo contido na alma do elétrodo devem ser inferior a 0.045% pois
estes dois elementos são transmitidos directamente para o metal depositado contribuindo
para o aparecimento de fissuração nos cordões de soldadura.
- Formar uma atmosfera gasosa que protege o arco e o banho de fusão do oxigénio e
azoto de ar os quais têm um efeito prejudicial na ductilidade do metal depositado.
- Formar uma camada de escória a qual tem uma dupla função de protecção do banho
de fusão e ao mesmo tempo produzir uma purificação do metal depositado, e
contribuir para melhorar as características operatórias do elétrodo.
- Funcionar como meio de transferência das ferro – ligas, desoxidantes e pós de ferro.
São vários os fatores que afetam a qualidade final da soldadura. Os principais são:
a) Metal depositado com propriedades mecânicas e metalúrgicas satisfatórias
- Adicionar ferro – ligas (Fe‐Mn, Fe‐Si, Fe‐V, Fe‐Cr, Fe‐Mo, Fe‐Ti, Fe‐C) as quais permitem
a obtenção de metal depositado com composições químicas especiais (aços de baixa
liga), muito embora a alma do elétrodo possa ser em aço macio.
Por outro lado no contacto escória – metal depositado (no estado de fusão) produzem‐se
reacções complexas que desoxidam e purificam o metal depositado.
c) Aspeto do cordão
e) Revestimento resistente
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 2 ‐ Soldadura por elétrodos revestidos
A inclusão de pós de ferro no revestimento dos elétrodos permite obter uma massa de
metal depositado superior ao peso da alma do elétrodo, aumentando deste modo o
rendimento do processo.
b) Posição de soldadura
Taxa de Deposição
Protecção Gasosa
Agente oxidante
Estabilizador do
Agente redutor
Resistência do
Elementos de
Formação de
Aglomerante
Revestimento
escória
Adição
arco
Constituinte
Cola ou Resina ‐ ‐ B A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Celulose ‐ ‐ B ‐ B ‐ A ‐ ‐
Fluoreto de Cálcio ‐ A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Silicato de Alumínio B A ‐ ‐ B ‐ ‐ ‐ ‐
Silicato de Magnésio B A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Rutilo (Ti O2) A A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Óxidos de Ferro B A ‐ ‐ ‐ A ‐ ‐ ‐
Carbonato de Cálcio A B ‐ ‐ ‐ B A ‐ ‐
Asbestos de Silicato de
B A ‐ ‐ A ‐ ‐ ‐ ‐
Ferro
Ferromanganês ‐ A A ‐ ‐ ‐ ‐ B ‐
Silicatos de Potássio A A ‐ A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Silicatos de Sódio B A ‐ A ‐ ‐ ‐ ‐ ‐
Pós de liga ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ A ‐
Pós de ferro ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ A
Carbono Grafite 75
Manganês Ferromanganês 75
Fósforo Ferrofósforo 100
Sílica Ferrosílica 45
Crómio Ferrocrómio 95
Níquel Níquel electrolítico 100
Cobre Cobre 100
Nióbio Ferronióbio 70
Titanio Ferrotitânio 5
Molibdénio Ferromolibdénio 97
Vanádio Ferrovanádio 80
Berílio Cobre – berílio 0
Enxofre Sulfureto de ferro 15
Azoto Nitrato de manganês 50
Ferro Pós de ferro até 100
com rendimentos até 200%. As principais vantagens resultantes da adição de pós de ferro ao
revestimento são as seguintes:
A classificação de elétrodos para aços ao carbono e baixa liga mais usada em Portugal é a
do código ASME. É feita através do uso do prefixo “E” e 4 a 5 algarismos cujo significado se
indica a seguir:
Pode ser também encontrado o sufixo (Exxxx – M) que indica que o elétrodo cumpre
requisitos para uso militar.
A tabela 6 indica alguns exemplos de classificação de elétrodos segundo a AWS:
Os elétrodos básicos depositam metal com conteúdo baixo em H2, O2 e N2; o metal
depositado com elétrodos celulósicos tem um elevado teor de H2, mas tem concentrações de
O2 e N2 baixas possuindo boas propriedades mecânicas.
- o tipo de revestimento deve ser adequado. De um modo geral pode dizer‐se que a
escolha do elétrodo é função das qualidades exigidas às soldaduras e do equipamento
disponível e assim podem enunciar‐se uma série de fatores a ter em conta para ser
feita uma escolha criteriosa.
Uma construção soldada deve resistir aos esforços para os quais foi concebida, logo aos
elétrodos vai ser exigida:
Os elétrodos são em geral adaptados à concepção geral da peça a qual pode ter
elementos mais ou menos ligados ou espessuras variáveis ou juntas cuja preparação é
imperfeita (afastamentos irregulares).
A possibilidade de acesso a ambos os lados da junta pode condicionar a escolha do
elétrodo. A ordem dos passes pode influenciar também a escolha do elétrodo a utilizar no caso
de soldaduras de grandes espessuras, assim como a posição de soldadura.
Índice
1‐ Princípio do processo ......................................................................................................... 2
1.1‐ Elétrodo positivo (polaridade inversa) ........................................................................ 2
1.2‐ Elétrodo negativo (polaridade direta) ......................................................................... 3
1.3‐ Corrente alternada ...................................................................................................... 3
3‐ Parâmetros do processo ..................................................................................................... 3
3.1‐ Intensidade de corrente .............................................................................................. 3
3.2‐ Tensão do arco ............................................................................................................ 5
3.3‐ Velocidade de soldadura ............................................................................................. 6
3.4‐ Extensão do elétrodo (“Stick‐out”) ............................................................................. 6
3.5‐ Diâmetro do elétrodo.................................................................................................. 7
3.6‐ Tipo de gás de proteção .............................................................................................. 7
3.7‐ Inclinação do elétrodo ................................................................................................ 8
3.8‐ Indutância do aparelho ............................................................................................... 9
3.9‐ Sistemas de regulação do arco .................................................................................... 9
3.9.1‐ Sistema autorregulador ....................................................................................... 9
3.9.2‐ Controlo da tensão do arco ............................................................................... 10
4‐ Transferência de metal no arco ........................................................................................ 11
4.1‐ Transferência em curto‐circuito ................................................................................ 12
4.2‐ Transferência globular .............................................................................................. 12
4.3‐ Transferência spray ou em chuveiro ......................................................................... 13
5‐ MIG pulsado. Transferência spray controlada ................................................................. 15
6‐ Soldadura por pontos ....................................................................................................... 16
7‐ Preparação das juntas ...................................................................................................... 16
8‐ Soldadura com fio fluxado ................................................................................................ 17
8.1‐ Soldadura com fio fluxado com proteção por CO2.................................................... 18
8.2‐ Soldadura com fio fluxado sem gás de proteção ...................................................... 18
Tecnologia dos processos de ligação. 2
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
1‐ Princípio do processo
Este processo utiliza um elétrodo consumível onde o arco é estabelecido entre este elétrodo e
a peça no seio de uma corrente gasosa. O calor desenvolvido no arco é suficiente para fundir o
fio elétrodo sendo as partículas transferidas através do arco por efeito de forças magneto –
dinâmicas e da corrente de gás ao mesmo tempo que a peça funde. A transferência do metal
através da coluna do arco protegida pelo gás conduz a uma maior eficiência deste processo
relativamente à energia térmica posta em jogo no processo TIG, ao mesmo tempo que a
recuperação dos elementos de adição contidos no fio (elétrodo) é elevada.
Entrada do fio
Caboelétrico
Cabo eléctrico
Entrada de gás
Fio elétrodo
Atmosfera gasosa protetora
Metal
fundido Arco elétrico
Arco eléctrico
Peça
Banho de fusão
Figura 1‐ Esquema processo MIG/MAG: equipamento (em cima); tocha (em baixo).
conjuntamente com outras forças existentes no arco exerce sobre o fio – elétrodo um efeito
de arrancamento do metal em fusão na ponta do elétrodo que está a ser fornecido
continuamente, e projetado através do arco.
3‐ Parâmetros do processo
O processo MIG/MAG é condicionado pelos seguintes parâmetros:
intensidade de corrente;
tensão do arco;
velocidade de soldadura;
stick‐out;
diâmetro e composição química do elétrodo;
gás de proteção;
ângulo do elétrodo (inclinação);
indutância do aparelho de soldar.
Como o processo MIG/MAG utiliza o mesmo fio para uma gama de intensidades bastante
grande pode observar‐se que entre a velocidade de fusão do fio e a intensidade de corrente
existem relações do tipo da ilustrada na figura 2.
Tecnologia dos processos de ligação. 4
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
Tensão do arco
constante
Velocidade de Fusão
Teórica
Real
Intensidade
Figura 2‐ Relações entre a velocidade de fusão e a intensidade de corrente.
Quando o fio – elétrodo passa no tubo de contacto, entra corrente elétrica e a sua
temperatura aumenta por “efeito de Joule”. Naturalmente, este aumento é gradual ao longo
da extensão do elétrodo. Os últimos milímetros do fio são aquecidos pelo arco eléctrico até à
temperatura de fusão.
Qualquer variação do comprimento do arco irá fazer variar vJ e ao mesmo tempo va.
M
v
Velocidade de Fusão (mm/s)
M
vaa VJ = v – va – velocidade de fusão para
uma extensão L.
Extensão nula
Intensidade e tensão constantes.
0 Extensão do fio
Comprimento do
arco
Figura 4‐ Relação velocidade de fusão/extensão (stick‐out).
Assim, afastando a pistola da peça podem conseguir‐se aumentos das taxas de fusão até
30%. Este facto tem sido aproveitado, com as modificações convenientes dos aparelhos de
soldadura convencionais, no enchimento de peças tirando partido das elevadas velocidades de
deposição assim conseguidas. No entanto, é necessário atender a que se o stick‐out for muito
elevado, o arco tornar‐se‐á instável e a proteção gasosa deixará de ser suficiente para chegar
ao arco dando origem a porosidades.
Intensidade
Velocidade de Fusão (mm/s)
constante
Tensão do arco
Figura 5‐ Relação velocidade de fusão/tensão do arco.
Tecnologia dos processos de ligação. 6
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
Existe uma relação entre a tensão do arco e a intensidade de corrente, ou seja, para um
dado valor de tensão existe uma gama de tensões a usar e vice‐versa. Caso não se respeite
essa gama o arco deixa de ser estável.
Stick-out
Peça
Quando se utilizam gases inertes é por vezes necessário também usar materiais de adição
contendo desoxidantes como é o caso da soldadura do Níquel e Cobre e suas ligas. A adição
dos desoxidantes é justificada pelo facto de na prática (às altas temperaturas de fusão do
metal) a proteção gasosa não ser eficaz dando origem a uma oxidação do metal depositado. A
tabela 2 indica a composição química típica de um fio para soldadura MIG/MAG em aço macio
ou de baixa liga sob proteção por 25% Ar + 75% CO2.
Tabela 2‐ Composição típica de um fio para soldadura de aço macio e baixa liga com Ar+CO2.
%C %Si %Mn %P %S
0,06‐0,19 0,4 –1,15 0,9 –2,1 ≤ 0,025 ≤ 0,035
L extensão
(Stick‐out)
Tensão do Arco
l1
l2
l3
Intensidade
Arco longo
Tensão (V)
Arco médio
Arco curto
Saída da fonte
de corrente
Intensidade (A)
Variação de corrente
Figura 9‐ Relações entre corrente e tensão do arco para 3 comprimentos de arco l1>l2>l3(em cima);
esquema da variação da corrente em fonte com característica plana (em baixo).
Motor
Amplificador
Variação
da
tensão
Comparador
de
Va Vf tensão
Peça
Em curto‐circuito;
Globular;
Em spray ou chuveiro;
Por explosão;
Rotacional.
Entre estes, são considerados principais (Figura 11), a transferência por curto‐circuito,
globular e por spray, cujas características serão detalhadas mais adiante.
A ocorrência destes modos de transferência é influenciada pelos seguintes parâmetros do
processo:
Intensidade e polaridade da corrente de soldadura;
Diâmetro do elétrodo;
Composição química do elétrodo;
Extensão do elétrodo;
Gás de proteção.
Tecnologia dos processos de ligação. 12
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
corrente
tensão
tempo
A B C D
No início da fusão, forma‐se o banho de fusão e a ponta do elétrodo penetra nesse banho,
causando um curto‐circuito. Este facto origina um aumento da corrente e da temperatura do
fio (A, B). O metal em fusão da ponta do elétrodo sofre um estrangulamento e destaca‐se
deste (C), dando inicio ao arco eléctrico. Este arco mantém o circuito eléctrico e origina calor
suficiente para manter a fluidez do banho de fusão. O elétrodo começa a fundir novamente,
penetrando outra vez no banho de fusão originando um novo curto circuito (D) e um novo
ciclo.
A fonte de corrente mais usada é a de característica plana, usando uma indutância para
controlar a elevação da corrente durante o curto‐circuito. Esta elevação de corrente deve ser
suficiente para aquecer o elétrodo e provocar a transferência de metal, mas suficientemente
baixa para originar poucos salpicos.
Elétrodo
Arco
Gotas elétrico
Peça
O plasma de gás existente no arco move‐se a uma velocidade elevada (cerca de 500 km/h),
mas acima de 400 A este jacto torna‐se extremamente forte e a turbulência induzida na
corrente do gás de proteção pode ser suficiente para introduzir ar na corrente de gás, dando
origem a defeitos nas soldaduras como inclusões de óxidos e aspecto irregular da soldadura,
principalmente nas soldaduras de alumínio.
Para que esta forma de transferência ocorra é necessário usar polaridade inversa e
intensidades superiores à corrente de transição.
As principais forças que actuam sobre uma gotícula de metal fundido condicionando o seu
modo de transferência são (figura 15):
Figura 15‐ Balanço de forças: Fa – força de arrasto; Fg – força da gravidade; Fem – força
eletromagnética; F – força da tensão superficial; Fv – força de vaporização.
Tecnologia dos processos de ligação. 15
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
Destas forças a tensão superficial e a força de vaporização são as únicas que oferecem
resistência ao arrancamento da gotícula de metal fundido, contrariando as outras e portanto
condicionando o seu modo de transferência. Assim, o destacamento da gota só ocorre quando
Fem + Fg + Fa > F + Fv.
Como referido, a corrente de transição necessária para produzir transferência por Spray é
no caso dos materiais ferrosos relativamente elevada (à volta de 50% mais elevada que no
caso do sistema Alumínio – Árgon), de modo que a energia térmica posta em jogo é elevada,
dando origem a aquecimento elevado da peça e não permitindo portanto a soldadura em
posição quando são utilizados fios sólidos (nota: fio fluxado vem alterar esta preposição)
As forças necessárias para destacar e transferir as gotas de metal fundido do fio para a
peça são proporcionais ao quadrado da intensidade da corrente. Com densidades de corrente
baixas formam‐se normalmente gotas de grandes dimensões sendo a transferência feita
normalmente por acção da gravidade; pelo contrário densidades de correntes elevadas dão
origem à transferência tipo spray devido às elevadas forças criadas. Em soldadura com arco
pulsado é debitada uma densidade de corrente elevada em períodos determinados a fim de
destacar e transferir a gota de metal fundido a qual tem vindo a formar‐se durante um período
em que a intensidade de corrente é baixa.
Com esta técnica usam‐se duas fontes de corrente: uma debita uma corrente de base,
suficiente para escorvar o arco e manter ionizado o espaço entre o elétrodo e a peça; a outra
debita a intensidade de corrente elevada que irá provocar a transferência da gota. A
intensidade média assim obtida determinará a velocidade de fusão do elétrodo.
Quanto mais baixa for a intensidade de corrente usada mais baixa será a frequência
dos impulsos. Para pequenas frequências a velocidade de soldadura possível é limitada (devido
a problemas de molhagem do banho de fusão). Têm‐se verificado experimentalmente que
frequências de 50 ou 100 impulsos/s permitem a utilização de diâmetros de fio de 0.8, 1.2 e
Tecnologia dos processos de ligação. 16
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
1.6 mm: para uma dada densidade de corrente quanto menor for o diâmetro do fio maior terá
que ser a frequência.
Esta técnica de soldadura veio alargar o campo de aplicação do processo MIG tanto na
soldadura de metais ferrosos como não ferrosos. As principais vantagens do MIG pulsado são:
Não é habitual usar o arco pulsado na soldadura de aços macios, embora seja possível. De
facto, o MIG pulsado surge como uma resposta à necessidade de soldar aços inoxidáveis sem
salpicos (que danificam o aço). O aço inoxidável requer o uso de um gás inerte, daí o MIG.
Existe ainda outro problema, associado a todos os processos de grande penetração, que é
a ocorrência de fissuração a quente quando o desenho da junta não é adequado. Se
designarmos por “factor de forma” F a razão P/W (Figura 16), quando F é superior a 1
verificou‐se que a formação das dendrites tem um crescimento numa direcção tal que
favorece a ocorrência de fissuração a quente.
W
Figura 17‐ Classificação de diferentes arames de soldadura tubulares com diferentes secções
transversais segundo o IIW (International Institute of Welding).
Banho de fusão
Podem ao mesmo tempo juntar‐se elementos de adição que permitem obter metal
depositado com uma dada composição. Na prática pode usar‐se o fio fluxado sem gás de
proteção, sendo neste caso a quantidade de gases e escória produzidos suficientes para
proteger o metal fundido da contaminação pela atmosfera, ou o caso mais corrente em que o
fio fluxado é usado conjuntamente com um gás de proteção que pode ser o CO2 ou Ar + CO2.
Nesta variante a escória formada serve de isolamento térmico evitando arrefecimentos
bruscos.
Tecnologia dos processos de ligação. 18
Capítulo 3 – Soldadura MIG/MAG
O fluxo pode ser do tipo básico, ácido, rutilo ou outros, à semelhança do processo por
elétrodo revestido, no entanto, a variedade é muito menor pois é muito mais caro produzir um
fio fluxado que um elétrodo revestido.
Os fios mais fáceis de produzir são os de forma tubular. No entanto para diâmetros
elevados (3.2 mm) prefere‐se adoptar as formas mais complexas visto que as características do
arco são superiores uma vez que a maior parte do fluxo está em contacto direto com o metal
sendo bem pré‐aquecido.
Existem dois tipos de fios fluxados, com e sem proteção por gás exterior, a seguir
descritos.
Algumas das vantagens que lhe são apontadas, aparte considerações de ordem económica
– o fio fluxado é caro – são:
- Deposição de material com boas características de resiliência;
- Evita o defeito de falta de fusão que aparece associado ao fio sólido em virtude da
transferência por curto‐circuito (pois o fio fluxado trabalha em spray);
- Possibilidade de usar fio fluxado básico que, de forma análoga ao elétrodo básico,
garante a melhor resistência da soldadura;
- A energia térmica posta em jogo é elevada, eliminando a necessidade de pré‐
aquecimento;
- Cordões isentos de defeitos: a ação combinada do fluxo e do gás de proteção
contribuem para diminuir a ocorrência de defeitos;
- Bom aspeto superficial: a ação da escória e gás de proteção produzem cordões com
bom acabamento;
- Economia de material de adição: o processo tem elevada penetração o que permite o
uso de desenho de juntas com ângulos de abertura menores.
quantidade de fumos libertada é de tal modo alta que estes fios não são adequados ao uso em
ambiente fechado como por exemplo no interior de uma fábrica.
Os diâmetros mais utilizados deviam ser, em princípio, maiores que os do fio fluxado
normal mas, na realidade, existem com os mesmos diâmetros.
As principais vantagens apontadas são:
- Velocidade de deposição elevada;
- Custos de soldadura baixos;
- Soldadura de qualidade elevada associada com facilidade de execução e simplicidade
do equipamento ‐ permite a utilização de um aparelho de soldar que é mais simples
pois não existe o sistema de condução do gás de proteção. Na prática pode ser
utilizado o mesmo aparelho com o gás fechado ou mesmo sem garrafa de gás.
Designações segundo o código ASME (American Society of Mechanical Engineers) e AWS (American
Welding Society):
GTAW (Gas Tungstenl Arc Welding) – processo TIG
PAW (Plasma Arc Welding) – processo Plasma
Índice
1 ‐ Definição ............................................................................................................................................3
2 ‐ Polaridade ..........................................................................................................................................4
2.1 ‐ Corrente contínua (CC) ............................................................................................................... 4
2.1.1 ‐ Elétrodo negativo................................................................................................................ 4
2.1.2 ‐ Elétrodo positivo ................................................................................................................. 4
2.2 ‐ Corrente alternada ..................................................................................................................... 5
3 ‐ Características do arco ...................................................................................................................... 6
4 ‐ Elétrodos usados com o processo TIG ............................................................................................... 8
5 ‐ Preparação do elétrodo para a soldadura ......................................................................................... 8
6 ‐ Escolha do gás de proteção ............................................................................................................... 9
7 ‐ Efeito da estricção térmica .............................................................................................................. 11
8 ‐ Fontes de corrente .......................................................................................................................... 12
8.1 ‐ Equipamento de corrente contínua ......................................................................................... 12
8.2 ‐ Equipamento de corrente alternada ........................................................................................ 12
8.3 ‐ Curvas características ............................................................................................................... 12
9 ‐ Pistolas de soldadura ....................................................................................................................... 13
10 ‐ Equipamento auxiliar em soldadura TIG ....................................................................................... 15
10.1 ‐ Unidades de alta‐frequência .................................................................................................. 15
10.2 ‐ Dispositivo impulsor de tensão. Reignição do arco ................................................................ 16
10.3 ‐ Unidades de supressão ........................................................................................................... 18
10.4 ‐ Dispositivo anti‐cratera .......................................................................................................... 18
10.5 – Outros dispositivos ................................................................................................................ 19
10.5.1 ‐ Árgon............................................................................................................................... 19
10.5.2 ‐ Água de arrefecimento ................................................................................................... 19
10.5.3 ‐ Lentes do gás de proteção .............................................................................................. 19
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
1 ‐ Definição
Bocal
Elétrodo não
consumível
Figura 1‐ O processo TIG: arco elétrico entre elétrodo e peça com metal (vareta) de adição (em cima à
esquerda); soldador a unir um tubo (em cima à direita); esquema do processo (em baixo).
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
2 ‐ Polaridade
Quando se utiliza CC é necessário especificar a polaridade isto é, o elétrodo (de tungsténio) está
ligado ao pólo positivo ou ao pólo negativo.
Quando se utiliza esta ligação forma‐se no elétrodo ou cátodo um ponto chamado "ponto
catódico" onde se processa a emissão de electrões (o ponto catódico pode mover‐se sobre a superfície
do elétrodo devido a variações de temperatura localizadas). Em geral o elétrodo é aguçado para
concentrar o ponto catódico na sua ponta e assim dar origem a um arco mais estável. A emissão de
electrões faz‐se neste caso do elétrodo para a peça desenvolvendo‐se mais calor na peça do que no
elétrodo. Assim obtém‐se uma penetração muito boa.
Neste caso o ponto catódico forma‐se na peça e o fluxo de electrões processa‐se da peça para
o elétrodo. O bombardeamento electrónico faz com que o calor desenvolvido no elétrodo seja superior
ao desenvolvido na peça. Assim, para um mesmo diâmetro e intensidade de corrente do elétrodo, a
temperatura desenvolvida na sua ponta é muito mais elevada quando está ligado ao polo positivo do
que quando está ligado ao pólo negativo, o que faz com que no primeiro caso se forme uma gota de
metal fundido na sua ponta; o elétrodo apresenta então uma forma arredondada. Um elétrodo de um
dado diâmetro pode suportar até cinco vezes mais intensidade de corrente quando ligado ao polo
negativo. A penetração obtida quando se usa a polaridade positiva é baixa e a largura do banho de fusão
é elevada.
proteção ser o hélio, o que confere maior peso ao argumento, de que a causa do fenómeno seja a
corrente de iões e não a de electrões.
Já foi referido que a "corrente do arco" (que é composta por uma corrente iónica do ânodo para
o cátodo e um fluxo de electrões entre o cátodo e o ânodo) se concentra num ponto de pequenas
dimensões ou "ponto catódico". Verificou‐se que o "ponto catódico" se movimenta sobre a superfície do
cátodo a alta velocidade dentro de uma área aproximadamente circular. A velocidade de deslocação do
ponto catódico é tal que a aparência do arco é a um tronco de cone entre o elétrodo e a peça. O filme
de óxidos é disperso numa banda de largura aproximadamente igual à área coberta pelo "ponto
catódico".
Já fizermos referência à propriedade que a ligação do elétrodo ao polo positivo tem de quebrar o
filme de óxidos existentes na superfície do alumínio. No entanto esta propriedade é limitada pelo facto
de ser difícil arrefecer o elétrodo e pela pequena penetração obtida. A solução para este problema foi
encontrada usando corrente alternada com a qual o filme de óxidos é removido durante a metade
positiva do ciclo e o arrefecimento do elétrodo e penetração obtidos durante a metade negativa do
ciclo.
Na figura a seguir, é indicada a distribuição de calor no elétrodo e peça nos casos de corrente
contínua e corrente alternada e as respectivas características geométricas do cordão obtido.
fluxo de
eletrões
Assim, pode dizer‐se que de um modo geral é utilizada corrente alternada na soldadura do
alumínio e magnésio e respectivas ligas. A corrente contínua com elétrodo negativo é usada para a
maioria dos restantes metais. Não é habitual o uso de elétrodo positivo pois isso conduz a um rápido
sobreaquecimento e destruição do mesmo.
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
3 ‐ Características do arco
Entre a tensão do arco e a intensidade de corrente existe uma relação do tipo ilustrado na
Figura 3 (semelhante aos processos SER e MIG/MAG), para um dado comprimento do arco L.
PEÇA A SOLDAR
Figura 4‐ Montagem para obtenção das curvas caraterísticas do arco. S01, S02 e ADM representam um
voltímetro, um amperímetro e uma placa de aquisição de dados, respetivamente.
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Durante cada ensaio mede‐se a tensão e a intensidade de trabalho e com isso obtém‐se um
ponto da curva caraterística do arco (Figura 5).
Figura 5‐ Construção de uma curva caraterística do arco (pontos) através da variação da intensidade de
corrente na fonte.
A curva caraterística da fonte pode ser obtida de modo similar. Para isso, basta fazer ensaios em que
se mantem a regulação da fonte mas ligam‐se os bornes de saída a cargas de diferentes resistências
(figura 6). Devido às flutuações comuns nas condições do arco, este não é normalmente utilizado na
determinação de curvas caraterísticas de fontes.
Resistência
De forma idêntica ao caso anterior, também agora, durante cada ensaio mede‐se a tensão e a
intensidade e com isso obtém‐se um ponto da curva caraterística da fonte (Figura 7).
Figura 7‐ Construção da curva caraterística da fonte (pontos) através da variação da resistência ligada à
saída da fonte.
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Inicialmente começou por se usar elétrodos de tungsténio puro, no entanto verificou‐se que a
adição de 1% a 2% de Tório (óxidos de tório) ou Zircónio (óxidos de zircónio), trazia vantagens evidentes
para o processo. A adição destes óxidos ao tungsténio puro aumenta a emissão de electrões
melhorando deste modo o escorvamento do arco e sua reignição e portanto a estabilidade do arco,
particularmente com intensidades de corrente baixa. Ao mesmo tempo, esses elementos aumentam a
duração dos elétrodos, podem ser utilizados com maiores intensidades de corrente e diminuem a
possibilidade de introduzir inclusões de tungsténio no metal depositado.
Os elétrodos de tungsténio com 1‐2% de Tório são recomendados para soldadura em corrente
contínua; o seu uso não é recomendado na soldadura do alumínio e ligas leves.
Os elétrodos de tungsténio com zircónio foram desenvolvidos para usar com corrente alternada e,
portanto são particularmente recomendados para a soldadura de alumínio e magnésio e respectivas
ligas.
Há outros tipos de elementos químicos que também são usados para a obtenção de elétrodos para
TIG, tais como o Cério, o Tântalo, o Molibdénio e o Lantânio. Os elétrodos de carvão também já foram
usados pois o escorvamento era muito fácil mas a sua fácil desintegração retirou‐os do mercado.
Quando se utiliza este processo em corrente contínua a ponta do elétrodo deve ser
afiada usando uma mó reservada para este efeito a fim de evitar a contaminação do elétrodo. A
penetração e a largura do cordão são influenciados pelo ângulo da ponta do elétrodo (Figura 8).
área
Pela observação das figuras atrás, no caso de escoamento livre e quando se encontra um
obstáculo, verifica‐se que a área protegida depende do diâmetro do bocal e da distância do bocal à
peça.
a) ÁRGON:
O Árgon, é um gás inerte, sem cheiro, não tóxico, monoatómico e tem as seguintes características:
Por vezes adiciona‐se uma pequena percentagem de hidrogénio (1‐2%) o que eleva levemente a
tensão do arco. Consideram, alguns autores que a adição de hidrogénio contribui para um aumento da
penetração e velocidade de soldadura dos aços inoxidáveis. Em geral, usa‐se Árgon com uma pureza de
99.95%.
b) HÉLIO:
O Hélio é menos denso do que o Árgon, e por isso apresenta como desvantagem em relação ao
Árgon o facto de necessitar de 2 a 2,5 vezes maior caudal para dar a mesma proteção. Como
características principais podem apontar‐se:
‐ Tensão do arco elevada a penetração elevada (elevado potencial de ionização o que torna
especialmente atractivo na soldadura de fortes espessuras e materiais de elevada condutibilidade
térmica (soldadura de cobre);
‐ É mais caro que o Árgon (na Europa);
‐ Decapagem catódica em menor grau, quando se solda o alumínio;
Tecnologia dos processos de ligação 11
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
c) AZOTO:
O Azoto que é inerte a temperaturas normais é um gás diatómico que se dissocia a alta
temperatura, combinando‐se com o oxigénio do ar circundante e com vapores metálicos do arco. Pode
ser usado com bons resultados na soldadura do cobre, mas não é recomendado para os restantes
metais. O uso de gases diatómicos aumenta a transferência de calor para a chapa ou componente a
soldar devido em parte à dissociação e recombinação ao nível da peça com libertação de calor. Esta
quantidade e calor extra, com a penetração adicional que lhe está associada, é vantajosa quando se
soldar materiais de elevada condutibilidade térmica, como é o caso do cobre.
O caudal de gás necessário para conferir uma proteção adequada, depende de diversos
factores, tais como: o metal base, o diâmetro do bocal, tipo de junta, e local onde é efectuada a
soldadura (fábrica ou estaleiros). Em geral, existe uma relação entre o caudal de gás e a intensidade de
corrente. No caso do Árgon e para diâmetros de bocal de 10 e 16 mm são recomendados caudais da
ordem de 5 a 10 l /min. (para soldar o alumínio). Com metais ferrosos pode usar‐se um caudal menor.
NOTA: A distância bocal‐peça é bastante importante, pois mesmo sob condições de escoamento
laminar pode dar‐se difusão de Azoto do ar para a corrente de Árgon de proteção se forem usados
comprimentos do arco excessivo.
Se, o gradiente da temperatura do centro da coluna do arco para o exterior aumentar, o arco
será restringido com diminuição do diâmetro da coluna do arco. Este efeito é conhecido como "estricção
térmica". Este efeito pode ser conseguido aumentando o caudal do gás de proteção (Figura 11) ou
reduzindo o diâmetro do orifício através da qual o gás se escoa (arco restringido mecanicamente) –
Figura 10. O efeito imediato da estricção térmica é que, para um dado comprimento do arco e corrente,
a tensão do arco aumenta, bem como a penetração.
.
Com um bocal de desenho especial e arrefecido a água podem conseguir‐se estricções do arco
elevadas. Este efeito é utilizado no processo de soldadura por PLASMA.
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
8 ‐ Fontes de corrente
em geral, de válvulas que regulam o caudal de gás com temporizadores que asseguram o arrefecimento
do elétrodo de tungsténio depois de extinguido o arco.
9 ‐ Pistolas de soldadura
Figura 12: Pistolas para TIG‐ com refrigeração por água (em cima); sem refrigeração (ao centro) e
semi‐automática (em baixo).
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
As pistolas de soldadura usadas com intensidades de corrente até 200A, são arrefecidas a ar (ar
ambiente), mas para intensidades de corrente elevadas ou equipamentos com factores de marcha
elevados torna‐se necessário o arrefecimento por água, como é o caso de equipamento automático.
As dimensões das pistolas são tais, que permitam ao soldador movimentar facilmente a pistola
e ter visão completa do arco.
Os bocais das pistolas são em geral de cerâmica para aplicações até 250A, sendo a resistência ao
calor e o isolamento elétrico as duas propriedades principais do material. Para intensidades maiores, é
recomendado o uso de bocais metálicos arrefecidos a água (caso de instalações automáticas).
Para escorvar um arco, torna‐se necessário ionizar o espaço entre o elétrodo e a peça.
Se não quisermos tocar com o elétrodo na peça – e nós não queremos pois, ao contrário do que
acontece na SER, aqui o elétrodo não é para destruir, isto significa que se tem que aplicar um
potencial ou tensão mais elevada que o potencial de ionização do gás existente entre o
elétrodo e a peça. Em geral, esta tensão é de tal modo elevada que levanta problemas de
segurança do operador e de construção de fontes de correntes apropriadas. Ao mesmo tempo
que se aplica essa tensão, é necessário que a temperatura do cátodo suba de modo a facilitar a
emissão de electrões (efeito termoiónico), necessária para estabelecer o arco. Estas duas
condições podem ser realizadas pelo uso duma faísca ou descarga de alta‐frequência entre o
eléctodo e a peça, a qual tem uma tensão elevada. Esta descarga de alta‐frequência irá por um
lado ionizar a camada de gás e ao mesmo tempo aumentar a temperatura do cátodo de modo a
iniciar‐se a emissão de electrões.
frequências produzidas, causa interferências nas emissões de rádio e televisão. Deste modo, as unidades
são dotadas de filtros para evitar o "Feed back" de alta‐frequência na rede. Não é simples eliminar as
radiações electromagnéticas provenientes dos cabos de soldadura (edifícios metálicos tendem a reduzir
o seu efeito). Uma vez escorvado o arco em corrente contínua, a unidade de alta‐frequência é desligada
por um relé que actua quando a tensão em vazio baixa para a tensão do arco.
A fim de evitar interferências com rádio e televisão, desenvolveu‐se um gerador de faíscas que
funciona de modo idêntico ao de um distribuidor ‐ vela dum automóvel. Aquele gerador é incorporado
em fontes de corrente contínua para escorvar o arco. As faíscas produzidas tem frequências e tensões
mais baixas do que no caso das unidades de alta‐frequência.
Quando se usam fontes de corrente contínua, pode escorvar‐se o arco tocando ou raspando
levemente o elétrodo na peça ou escorvar‐se o arco num bloco de carvão. Quando o elétrodo aquece
transfere‐se rapidamente para a peça a soldar e escorvar‐se de novo o arco no ponto apropriado. Este
método não é recomendado pois pode contaminar o elétrodo com metal base ou introduzir inclusões
de tungsténio na soldadura.
Com arcos em corrente alternada a tensão do arco e a corrente anulam‐se em cada centésimo
de segundo (para uma frequência da rede de 50 Hz) e portanto o arco extingue‐se e precisa de ser
escorvado 100 vezes por segundo. No instante em que o arco se extingue a tensão eleva‐se até à tensão
em vazio; se for atingido um valor suficiente elevado da tensão dar‐se‐á reignição do arco. Se pelo
contrário, a tensão em vazio não for suficientemente elevada para se dar a reignição, é necessário usar
um equipamento auxiliar como "unidades de alta‐frequência" ou "impulsores de tensão". Portanto, a
reignição automática ou assistida depende da fonte de corrente utilizada, ou melhor da sua tensão em
vazio, no instante em que o arco se extingue. Terá que haver então, um atraso suficiente entre a tensão
em vazio e a tensão do arco, devido à reactância do circuito. Se o atraso for pequeno a reignição
atrasará e a corrente positiva será reduzida: este fenómeno é conhecido por "Rectificação parcial" como
a figura 14 indica. Se não se der a reignição durante a metade positiva do ciclo, ocorrerá a "Rectificação
completa".
Tecnologia dos processos de ligação 17
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Em arcos em correntes alternada verifica‐se outra forma de assimetria a qual resulta da diferença
entre a tensão do arco para o caso do elétrodo positivo ou negativo. Uma tensão do arco mais elevada
durante a metade positiva do ciclo, significa que a intensidade de corrente será menor. É o efeito de
"Rectificação inerente", como ilustrado na Figura 15.
A unidade de alta tensão não é condutora. O relé T actua quando a corrente se anula de modo a
entrar em acção a unidade de alta tensão. O impulsor de alta tensão não é em geral usado para
escorvar, devendo o escorvamento do arco ser feito usando o equipamento já referido.
‐‐ Se é devida à rectificação inerente, a sua supressão pode fazer‐se pela introdução da força
electromotriz duma bateria que se oponha ao excesso de corrente negativa, ou colocando um
acumulador em série com o arco o qual elimina automaticamente a componente contínua, ou ainda por
meio duma resistência em série com o arco (não muito eficiente). Em geral, o método mais eficiente
consiste na utilização dum banco de condensadores, de capacitância 200 µFarad por Ampére de
corrente. As baterias são uma boa alternativa embora tenham maiores problemas de manutenção.
Quando se soldam determinados tipos de materiais existe uma certa tendência para a formação
duma cratera na extremidade de soldadura a que está por vezes associada fissuração. A formação de
crateras pode ser eliminada:
Não se conhece ainda bem o mecanismo de enchimento da cratera mas chegou‐se à conclusão
que o grau de enchimento que se pode obter está directamente ligado à condutibilidade térmica do
metal.
O método de redução da corrente é o mais utilizado uma vez que é simples de aplicar. A
redução da corrente pode ser contínua (Figura 17) ou em degraus.
Tecnologia dos processos de ligação 19
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
10.5.1 ‐ Árgon
Quando se extingue o arco no final de uma soldadura, o gás de proteção deve continuar a ser
fornecido até que o elétrodo e a peça arrefeçam suficientemente de modo a evitar a sua contaminação
pelo ar circundante. Muito do equipamento à venda no mercado dispõe de dispositivos automáticos
que retardam o fecho do gás em relação ao momento em que se extingue o arco através de um circuito
apropriado, (o tempo de atraso anda à volta de 20 segundos). Este mecanismo de atraso rearma
automaticamente no final do "tempo de atraso", de modo a estar pronto a funcionar novamente na
soldadura seguinte.
Quando se usam as pistolas de soldadura com bocais standard, para determinadas aplicações,
tais como: soldaduras em cantos ou preparações em V profundas, pode ocorrer turbulência na corrente
de gás de proteção. Nestes casos podem usar‐se "lentes" que são colocadas no bocal (Figura 18).
Tecnologia dos processos de ligação 20
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
bocal
Estas têm com o efeito focar a corrente de gás, aumentando a sua "rigidez", diminuindo a
turbulência e aumentando a distância de proteção efectiva do gás além do bocal.
Com esta proteção adicional, é possível aumentar a extensão do elétrodo além do bocal,
melhorando deste modo a visibilidade do banho de fusão e o acesso a juntas difíceis.
Antes de iniciar a soldadura, é necessário assegurar a limpeza total das superfícies a unir.
Noutros processos a remoção das impurezas existentes é conseguida através da acção dum fluxo, mas
neste processo não é utilizado qualquer fluxo, e portanto a qualidade da soldadura dependerá em larga
medida do estado de limpeza do material de adição. Os dois processos adoptados em geral para limpar
as superfícies são:
‐‐ Limpeza química; por meio dum solvente apropriado, tal como Acetona, Tricloroetileno e
Tetracloreto de carbono ou similar;
‐‐ Escovas de arame rotativas. Para a limpeza de aços resistentes à corrosão, alumínio, ligas de
Níquel e Titânio devem usar‐se escovas de aço inox. Escovas de aço podem ser usadas para aços macios
e de baixa liga.
Tecnologia dos processos de ligação 21
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Na Figura 19 é ilustrada a técnica usada para exectuar soldaduras com o processo TIG.
A zona a soldar é fundida sob a acção do arco, a pistola recua aproximadamente 6mm ao longo
da linha da junta e introduz‐se então a vareta de material de adição; a pistola avança em seguida e
simultaneamente a vareta recua. E assim sucessivamente até finalizar a soldadura.
Adopta‐se neste caso, uma técnica idêntica à seguida para as juntas topo a topo, sendo a vareta
introduzida de modo a fazer um pequeno ângulo agudo em relação às chapas a soldar (Figura 21).
Adopta‐se a técnica Avanço‐Recuo nos casos de espessuras superiores a 4‐5 mm de modo a garantir
penetração total na raiz.
A soldadura em posição deve evitar‐se, sempre que possível, uma vez que se reduz a
velocidade de soldadura, mantendo‐se a energia térmica constante, dando lugar a um aumento da
distorção. O banho de fusão e a penetração na raiz são também mais difíceis de controlar quando se
compara com a soldadura ao baixo.
A soldadura vertical ascendente deve‐se fazer só para espessuras superiores a 6 mm, podendo
usar‐se com vantagem a posição vertical descendente para espessuras finas.
O processo TIG pode ser usado para soldar uma grande variedade de materiais. É
especialmente indicado para a soldadura de materiais altamente reactivos com os quais se podem obter
soldaduras isentas de defeitos quando se utilizam câmaras de árgon ou proteção no lado oposto à
soldadura. O comportamento dos metais durante a soldadura com TIG pode ser correlacionado com a
estabilidade do óxido que se forma à sua superfície. Na Tabela 2, são indicados os defeitos que podem
ocorrer e modo de os evitar, para diversos tipos de materiais.
Tecnologia dos processos de ligação 23
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Tabela 2‐ Defeitos típicos da soldadura TIG em função do tipo de óxido formado no metal base.
A soldadura TIG não se usa normalmente para espessuras superiores a 6mm, e a sua principal
aplicação é na soldadura de chapas finas. No entanto, pode ser usada em chapas mais espessas
recorrendo ao multipasse. É ainda muito utilizada na execução de passes de raiz de juntas com acesso
de um só lado, em peças de responsabilidade. O caso mais importante é na soldadura de tubagens (1º
passe em tubos de diâmetro médio ou grande). Uma vez que se adiciona o metal de adição ao banho de
fusão, manualmente ou automáticamente, o processo é lento. Este processo requer soldadores com
bastante habilidade de modo a obter bons resultados.
Antes de se iniciar a soldadura, é necessário formar um banho de fusão adequado. Para uma
dada espessura e intensidade de corrente o tempo necessário para produzir esse banho de fusão é
inversamente proporcional à difusividade térmica do material ():
Quando as difusividades são superiores a 1, torna‐se difícil iniciar o banho de fusão. São dados a
seguir alguns valores das difusidades para alguns materiais (Tabela 3):
A forma normal de adicionar o metal de adição ao banho de fusão é introduzi‐lo manualmente por
meio de movimentos de aproximação – afastamento, ou seja, ponto a ponto. Se a alimentação for feita
com um fio pré‐aquecido – pelo qual foi passada uma corrente eléctrica, com alimentação por uma
fonte independente – é possível mergulhar continuamente o material de adição no banho de fusão,
atrás do arco elétrico, e efetuar uma soldadura mais rapidamente.
Na figura 22 é ilustrado esquematicamente o modo de funcionamento.
A fim de minimizar a ocorrência de sopro magnético, usa‐se uma fonte de corrente alternada
para aquecimento do fio de adição. É possível, deste modo, conseguir taxas de deposição semelhantes
às do processo MIG/MAG.
A eficácia do processo depende da resistência do fio, que é função do seu diâmetro, extensão e
resistividade do material. Este processo é usado geralmente na soldadura de aços e ligas de níquel, bem
como, em operações de enchimento.
Este processo foi introduzido para suprir a necessidade de fazer soldaduras por pontos com
acesso de um lado só. O equipamento utilizado consiste numa fonte de corrente contínua, temporizador
e dispositivo de enchimento de crateras. O comprimento de arco é regulado antecipadamente,
usando‐se em geral comprimentos suficientemente longos para obter penetração nas duas chapas. Os
bocais utilizados são especiais para poder aplicar pressão sobre as chapas a soldar.
A resistência dos pontos obtida é comparável à dos pontos soldados por resistência
eléctrica, no entanto este processo não é um processo de substituição mas sim, pode ser
complementar. O processo tem sido usado com aços macios, aços inox, ligas de Níquel, Titânio
e Alumínio. No caso do alumínio torna‐se necessário adicionar metal de adição para encher a
cratera. O tempo e a intensidade de corrente são os dois parâmetros principais a controlar,
juntamente com o comprimento do arco como referido atrás.
Tecnologia dos processos de ligação 25
Capítulo 4 – Soldadura TIG e plasma
Na soldadura de chapas finas pode tirar‐se partido do uso de corrente modulada com uma fonte
de corrente contínua.
Com este processo usa‐se uma corrente de pequena intensidade Ib para manter o arco. A esta
corrente sobrepõe‐se uma corrente pulsatória (onda rectangular) Ip com uma intensidade suficiente
para produzir o banho de fusão (Figura 23). Se a pistola se deslocar ao longo da junta com um
movimento uniforme formam‐se uma série de pontos ao longo da junta. Estes podem estar separados
ou sobrepostos de modo a formar um cordão contínuo. As vantagens reclamadas para esta técnica são:
15 – Soldadura plasma
15.1 ‐ Definição
A soldadura por plasma é um processo muito similar à soldadura TIG. De facto, trata‐se de um
desenvolvimento da soldadura TIG que visa um aumento de produtividade. Na soldadura plasma
existem dois fluxos de gás separados – o gás plasma que flui à volta do elétrodo de tungsténio,
formando o núcleo do arco plasma e um gás de proteção que evita a contaminação do banho de fusão.
O plasma é um gás que é aquecido a uma temperatura extremamente elevada e que é também
ionizado e, portanto, torna‐se um condutor de electricidade. O processo de soldadura plasma
assemelha‐se muito ao processo TIG, pelo facto de se utilizar elétrodos não consumíveis e gases inertes.
As diferenças são tipo de tocha e tensão do arco elétrico além dos recursos necessários à fonte de
energia. É importante notar que os dois processos possuem regiões com as mesmas temperaturas
máximas, porém, com a constrição do arco, obtém‐se uma substancial modificação da concentração de
calor na superfície da peça tornando‐a mais favorável ao processo de soldadura. O gás de plasma
recombinado não é suficiente para a proteção da região soldada e do banho de fusão, deste modo, é
fornecido um fluxo gasoso suplementar e independente para proteção contra a contaminação
atmosférica.
Figura 25‐ Esquema de funcionamento do processo de soldadura por Plasma: Em Inglês (à esquerda); em
Português (à direita).
As imagens apresentadas na Figura 26 permitem comparar os arcos elétricos nos dois processos
TIG e Plasma. Nota‐se claramente o arco mais estreito e com diâmetro constante do Plasma.
No caso do processo PAW são utilizados dois gases: um que é utilizado na criação do Plasma e outro
que é utilizado para a proteção do banho de soldadura. Os mais utilizados são os seguintes:
∙ Árgon;
∙ Hélio;
∙ Mistura de Árgon e Hélio;
∙ Mistura de Árgon e Hidrogénio;
As pistolas do processo PAW são mais complexas do que no GTAW conforme pode ser visto na
figura 27. É necessária uma série de passagens para alimentar a tocha: gás de plasma, gás de proteção,
líquido de refrigeração para arrefecer o conjunto do bocal de constrição, alimentação elétrica, entre
outros.
- Tocha manual:
É geralmente leve e apresenta um ângulo que varia de 70 a 90° entre o punho e o elétrodo.
Em resumo, o processo de soldadura plasma pode ser utilizado para unir a maioria dos metais em
todas as posições. Fornece um melhor controlo direccional do arco e menores zonas termicamente
afectadas, comparado com o processo TIG. O maior problema é o custo relativamente alto dos
equipamentos de controlo, e um treino mais consistente do operador. O processo de soldadura a arco
com plasma é basicamente uma extensão do processo TIG, no entanto, tem maior densidade energética
do arco e maior velocidade do gás de plasma em virtude do plasma ser forçado através o bocal de
constrição causando um aumento significativo da temperatura no plasma.
Tecnologia dos processos de ligação 1
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
Índice
1 – Definição ........................................................................................................................... 2
2 – Princípio de funcionamento.............................................................................................. 2
3 – Sistemas de controlo dos parâmetros de soldadura ........................................................ 3
3.1 – Controlo do comprimento do arco ....................................................................... 3
3.2 – Controlo da intensidade de corrente .................................................................... 4
4 – Características operatórias ............................................................................................... 4
4.1 – Preparação da junta .............................................................................................. 4
4.2 – Procedimento de soldadura .................................................................................. 5
4.3 – Selecção dos parâmetros de soldadura ................................................................ 5
4.1 – Técnicas especiais de soldadura ......................................................................... 10
5 – Defeitos de soldadura ..................................................................................................... 11
5.1 – Porosidade .......................................................................................................... 12
5.2 – Fisssuração .......................................................................................................... 12
6 – Variantes do processo de soldadura por arco submerso ............................................... 12
6.1 – Arco Submerso com um elétrodo. Processo básico ............................................ 12
6.2 – Elétrodos múltiplos em paralelo ......................................................................... 14
6.3 – Elétrodos múltiplos em série .............................................................................. 14
6.4 – Processos usando múltiplas fontes de corrente ................................................. 15
7 – Material de adição .......................................................................................................... 16
7.1 – Fluxos .................................................................................................................. 17
7.2 – Fio – elétrodo ...................................................................................................... 19
7.3 – Escolha do material de adição ............................................................................ 19
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
1 – Definição
2 – Princípio de funcionamento
Sentido da
soldadura
peça, embora o truque mais usual consista em afiar a ponta do elétrodo, e para isso basta que
o arame tenha sido cortado com um alicate – ou com uma serra em ângulo (porquê?). O curto
circuito gerado deste modo é suficiente para fundir uma porção do fluxo que rodeia a ponta
do elétrodo, estabelecendo‐se o arco através do fluxo fundido. O fluxo não é totalmente
consumido durante a operação de soldadura, podendo o excesso não fundido ser recuperado
e usado novamente uma vez que a sua composição e propriedades não são alteradas.
Embora possa ser usado na versão semi – automática em determinadas aplicações é a
sob forma automatizada que ele é mais usado produzindo soldaduras de elevada qualidade
com taxas de deposição elevadas.
A recuperação dos elementos contidos no elétrodo e fluxo é quase 100%, uma vez que
as perdas devidas aos salpicos são praticamente nulas. Ao mesmo tempo as perdas de calor
são diminutas uma vez que o arco é envolvido por uma camada de fluxo fundido com óptimas
propriedades de isolamento térmico ao mesmo tempo dando origem a uma concentração de
calor na zona do banho de fusão. Por esta razão o processo de soldadura por arco submerso
apresenta valores de eficiência térmica da ordem dos 60% comparados com 25% para o
processo de soldadura manual com elétrodo revestido.
O consumo de fluxo é aproximadamente igual ao consumo do fio (1Kg de fluxo para 1Kg
de arame), embora a razão exacta peso de fio consumido/peso de fluxo consumido dependa
do tipo de fluxo e dos parâmetros de soldadura usados.
Este sistema de controlo é o mais usado pois é aquele que permite maior sensibilidade
para diâmetros maiores que 2 mm. As fontes de corrente usadas possuem em geral
características do tipo mergulhante.
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
4 – Características operatórias
A limpeza das partes a ligar é essencial: assim, toda a ferrugem, calamina, óleo, tinta
deve ser cuidadosamente removida da zona da soldadura. A presença destas impurezas pode
dar lugar ao aparecimento de porosidades ou fissuração.
O cuidado posto na preparação da junta paga em geral dividendos pois as operações de
reparação são extremamente caras e provocam atrasos que poderão ser importantes.
- Polaridade do elétrodo
- Intensidade da corrente
- Diâmetro do elétrodo
- Tensão do arco
- Velocidade de soldadura
- Extensão do elétrodo
- Ângulo do elétrodo
- Quantidade de fluxo
4.3.1 – Polaridade
Com o elétrodo ligado ao polo positivo (+Ve) obtém‐se a máxima penetração. O aspecto
do cordão é também o melhor. Confere maior resistência à porosidade (expecto no caso de
aços com teores elevados de P e S). A forma de cordão é também óptima.
É especialmente vantajosa na execução de soldaduras de canto devido à maior
penetração obtida.
A polaridade directa ou elétrodo negativo (‐Ve) conduz a velocidades de fusão do fio
mais elevadas (cerca de 35%) mas com penetração inferior uma vez que se desenvolve maior
quantidade de calor na ponta do elétrodo do que na superfície da chapa. Por esta razão a
polaridade negativa – Ve é usada na soldadura de aços com fraca soldabilidade (pequena
diluição) ou em enchimentos: em ambas as situações interessa que a diluição seja tão pequena
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
quanto possível. A razão consumo de fluxo / consumo de fio é menor com o elétrodo (‐) do
que com o elétrodo (+), de modo que a transferência de elementos de liga do fluxo para o
metal depositado é menor.
Quando se muda de polaridade do elétrodo (+) para elétrodo negativo é necessário
aumentar a tensão do arco de modo a obter um cordão com uma forma idêntica.
A corrente alternada produz resultados entre a polaridade (+) e polaridade (‐). É
particularmente útil quando se produz o sopro magnético e é por vezes usada nas variantes
deste processo que utilizam elétrodos múltiplos.
O sopro magnético é um desvio do arco da sua posição normal de operação causada por
uma distribuição assimétrica das forças de Lorentz, que pode ser causada pela variação brusca
na direção da corrente e/ou distribuição não uniforme de material ferromagnético em torno
do arco. A Figura 2 mostra esse efeito.
Algumas medidas para minimizar o sopro do arco são:
- Inclinar o elétrodo para o lado do sopro;
- Soldar com arco mais curto;
- Usar corrente mais baixa;
- Colocar o cabo massa longe do arco;
- Usar mais que um cabo massa (é uma prática corrente na SAS mais não seja pelas
elevadas correntes em jogo);
- Usar corrente alternada.
Sentido do
sopro
magnético
intensidade for baixa o arco será instável e o cordão obtido terá um aspeto irregular.
Intensidades demasiado elevadas conduzem também a instabilidade do arco por
sobreaquecimento do elétrodo. O defeito de bordos queimados pode também ocorrer.
Na Figura 3 são indicadas a gama de intensidade de corrente para fios de aço macio de
1.6 – 6 mm de diâmetro e as taxas de deposição em kg/hr à intensidade mínima e máxima. A
polaridade usada foi elétrodo + Ve. Com o elétrodo – Ve as taxas seriam 35% mais elevadas
aproximadamente. A intensidade deve ser escolhida de modo a obter a penetração desejada.
A tensão do arco tem maior efeito na diluição obtida do que na penetração. No caso de
soldaduras sobre chapa ou soldaduras topo a topo de bordos rectos com afastamento nulo,
quando a tensão do arco aumenta, também aumenta a largura do cordão mas a penetração
obtida é sensivelmente a mesma (Figura 4).
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
Se a preparação por outro lado tiver um pequeno chanfro, quando se eleva a tensão de
funcionamento pode diminuir a penetração como se vê na Figura 5.
Figura 5‐ Efeito da tensão no cordão efetuado em SAS, topo a topo com chanfro.
Com velocidades de soldadura elevadas devem usar‐se tensões baixas, caso contrário
poderá aparecer sopro do arco.
Se, por outro lado, a velocidade é baixa pode ocorrer perfuração das chapas a soldar.
O uso de tensões do arco elevadas combinadas com velocidades de soldadura baixas
pode dar lugar a formação de cordões com forma em “chapeu” os quais são susceptíveis ao
aparecimento de fissuração a quente, como ilustra a Figura 6.
Tecnologia dos processos de ligação 9
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
Fendas
Probabilidade de
surgirem mordeduras: grande média mínima
A espessura da camada de fluxo deve ser suficiente para cobrir o arco, embora no ponto
onde o elétrodo entra em contacto com o banho deva ser ligeiramente visível o banho em
fusão. Se a camada de fluxo for muito fina o arco pode não ser completamente coberto o que
pode dar lugar à ocorrência de porosidade por protecção inadequada do banho de fusão. Por
outro lado fluxo em excesso produz cordões com fraca aparência e em soldaduras
circunferenciais pode originar derramamento de fluxo e portanto desperdício. Na soldadura de
chapas de grande espessura em que o chanfro é profundo deve evitar‐se usar fluxo em
excesso pois obtêm‐se soldaduras com forma irregular sendo a escória difícil de remover.
Pequena
penetração
Boa aparência e
fácil remoção da
escória
Penetração
elevada
4.4.2 – Enchimentos
O processo por Arco Submerso pode ser usado para fazer o enchimento de peças
desgastadas ou corroídas ou para fazer a placagem de um metal com outro tipo (ex. aço macio
placado com aço inox).
Quando se faz um enchimento duro ou não pretende‐se em geral por razões
metalúrgicas, que a penetração seja pequena (de modo a diminuir a diluição) e a taxa de
deposição elevada de modo a aumentar a produtividade. Assim usa‐se sempre a Polaridade
Directa (‐Ve). Embora possam usar‐se elétrodos de secção circular, está a ter grande
incremento o uso de fitas como elétrodos. Estas tem em geral 0,5 mm de espessura e 60‐100
mm de largura. A vantagem principal do seu uso reside na fraca penetração obtida aliada a
taxas de deposição relativamente elevadas. Usando fluxos apropriados conseguem‐se usar
correntes até 1200 A com fitas em aço austenítico inoxidável sendo as taxas de deposição da
ordem dos 32 kg/hr.
5 – Defeitos de soldadura
Tal como noutros processos de soldadura podem ocorrer com o processo de soldadura
por Arco Submerso defeitos cujas causas são descritas a seguir.
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
5.1 – Porosidade
- Contaminação das superfícies da junta por óleo, tinta, massa lubrificante, óxidos, etc.
Estas substâncias decompõem‐se por efeito do calor desenvolvido pelo arco dando
origem a produtos gasosos;
- Fluxo que contenha humidade;
- Fluxo insuficiente, principalmente em cordões circunferenciais;
- Contaminantes contidos do fluxo, tais como poeiras;
- Polaridade incorrecta. A polaridade (+) é menos susceptível ao aparecimento da
porosidade .
-
5.2 – Fisssuração
- Fissuração induzida pelo hidrogénio. Não muito frequente com este processo a menos
que o fluxo não esteja bem seco;
- Fissuração na solidificação ou a quente, mais frequente. Está em geral associada com a
forma do cordão. Cordões estreitos e profundos são susceptíveis a este tipo de
fissuração. Este problema pode ser agravado quando existem no metal base
elementos como o enxofre e o fósforo em teores elevados, devendo nestes casos
diminuir‐se ao máximo a diluição e prestar atenção à forma do cordão.
Até agora falamos num sistema que possuía um único elétrodo, e referimos já o
princípio de funcionamento. Este é considerado o processo básico e é aquele que é mais
utilizado na prática industrial. No entanto existem variantes deste processo as quais se
desenvolveram em três direcções:
Podem ser usadas fontes de corrente contínua ou alternada. Já foi indicada a influência
da polaridade e do uso de corrente alternada nas características de penetração e deposição do
processo.
Tecnologia dos processos de ligação 13
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
O diâmetro dos fios ou arame usados varia entre 2‐6 mm. São indicadas na Tabela 1
gamas de intensidade que podem ser usadas com cada um dos diâmetros.
Como se pode ver existe sobreposição nas gamas de intensidades que se podem usar
com cada diâmetro, o que permite tirar partido do efeito do diâmetro. Como já se disse para
uma dada intensidade de corrente um elétrodo de diâmetro menor produzirá um cordão mais
estreito e com penetração mais elevada que um elétrodo de diâmetro elevado. O
escorvamento e estabilidade é melhor com fios de pequeno diâmetro. Os fios fluxados estão
também a ser usados, embora as intensidades de corrente sejam inferiores às dos fios sólidos
e não sejam de uso muito comum.
6.1.3 – Limitações
6.1.4 – Variantes
Aumentando a distância tubo de contacto – peça até valores da ordem dos 100 mm
conseguem‐se taxas de deposição elevadas, como já referido.
Podem também ser usados fios elétrodos auxiliares aquecidos alimentados por uma
unidade independente.
Tecnologia dos processos de ligação 14
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
Podem usar‐se dois ou mais elétrodos ligados em paralelo à mesma fonte de corrente,
como ilustra a figura 10:
Figura 10‐ Elétrodos a soldar em tandem (2) e em paralelo (1); (3) indica a direção da soldadura.
Figura 11‐ Dois elétrodos em série: (1) fonte de corrente alternada ou contínua; (2) deflexão do arco
em corrente contínua ; (3) força resultante.
Figura 12: Sistema CC – CA: (1) fonte de corrente contínua; (2) fonte de corrente alternada; (3) arco
de trás; (4) arco da frente.
Estes sistemas permitem obter taxas de deposição ainda mais elevadas para
velocidades de soldadura elevadas, embora só possam ser usados em aplicações bem
específicas.
As variantes em uso são:
1 – C. C – C. A – C. A
2 – C. A – C. A. – C. A.
3 – C. C. – C. C. – C. A
7 – Material de adição
7.1 – Fluxos
Os fluxos usados em soldadura por arco submerso são compostos minerais fusíveis em
várias proporções e sob forma granular. A classificação dos diversos tipos de fluxos existentes
no mercado pode ser feita de diversos modos, atendendo à sua composição, características
químicas, método de fabrico ou uso.
A seguir é feita a classificação dos fluxos atendendo aos fatores enunciados atrás. Deve
referir‐se no entanto que a classificação é também feita por meio de símbolos em
determinados códigos como por exemplo o código ASME – II – Parte C; a simbologia utilizada
poderá variar com o código ou normalização existente.
c) Método de fabrico
- Fundidos
- Aglomerados
O fluxo fundido é preparado a partir duma mistura a seco dos diferentes constituintes a
qual é depois fundida num forno eléctrico. As principais vantagens deste tipo de fluxo são:
Fluxos de rutilo contendo boro são também utilizados. O boro confere boas
propriedades de resiliência ao metal depositado. O boro pode ser introduzido através do fluxo
ou do fio – elétrodo.
Tecnologia dos processos de ligação 19
Capítulo 5 – Soldadura por arco submerso
Designação segundo o código ASME (American Society of Mechanical Engineers) e AWS (American
Welding Society):
ERW (Electric Resistance Welding)
Índice
1 ‐ Introdução ........................................................................................................................................ 2
2 ‐ Principais variantes da soldadura por resistência ............................................................................ 2
2.1 ‐ Soldadura topo a topo ............................................................................................................... 2
2.2 – Soldadura incandescente ......................................................................................................... 3
2.3 – Soldadura por roletes e bossas................................................................................................. 4
3 – Soldadura por pontos ...................................................................................................................... 5
3.1 – Descrição do processo .............................................................................................................. 5
3.2 – Fontes de corrente ................................................................................................................... 6
3.3 – Princípios da soldadura por pontos .......................................................................................... 6
3.3.1 – Formação da soldadura .................................................................................................................... 6
3.4 ‐ Parâmetros de soldadura ........................................................................................................ 10
3.4.1 ‐ Intensidade e tempo ....................................................................................................................... 10
3.4.2 ‐ Força de compressão ...................................................................................................................... 12
3.4.3 ‐ Estado da superfície ........................................................................................................................ 12
3.5 ‐ Elétrodos ................................................................................................................................. 12
3.6 ‐ Análise térmica da soldadura por pontos ............................................................................... 14
3.7 ‐ Aspectos metalúrgicos ............................................................................................................ 15
3.8 ‐ Defeitos de soldadura ............................................................................................................. 16
3.9 – Controlo das soldaduras ......................................................................................................... 17
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
1 ‐ Introdução
Nos processos de soldadura por resistência, o calor necessário para se processar a soldadura de
dois componentes é gerado por efeito de Joule, calculado pela expressão (1):
Q I2 Rt (1)
onde Q (Joule) é a energia térmica, I (Ampére) é a intensidade de corrente que atravessa as peças, R
(Ohm) é a resistência elétrica e t (segundo) é o tempo (segundo).
Nos processos de soldadura por arco eléctrico, o calor é, habitualmente, gerado à superfície da
peça, sendo distribuído por condução através da secção da peça. Nos processos de soldadura por
resistência, cria‐se artificialmente um ponto ou zona de resistência elevada, de modo a concentrar o
calor desenvolvido nessa área. O modo como se produz aquela resistência caracteriza as diferentes
variantes do processo de soldadura por resistência.
A corrente elétrica necessária para produzir o calor é introduzida na peça através de condutores
apropriados, os quais devem contactar as peças a ligar. Este contacto físico tem a finalidade de
proporcionar uma passagem de corrente confinada. A resistência R está em geral dependente da
resistividade das peças a ligar e da geometria do condutor.
Para executar a operação de soldadura, é ainda necessário aplicar pressão para manter as peças
em posição e consolidar a junta.
As extremidades do material a soldar são colocadas topo a topo, fazendo‐se passar a corrente
elétrica através delas. O material na vizinhança da junta atinge uma temperatura elevada devido ao
calor desenvolvido por resistência, efectuando‐se uma operação de forjagem a essa temperatura.
Esta operação vai provocar a expulsão de uma certa quantidade de material, que forma uma
rebarba, a qual pode ser posteriormente maquinada.
projeções
contacto
pressão
transformador
Neste processo (figura 2), as extremidades das peças a soldar são postas em contacto leve com o
circuito elétrico fechado. A corrente irá ser conduzida através dos pontos de contacto, dando origem ao
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
desenvolvimento de calor intenso, que funde e vaporiza essas pequenas saliências, estabelecendo‐se
pequenos arcos localizados. As extremidades são mantidas permanentemente em contacto, até que
toda a secção das peças esteja no estado de fusão. Tal como na soldadura topo a topo, também agora
as peças são comprimidas pela aplicação de uma força, com a consequente expulsão de material
fundido e de eventuais óxidos presentes, efectuando‐se uma soldadura de elevada qualidade.
É importante referir que a soldadura incandescente pode ser uma soldadura topo a topo
incandescente mas não necessariamente, ou seja, é possível soldar materiais rugosos, cujas
extremidades têm áreas diferentes (figura 3).
soldadura
No processo de soldadura por bossas, uma das partes a soldar contem pequenas bossas ou
saliências, que foram previamente formadas por estampagem ou por um qualquer outro meio, as quais
determinam os pontos de soldadura (figura 5).
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
Figura 5‐ Soldadura por bossas em chapas (a); em perno ou pino com chapa (b).
O processo de soldadura por pontos (figura 6) permite efetuar uma soldadura por resistência,
com o qual duas peças sobrepostas são ligadas através de um ou mais pontos de soldadura gerados pelo
calor desenvolvido por resistência à passagem de corrente através de peças que são mantidas em
posição pela força de compressão exercida pelos condutores ou eléctrodos. As superfícies em contacto
na zona onde é concentrada ou confinada a passagem de corrente são aquecidas por um impulso de
corrente de intensidade elevada e baixa tensão durante um período de tempo curto, formando‐se uma
soldadura com a forma de uma lentilha. Quando cessa a passagem de corrente, a força de compressão
dos eléctrodos é mantida até se dar a solidificação completa do ponto de soldadura.
Para se formar o ponto de soldadura, é necessária uma quantidade suficiente de calor obtida
por efeito de Joule, para o que são necessárias intensidades de corrente elevadas (que podem ir até 100
000 A ou mais, dependendo da espessura e material a soldar). Dado que a resistência dos componentes
a soldar é em geral baixa, conseguem‐se aquelas intensidades para tensões relativamente baixas, da
ordem de 1 a 20V.
Quando é necessário soldar materiais de espessura elevada ou com condutibilidade elevada, são
necessárias intensidades de corrente elevadas, somente conseguidas pelo recurso a transformadores
trifásicos, os quais, além de terem potências mais elevadas, conduzem também a uma distribuição de
carga mais equilibrada na rede.
A soldadura por pontos é um método de soldadura simples e expedito, uma vez definidas as
condições de soldadura correctas. A sua automatização permite que possa ser integrado em linhas de
produção em série, como é o caso da indústria automóvel, onde são utilizadas cabeças de soldadura
montadas em robôs comandados por computador.
‐ duas resistências óhmicas correspondentes às partes das peças atravessadas pela corrente.
Uma superfície metálica não é idealmente plana, mas tem, pelo contrário, um micro‐relevo que
constitui a sua rugosidade (figura 7). O contacto entre duas superfícies nunca é total, restringindo‐se
apenas aos pontos mais salientes, que de resto se deformam sob a acção das pressões efetivas geradas.
A área de contacto real é pequena inicialmente, aumentando à medida que a pressão aplicada aumenta.
O contacto total só será conseguido quando a pressão aplicada for suficiente para deformar
plasticamente toda a secção.
b) Acabamento da superfície:
c) Pressão de contacto:
elétrodo/peça
d) Temperatura:
A finalidade na soldadura por pontos é concentrar uma quantidade de calor tal na zona de
contacto das duas peças, que aí se forme uma bolsa de material fundido, de dimensões controladas e
altura inferior à espessura da chapa. Se o calor gerado é insuficiente, não há fusão e dá‐se apenas uma
colagem; se é exagerado, as chapas são furadas.
A força de compressão não pode ser pequena, caso contrário a resistência eléctrodo‐peça seria
grande e formar‐se‐ia uma fonte de calor nessa zona que prejudicaria o efeito de concentração
pretendido e a vida do eléctrodo. Uma força de compressão elevada diminui a resistência de contacto e
torna difícil a localização de calor. O uso de pressões baixas põe ainda problemas de reprodutibilidade
da qualidade da soldadura. Na prática, o valor da força de compressão deve ser um valor de
compromisso que tenha em conta os efeitos atrás referidos.
Tecnologia dos processos de ligação 9
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
R1‐Resistência de contacto
elétrodo/peça
É, por conseguinte, na zona de contacto que se vai originar, por efeito de Joule, a maior
libertação de calor. O efeito é muito rápido e, se a intensidade for suficiente, a temperatura eleva‐se e
com ela baixa a resistência de contacto, que se torna nula ao atingir‐se a fusão dos materiais. De facto,
com a fusão das duas peças, passamos a ter um só material pelo que não há essa resistência.
A resistência desaparece mas aumenta a resistência óhmica (nesse ponto de soldadura) por
acção da temperatura e o calor continua a ser gerado no local pretendido. A evolução da resistência em
função do tempo é ilustrada na Figura 10. A diminuição da resistência na parte final é devida ao
aumento da secção do ponto de soldadura.
Se, pelo contrário, nos primeiros instantes de passagem da corrente, o aquecimento na zona de
contacto das chapas é fraco ‐ resistência de contacto muito baixa ou intensidade insuficiente ‐ o campo
Tecnologia dos processos de ligação 10
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
de temperaturas é mais uniforme e a resistividade será praticamente igual em todos os pontos. Neste
caso, o aquecimento será uniforme em vez de se concentrar na zona de separação e não haverá um
ponto de soldadura.
‐ intensidade da corrente;
‐ força de compressão;
‐ estado da superfície;
0
deduz que teoricamente existe uma infinidade de valores de I e t capazes de nos darem um ponto
soldado.
Para cada tipo de soldadura, consoante a natureza e espessura das chapas, força de
compressão, dimensões dos eléctrodos, etc., podemos traçar um diagrama relacionando a intensidade
da corrente com o tempo de soldadura, como ilustrado na Figura 11.
Força de compressão (kgf)
635
315
225
180
160
125
Zona C – intensidade excessiva, calor a mais, aparecimento de projeções de metal fundido, risco
de perfurar as chapas, etc.
Ou seja, podemos optar por tempos maiores ou menores, agindo sobre a intensidade da
corrente.
‐ soldaduras de localização precisa, impostas por materiais a soldar com diferentes espessuras
ou materiais diferentes (temperaturas de fusão diferentes nos dois materiais – por exemplo, soldar aço
ao carbono com aço inoxidável):
Devido aos fenómenos de dilatação e contracção que ocorrem durante a operação de soldadura, o
sistema deve possuir uma capacidade de acomodação adequada a fim de evitar a colagem dos
eléctrodos ou a variação acentuada da pressão que, se mal dimensionado, pode conduzir à projecção do
metal fundido.
Por razões de natureza metalúrgica pode ser necessário utilizar pressões mais elevadas durante
o período de arrefecimento da soldadura, a fim de evitar problemas de fissuração, defeitos como
rechupes, etc. O arrefecimento do metal fundido dá‐se num espaço confinado, fazendo‐se, como é
normal, da periferia para o centro, com contracção. A formação das dendrites faz‐se segundo as
direcções de escoamento de calor. Na ausência de compressão exterior, o invólucro da zona líquida
comporta‐se de um modo rígido, não acompanhando a contracção durante a solidificação, do que
resulta a formação de poros, rechupes e ainda tensões residuais que podem ser elevadas. A aplicação
duma compressão obriga o material adjacente a seguir a contracção, eliminando possíveis defeitos.
A aplicação da pressão é feita por meio de molas nas máquinas mais pequenas ou cilindros
pneumáticos ou hidráulicos em máquinas mais sofisticadas. A utilização de outros meios
eletromecânicos, tais como motorredutor com fuso ou roda dentada e cremalheira substituem, por
vezes, os sempre dispendiosos sistemas óleo‐hidráulicos.
O estado superficial das peças a soldar é um factor importante, uma vez que determina a
resistência de contacto entre as peças. Assim, essa resistência está dependente da presença de calamina
(óxido de ferro produzido devido à reação do aço quente com o oxigénio durante a laminagem de
chapas ou perfis – trata‐se de uma camada de ferrugem que tem uma resistência mecânica apreciável
devido ao esmagamento que lhe foi imposto durante a laminagem), massas lubrificantes ou outras
substâncias contaminadoras, e ainda da rugosidade da superfície. Deste modo, e a fim de assegurar uma
qualidade de soldadura consistente, é necessário um controlo prévio do estado superficial das peças.
Um controlo visual por pessoa experimentada é por vezes o suficiente.
3.5 ‐ Elétrodos
Os elétrodos são peças ocas (Figura 13) com circulação interior de água que devem ter as seguintes
propriedades:
‐ Uma resistência de contacto com as peças a soldar tão pequena quanto possível;
Os eléctrodos são constituídos por ligas à base de cobre, nos quais se encontra Cr, Mo, W ou Cd. O
cobre puro não tem dureza nem resistência suficientes para este tipo de utilização. Os eléctrodos têm
que ser retocados regularmente e um bom eléctrodo aguenta 4000 a 6000 pontos enquanto um
eléctrodo de cobre aguenta apenas algumas centenas de pontos.
entrada de água
Nas chapas finas, qualquer que seja a intensidade da corrente, logo que o tempo seja suficiente,
o diâmetro do ponto é cerca de 30% maior que o diâmetro da ponta do eléctrodo. Nas chapas grossas,
há uma tendência ao afastamento das linhas de corrente pois a densidade de corrente torna‐se máxima
ao centro e diminui para a periferia. Em virtude destas constatações, o diâmetro do eléctrodo deve ser o
apropriado para a espessura das peças a soldar (e). Assim,
Os eléctrodos podem terminar segundo uma forma tronco‐cónica ou esférica (Figura 14).
‐ melhor encosto;
Diâmetro
Espessura da Intensidade Tempo de Força de do
chapa [mm] de corrente [A] soldadura compressão ponto[mm]
[ciclos] [kg]
Aço macio
0,5 6000 5 100 3,5
1 9000 8 200 5
1,5 12000 12 330 6,5
2 14000 14 450 7,5
2,5 16000 16 500 8
3 18500 20 600 8,5
Aço inox:
0,5 3200 3 140 2,5
1 7000 6 350 4,6
1,5 9000 8 450 5,6
2 12000 12 800 7
3 16000 16 1100 8,5
Alumínio:
0,5 18000 4 140 3
1 28000 7 240 4,5
1,5 34000 12 350 6
2 42000 14 400 7
3 63000 15 650 9
A soldadura é formada pelo calor gerado na interface. Quanto maiores forem a condutibilidade
eléctrica e térmica, mais difícil se torna a soldadura pois a quantidade de calor formada é menor e ao
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
mesmo tempo as perdas por condução são também mais elevadas. Assim, a soldadura do cobre puro é
praticamente impossível, havendo problemas na soldadura do alumínio e em ligas com condutibilidade
elevada. No caso de materiais de condutibilidade térmica baixa, como é o caso dos aços inoxidáveis, o
problema é o inverso: tornando‐se necessário remover calor a fim de evitar a ebulição do metal fundido
e consequente projeção.
A figura 15 mostra o esquema de uma soldadura por pontos entre duas chapas com espessura
diferente.
Para conseguir um balanço térmico na soldadura que forme o ponto no centro das duas chapas, a
situação anterior é semelhante à soldadura de materiais com composição química diferente. De facto,
nestes dois casos, o calor produzido ou as perdas podem ser maiores ou menores numa das peças a
soldar e, consequentemente, poderá formar‐se uma soldadura assimétrica em relação ao plano de
separação de duas peças, o que torna a ligação menos resistente. Em geral, o balanço térmico é
conseguido através do uso de eléctrodos com diâmetros de ponta diferentes, ou composições químicas
diferentes (condutibilidade térmica diferente); assim a igualdade de fusão é conseguida através do
aumento da quantidade de calor produzido na espessura mais fina ou material com condutibilidade
mais elevada, o que equivale na prática a usar na espessura mais fina eléctrodos com diâmetro de ponta
menor (que aumenta a densidade de corrente) ou usando um intercalar de resistência elevada (para
reduzir as perdas de calor) em contacto com a chapa mais fina ou de maior condutibilidade (pode
recorrer‐se ao uso de eléctrodos construídos ou revestidos com material de resistividade mais elevada).
Os problemas de índole metalúrgica que podem ocorrer por efeito de uma soldadura por pontos
são muito menores do que no caso de outros processos de soldadura. Dado que o contacto do metal
fundido com a atmosfera é reduzido, o perigo de contaminação do metal fundido é pequeno, o que faz
com que mesmo materiais altamente reactivos, como é o caso do titânio, possam ser soldados com este
processo.
Os defeitos do tipo "rechupe" podem ocorrer no centro do ponto de soldadura, mas o seu efeito
na resistência estática ou dinâmica da soldadura pode considerar‐se pequena, desde que esses efeitos
estejam confinados ao centro. Os rechupes de dimensões elevadas ‐ formados devido aos fenómenos de
dilatação e contracção do metal da soldadura ‐ podem ser evitados através de um aumento da força de
compressão durante a solidificação.
Tecnologia dos processos de ligação 16
Capítulo 6 – Soldadura por resistência
A zona afectada pelo calor é, neste caso, relativamente pequena, dada a rapidez do ciclo
térmico. Isto implica que, no caso de aços de carbono ou de liga, se formem estruturas temperadas (do
tipo bainítico ou martensítico).
Quando esta solução conduz a tempos de soldadura elevadas, é preferível usar um método
alternativo, no qual o ciclo de soldadura é seguido de um impulso de revenido, deixando‐se arrefecer a
soldadura durante um certo tempo, antes de efetuar o respetivo ciclo de revenido (figura 16 b).
Há diversos tipos de defeitos que podem ocorrer numa soldadura por pontos. Alguns dos
defeitos mais comuns são ilustrados na Figura 17:
- indentação superficial. Esta não pode em geral eliminar‐se, mas deve reduzir‐se a um valor não
superior a 10% da espessura da chapa;
- separação excessiva das chapas. É um defeito que está associado à indentação superficial e não
pode ser eliminado. Deve reduzir‐se ao mínimo, uma vez que tem como efeito aumentar o
momento‐flector na junta e a distorção do conjunto da peça;
Na prática, pode dizer‐se que defeitos internos dos pontos têm pouca influência na resistência
estática e dinâmica dos pontos, a menos que tenham grande dimensão ou introduzam efeitos de
entalhe acentuados.
O controlo de qualidade de soldaduras por pontos ou contínuas é difícil, dada a sua geometria,
de modo que é limitado em geral a um exame visual destinado a detectar possíveis defeitos superficiais.
Assim assumem grande importância os ensaios destrutivos. Na Figura 18 são indicados alguns ensaios,
que poderão ser realizados, a fim de verificar a qualidade de uma soldadura e a sua reprodutibilidade.
ensaios de tração
b) ensaio de tração
ensaio de torção
Índice
1‐ Introdução ................................................................................................................................. 2
2 – Teoria e Princípios .................................................................................................................... 2
2.1‐Capilaridade ......................................................................................................................... 3
3‐Soldagem .................................................................................................................................... 5
3.1‐ Considerações Gerais .......................................................................................................... 5
3.2‐Operação de Soldagem ........................................................................................................ 5
3.3‐Ligas usadas como Soldas ..................................................................................................... 5
3.3 ‐ Limpeza .............................................................................................................................. 7
3.4– Fluxos ................................................................................................................................. 7
3.5– Aprovisionamento e forma do material de adição .............................................................. 7
4– Brasagem .................................................................................................................................. 8
4.1 – Considerações gerais ......................................................................................................... 8
4.1.1‐Vantagens ........................................................................................................................................... 8
4.1.2‐Limitações ........................................................................................................................................... 8
4.2‐ Materiais de adição ............................................................................................................. 8
4.2.1‐Características ..................................................................................................................................... 8
4.2.2‐Tipos .................................................................................................................................................... 9
4.3‐ Fluxos para Brasagem ......................................................................................................... 9
4.4‐Desenho da junta ............................................................................................................... 10
5‐ Métodos de aquecimento ......................................................................................................... 10
6‐ Resistência de juntas ligadas por Brasagem ............................................................................. 11
7‐ Brasagem a Bronze .................................................................................................................. 11
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
1‐ Introdução
A brasagem consiste na ligação heterogénea de dois elementos metálicos (metais base) através
da adição de um metal, em estado líquido (solda), na constituição da junta. Contrariamente a outros
processos, os metais base não fundem.
Mediante a temperatura de fusão do metal de adição, Tf, podem considerar‐se dois tipos de
brasagem:
Brasagem fraca (também conhecida por Soldagem), se Tf ≤450⁰C;
Brasagem forte ou Brasagem, se Tf> 450⁰C.
Como não ocorre fusão dos metais base, estes requerem um aquecimento uniforme para
garantir a posterior união. É comum recorrer‐se à chama oxi‐gás (oxi‐acetilénica ou oxi‐propano), ao
forno, alta frequência ou resistência/indução eléctrica para assegurar o aquecimento necessário.
Segue‐se o contacto e consequente fusão do metal de adição, criando a junta entre metais
base. Em geral, o metal de adição penetra quase instantaneamente por entre estas superfícies por
efeito de capilaridade.
De modo a ser obtida uma brasagem bem sucedida o metal de adição deve possuir certos
atributos:
Banhar a superfície das partes a ligar (capacidade de molhagem), o que poderá solicitar
o uso de fluxos;
Ponto de fusão inferior ao dos metais base;
Deve formar uma boa ligação por difusão molecular com o metal base sem que se
formem compostos inter‐metálicos frágeis.
2 – Teoria e Princípios
Princípio base para o enchimento da junta: “O metal de adição, no estado de fusão, deve
penetrar por capilaridade na junta criada entre metais base.”
Seja SS1 a tensão superficial na interface sólido/líquido. Para uma largura igual à unidade, a força nas
duas interfaces devido à tensão superficial é:
F1=2.dx.Ss1
Esta traduz a condição que deve ser satisfeita quando um líquido, em contacto com um sólido,
atinge o equilíbrio. é o ângulo de contacto e S1 é a tensão superficial do líquido (em contacto com o
ar).
Tecnologia dos processos de ligação 3
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
Numa operação de brasagem ocorre molhagem completa, que implica = 0⁰ e cos() = 1, logo:
Ss = Ss1 + S1
3.
t .l 2
S1 . cos( ).D
Verifica‐se que o tempo de enchimento diminui com o aumento do afastamento da junta e da
tensão superficial ou com a diminuição do ângulo de contacto.
2.1‐Capilaridade
Para uma melhor percepção do efeito de capilaridade de uma liga usada na brasagem, pode
considerar‐se um dispositivo como o ilustrado nas figuras seguintes (construído no material que se
pretende ligar e tendo uma espessura de 1mm).
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
Para afastamentos entre 0.05 e 0.5mm o enchimento da junta é automático, por efeito das
forças de atracção capilar, no instante em que o metal entra em contacto com a junta.
3‐Soldagem
A soldagem apresenta o atributo da temperatura de fusão do material de adição ser baixa, pelo
que se evitam problemas de transformações metalúrgicas indesejáveis. Podem ligar‐se metais
heterogéneos sem se verificar o perigo da ocorrência de formação de compostos intermetálicos.
As suas principais limitações residem nas juntas criadas. Estas não podem ser utilizadas a
elevadas temperaturas e têm baixa resistência mecânica, tornando‐se necessária a aplicação de ligações
metálicas com a solda a funcionar como elemento responsável pela estanquecidade.
3.2‐Operação de Soldagem
Para que o processo de soldagem seja bem sucedido, devem ter‐se em conta algumas
particularidades:
As partes devem ser montadas com um espaçamento na ordem dos 0.08‐0.13mm, a fim
da solda em fusão penetrar na junta por efeito de capilaridade;
As superfícies a ligar devem estar limpas e isentas de sujidade, óxidos ou calamina.
Durante a operação de soldagem utiliza‐se um fluxo, que elimina óxidos presentes e
evita a sua formação devido ao aquecimento;
O aquecimento das partes é obtido por meio de chama oxiacitilénica, aquecimento por
indução, resistência ou por aquecimento em forno.
A maior parte das ligas utilizadas baseia‐se no sistema chumbo‐estanho. Existem dois critérios
fundamentais na escolha da liga a utilizar num processo de soldagem: o seu custo e suas propriedades
de molhagem. Quanto mais elevado o teor de chumbo (Pb) mais económica é a liga, mas as suas
características de molhagem são inferiores, piorando as propriedades de ligação. A percentagem de
estanho pode aumentar a resistência da solda mas só até um certo ponto (figura 7)
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
Figura 7‐Distribuição das tensões de corte das ligas (máxima para a liga B).
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
Liga 97% estanho/3% antimónio (Tmolhagem = 235⁰C): tem resistência mais elevada para
temperaturas de serviço mais elevadas;
Liga 53% bismuto/32% chumbo/16% estanho‐eutéctico (Tm = 95⁰C);
Liga 50% bismuto/25% chumbo/12.5% estanho/12.5 cádmio (Tm = 70⁰C): também
designadas de Woods Metal, estas possuem fracas propriedades de molhagem pelo que se
recomenda a aplicação às superfícies duma camada de uma liga de estanho (% estanho mais
elevada). A resistência das juntas é fraca.
3.3 ‐ Limpeza
Por motivos de boa fixação e molhagem, as juntas devem estar limpas, isentas de gorduras,
pinturas ou vernizes. Assim, na preparação das peças deve‐se proceder a:
Desengordurá‐las com solvente apropriado (ex: tricloroetileno);
Remover mecanicamente camadas espessas de óxidos ou calamina utilizando escovas,
decapagem, etc.
3.4– Fluxos
Utilizam‐se fluxos para remover os óxidos não eliminados durante a limpeza inicial e para evitar
a oxidação durante a operação de ligação. Facilitam enormemente a molhagem. Naturalmente, existem
vários tipos de fluxos:
com metais de adição Pb/Sn o fluxo utilizado é do tipo cloreto de zinco, com 10% de cloreto de
amónia para reduzir o ponto de fusão. Este fluxo é enérgico e altamente corrosivo pelo que deve
ser removido imediatamente com água quente;
quando não é possível remover o fluxo (trabalhos eléctricos), o fluxo usado deve ser não‐
corrosivo. Este tipo de fluxo, à base de resinas, tem fraco poder de limpeza, assegurando
unicamente protecção durante a ligação. Em geral, os componentes são cobertos por um banho de
prata ou cádmio e revestidos com resina a seguir ao fabrico. As propriedades de limpeza deste tipo
de fluxo podem ser melhoradas quando as resinas são activadas com hidrocloretos de hidrazina ou
anilina. Quando os componentes são aquecidos, estes compostos decompõem‐se, libertando ácido
hidroclorídrico. A decomposição deve ser total dado que os resíduos são corrosivos (exige‐se um
aquecimento adequado).
No caso do aço inoxidável, os óxidos existentes à superfície requerem o uso de um fluxo mais
energético. Em geral usa‐se uma solução de 50% de cloreto de zinco + 50% ácido hidroclorídrico. Após a
ligação é necessário proceder a uma lavagem com água para evitar corrosão. Já para o alumínio, a
presença de películas de óxidos refractários torna difícil a ligação com soldas. Estas podem ser
removidas por decapagem química com meios mecânicos, ou recorrendo a fluxos com ponto de fusão
mais elevado, como prata/zinco (Tm entre 420‐510⁰C).
Forma:
Barra, fio ou fita;
Fio tubular com fluxo.
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
O material pode ser cortado com a forma da junta e colocado em posição para aquecimento
posterior.
Para casos de produção em série podem usar‐se banhos de solda em fusão, quando é necessário
efectuar juntas múltiplas (exemplo típico: radiadores de automóveis).
Pode ainda usar‐se a forma de pó misturado com fluxo. Esta mistura forma uma pasta que pode
ser moldada numa posição desejada.
4– Brasagem
A brasagem é usada quando se pretende obter juntas com resistência mais elevada do que a
obtida com soldagem. A operação é idêntica, só diferindo no material de adição usado.
No processo de brasagem o metal de adição é colocado em contacto íntimo com uma superfície
limpa e aquecida (metal base) resultando na sua fusão. A difusão não constitui uma fase essencial do
processo de ligação, contudo, ocorre de uma maneira geral. A sua extensão depende das temperaturas
e tempos de brasagem, bem como as características de difusão do sistema.
Na interface metal de adição/metal base, verifica‐se a diluição do metal de adição podendo
formar‐se fases intermetálicas frágeis. A sua formação é obviamente um problema sério, pelo que a
temperatura e o tempo de brasagem deverão ter os valores mínimos compatíveis com o preenchimento
adequado da junta. A selecção do metal de adição deve ter em consideração a possibilidade de
formação de compostos intermetálicos frágeis.
Para a brasagem de ligas usadas a altas temperaturas, foram feitas tentativas no sentido de usar
um processo de difusão, possível com a utilização de metais de adição com teores de Boro, o qual possui
elevada mobilidade e capacidade difusora no metal base.
4.1.1‐Vantagens
4.1.2‐Limitações
4.2.1‐Características
4.2.2‐Tipos
Metais de adição à base de Alumínio (10% Silício): usados em alumínio e ligas de alumínio com
teores de magnésio inferiores a 2% (Gama de temperaturas de fusão, 520‐630⁰C;
Metais de adição à base de Níquel: para ligações em peças trabalhando a altas temperaturas. Os
principais elementos de liga são o crómio, o silício e o boro (Gama de fusão: 960‐1140⁰C).
A escolha do fluxo assenta principalmente naquele que possa fundir a uma temperatura inferior à
do ponto de fusão do metal de adição.
Na maioria dos trabalhos, o fluxo é aplicado sob a forma de uma pasta, embora em algumas
aplicações um fluxo volátil pode ser introduzido com o gás da chama. Este último método só pode ser
usado quando a chama incide directamente na superfície a ser coberta com metal de adição, não dando
bons resultados em juntas nas quais a ligação é realizada por capilaridade.
Os fluxos mais utilizados são do seguinte tipo:
Boratos (Na, K e Li), para utilização a temperaturas acima de 760⁰C. Apresentam boa
capacidade de dissolução dos óxidos e eficaz protecção contra oxidação;
Fluoboratos (Na e K), usados a elevadas temperaturas. Possuem melhor capacidade de
dissolução dos óxidos e maior fluidez do que os boratos;
Fluoretos (Na, K e Li), são muito activos, aumentando a fluência por capilaridade.
Utilizados especialmente na ligação de alumínio e suas ligas. Possuem fraca protecção
contra a oxidação e têm o inconveniente de produzir fumos tóxicos;
Tecnologia dos processos de ligação 10
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
4.4‐Desenho da junta
5‐ Métodos de aquecimento
De entre as várias fontes de calor usadas, o requisito essencial é a aplicação uniforme e o fácil
controlo. Existem essencialmente dois tipos de fontes: as de operação manual e as de instalação
permanente.
A operação manual é mais económica e confere elevada flexibilidade de operação. Suas
principais objecções residem na necessidade de operadores qualificados, para além do factor humano
Tecnologia dos processos de ligação 11
Capítulo 7 – “Soldagem” e brasagem
interferir na qualidade e consistência do processo. A selecção do tipo de tocha a usar depende do gás de
combustão utilizado. Acetileno e oxigénio permitem a utilização de tochas usadas em soldadura oxi‐
acetilénica. Usando o acetileno obtêm‐se elevadas velocidades de aquecimento e altas temperaturas,
para além da possibilidade do calor ser localizado, útil em trabalhos complexos. Como inconveniente, as
elevadas temperaturas podem provocar o sobreaquecimento do metal base. A utilização de gás de
carvão e ar comprimido constitui uma solução atraente na ligação de pequenos componentes, devido
ao risco reduzido de sobreaquecimento.
As instalações permanentes variam em dimensão e complexidade. Os tipos mais usados incluem
queimadores fixos, fornos de mufla (com ou sem atmosfera protectora), aquecedores de indução de
alta frequência e equipamento de resistência eléctrica. Todos estes equipamentos têm o inconveniente
de serem relativamente dispendiosos tal como sua operação e manutenção. Exige‐se, ainda, um
conhecimento especializado para operar o equipamento. Estes métodos são ideais para grandes
produções ou em casos em que a reprodutibilidade de características é requerida.
Normalmente, o material usado como metal de adição tem resistência inferior ao metal base. A
resistência de uma junta obtida por brasagem pode, contudo, ser superior à resistência do metal de
adição utilizado.
7‐ Brasagem a Bronze
Índice
1‐Introdução ____________________________________________________________ 2
2‐ Distribuição de temperaturas na soldadura __________________________________ 2
3‐ Condições de temperatura no banho de fusão _______________________________ 8
4‐ Análise experimental ___________________________________________________ 9
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 8‐ Fenómenos térmicos na soldadura
1‐Introdução
Os ciclos térmicos a que estão sujeitos o metal depositado e a zona afectada pelo
calor numa soldadura por fusão vão dar origem a três tipos de efeitos:
Fonte de calor pontual, que se move sobre a superfície de uma chapa de largura
infinita, com fluxo de calor tridimensional (Figura 1);
Tecnologia dos processos de ligação 3
Capítulo 8‐ Fenómenos térmicos na soldadura
Fonte de
calor
Fonte de calor linear que se move sobre uma chapa fina de largura infinita onde o fluxo
de calor é considerado bidimensional, como ilustrado na figura 2.
Fonte de
calor
Figura 2‐ Soldadura com fonte de calor linear em chapa fina de largura infinita.
Estas pretendem simular, no primeiro caso uma soldadura multipasse de uma chapa
espessa (escoamento de calor em três direcções); no segundo, uma soldadura com
penetração total de uma chapa fina (escoamento bidimensional do calor).
Como resultado das observações, Rosenthal propôs as seguintes equações para
descrever a distribuição de calor em redor de uma fonte de calor móvel. Sob condições de
equilíbrio forma‐se uma isotérmica quasi‐estacionária que se desloca com a fonte de calor
(equações 1 e 2).
q vR
Chapa Fina: T T0 e v / 2 K 0 (1)
2 k 2
q e v R / 2
Chapa Espessa: T T0 e v / 2 (2)
2 k d R
em que:
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 8‐ Fenómenos térmicos na soldadura
T é a temperatura num dado ponto (x, R); sendo x a distância ao longo da soldadura e R
a distância até à fonte de calor (Figura 3);
T0, a temperatura inicial da peça;
q=EI/v é a energia térmica (heat input) por unidade de comprimento (J/m), onde é o
rendimento, E a tensão e I a intensidade usadas no processo;
d, o valor da penetração da soldadura na chapa;
K, condutividade térmica;
K0, função de Bessel (cujo valor pode ser obtido em tabelas matemáticas).
1 K
= =
2 C
C, o calor específico;
a densidade do material.
2
dT h
Chapa Fina: 2KC (T T0 ) 3 (3)
dt Q
dT 2K
Chapa Espessa: (T T0 ) 2 (4)
dt Q
com Q=q/v.
Considera‐se o calor emitido por uma fonte pontual (para o caso de chapas
espessas) e por uma fonte linear numa aproximação bidimensional (caso de chapas
finas);
As propriedades térmicas do material não variam com a temperatura,
A transferência de calor ocorre somente por condução;
A chapa é suficientemente comprida e larga para se considerar infinita;
Não há fusão do material na zona adjacente à fonte de calor.
Como se pode ver, estas hipóteses não são completamente verdadeiras e surgiram
outros autores a proporem modificações às equações de Rosenthal de modo a simplifica‐las
ou a melhorar a sua precisão.
Nas figuras seguintes são apresentadas as distribuições de temperatura à volta das
fontes de calor, os ciclos térmicos na zona afectada pelo calor e a distribuição da
temperatura máxima atingida durante a soldadura.
Curva de
temperatura
máxima
Figura 5‐ Efeito da velocidade de soldadura no banho de fusão e na ZAC para soldadura numa
chapa de espessura d=3mm.
Aumento da espessura
Espessura
infinita
Alumínio
Aço ao carbono
Figura 7. Efeito da condutividade do material base no banho de fusão e na ZAC para soldadura
numa chapa de espessura d=60mm.
Micro Plasma 200 ⁰C/s 28 ⁰C/s 600 ⁰C/s 88 ⁰C/s 1,65 0,24
TIG 7 1 20 6 3,17 1
termopares – ou indirectos, baseados nos dados obtidos a partir das condições de equilíbrio
das reacções escória/metal ou gás/metal. As principais conclusões tiradas dos trabalhos de
investigação são:
4‐ Análise experimental
pretendidas, tanto no metal depositado, como na zona afectada pelo calor (ex: tipo de
estrutura que confere ao material melhores propriedades de resiliência).
Índice
1‐ Soldabilidade____________________________________________________________ 2
1.1‐Definição ____________________________________________________________ 2
1.2‐ Factores que controlam a soldabilidade ___________________________________ 2
2‐ Soldabilidade dos Aços. Factores de influência _________________________________ 3
2.1‐Zona Afectada pelo Calor (ZAC) __________________________________________ 3
2.2 ‐ Composição Química do Metal _________________________________________ 4
2.3 – Tensões Residuais ___________________________________________________ 5
2.4 ‐ Procedimento de soldadura ____________________________________________ 6
3‐Determinação de temperaturas de pré‐aquecimento de aços ao carbono ____________ 6
3.1 ‐ Parâmetros _________________________________________________________ 6
3.1.1‐Carbono equivalente _______________________________________________ 7
3.1.2‐Espessura combinada ______________________________________________ 7
3.1.3‐Potencial de H2 ___________________________________________________ 8
3.1.4‐Energia térmica do arco ____________________________________________ 8
3.2 ‐ Gráficos de temperaturas de pré‐aquecimento de aços ao carbono ____________ 9
3.3 ‐ Uso de eléctrodos austeníticos ________________________________________ 15
3.4 – Temperaturas de pré‐aquecimento para aços ao carbono e ligas _____________ 15
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 9‐ Soldabilidade dos aços e temperaturas de pré‐aquecimento
1‐ Soldabilidade
1.1‐Definição
De facto, não existe uma definição consensual para a soldabilidade, nem tão pouco se
expressa em termos quantitativos. Assim, a soldabilidade de um material deve ser exposta em
função dos factores que a controlam: a consideração de cada um dos factores permite fazer
uma avaliação qualitativa da soldabilidade dum dado material em termos restritos. Uma
avaliação efectiva só pode ser conhecida através do comportamento em serviço do
componente soldado.
Velocidade de arrefecimento.
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 9‐ Soldabilidade dos aços e temperaturas de pré‐aquecimento
Preparação da junta
Metal
Linha de depositado
fusão
Figura 1‐Zona Afectada pelo Calor (ZAC) ou Zona Termicamente Afectada (ZTA).
acentuado quanto maior for a espessura, uma vez que, devido ao menor trabalho de
laminagem, a redistribuição das segregações não se fará de um modo completo.
A presença de impurezas ou elementos residuais nos aços (enxofre, cobre,
alumínio, etc.) pode implicar dificuldades na sua soldadura, como o aparecimento de
fissuras e outros problemas na ZAC. Os efeitos são mais acentuados no caso de
grandes espessuras, devido à possibilidade de concentrações desses elementos por
segregação. A remoção das impurezas é possível, no entanto demasiado dispendiosa
para uso corrente.
A composição do metal depositado é outra variável que é difícil predizer, uma
vez que ele resulta da diluição do metal de adição com o material base. Assim, para
uma boa soldadura é importante que o metal de adição possua melhores
características que o material base. A diluição verificada estará dependente do tipo de
preparação adoptada, processo de soldadura, etc.
Do exposto ressalta que as dificuldades que podem ocorrer durante uma
operação de soldadura aumentam quando a espessura do material base aumenta;
torna‐se mais difícil garantir a resistência total das peças (que também depende da
velocidade de arrefecimento).
x‐Tensões residuais
longitudinais
y‐Tensões residuais
transversais
espessura). Na soldadura, para diminuir o valor das tensões residuais deve deixar‐se o material
deformar.
As deformações plásticas podem também provocar alterações das propriedades do
material, como são exemplo as reduções da ductilidade e resiliência do metal depositado,
atribuídas ao fenómeno designado de envelhecimento por deformação, o qual pode ser
acompanhado por fenómenos de endurecimento por precipitação.
Quanto maior a energia térmica (J/m) fornecida em cada processo, maior a propensão
para a ocorrência de problemas (baixas velocidades de arrefecimento do metal depositado e
da zona afectada pelo calor – notar que isto nem sempre é um problema. Porquê?). Assim, a
soldadura TIG é mais utilizada, nomeadamente em obras de grande responsabilidade.
A escolha de um processo de soldadura é condicionada por diversos factores e, para
minimizar as deficiências do processo, adoptam‐se procedimentos de soldadura especiais.
Estes podem envolver o uso de pré‐aquecimento, controlo da temperatura entre passes e
tratamentos após soldadura. Como os próprios nomes indicam, aquelas técnicas supõem a
aplicação de calor às partes a soldar antes, durante e após a soldadura, respectivamente.
O método que a seguir se expõe só se aplica a aços ao carbono, pois os aços de liga
requerem um tratamento especial e, muitas vezes, são dificilmente ou até impossíveis de
soldar.
3.1 ‐ Parâmetros
3.1.1‐Carbono equivalente
O carbono equivalente (CE) do material corresponde a uma percentagem que
descreve, de um modo simples, a sua composição química (até determinados níveis de
elementos constituintes). De entre as várias fórmulas propostas, uma das mais utilizadas é:
Mn Cr Mo V Ni Cu
CE C
6 5 15
Esta expressão só pode ser usada para os limites no material base indicados na tabela 1 e para
um CE na gama 0.3 – 0.7.
Uma medida mais precisa (embora esta decisão não faça parte da norma EN 1011‐2)
obtém‐se utilizando o carbono equivalente compensado (CEcomp) que também depende da
espessura (e):
CEcomp =CE + 0,0254.e
A soldabilidade dos aços pode ser medida pelo CEcomp e é normal considerar‐se que:
CEcomp ≤ 0,45 Aços soldáveis
0,45 < CEcomp ≤ 0,7 Aços medianamente soldáveis
CEcomp > 0,7 Aços dificilmente soldáveis
3.1.2‐Espessura combinada
Soma de espessuras de chapa que convergem na zona do cordão (numa distância de
75mm). Se a espessura aumentar bruscamente a partir dos 75 mm, pode ser necessário usar
valores superiores para a espessura combinada .
d1=espessura média no comprimento 75mm
3.1.3‐Potencial de H2
A presença de hidrogénio (por exemplo, devido à humidade) nos processos de
soldadura enfraquece as ligações e provoca fissuração logo, quanto maior o potencial de H2,
pior para a soldadura.
Consideram‐se cinco níveis de hidrogénio, expressos através da escolha de uma dada
escala de valores do H2 para cada 100g de metal depositado:
Por exemplo, a escala A é para materiais de adição que depositem material com um teor
de H2 > 15ml/ 100g (de metal depositado).
É importante começar por referir que o fabricante dos consumíveis indica o nível
potencial de hidrogénio na ficha técnica dos elétrodos e fios.
Em geral, com os eléctrodos básicos pode usar‐se a escala B, e com os restantes tipos
(rutilo, celulósicos, etc.) a escala A. Na verdade, tanto a escala B como a C e a D, podem ser
usadas com eléctrodos básicos. Na escala D é requerido um aquecimento prévio dos
eléctrodos a temperaturas de, pelo menos, 450⁰C.
A escala C poderá usar‐se no caso do MIG/ MAG com arame sólido.
Com o processo TIG (pouca humidade) pode usar‐se a escala D ou E.
No caso do arco submerso e MIG/ MAG com fio fluxado, os níveis de H2
correspondentes podem ser das escalas A à D, dependendo do estado do fluxo (que absorve
hidrogénio), ou seja, a escala a usar deve ser avaliada para cada caso.
A tabela 2 apresenta um extrato retirado da norma AWS D1.1:2006, na qual são apresentados
os valores das temperaturas de pré‐aquecimento para diversos tipos de aços. Para se verificar
a temperatura de pré‐aquecimento é usual o recurso a lápis (de cera especial) que mudam de
cor consoante a temperatura atingida (Figura 6). Os lápis são feitos para alterarem a sua cor a
uma temperatura específica, ou seja, cada lápis só deteta uma determinada temperatura.
Índice
1 ‐ Fissuração na solidificação dos aços – “Solidification Cracking” ...................................................... 2
1.1 ‐ Natureza do problema ............................................................................................................... 2
1.2 – Factores que promovem a fissuração na solidificação ............................................................. 3
1.3 – Medidas para atenuar a fissuração de solidificação ................................................................. 4
2 – Fissuração intergranular na zona termicamente afetada ‐“Burning and Hot Tearing” ou “Heat
Afected Zone Liquation Cracking” ................................................................................................................ 5
2.1 – Natureza do problema .............................................................................................................. 5
2.2 – Medidas para atenuar a fissuração na zona termicamente afetada ........................................ 7
3 – Arrancamento lamelar – “Lamellar Tearing” ................................................................................... 7
3.1 – Natureza do problema .............................................................................................................. 7
3.2 – Medidas para atenuar o arrancamento lamelar ....................................................................... 9
4 – Fissuração no re‐aquecimento após soldadura – “Re‐Heating Cracking” ou “Heat‐Treatment
Cracking” .................................................................................................................................................... 11
4.1 – Natureza do problema ............................................................................................................ 11
4.2 – Medidas para atenuar a fissuração no reaquecimento .......................................................... 11
5 – Fissuras induzidas pelo hidrogénio – “Hidrogen Induced Cracking” ............................................. 12
5.1 – Natureza do problema ............................................................................................................ 12
5.2 – Medidas para atenuar a fissuração a frio ............................................................................... 13
6 – Fontes de hidrogénio na soldadura ............................................................................................... 14
6.1 – Nível potencial de hidrogénio ................................................................................................. 14
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Durante ou após a soldadura dos aços podem ocorrer 5 tipos de fissuração descritos nas páginas
seguintes:
As impurezas contidas nos aços são mais ou menos solúveis nos grãos do metal em vias de
solidificação. As impurezas não absorvidas pelos grãos, migram para a sua periferia. Esta segregação de
impurezas para as juntas dos grãos é prejudicial para as propriedades mecânicas já que a sua presença
impede ou diminui as ligações intergranulares.
Numa soldadura, o metal fundido recolhe as impurezas presentes no metal base devido ao
fenómeno de diluição do metal base com o de adição. A solidificação do metal fundido faz‐se por
crescimento de cristais a partir da zona de ligação para o centro da zona fundida. A cristalização é
acompanhada de segregação das impurezas de modo que o metal líquido se vai enriquecendo em
impurezas com um consequente abaixamento do seu ponto de solidificação. No final da solidificação,
quando os cristais começam a encontrar‐se no centro da zona fundida, pode suceder que o metal
líquido residual tenha um ponto de solidificação bastante baixo e que portanto, a existência do filme
líquido se mantenha durante um período de tempo relativamente longo. Ao mesmo tempo que se dá a
solidificação, o arrefecimento e contracção do metal fundido e do metal base adjacente originam o
aparecimento de tensões na junta. Pode suceder que a ductilidade do metal depositado, devido à
presença do metal líquido, atinja um valor tão baixo que não possa absorver as tensões existentes e,
então dá‐se a fissuração (Figura 1).
Deformação na contração
Sentidos de solidificação
tensões desenvolvidas durante a solidificação. Como a constituição do metal da zona fundida resulta da
composição inicial do metal base e do metal de adição, os dois não podem ser estudados isoladamente.
A fissuração na solidificação distingue‐se facilmente dos outros tipos pois só ocorre no metal de
adição e está mais ou menos centrada com o cordão. Normalmente estas fissuras vêm até à superfície
do cordão portanto são facilmente visíveis a olho nu.
Figura 2‐ Fissuração na solidificação: cordão muito profundo e estreito (em cima à esquerda); bordos da junta
excessivamente afastados (em cima à direita e em baixo).
b) – Contaminação da junta:
A contaminação da junta por elementos como o enxofre e o fósforo, situação que se pode
encontrar na reparação por soldadura de materiais que tenham estado sujeitos a um ambiente
sulfuroso e estejam cobertos por uma película de sulfuretos, pode provocar a fissuração intergranular
na solidificação (Figura 3).
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Figura 3‐ Fissuração na solidificação: (a) impurezas segregadas para as juntas dos grãos; (b) fendas de
solidificação entre os grãos.
A deslocação dos bordos da junta pode resultar de uma distorção devida a uma defeituosa
montagem dos elementos a ligar.
Um caso muito frequente de fissuração ocorre na soldadura de tubos (ou outras circulares)
quando a soldadura é contínua. A contracção da primeira parte da soldadura origina tensões elevadas
durante a solidificação da zona oposta da soldadura.
d) – Material de adição:
O material de adição pode não ter sido escolhido tendo em conta o nível de impurezas do
material base.
- Se a solidificação resulta de tensões cuja causa pode ser eliminada, a solução é evidente. A
fixação correcta dos elementos que constituem a junta pode ser o remédio suficiente;
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
- Se o problema não for resolvido desta maneira, é aconselhável verificar a limpeza da junta,
em particular nos casos de reparação de peças que possam ter adquirido uma película de
sulfuretos devido às condições de serviço;
- A utilização de processos de soldadura que tolerem um nível alto de impurezas são também
soluções a encarar. Neste último aspecto, os eléctrodos básicos são muito mais seguros que
os elétrodos de rutilo;
- Pode ser necessária a verificação do material base para detectar eventuais níveis
exagerados de impurezas. Se existirem níveis altos de impurezas mas não se puder
substituir o metal base então a utilização de um processo de soldadura que conduza a um
mínimo de diluição poderá ser a solução para o problema.
Este fenómeno está relacionado com a existência no metal base de inclusões de enxofre sob a
forma de sulfuretos de ferro. Na região adjacente à zona de ligação, onde as temperaturas atingidas são
muito elevadas, podem ocorrer nas fronteiras dos grãos fusões localizadas devido à formação, a 985ºC,
de um eutéctico Fe / SFe. Este fenómeno tem o nome de “brûlure” em francês e “burning” em inglês e é
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
conhecido desde há muito por poder ocorrer a altas temperaturas durante as operações de
processamento dos aços. Em soldadura as tensões na zona termicamente afetada que acompanham a
operação podem originar micro‐fissuras nas fronteiras dos grãos onde se formou o filme líquido
intergranular, micro‐fissuras que se mantêm durante o arrefecimento. Além disso, o líquido residual
solidifica originando filmes de sulfuretos nas fronteiras dos grãos conduzindo a uma baixa acentuada da
resistência da zona termicamente afetada.
Material
depositado
Fronteira da
fusão
Material
base
Figura 6‐ Fissuração intergranular na ZAC: esquema (em cima); macrografia a mostrar microfissuras – as setas
(em baixo à esquerda); ampliação (em baixo à direita).
Embora seja duvidoso que a existência destas micro‐fissuras, só por si, tenham um efeito pernicioso
nas características mecânicas da junta, o facto de se situarem numa zona de baixa resiliência é um factor
a ter em conta.
Este problema pode ser controlado pelo teor de enxofre no metal base. Grosseiramente, uma
relação Mn / S = 20 assegura a ausência de fissuração nos aços ao carbono‐manganês com um carbono
abaixo de 0.20%. contudo, em certos aços de liga ou aços com teores de carbono muito elevados, o teor
de enxofre tem de ser menor.
O ensaio de dobragem sobre provetes cortados de uma junta de ensaio, realizado com o
material base em causa e soldado nas mesmas condições da obra é um processo cómodo de verificar a
susceptibilidade a este tipo de fissuração. De facto, o aparecimento de fendas na zona termicamente
afetada durante este ensaio indicará que há mais problemas nesta zona.
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Figura 7‐ Relação da composição química do material com a propensão à fissuração intergranular na zona
termicamente afetada.
Deformação
na contração
A secção transversal dum arrancamento lamelar é caracterizada por uma disposição em degraus
com zonas horizontais nitidamente mais longas que as verticais (Figura 9). Este aspecto é o elemento
mais notável da diferença entre este tipo de fissuração e o da fissuração induzida pelo Hidrogénio na
zona termicamente afetada.
O arrancamento lamelar pode ocorrer quer em aços macios, quer em aços de baixa liga, sejam
calmados ou semi‐calmados. Para um mesmo nível de inclusões, o fenómeno é mais provável quando a
resistência do aço aumenta.
Tecnologia dos processos de ligação 9
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
a) – Tipo de junta:
passante
b) – Tipo de material:
A utilização de produtos forjados pode ser a solução nos casos em que juntas críticas não
podem ser evitadas. De facto, a distribuição de inclusões nos produtos forjados não é tão favorável ao
aparecimento do arrancamento lamelar como acontece nos produtos laminados.
Tecnologia dos processos de ligação 10
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Actualmente não há garantia de se poder fazer uma escolha de chapas pela utilização de
métodos de controlo não destrutivos, incluindo os ultra‐sons. A utilização de chapas obtidas por
processos que conduzem a um nível de inclusões extremamente baixo não é total garantia da
eliminação do problema. Assim, só a realização de ensaios destrutivos permite revelar com segurança a
susceptibilidade de um dado material ao arrancamento lamelar se se encontrar uma baixa ductilidade
no sentido da espessura.
d) – Material de adição:
A utilização de um material de adição de baixo limite de elasticidade pode ser uma solução já
que assim se podem reduzir as tensões transmitidas ao metal base.
Este procedimento é apresentado nas figuras seguintes. Trata‐se de um processo caro mas
normalmente eficiente. Justifica‐se, contudo, se juntas críticas não podem ser evitadas ou se há dúvidas
quanto à qualidade do material base.
Figura 11‐ Enchimento por soldadura para diminuir o risco de fissuração por arrancamento lamelar.
Uma alternativa ao enchimento com metal macio, que pode alcançar o mesmo resultado,
consiste na utilização de uma sequência de passes estreitos (que introduzem menos calor, menos
deformação e menos tensões) com o metal de adição normal. Um exemplo é apresentado na figura 12.
Figura 12‐ Sequência de passes para diminuir o risco de fissuração por arrancamento lamelar.
Tecnologia dos processos de ligação 11
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
A fissuração dá‐se quando estão associados uma concentração de tensões – devido ao efeito de
entalhe na transição do cordão de soldadura com o metal base – e uma baixa de ductilidade do metal
depositado ou da zona termicamente afetada quando sobe a temperatura. Esta baixa de ductilidade é
atribuida à precipitação nas juntas dos grãos de carbonetos de Crómio, Molibdénio e Vanádio quando a
temperatura sobe.
Estão sujeitos a este tipo de fissuração os aços ao Cr‐Mo, Cr‐Mo‐V e Mn‐Mo nos quais os
elementos adicionados para promover um bom comportamento a alta temperatura conduzem muitas
vezes a um abaixamento da ductilidade a alta temperatura.
Regiões de grão
Metal base grosseiro na ZAC
Soldadura
Conjunto de planos com
Grão refinado na ZAC microfendas, habitualmente
perpendiculares à fronteira
de fusão
- É benéfico o afagamento, por esmerilagem, dos cordões de soldadura já que assim se pode
reduzir o grau de concentração de tensões devido ao efeito de entalhe na transição do
cordão de soldadura com o metal base;
- O controlo do teor de enxofre, para se evitar a fissuração intergranular na zona
termicamente afetada, é também benéfico já que se verificou que as micro‐fissuras da zona
termicamente afetada podem ser pontos de iniciação da fissuração no reaquecimento.
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Este tipo de fissuração é também conhecido pelo nome de fissuração a frio – “cold Cracking” –
porque o fenómeno tem lugar sempre à temperatura ambiente ou a uma temperatura muito próxima
desta. É um tipo de fissuração que surge principalmente na ZAC (Figura 14).
A fissuração a frio resulta da presença simultânea das três factores verificando‐se que nenhum
deles, por si só, é suficiente para provocar o fenómeno:
a) ‐ Têmpera:
Verifica‐se que as juntas soldadas livres são menos sensíveis à fissuração a frio que as juntas
rígidas. Contudo, para teores elevados de Hidrogénio e juntas soldadas com estruturas francamente
martensíticas, as tensões resultantes da deposição de um cordão de soldadura são suficientes para
provocar a fissuração.
c) – Hidrogénio:
Pelo facto de carácter diferido de certas fissuras, é recomendável que o controlo não destrutivo
para detecção da fissuração seja realizado após um certo tempo, por exemplo, quarenta e oito horas
após a execução da última soldadura de um conjunto soldado. Por outro lado, devido ao risco da
extensão das fissuras durante o tratamento térmico de eliminação de tensões, é após este tratamento
térmico que se deve proceder àquele controlo.
As precauções a tomar para evitar a fissuração a frio na soldadura dos aços podem ser
resumidas em três grupos:
No que se refere a este ponto pode dizer‐se que a sensibilidade à fissuração é directamente
função do teor em hidrogénio do metal depositado. Contudo, no caso de aços muito temperáveis o risco
de fissuração mantém‐se mesmo para teores de Hidrogénio muito baixos e só um modo operatório
apropriado pode eliminar esse risco.
É ainda necessário garantir a ausência de humidade dos materiais de adição quer sejam
eléctrodos revestidos, fluxos, gases de protecção ou mesmo fios‐eléctrodos. Simultaneamente é
necessário assegurar a protecção contra as fontes exteriores de Hidrogénio.
b) – Condições de fabricação:
As condições de fabricação determinam as tensões a que ficam sujeitas as juntas durante a sua
execução e nas horas que se lhe seguem. Quanto mais sensível for o aço a soldar mais se deve procurar
eliminar situações de rigidez durante a montagem, limitar as reacções elásticas das peças a soldar sem
esquecer o efeito possível resultante do peso próprio das peças.
c) – Modo operatório:
- Temperatura entre passes: como a fissuração a frio se produz abaixo de uma dada
temperatura, bastante baixa, é possível no caso da soldadura em vários passes evitá‐la se a
temperatura entre passes se mantiver superior aquele valor. Esta situação pode ser obtida
Tecnologia dos processos de ligação 14
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
Durante o arrefecimento, muito deste Hidrogénio escapa‐se por difusão para a atmosfera mas
uma parte dele difunde‐se para a zona afetada pelo calor e material base. A quantidade de H2 que se
difunde para a zona afetada pelo calor depende de vários factores tais como a quantidade de H2
absorvida pelo banho de fusão, a dimensão da soldadura, a diminuição da solubilidade do H2 com as
condições de arrefecimento do metal depositado, conforme ilustrado na figura 16.
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 10‐ Fenómenos de fissuração na soldadura dos aços
A humidade existente nos fluxos pode ser devida à água absorvida, água de cristalização dos sais
ou moléculas de água presentes na estrutura dos silicatos. A água sob aquelas diferentes formas pode
decompor‐se para produzir Hidrogénio; diferentes materiais e processos de fabrico produzirão
diferentes níveis de humidade. Quanto mais firmemente estiver a humidade entranhada mais elevada
terá de ser a temperatura de secagem para a eliminar.
O H2 gerado por fios sujos ou material base é em geral devido a processos de fabrico anteriores
(lubrificantes usados no estiramento ou trefilagem do arame, soluções, óxidos hidratados, etc.).
A medição directa da percentagem de humidade ou nível de Hidrogénio existente num dado
material de adição produz um valor denominado Nível Potencial de H2 (ver capítulo 9) do processo de
soldadura em causa. A escolha desta designação é devida ao facto de se saber que nem todo o
Hidrogénio contido no material de adição é absorvido pelo banho de fusão. Está disponível,
potencialmente, podendo afirmar‐se que em geral quanto mais elevado for o nível potencial de H2 mais
elevada será a percentagem de H2 de facto existente no metal depositado.
Claro que se pode medir laboratorialmente o Nível de H2 no Metal Depositado. Estas medições
permitirão aferir se os materiais de adição usados estão a introduzir os valores mínimos de H2 no metal
depositado. Podem ainda servir para fazer a computação de tempos e temperaturas dos tratamentos
pós‐soldadura com vista a eliminar o H2.
Índice
1‐Deformações em soldadura .......................................................................................................... 2
1.1‐Introdução .............................................................................................................................. 2
2‐Causas da ocorrência das deformações ........................................................................................ 2
2.1‐Energia térmica....................................................................................................................... 4
2.2‐Grau de rigidez da peça .......................................................................................................... 4
2.3‐Tensões presentes no metal base .......................................................................................... 5
2.4‐Propriedades do metal base ................................................................................................... 5
3‐Tipos de deformação..................................................................................................................... 7
4‐Controlo de deformações ............................................................................................................. 8
5‐Métodos de fixação das peças a soldar ...................................................................................... 11
6‐Tolerâncias de montagem ........................................................................................................... 11
7‐Correção das deformações ......................................................................................................... 11
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 11 ‐ Deformações em soldadura
1‐Deformações em soldadura
1.1‐Introdução
As deformações são um dos problemas mais graves que ocorrem no fabrico por
soldadura de um dado componente. O elevado número de parâmetros em jogo numa
operação de soldadura torna extremamente difícil a previsão e controlo das deformações.
Uma dada construção soldada é em geral projectada para um dado fim obedecendo a
dimensões e tolerâncias bem definidas. Deste modo se não for possível prever, controlar ou
mesmo corrigir as deformações podemos obter no final um componente que não irá
cumprir a missão para a qual foi projectado.
O problema da ocorrência de deformações é comum a todos os processos de fabrico
que utilizam calor. No caso da soldadura é mais notório dada a concentração de calor na
junta a soldar.
A deformação de uma junta soldada resulta da expansão e contração não uniforme
do metal depositado e material base adjacente, durante o ciclo térmico (aquecimento e
arrefecimento) provocado por uma operação de soldadura. Durante um ciclo térmico a
contração do metal é afectada por diversos factores o que torna o controlo das
deformações num problema de solução difícil. De facto as propriedades mecânicas e físicas
do material sobre as quais são feitos os cálculos variam com a temperatura do metal. Assim
verifica‐se que quando a temperatura do metal depositado se eleva o limite elástico,
módulo de elasticidade e a condutibilidade térmica do aço diminuem enquanto o
coeficiente de expansão térmica aumenta como se vê na figura 1. Estas variações por sua
vez irão afectar o fluxo de calor e a sua distribuição. Daqui se pode inferir as dificuldades
referidas.
módulo
Coef. expansão térmica
Tensão limite
elástico
Temperatura (oF)
Figura 1‐ Variação da tensão limite elástico, módulo de elasticidade e coeficiente de expansão térmica
com a temperatura.
(Figura 2‐a). Se agora a barra fosse aquecida, mas se restringisse a dilatação numa das
direções (Figura 2‐b) a barra dilataria só na direcção vertical. Ao dar‐se o arrefecimento a
barra tenderia a contrair em todas as direções (Figura 2‐c) resultando uma barra mais
estreita e espessa, ou seja, a barra ficaria deformada permanentemente.
Barra
aquecida
Barra à tempª
ambiente antes de Barra com restrição Barra obtida após
ser aquecida e após horizontal durante o arrefecimento
arrefecimento livre aquecimento
Material base
Eixo da
soldadura Soldadura
A Figura 3 mostra a distribuição de tensões residuais numa junta soldada neste caso, junta
topo a topo. As tensões opostas tracção/compressão foram naturalmente impostas pelas
deformações (devidas ao aquecimento/arrefecimento) da chapa soldada. De facto, a
contração do material base adjacente à soldadura irá contribuir para o aumento das tensões
que provocam deformações nas peças. Durante a operação de soldadura o material base
adjacente à soldadura é aquecido até muito próximo da temperatura de fusão; ao mesmo
tempo a temperatura da peça a alguma distância do cordão será substancialmente mais
baixa. Este gradiente de temperatura irá provocar uma expansão não uniforme da peça
soldada seguida de movimento das peças se as partes ligadas não estiverem rigidamente
fixadas. O arrefecimento do metal base e do metal depositado dá‐se a velocidades de
arrefecimento diferentes, ou seja, teremos contrações não uniformes que darão origem a
tensões que irão deformar a peça.
O volume de material que contribui para a deformação da peça até certo ponto pode
ser controlado pelo procedimento de soldadura adoptado.
Por exemplo, velocidades de soldadura elevadas diminuem a largura do banho de
fusão e da zona de metal base afetada pelo calor (ZAC) pelo que teremos menores
deformações.
De um modo geral podemos apontar como principais causas da ocorrência de
deformações:
2.1‐Energia térmica
O grau de rigidez ou grau de fixação das partes a soldar influencia o valor das tensões
residuais introduzidas e as deformações ocasionadas. Assim se durante a soldadura as peças
não forem devidamente fixadas em posição, as tensões originadas obrigarão a peça a
deformar‐se que assim acomodará as tensões presentes (através duma redistribuição). A
fim de controlar o movimento das peças dentro de limites aceitáveis recorre‐se por vezes ao
uso de dispositivos mecânicos (que serão descritos mais tarde) se as partes a serem
soldadas não tiverem rigidez suficiente. No entanto à medida que se aumenta o grau de
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 11 ‐ Deformações em soldadura
O estado das peças ou chapas a soldar tem um papel importante na mecânica das
deformações. De facto num componente que vai ser soldado pode afirmar‐se que existem
já tensões residuais provocadas por operações de laminagem, conformação, corte e outras
operações cuja grandeza depende da extensão do trabalho realizado. O calor aplicado
durante a soldadura tenderá a relaxar essas tensões de modo que a distorção final da peça
será a devida ao efeito combinado da soldadura e das tensões inerentes à peça, que
eventualmente se podem anular ou somar.
Condutibilidade térmica
Tensão de cedência
Módulo de elasticidade
Mede a rigidez do material; quanto mais elevado for, menor será a probabilidade de
ocorrência de deformação.
3‐Tipos de deformação
Contração transversal
Contração longitudinal
Distorção angular
Encurvadura (principalmente em materiais finos)
Efeito de fecho (tesoura)
Flexão longitudinal
4‐Controlo de deformações
Preparação em duplo V
Preparação da junta
Figura 5‐ Alguns métodos de preparação da junta com vista à diminuição da deformação.
Fraco
Melhor
Melhor
Melhor
Convém aqui referir que, para o mesmo volume de metal depositado, um pequeno
número de passes (de grande volume) provoca uma grande contração longitudinal e uma
pequena deformação transversal. O inverso também é verdadeiro.
Flexão
prévia
Antes de Depois de
soldar soldar
Soldadura com
passe à Sequência
retaguarda dos passes
A colocação das partes a soldar fora de posição ou uma pré‐dobragem poderão ser
usadas para acomodar as deformações verificadas. Outra prática corrente consiste em
posicionar soldaduras idênticas uma contra a outra e fixá‐las rigidamente: as soldaduras são
feitas nos dois conjuntos e deixadas arrefecer antes de se retirarem os grampos de fixação.
A pré‐dobragem pode ser usada com este método também (inserindo cunhas em posições
predeterminadas. Em geral estes métodos são usados somente quando com base em
Tecnologia dos processos de ligação 10
Capítulo 11 ‐ Deformações em soldadura
Soldar aqui
A martelagem das soldaduras tem sido por vezes usada como método de relaxação
de tensões que é conseguida por deformação plástica do material (devido à martelagem);
no entanto o seu uso é limitado.
O tratamento térmico de distensão pode ser usado em determinadas construções
soldadas.
6‐Tolerâncias de montagem
Índice
1‐ Considerações Gerais ......................................................................................................... 2
1.1‐ Excesso de soldadura .................................................................................................. 3
1.2‐ Acessibilidade dos cordões ......................................................................................... 4
1.3‐ Posição de soldadura .................................................................................................. 5
1.4‐ Minimização de tensões.............................................................................................. 5
1.5‐ Tolerâncias de maquinação ........................................................................................ 6
2‐ Posições de execução das soldaduras ................................................................................ 7
3‐ Terminologia usada na preparação de chanfros e outras definições .......................... 11
3.1‐ Definições .................................................................................................................. 11
3.2‐ Dimensões de uma junta .......................................................................................... 12
3.3‐ Tipos de preparações de juntas: ............................................................................... 13
4‐ Tipos de chanfros usados na preparação de juntas soldadas .......................................... 15
4.1‐ Introdução ................................................................................................................. 15
4.2‐ Factores que condicionam a escolha de uma dada preparação ............................... 15
4.2.1‐ Distribuição de calor e controlo da penetração ................................................ 15
4.2.2‐ Técnica de multipasse ........................................................................................ 17
4.2.3‐ Soldadura de espessuras desiguais.................................................................... 18
4.2.4‐ Acessibilidade .................................................................................................... 19
4.2.5‐ Deformação ....................................................................................................... 19
5‐ Processos utilizados na preparação de chanfros.............................................................. 19
5.1‐ Guilhotina .................................................................................................................. 19
5.2‐ Trincadeiras ............................................................................................................... 20
5.3‐ Torno; Fresadora; Limador ........................................................................................ 20
5.4‐ Esmeriladora ............................................................................................................. 20
5.5‐ Oxicorte ..................................................................................................................... 20
5.6‐ Corte por plasma ....................................................................................................... 22
5.7‐ Processo arc‐air – elétrodo de carvão....................................................................... 22
5.8‐ Elétrodos ................................................................................................................... 22
5.9‐ Máquina de chanfrar ................................................................................................. 23
6‐ Representação simbólica das soldaduras nos desenhos .................................................. 23
6.1‐ Símbolos elementares ............................................................................................... 23
6.2‐ Símbolos suplementares ........................................................................................... 23
6.3‐ Posição dos símbolos sobre os desenhos ................................................................. 24
6.3.1‐ Posição da linha de chamada............................................................................. 24
6.3.2‐ Posição do símbolo em relação à linha de referência ....................................... 25
6.4‐ Dimensão das soldaduras ......................................................................................... 25
6.4.1‐ Regras gerais ...................................................................................................... 25
6.4.2‐ Cotas principais a indicar ................................................................................... 26
6.5‐ Indicações complementares ..................................................................................... 27
6.5.1‐ Soldaduras periféricas ....................................................................................... 27
6.5.2‐ Soldaduras feitas no estaleiro ........................................................................... 27
6.5.3‐ Indicação do processo de soldadura ................................................................. 28
6.6‐ EN ISO 2553:1991...................................................................................................... 28
6.7‐ EN ISO 2553:1991 vs. AWS A2.4‐98 .......................................................................... 29
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
1‐ Considerações Gerais
A junta deve ter o mínimo de material compatível com as tensões em jogo na zona ligada,
a menos que outras condições como a aparência da junta ou ulterior maquinação fixem a
quantidade de material a depositar:
Por vezes a modificação da forma de determinadas juntas pode dar lugar à diminuição da
quantidade de metal depositado (Figura 2).
Conseguem‐se cordões mais pequenos quando as duas partes a ligar têm a mesma
espessura (Figura 3).
menos correto mais conveniente
Todos os cordões devem ser acessíveis para facilitar a sua deposição, controlo e eventual
reparação.
Exemplo
As elevadas tensões residuais formadas são diminuídas quando se usam braços ou furos
no disco central.
Superfície a maquinar
Tabela 1‐ posições de execução das soldaduras segundo a ASME Section IX, AWS A3.0 e EN ISO
6947:2011.
horizontal horizontal
vertical ascendente
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
Tabela 1‐ (continuação)
vertical descendente
ao teto
Tabela 1‐ (continuação)
Soldaduras
de canto
ao baixo
horizontal
Tabela 1‐ (continuação)
vertical ascendente
vertical descendente
ao teto
3.1‐ Definições
Junta:
Espaço a preencher com metal de adição entre dois elementos cujos bordos foram
convenientemente preparados para o efeito.
Perfil da junta:
Forma de uma secção recta da junta.
Preparação de bordos:
Operação que consiste em dar aos bordos uma forma correspondente ao perfil da junta.
Preparação da junta:
Operação que consiste em preparar os bordos e em dispô‐los segundo o perfil a dar à junta.
Reprise:
Ou passe de confirmação; é o cordão feito na raiz, do lado oposto à junta que se encheu de
metal de adição, a fim de eliminar a hipotética falta de penetração (Figura 8). Este termo, de
origem Francesa, corrente nas designações Portuguesas é, por vezes, confundido com a
definição da “retoma” pois uma tradução direta de “retoma” no Português dá “reprise” em
Francês .
Preparação simétrica:
O perfil da junta e do metal base adjacente tem um eixo de simetria comum.
Preparação assimétrica:
Não existe um eixo de simetria.
d – ângulo de chanfragem
s e
g – afastamento
g s – talão
d – profundidade
α
Bordos levantados
Bordos rectos
Preparação em V
Preparação em Y
Preparação em meio‐V
Preparação em U parcial
Preparação em J parcial
Preparação em X
Preparação em X parcial
Preparação em K
Preparação em K parcial
Preparação em duplo U
4.1‐ Introdução
Uma operação de soldadura envolve a preparação prévia dos bordos dos componentes a
soldar; essa preparação pode eventualmente exigir a remoção de material são o qual irá ser
substituído por metal depositado (de custo elevado). Esta operação que à primeira vista
parece contraditória é justificada por diversas razões que irão ser apontadas a seguir.
Como será amplamente mostrado em capítulos seguintes a variedade de preparações de
juntas à disposição dum projectista é enorme, o que por vezes põe problemas de escolha.
Só um conhecimento por parte do projectista dos meios à disposição para o fabrico do
componente e das limitações e particularidades dum processo de soldadura permitirá a
escolha da preparação mais adequada para uma dada aplicação.
O fim último de uma dada preparação é fazer o melhor uso possível da energia térmica
específica e força de penetração de um dado processo. Suponhamos o caso mais simples duma
Tecnologia dos processos de ligação 16
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
preparação com bordos rectos. A espessura máxima que se poderá soldar depende da
profundidade de penetração própria do processo escolhido ou existente. Na prática, no
entanto, pode ser impossível usar a penetração máxima que se pode obter com um dado
processo pois outros parâmetros entram em jogo – a força do arco pode ser de tal modo
elevada que pode perfurar a peça ou projectar o banho de fusão; diluição excessiva do metal
base pode trazer complicações de origem metalúrgica; banhos de fusão grandes podem não
ser compatíveis com soldadura em posição ou podem dar origem a estruturas com grão
grosseiro.
São indicados a seguir valores aceitáveis da penetração máxima que se podem obter com
diferentes processos de soldadura em soldaduras ao baixo de juntas com penetração total de
bordos rectos:
Tabela 2‐ Penetração máxima (típica) de alguns processos de soldadura.
Processo Espessura Max
(mm)
TIG 2
SER 3
MIG/MAG 4
SAS 8
Se for possível o uso de cobrejuntas podem então usar‐se processos com penetração mais
elevada.
À medida que a espessura das peças a unir aumenta torna‐se necessário chanfrar os
bordos. Este artifício permite diminuir a força necessária para penetrar completamente a junta
ao mesmo tempo que concentra o calor na zona que se pretende efectivamente fundir.
Nestes casos é possível fazer a soldadura do seguinte modo: para espessuras médias (até
13‐15mm) em que se usam preparações em V e em soldaduras em que é necessário garantir
penetração total, se a penetração total não tiver sido conseguida com o primeiro passe (ou
passe de raíz) faz‐se um pequeno chanfro pelo lado inverso (com esmeriladora ou
rebarbadora, arc‐air, etc.) e deposita‐se um cordão de soldadura (um passe) que se designa
por REPRISE ou passe de confirmação.
Quando as espessuras aumentam, se for possível soldar pelos dois lados, torna‐se mais
económico chanfrar as peças dos dois lados (usam‐se então as preparações em duplo V).
Conforme a possibilidade de acesso a ambos os lados da junta e a espessura a soldar, pode
o projectista recorrer a preparações mais elaboradas conforme os exemplos a seguir sempre
com o fim de obter maior economia de metal depositado e diminuir as deformações
introduzidas na peça:
Tecnologia dos processos de ligação 18
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
inclinação 1:4
4.2.4‐ Acessibilidade
O acesso à junta é um factor a ter em conta no seu projecto, sendo a preparação diferente
conforme as condições de acesso.
Em geral, pode dizer‐se que uma preparação deve ter um ângulo de abertura
suficientemente grande para permitir uma manipulação do elétrodo ou pistola.
Para soldadura em posição é geralmente requerida uma maior flexibilidade de movimento
sendo usual o emprego de juntas com maior ângulo de abertura.
Por exemplo em soldaduras horizontais é usada uma preparação assimétrica que evita o
escorrimento do metal por efeito da acção da gravidade.
Com processos automáticos, de maior penetração podem usar‐se preparações mais
estreitas compatíveis com o posicionamento do elétrodo.
4.2.5‐ Deformação
A preparação adotada numa dada junta tem grande influência nas deformações obtidas
por efeito da operação da soldadura.
Em geral pode dizer‐se que as deformações aumentam com o volume de metal
depositado. Assim uma preparação em U ou duplo V em vez de um V simples, além de ser mais
económica é aquela que produz deformações menores.
Quando se usam preparações que envolvem a soldadura pelos dois lados pode diminuir‐se
a deformação angular usando técnicas de deposição adequadas (soldadura alternada, dois
operadores, etc.). Para contrabalançar a deformação originada pelo primeiro passe podem
usar‐se preparações assimétricas (menor volume do lado que vai ser soldado em primeiro
lugar).
5.1‐ Guilhotina
‐ De lamina
‐ De rolos
Permitem executar somente chanfros em V.
Tecnologia dos processos de ligação 20
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
5.2‐ Trincadeiras
São máquinas manuais de chanfrar muito utilizadas para tubos (podem também ser
usadas em chapas), que permitem fazer chanfros em V ou V parcial.
O princípio de funcionamento da trincadeira é o seguinte: o cabeçote é encostado contra a
chapa a chanfrar – um buril animado de movimento alternativo vai retirando da chapa
sucessivas aparas até obter o chanfro pretendido.
5.4‐ Esmeriladora
Mais conhecida por rebarbadora, além de ser muito usada para fazer a limpeza da raiz do
cordão para se fazer o passe de confirmação e outras limpezas (de salpicos‐projeções, etc), é
também usada para fazer chanfros de pequena dimensão (só pequena dimensão em virtude
do ruído enorme que produz). Acrescente‐se ainda que os chanfros de pequena dimensão,
por exemplo numa cantoneira, são muito difíceis de executar com outro processo.
5.5‐ Oxicorte
É o processo de preparação de chanfros mais utilizado. Só se pode utilizar no entanto para
o corte de metais ferrosos. O oxicorte permite a obtenção de chanfros em V, X, K, com grande
precisão e perfeição.
As máquinas de oxicorte podem ser fixas ou portáteis.
As máquinas portáteis são normalmente formadas por um pequeno carro motorizado
sobre o qual se aplica um dispositivo específico de posicionamento do maçarico e um
regulador de variação de velocidade. O deslocamento é feito sobre a própria chapa a chanfrar
ou exterior a ela; pode ser equipada com 1‐3 maçaricos.
As máquinas fixas são habitualmente com controlo numérico (ou computador) e
apresentam‐se em 2 tipos principais: pórtico e braço. A estrutura tipo braço tem a vantagem
de permitir a colocação e corte de peças maiores que a própria mesa de trabalho. É
importante referir que um e outro tipo permitem fazer os mesmos trabalhos e que o
Tecnologia dos processos de ligação 21
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
movimento relativo da tocha com a chapa se pode dar através do movimento absoluto da
tocha ou da chapa.
Na operação de chanfragem a chapa deve estar perfeitamente posicionada a ser plana,
caso contrário obter‐se‐ão chanfros irregulares.
‐ Chanfro em V
Executa‐se normalmente com 1 maçarico.
B A
Os dois maçaricos deslocam‐se desfasados (o
maçarico que anda avançado executa o chanfro
inferior, enquanto que o maçarico A recuado
executa o superior
5.8‐ Elétrodos
Também se utilizam elétrodos revestidos especiais que permitem cortar os materiais
Tecnologia dos processos de ligação 23
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
3 Soldadura em V
4 Soldadura em meio V
5 Soldadura em Y
6 Soldadura em meio Y
9 Reprise
10 Soldadura de canto
11 Soldadura em entalhe
Soldadura plana
Soldadura convexa
Soldadura côncava
3
2 1 – linha de chamada
1
2 – linha de referência
3 – símbolo
Junta
Figura 21‐ Posição dos símbolos
junta
junta
a l
A figura ao lado apresenta a l
exemplos dessas regras
Figura 25‐ Regras gerais.
Tecnologia dos processos de ligação 26
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
No caso das soldaduras topo a topo, as soldaduras são contínuas, salvo indicações em
contrário, ao longo de todo o comprimento da junta e a penetração é total.
s
chapa à raiz do s
cordão
e – distância entre
a
2 elementos de
a n x l x (e)
Soldadura e soldadura vizinhos
l
de canto
descontinua l – comprimento
da soldadura
Soldadura de canto a nxl (e)
l e a nxl (e)
descontinua com n – n.º de
elementos alternados elementos de
soldadura
d – diâmetro do d n x (e)
ponto
Soldadura d
e – entre eixo dos
por pontos e pontos
n – n.º de pontos
Notas:
1‐ A ausência de indicação à direita do símbolo significa que a soldadura é contínua a
todo o comprimento dos elementos soldados.
2‐ Salvo indicação em contrário, as soldaduras topo a topo são de penetração total.
3‐ Nos cordões de canto deve‐se indicar as letras a ou z conforme figura 27 (EN ISO
2553:1991 ‐ ver também a figura 28).
4‐ Os símbolos, ao contrário do que possa parecer em alguns desenhos acima, devem
tocar numa das linhas, de identificação ou de referência (EN ISO 2553:1991 ‐ ver
figuras 27 e 28).
As indicações complementares podem ser necessárias para precisar certos aspetos das
soldaduras
23
A revisão da norma ISO 2553 em 1991 veio trazer algumas alterações das quais se destaca
a introdução de uma linha a interrompido, designada por linha de identificação, que se pode
situar por cima ou por baixo da linha de referência (linha contínua). Quando o símbolo de
soldadura está colocado pelo lado da linha contínua, então a soldadura faz‐se por esse lado. Se
o símbolo de soldadura estiver do lado da linha a interrompido, isso significa que a soldadura é
para se fazer pelo outro lado da peça. Na indicação de uma soldadura a ser efetuada por um
determinado lado, é importante notar que o facto de a linha de identificação se situar por cima
ou por baixo da linha de referência obriga à mudança da posição do símbolo (figura 31). Nas
soldaduras simétricas deve‐se prescindir da linha de identificação (figura 31 ‐ em cima e figura
32).
Tecnologia dos processos de ligação 29
Capítulo 12‐Preparação de juntas para soldadura
só para soldaduras
simétricas
para ser soldado deste lado para ser soldado do outro lado
Figura 32‐ Indicação de soldaduras simétricas: chanfros em meio V na chapa horizontal e cordões de
canto com catetos de 6mm (à esquerda); só cordões de canto (à direita).
Índice
1. Introdução .......................................................................................................................... 2
2. Tratamento pós‐aquecimento ............................................................................................ 2
3. Tratamento térmico após soldadura (PWHT) ..................................................................... 2
3.1. Relaxação das tensões residuais .................................................................................. 2
3.2. Efeitos metalúrgicos .................................................................................................... 3
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 13 – Tratamentos térmicos após soldadura
1. Introdução
2. Tratamento pós‐aquecimento
Índice
1‐ Definição ......................................................................................................................... 2
1.1. Equipamentos ......................................................................................................... 2
2‐ Princípio de operação ..................................................................................................... 3
3‐ Reacções químicas .......................................................................................................... 3
4‐ Consumo de oxigénio ..................................................................................................... 4
5‐ Pré‐aquecimento ............................................................................................................ 5
6‐ Combustão de gases ....................................................................................................... 5
7‐ Efeitos metalúrgicos ....................................................................................................... 7
8‐ Deformação .................................................................................................................... 7
9‐ Comparação com outros processos ............................................................................... 7
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 14 ‐ Oxicorte
1‐ Definição
O corte de metais resistentes à oxidação pode ser possível com a adição de fluxos
ou pós de ferro à corrente de oxigénio.
1.1. Equipamentos
Garrafa de O2
Garrafa de C2H2
2‐ Princípio de operação
Não existe um limite superior da espessura máxima que é possível cortar com
oxicorte.
3‐ Reacções químicas
O corte de aços ao carbono e aços de baixa liga é feito por oxidação do aço. O
produto principal da reacção de oxidação e o óxido de ferro Fe3O4, de acordo com a
equação.
4‐ Consumo de oxigénio
atraso = x/e %
O oxigénio de corte deve ter um grau de pureza elevado: da ordem dos 99.5%.
Uma diminuição de 0.5% do grau de pureza (99%) diminui o rendimento do corte. A
90% o corte pode ser mesmo impossível (as impurezas presentes no O2 são em geral o
vapor de água e gases inertes).
5‐ Pré‐aquecimento
6‐ Combustão de gases
Oxigénio (% estequiométrica)
Para uma reacção completa, é necessária uma razão oxigénio/ acetileno de 2.5
para 1. O oxigénio necessário pode ser retirado do ar ou da corrente de oxigénio de
corte. O consumo de oxigénio é mais baixo do que nos casos em que se usa gás natural
ou propano.
Propano: (C3H8)
7‐ Efeitos metalúrgicos
A largura da zona afectada pelo calor varia entre 0.8mm a 25mm para
espessuras entre 10mm e 150mm.
8‐ Deformação
Vantagens
a) Disponibilidade: podem ser utilizados diversos gases combustíveis e o O2 por
sua vez é encontrado na atmosfera. Além disto o processo não necessita electricidade.
b) Pequeno investimento inicial: os materiais necessários como maçaricos,
reguladores e mangueiras são relativamente baratos se comparados a outros
processos de corte tais como plasma ou LASER.
c) Facilidade operacional: o processo é de fácil aprendizagem e não possui muitas
variáveis, sendo assim de fácil operação.
Limitações
a) Restrições: em função das condições necessárias para corte anteriormente
descritas, a diversos metais usados industrialmente tais como aço inoxidável, níquel,
alumínio, cobre e suas ligas, não podem ser cortados por este processo.
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 14 ‐ Oxicorte
Índice
1 ‐ Introdução ......................................................................................................................... 2
1.1 – Classificação dos defeitos de soldadura .................................................................... 2
2 – Níveis de aceitação de defeitos ‐ Soldadura por arco em aço ........................................ 11
2.1 – Aplicabilidade da norma EN 25817:1996................................................................. 11
2.2 – Definição de parâmetros ......................................................................................... 11
2.3 – Designações ............................................................................................................. 12
2.4 – A avaliação das soldaduras ...................................................................................... 12
ANEXO A – Nível de aceitação de defeitos (extrato da NP EN 25817:1996) ........................ 13
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
1 ‐ Introdução
– Fissuras;
– Cavidades;
– Inclusões sólidas;
– Defeitos diversos;
FISSURAS
Segundo a sua forma, as fissuras também são classificadas nos seguintes tipos (Figura 2):
‐ Fissuras Radiais: As fissuras radiais provêm de um ponto comum e podem estar situadas
no metal depositado ou na ZAC ou ainda no metal base. As pequenas fissuras deste tipo são
designadas “Fissuras Estrela”.
‐ Fissuras de Bordo: São geralmente fissuras a frio que se iniciam e propagam desde o
bordo da soldadura, onde se concentram os esforços de contração. Iniciam‐se
perpendicularmente à superfície do metal base. Estas fissuras são geralmente resultado de
contrações térmicas que atuam na ZAC.
‐ Fissuras sob o cordão e na ZAC: Normalmente são fissuras curtas que, no entanto, podem
unir‐se e formar uma fissura contínua. As que se dão debaixo do cordão podem converter‐se
num sério problema quando estão presentes o hidrogénio, uma microestrutura pouco dúctil e
altos esforços residuais. Ambas podem ser fissuras a quente ou a frio e são encontradas em
intervalos regulares sob a soldadura e também no contorno da ZAC onde os esforços residuais
são máximos.
‐ Grupos e Ramificações de Fissuras: Os grupos são constituídos por fissuras separadas que
podem estar situadas no metal depositado, na ZAC ou no metal base. As ramificações são
grupos de fissuras interligadas que se originam através de uma fissura comum e se distinguem
do grupo de fissuras separadas e das fissuras radiais.
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
1 ‐ Fissura Longitudinal
2 ‐ Fissura Transversal
3 ‐ Fissura na Raiz
4 ‐ Fissura no Bordo
5 ‐ Fissura na Garganta
6 ‐ Fissura na ZAC
7 ‐ Fissura no metal de soldadura
8 ‐ Fissura Radial
9 ‐ Fissura na Interface
CAVIDADES
As cavidades são formadas por poros que resultam da obstrução do gás, na contração do
metal durante a solidificação ou na interrupção de um arco.
(a) (b)
Figura 3 – Radiografias de porosidades: (a) uniformemente distribuída; (b) agrupada e (c) linear.
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
Figura 3 – (continuação).
INCLUSÕES SÓLIDAS
São corpos sólidos estranhos ao metal base aprisionados na massa do metal fundido. De
acordo com as circunstâncias da formação e do material, tais inclusões podem ser:
‐ Inclusões de escória (Figura 4): são inclusões não metálicas presas no metal de soldadura
ou mesmo entre o metal de soldadura e o metal base. A sua formação pode aparecer de três
tipos: isolada (Figura 4 (a)), alinhada (Figura 4 (b)), ou agrupada. Em geral, estas inclusões
resultam de falhas na técnica de soldadura, do desenho da junta que não permita um acesso
adequado, ou então uma limpeza defeituosa entre os cordões de soldadura. As inclusões
alinhadas não deverão ser permitidas na medida em que correspondem à não existência de
ligação metálica numa longa extensão
‐ Inclusões de fluxo: são inclusões derivadas do fluxo obstruído no metal depositado. Estas
inclusões também aparecem na forma isolada, alinhada, ou agrupada.
‐ Inclusões de óxido: são inclusões formadas por óxidos metálicos retidos no metal
depositado durante a solidificação. Tais inclusões podem ser isoladas, alinhadas, ou agrupadas,
mas em certos casos, especialmente nas ligas de alumínio, pode mesmo aparecer uma camada
do óxido espessa resultante de uma combinação de uma insatisfatória protecção e da
turbulência no banho de fusão (filme de óxido).
‐ Inclusões metálicas (Figura 4 (c)): as inclusões deste tipo podem ser de tungsténio, de
cobre, ou ainda de outros metais. Estas inclusões são inaceitáveis por poderem provocar
localmente fragilização, no caso do tungsténio, ou fissuração, no caso do cobre.
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
Figura 4 – Radiografias de inclusões sólidas na soldadura: (a) inclusão isolada de escória; (b)
inclusão alinhada de escória e (c) inclusão isolada de tungsténio.
Falta de fusão (Figura 5): consiste numa descontinuidade causada por uma falta de ligação
à escala atómica entre o material depositado e o metal base (que não participou na fusão) ou
entre os cordões de soldadura. Acontece quando a técnica de soldadura, a preparação do
metal base, ou o desenho de junta são inapropriados. Entre as deficiências que causam a falta
de fusão destacam‐se a insuficiente quantidade de calor dada à soldadura e a falta ou
dificuldade de acesso às superfícies de fusão. Há três categorias de falta de fusão: falta de
fusão no flanco, entre passes e na raiz.
(a) (b)
Figura 5 – Falta de fusão: (a) entre o metal depositado e o metal base e (b) entre passes.
Falta de penetração: é uma fusão incompleta dos bordos a soldar na raiz da junta,
deixando um interstício não ligado entre os bordos. Este fenómeno pode resultar da
insuficiência do calor de soldadura, do desenho da junta inapropriado (por exemplo demasiada
espessura para ser penetrada pelo arco) ou do inapropriado arco de soldadura. Alguns
processos têm uma maior capacidade de penetração que outros. As soldaduras em tubos são
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
(a) (b)
A falta de fusão ou de penetração são defeitos altamente perigosos, quer por reduzirem a
secção resistente da junta, quer por poderem originar fissuração; são inaceitáveis,
principalmente nos casos de solicitações dinâmicas (fadiga), devido ao efeito de entalhe que
provocam.
São defeitos que consistem numa falta de conformidade geométrica das superfícies
externas em relação ao perfil correto. De um modo geral os defeitos de forma não
comprometem a resistência das juntas quando estas são sujeitas a solicitações estáticas, o que
não acontece quando sujeitas a solicitações dinâmicas. Neste grupo de defeitos podem incluir‐
se os seguintes:
‐ Sulcos;
‐ Mordeduras (ou bordos queimados);
‐ Excesso de metal;
‐ Convexidade excessiva;
‐ Excesso de penetração;
‐ Concordância imperfeita;
‐ Desbordo;
‐ Escorrimento;
‐ Desalinhamento;
‐ Deformação Angular;
‐ Chupado na raiz (cavidade de contracção na raiz);
‐ Recomeço imperfeito;
Tecnologia dos processos de ligação 9
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
(a) (b)
(c) (d)
Figura 8 – Radiografias de peças soldadas que apresentam defeitos de forma: (a) excesso de penetração;
(b) mordedura na raiz; (c) chupado na raiz e (d) mordedura na face.
DEFEITOS DIVERSOS
Aptidão ao uso
Um produto está apto para o uso para o qual foi concebido quando funciona
satisfatoriamente durante o tempo de vida previsto. O produto pode deteriorar‐se
em serviço mas nunca de modo a que se registe uma fractura que dê origem à sua
falha.
Espessura do cordão
o Cordão de canto “a”: altura igual ao maior triângulo isósceles que pode
ser inscrito na secção do cordão;
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
Defeito curto
Um ou mais defeitos cujo comprimento total não excede 25mm em cada
100mm do cordão ou um máximo de 25% do comprimento do cordão.
Defeito longo
Um ou mais defeitos com um comprimento total superior a 25mm em cada
100mm de cordão ou um mínimo de 25% do comprimento do cordão.
Área projectada
Área calculada pelo produto entre o comprimento e a largura máxima do
cordão de soldadura.
Área de fratura
Área a considerar após a fratura. É a área da secção fraturada.
2.3 – Designações
As designações apresentadas no Anexo A têm o seguinte significado:
ANEXO A – (continuação)
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
ANEXO A – (continuação)
Tecnologia dos processos de ligação 16
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
ANEXO A – (continuação)
Tecnologia dos processos de ligação 17
Capítulo 15 – Defeitos de soldadura
ANEXO A – (continuação)
Tecnologia dos processos de ligação 1
Capítulo 16‐Qualificação de soldadores e homologação de um procedimento
de soldadura ‐ gestão da qualidade
Índice
1‐ Qualificação de soldadores e operadores .......................................................................... 2
1.1‐Introdução: ................................................................................................................... 2
1.2‐ Exames a soldadores e operadores ............................................................................. 2
2‐Qualificação de um procedimento de soldadura ................................................................ 3
2.1 – Introdução.................................................................................................................. 3
2.2 – Obtenção da qualificação .......................................................................................... 4
2.2.1 – Procedimento de Soldadura ............................................................................... 4
2.2.2 – Certificado de qualificação ................................................................................. 4
3 – Gestão da qualidade ......................................................................................................... 5
Anexo A ‐ Certificado de qualificação de soldador (EN 287‐1:2011)...................................... 6
Anexo B ‐ Impressos usados na qualificação de um procedimento de soldadura (ISO 15614‐
1:2004) .......................................................................................................................................... 7
1.1‐Introdução
Uma boa soldadura é aquela que é barata, tem bom aspeto e resiste às ações para as quais
foi calculada, ou seja, pretende‐se que se faça de forma rápida, eficiente e que o soldador
saiba o que está a fazer. Naturalmente, para se obter uma boa soldadura é necessário ter os
ingredientes corretos – são eles a máquina de soldar certa, o soldador que a saiba operar e os
materiais base e adição devidamente selecionados e controlados. Todas estas condições só
serão devidamente garantidas se existir um controlo eficaz que deverá ser efectuado
antes, durante e depois da soldadura.
No que respeita ao controlo antes da execução da soldadura, terá por finalidade prevenir
tanto quanto possível deficiências de materiais, inaptidão da mão‐de‐obra, dos equipamentos
e métodos operatórios que impeçam o cumprimento das especificações de qualidade.
O controlo após soldadura será uma verificação do estado final da construção soldada, de
forma a decidir sobre a sua aceitabilidade em função das especificações exigidas.
Existem várias normas que regulamentam aqueles exames sendo as mais comuns em
Portugal:
Apesar de existirem algumas raras exceções, é de sublinhar que as regras gerais da EN 287
ditam o seguinte:
Os exames e ensaios mais usados para avaliar a qualificação nas provas são não
destrutivos (exame visual e radiografia) e destrutivos (ensaios de dobragem ‐ de face, de raiz
ou lateral ‐ macrografia e fractura)
O ensaio de dobragem é suficiente para detetar certos defeitos difíceis de constatar nos
exames não destrutivos, como é o caso das colagens.
O prazo de validade da qualificação é de dois anos e pode ser revalidado pela direção da
qualidade da empresa se esta estiver credenciada para o efeito. Para certos trabalhos de
responsabilidade são impostas especificações que exigem a revalidação da qualificação do
soldadores ao fim de períodos de tempo inferiores, nomeadamente 6 meses e nalguns casos 3
meses.
O anexo A mostra o impresso retirado da EN 287‐1:2011 que pode ser usado para
certificado de qualificação de soldador.
2.1 – Introdução
‐ materiais a soldar;
‐ metal de adição;
‐ preparação das juntas;
‐ técnica de soldadura, etc.
isto é, devem ser fornecidas todas as indicações necessárias à execução do trabalho, ou sejam
as diferentes variáveis do processo.
Uma vez definida uma dada especificação de soldadura (WPS), é necessário verificar
experimentalmente que as propriedades das soldaduras assim obtidas são satisfatórias. Para
isso, é executado uma amostra soldada usando um procedimento idêntico ao definido no
WPS, em que as variáveis essenciais não foram alteradas. Dessa amostra serão retirados um
determinado número de provetes que serão ensaiados posteriormente. O código define o tipo
de material, espessura do material da amostra ‐ que poderá ser chapa ou tubo ‐ e o número e
tipo de ensaios a fazer.
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 16‐Qualificação de soldadores e homologação de um procedimento
de soldadura ‐ gestão da qualidade
Em geral, a execução da amostra e realização dos ensaios são feitos na presença de uma
entidade inspectora que emite o respectivo certificado de qualificação, onde, além das
variáveis essenciais do processo, são indicados os resultados dos ensaios feitos. O anexo B
apresenta os impressos retirados da ISO 15614‐1:2004 habitualmente usados na qualificação
de um procedimento de soldadura.
3 – Gestão da qualidade
A norma NP EN ISO 9000:2000 contem as regras para certificação de empresas que, dito
de uma forma simples, pretendem produzir um determinado produto com a qualidade
suficiente para satisfazer as necessidades do cliente. Esta qualidade tem de ser garantida, ou
seja, o produto deve ser produzido de forma controlada pois só assim se garante que satisfaz
os requisitos pretendidos. As empresas certificadas possuem documentos que vão sendo
adaptados e reescritos à medida da natural evolução do produto fabricado ou dos métodos de
fabrico que podem ter sido alterados ao longo do tempo. Estes documentos dizem como é que
uma determinada operação, por exemplo a soldadura MIG, se deve efetuar – é a instrução de
trabalho; o que é que se deve soldar – são os desenhos; como é que na empresa se trata a
área de soldadura – é o procedimento operacional da área de soldadura e, como é que se
controla se a soldadura está ou não bem executada – é a instrução de controlo.
Um dos pontos chave numa obra de responsabilidade consiste na garantia de que tudo se
fez para evitar e que é possível descobrir quem foi o responsável por uma hipotética falha.
Esta questão designa‐se por rastreabilidade e, no caso da soldadura, consiste em ter os
soldadores devidamente qualificados e referenciados – o soldador fulano tem um punção com
a letra “X” que marca de forma indelével junto à soldadura que efetuou. Esta mesma
soldadura pode, se o critério de qualidade imposto a essa obra assim o exigir, ser alvo de uma
análise a efetuar pelo inspetor da qualidade que, também ele, marca com a letra “Q”.
Naturalmente são efetuados registos de não conformidades que servirão para a melhoria
contínua da qualidade na empresa.
Os anexos C e D apresentam, a título de exemplo, respetivamente, um procedimento
operacional e uma instrução de controlo da área de soldadura de uma determinada empresa
que produz estruturas metálicas.
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 16‐Qualificação de soldadores e homologação de um procedimento
de soldadura ‐ gestão da qualidade
ÍNDICE
1. OBJECTIVO ..................................................................................................................... 1
2. ÂMBITO ......................................................................................................................... 1
3. SIGLAS, SIGNIFICADOS E DEFINIÇÕES ........................................................................... 1
4. RESPONSABILIDADES..................................................................................................... 2
5. PROCEDIMENTO ............................................................................................................ 2
6. ALTERAÇÕES À EDIÇÃO ANTERIOR .............................................................................. 11
1. OBJECTIVO
2. ÂMBITO
DQ – Direção da Qualidade
DP – Direção de Produção
DO – Direção de obra
PO – Procedimento operacional
Doc – Documento
3.2 DEFINIÇÕES
Defeitos Curtos um ou mais defeitos cujo comprimento total não excede 25 mm em cada 100
mm do cordão ou um máximo de 25% do comprimento do cordão, para uma soldadura de
comprimento inferior a 100 mm.
Defeito Longo um ou mais defeitos com um comprimento total superior a 25 mm em cada 100
mm do cordão ou um mínimo de 25% do comprimento do cordão, para uma soldadura de
comprimento inferior a 100 mm.
Correção são ações desenvolvidas com a finalidade de tornarem um produto não conforme
em produto conforme.
4. RESPONSABILIDADES
A DP é responsável por:
5. PROCEDIMENTO
As soldaduras efetuadas pela empresa xxx, devem cumprir os requisitos das normas adotadas
bem como as regras da “Boa Execução”.
O processo de soldadura utilizado, para a execução de grande parte das soldaduras a realizar
pela empresa xxx é o processo MAG, isto para as soldaduras realizadas em oficina. As
soldaduras realizadas em obra são geralmente por elétrodo revestido.
Sempre que a DO e ou a DP acharem conveniente utilizar outro processo de soldadura que não
o MAG, tem de elaborar especificações de soldadura, de preparação das juntas, do material de
adição a usar e certificar‐se que existe na empresa operador qualificado para tal. A DP e ou a
DO tem de indicar no desenho qual o processo.
Sempre que ao longo do fabrico por razões alheias à DO existir a emenda de elementos com
base numa viga de aço que vão constituir um componente, deve a DP consultar a DO para
averiguar qual o processo mais indicado e se tal se pode realizar.
O operador cumpre com a instrução de trabalho respetiva. Esta instrução faz referência a uma
série de Doc., tabelas e desenhos.
Os operadores de soldadura são operadores com formação específica e são os operadores que
constam na lista de soldadores.
O operador cumpre com a instrução de trabalho ITDP11 de soldadura, com os desenhos e com
este procedimento.
As operações de soldadura sofrem controlo antes, durante e depois da soldadura quer isto
dizer,
5.1.3 – Controlo final das soldaduras. O controlo baseia‐se no auto controlo e no controlo
da Inspeção da Qualidade:
Sempre que após verificação se detete uma não conformidade, dependendo da fase de
execução e do tipo, os soldadores actuam do seguinte modo:
Quando a Não Conformidade for detetada pela Inspeção de Qualidade, é elaborado o RNC que
é entregue ao chefe de setor ou ao encarregado geral, da área onde surgiu a Não
Conformidade.
Este por sua vez avalia a Não Conformidade e decide sobre a mesma. Providencia a execução
da correção e ou a implementação da ação corretiva, ou a sua identificação e consequente
deslocação para a zona de produtos não conforme (caso exista).
As correções efetuadas são verificadas pela Inspeção de Qualidade ou Inspeção por auto
controlo.
Em qualquer dos casos descritos, o autor da decisão deve preencher o RNC no campo
respetivo. Este por sua vez é entregue na DQ para análise e parecer sobre o mesmo.
Inspeção Visual
Tipo de Descrição Desenho esquemático Critérios de Deci‐ Correção
defeito do defeito aceitação são
Bordos Depressão com Defeitos OK Refazer a
forma de soldadura,
Queimados Curtos
entalhe, no efetuando
metal de base um novo
acompanhando Defeitos X cordão
a margem do Longos
cordão de
soldadura
OK ‐ ACEITAR
X – EFETUAR A CORREÇÃO INDICADA
Inspeção Visual
Tipo de Descrição Desenho esquemático Critérios de Deci‐ Correção
defeito do aceitação são
defeito
Inclusão de Material não Topo a Topo Retirar a
metálico soldadura e
Escória Não X
retido dentro efetuar de
da zona permitido novo
fundida
OK ‐ ACEITAR
X – EFETUAR A CORREÇÃO INDICADA
Os defeitos do quadro acima poderão ser visíveis aquando da limpeza de cordões (interpasse),
nas soldaduras topo a topo.
Neste processo de soldadura o sentido de execução processa‐se com a pistola inclinada para
trás fazendo um ângulo de 60o em relação à zona soldada.
Arco pulsado (Puls‐Arc) permite além de soldaduras de chapas grossas, soldar chapas
finas com fios‐elétrodos de 1,2 e 1,6 mm de diâmetro.
Para diâmetros de 0,8 e 1 mm em juntas de ângulo exterior ou de topo a topo em chapas finas,
a ponta de contato deve posicionar‐se a topo com o local de proteção ou quando muito 2 mm
recolhido. Em diâmetros superiores a ponta de contato não deve estar mais do que 5 mm em
relação ao topo do bocal. Só no processo do arco longo ele deve recolher à volta de 10 mm no
máximo. Tudo isto permite uma maior estabilidade do arco, em função dos respetivos
diâmetros do fio‐elétrodo utilizados.
Deve‐se evitar as grandes distâncias entre a ponta do fio elétrodo e a peça a soldar, para não
diminuir a proteção gasosa no banho de fusão. A distância entre o bocal de proteção e a peça
está compreendida entre 10 e 15 mm no máximo.
O ângulo de incidência da pistola de soldadura coma junta não deve ser inferior a 60º para não
permitir um escoamento rápido do gás de proteção, que a verificar‐se deixa desprotegida a
zona adjacente ao banho de fusão e anteriormente soldada
‐ A espessura a soldar
‐ O diâmetro do fio elétrodo a utilizar
2) É preciso aumentar a voltagem até que o arco seja suave, com o mínimo de salpicos e se
estabeleça aproximadamente a 10 mm fora do bocal.
5.4.2 Recomendações
Manter o bocal e a ponta de contato bem limpos e isentos de grainhas, para evitar
curtos‐circuitos entre o bocal e a ponta de contato.
Ter as ligações de alimentação do gás bem apertadas para que não haja fugas.
Regular a máquina de forma a fazer uma soldadura com bom aspeto e boa
penetração.Em soldaduras de ângulo, que a face do cordão seja plana e isenta de
salpicos.
Sempre que a deposição de metal seja interrompida, cortar a ponta do fio que se
apresenta oxidada para que o escorvamento se faça rápida e eficientemente.
Não trabalhar com débitos de gás elevados. O excesso de gás é tão prejudicial como a
falta do mesmo.
Usar máscara de cabeça (de preferência) munida de vidro filtrante nº 12 para melhor
proteção dos olhos.
Usar luvas não inflamáveis, camisa de manga comprida, calças sem dobras, botas,
avental, boné para proteger o cabelo, de tal maneira que a pele se mantenha
protegida das radiações. As projeções quentes podem alojar‐se nas dobras das
mangas, das calças, nos bolsos, etc.
Os postos de trabalho vizinhos devem ser protegidos das radiações diretas ou das
refletidas por superfícies brilhantes, radiações essas que provocam conjuntivites
dolorosas (inflamação nos olhos).
Não utilizar cabos de soldadura gastos, nus ou com isolamento deteriorado. Não se
deve sobrecarregar o cabo e as ligações ou emendas devem ser sempre corretamente
isoladas.
O equipamento deve permanecer desligado enquanto não estiver a ser utilizado, uma
vez que uma descarga acidental pode causar sobreaquecimentos com risco de
incêndio. Não deve enrolar‐se o cabo de soldadura sobre o corpo.
O cabo de massa deve estar ligado à peça de soldar o mais perto possível da área de
soldadura.
ÍNDICE
1. OBJECTIVO ..................................................................................................................... 1
2. ÂMBITO ......................................................................................................................... 1
3. SIGLAS, SIGNIFICADOS E DEFINIÇÕES ........................................................................... 1
4. INSTRUÇÃO .................................................................................................................... 2
5. ALTERAÇÕES À EDIÇÃO ANTERIOR ................................................................................ 4
1. OBJECTIVO
2. ÂMBITO
DQ – Direção da Qualidade
IC – Instrução de Controlo
Des. – Desenho
PIE – Plano de Inspeção e Ensaio
IQ – Inspeção da Qualidade
3.2 DEFINIÇÕES
Defeitos Curtos um ou mais defeitos cujo comprimento total não excede 25 mm em cada 100
mm do cordão ou um máximo de 25% do comprimento do cordão, para uma soldadura de
comprimento inferior a 10 0mm.
Defeito longo um ou mais defeitos com um comprimento total superior a 25 mm em cada 100
mm do cordão ou um mínimo de 25% do comprimento do cordão, para uma soldadura de
comprimento inferior a 100 mm.
4. INSTRUÇÃO
Esta instrução tem como referência a norma ISO 5817 (juntas soldadas por arco em aço. Guias
de níveis de aceitação de defeitos) e a norma ISO 6520 (classificação das imperfeições nas
soldaduras de aços), são também considerados como referência as Regras da Boa Arte, estas
transmitidas através da formação e da experiência adquirida.
Os critérios de aceitação são definidos em função dos níveis de exigência estipulados, tal como
a norma de referência consideramos três níveis.
O nível a considerar é o Nível de exigência moderado, isto nos casos em que o cliente tenha
exigências deste nível ou inferiores. Nos casos em que o cliente especifique níveis superiores
serão elaboradas especificações próprias para essa obra cumprindo o estipulado pelo cliente.
Esta indicação consta do PIE de cada obra.
As soldaduras executadas na empresa xxx são alvo de três tipos de inspeção, por auto controlo
(AC), controlo volante (CV) e entidade externa.
O controlo volante é efetuado pela inspeção da Qualidade (IQ), sendo o seu registo efetuado
na ficha de inspeção (IDQ25).
Todas as operações de soldadura são alvo de inspeção por parte do serviço de inspeção. Esta
inspeção é feita ao longo do processo produtivo, podendo ser antes da soldadura, ou seja, na
preparação da junta, após operação de soldadura, antes da operação de decapagem, após
operação de decapagem ou numa fase de pintura bem como na inspeção final.
‐ A morfologia do cordão
‐ O aspeto do cordão
‐ Extensão do cordão
‐ As dimensões do cordão
‐ O tipo de junta
Esta inspeção é registada na ficha de inspeção IDQ25, a inspeção visual das soldaduras consiste
da constatação da existência ou não de defeitos de soldadura, alguns dos defeitos estão
descritos na ficha em que a IQ regista mediante da existência ou não desses defeitos.
A extensão dos defeitos são definidos em três níveis Bom, Aceitável e Não aceitável. Isto é:
Sempre que a IQ realize inspeção final ou de pintura, efetua sempre uma inspeção visual das
soldaduras.
No caso da inspeção de soldadura ser efetuada através de ensaio, estando este definido no
Plano de Inspeção e Ensaio da respectiva obra o resultado é dado pelo relatório da entidade
que efetuou o ensaio, nomeadamente entidades credenciadas para o efeito. (por exemplo o
ISQ)
Índice
1‐Aspetos económicos da soldadura................................................................................................ 2
1.1‐Introdução .......................................................................................................................... 2
1.2‐Escolha do processo de soldadura ..................................................................................... 2
2‐Orçamento de uma obra ............................................................................................................... 3
2.1‐Custo da soldadura............................................................................................................. 4
2.1.1‐Custos de consumo ..................................................................................................... 4
2.1.2‐Custos de mão‐de‐obra ............................................................................................... 4
2.1.3‐Despesas gerais ........................................................................................................... 5
2.2‐Amortização das instalações e equipamentos ................................................................... 6
3‐Fatores que afectam os custos de soldadura ................................................................................ 7
3.1‐Fase de projeto................................................................................................................... 7
3.2‐Fase de produção ............................................................................................................... 8
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 17 ‐ Cálculo de custos de soldadura
1.1‐Introdução
Na realização de qualquer projeto existem três requisitos fundamentais na obtenção do
produto:
eficiência
custo
aspeto
A ordem destes requisitos será, naturalmente, função do propósito do produto. Assim, num
redutor de engrenagens a eficiência e o custo são fundamentais, enquanto o aspecto é secundário;
por outro lado no caso da carroçaria de um automóvel, já os três factores são importantes e
provavelmente pela ordem: aspeto; eficiência; custo.
O conhecimento do custo inerente à construção de um produto industrial é da máxima
importância, uma vez que permite:
determinar o preço em função da oferta
estabelecer uma base para um controlo económico
fornecer a base para agir de modo a reduzir o custo
escolher entre diversos processos
fazer um estudo económico entre utilizar o equipamento existente ou adquirir um
equipamento novo
flanges e similares pode limitar o uso de processos automáticos. Por outro lado a falta de
acesso de um dos lados obriga à escolha de processos com maior penetração;
exigências de qualidade da soldadura. De uma forma geral, para se obterem soldaduras de
qualidade elevada devem‐se escolher processos automáticos. Se, por outro lado é o aspecto
que está em causa, a soldadura por arco submerso é aconselhável e preferível à SER;
contaminação do ambiente. Quando a soldadura é executada em espaços limitados
(ambientes fechados) tornam‐se indesejáveis determinados processos de soldadura, como
por exemplo o processo MAG com fio fluxado, devido à produção excessiva de fumos, a não
ser que se utilize um processo de extração adequado;
procedimento de soldadura. Para uma determinada junta, um processo de soldadura pode
parecer a escolha mais económica, mas necessitar de testes de qualificação para cumprir as
exigências dos códigos. Assim, um processo que já tenha sido aprovado pode ser a escolha
verdadeiramente económica, por causa do custo desses testes;
pré‐aquecimento. O objectivo fundamental do pré–aquecimento é diminuir a velocidade de
arrefecimento de modo a evitar a formação de estruturas martensíticas. A necessidade do
pré–aquecimento varia com a escolha do processo. Assim pode tornar‐se mais económico
usar um processo mais caro, mas reduzir ou mesmo eliminar os custos do pré–aquecimento;
tratamento térmico posterior. Devido a desiguais velocidades de arrefecimento criam‐se nas
juntas soldadas tensões residuais e distorções. Por outro lado devido às elevadas
temperaturas que se atingem e às velocidades no arrefecimento surgem estruturas de grão
grosseiro e por vezes estruturas martensíticas. Torna‐se então necessário submeter essas
juntas a tratamentos térmicos posteriores, quer de anulação de tensões residuais, quer de
normalização de grão, quer outros. Esta necessidade vária com o processo escolhido;
grau de penetração exigido. Cada processo de soldadura tem uma penetração específica. Por
exemplo, quando se pretende obter penetração total na soldadura de uma junta topo a topo
com acesso por ambos os lados, o uso do processo MAG com fio fluxado, ou do arco
submerso é preferível ao uso do SER uma vez que reduz a quantidade a depositar no passe
de confirmação;
manuseamento e dispositivos auxiliares de fixação. A facilidade de montagem e preparação
de juntas é de extrema importância na soldadura. Ao escolher um processo que apenas
permite soldar ao baixo torna‐se necessário prever a manipulação dos conjuntos de peças a
soldar. Ao desejar‐se soldar o componente num dispositivo de fixação, a escolha do processo
deve ser tal que a acessibilidade não seja diminuída devido à fixação;
controlo da distorção. O controlo dos empenos determina que seja depositada a menor
quantidade possível de metal de adição compatível com as exigências de resistência, e que se
faça um balanceamento das juntas a soldar em torno do eixo neutro do conjunto, entre
outros;
Inspeção. Na preparação de juntas, deve prever‐se uma fácil inspeção posterior à soldadura.
De facto alguns tipos de juntas, tais como juntas em T, por exemplo, tornam difícil a
interpretação radiográfica e o exame por ultra‐sons.
O cálculo do custo de soldadura não difere basicamente do cálculo do custo de qualquer outra
operação. Assim, para se obter o custo final do componente soldado é necessário relacioná‐lo
directamente com o custo de mão‐de‐obra, de materiais e equipamentos e instalações envolvidos no
fabrico do componente.
2.1‐Custo da soldadura
Os dois primeiros constituem os custos directos, as despesas gerais incluem vários encargos
ligados indirectamente à soldadura, tais como a depreciação das instalações, a manutenções, a
formação de pessoal, a supervisão técnica, etc., vulgarmente designados por custos indirectos de
soldadura.
2.1.1‐Custos de consumo
(1)
ç .
onde V e I são a tensão e a intensidade de trabalho, respetivamente e t o tempo durante o
qual se esteve a soldar. Naturalmente, a energia consumida, , pode ser obtida
directamente de um contador de energia, ou, no caso de se pretender fazer uma estimativa
usar os valores típicos do processo de soldadura.
2.1.2‐Custos de mão‐de‐obra
Os custos de mão‐de‐obra constituem a maior e mais importante parte dos custos totais de
soldadura. Estes custos são função do tempo, e como tal, dependem do tempo de fusão do metal de
adição (tempo de deposição).
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 17 ‐ Cálculo de custos de soldadura
Apenas uma pequena parte do tempo de trabalho de um soldador é ocupado na tarefa útil de
soldar, o tempo restante é gasto a remover escória, limpar e preparar o trabalho a soldar, etc. Para
determinar o tempo total de soldadura deve indexar‐se o tempo de deposição com um fator que
tenha em conta o tempo necessário para estas operações (tempo de manuseamento), o mesmo
varia com o processo e o tipo de trabalho ou de fabrico envolvido bem como da qualidade da mão‐
de‐obra. Esse fator, designado por fator de marcha, é dado por:
ã é
100 (2)
onde o tempo total de trabalho inclui o tempo de fusão, o tempo de manuseamento e outros.
á (3)
O tempo de manuseamento é mais difícil de obter e apenas pode ser calculado com base nas
técnicas de medida de tempos e economia de movimentos. Para se obter um factor de marcha
elevado, o tempo de manuseamento deve ser mínimo, de forma a fazer‐se uma boa utilização do
tempo de soldadura. Este facto é muito importante pois um soldador é um operário especializado e
consequentemente recebe um salário elevado, não devendo executar tarefas de manuseamento. Em
certos casos pode então tornar‐se mais económico colocar um ajudante de muito menor qualificação
(e menor salário) a realizar essas tarefas, ficando o soldador totalmente ocupado com o trabalho de
soldadura e permitindo obter um maior rendimento do equipamento. O uso de dispositivos
auxiliares de fixação e de guias permitem também diminuir o tempo de manipulação, aumentando
assim o factor de marcha. Verifica‐se assim que o factor de marcha depende muito da organização da
oficina e que varia com o processo utilizado.
A tabela 1 apresenta os valores típicos de factores de marcha para vários processos de soldadura.
2.1.3‐Despesas gerais
Estas despesas incluem todos os custos indirectos de soldadura. Podemos distinguir as despesas
gerais de produção e outras despesas gerais.
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 17 ‐ Cálculo de custos de soldadura
Percentagens de 250 a 350% sobre o custo de mão‐de‐obra, são valores normais para as
despesas gerais. No entanto estes valores podem elevar‐se a 500 – 700%, dependendo da
organização e dos produtos envolvidos.
3.1‐Fase de projeto
A introdução da tecnologia da soldadura veio abrir novos campos no tipo de formas
estruturais que podem ser produzidas. É assim possível produzir estruturas com a forma idealizada,
usando as técnicas de oxi‐corte, plasma, etc. e de soldadura para cortar e unir os membros. No
entanto, e dado o elevado custo da soldadura, o uso das secções normalizadas, embora menos
desejável do ponto de vista teórico, pode resultar num trabalho mais económico. Contudo, o baixo
custo não é necessariamente o requisito principal, pelo que ao comparar dois projectos se deve
escolher o que permite obter os requisitos funcionais principais ao preço mais razoável.
É bem conhecida a regra que indica que sempre que possível se deve soldar ao baixo. Na
realidade a soldadura ao baixo tem numerosas vantagens relativamente a outras posições, tais
como:
Possibilidade de uso de eléctrodos de alto rendimento
Possibilidade de usar eléctrodos de maior diâmetro, aumentando a taxa de deposição
Maior velocidade de soldadura, o que diminui o custo de mão‐de‐obra
Diminui a fadiga do soldador (posição mais cómoda), o que melhora o factor de marcha
Assim, ao projectar uma junta devem ter‐se em consideração estes pontos, particularmente
no caso de soldaduras em estaleiro ou no caso das peças a soldar não poderem ser posicionadas.
Naturalmente, outro aspecto a prever na fase de projeto é a acessibilidade da junta.
Uma vez que o custo da soldadura é aproximadamente proporcional ao peso (ou volume) de
metal depositado, é interessante comparar o volume de metal necessário para os diferentes tipos
normalizados de juntas. Facilmente se conclui que a preparação em “V” tem um volume maior do
que a “X” ou “U”, especialmente notório nas grandes espessuras. No entanto, para seleccionarmos o
tipo de junta não nos devemos cingir ao volume de metal depositado necessário. De facto há outros
factores a considerar, tais como:
Custo da preparação: A forma em “U” apresenta um valor maior do que o da preparação
em “V”; o custo das preparações duplas é muito mais elevado do que o das preparações
simples; a preparação em bordos rectos é a mais económica.
Facilidade de operação: as preparações em “U” permitem a utilização de eléctrodos de
maior diâmetro para execução de 1º passe.
preço. Assim, devemos utilizar cordões de soldadura tão pequenos quanto possível. Por outro lado o
uso de cordões contínuos é preferível ao uso de cordões intermitentes ou de altura elevada. Uma
excepção a esta regra verifica‐se quando o tamanho mínimo do cordão está limitado por
considerações metalúrgicas (caso de espessuras elevadas) e neste caso, a utilização de cordões
intermitentes do volume indicado para cordões contínuos, pode obviamente mostrar certa economia
e deve estão ser adotada.
Os principais factores a considerar no projecto de uma junta são:
posição de soldadura: de preferência ao baixo;
economia na preparação da junta e no volume de metal a depositar;
tipo de junta necessária: condicionada pelo grau de penetração, por exemplo;
espessura das peças a soldar;
processo de soldadura e tipo de eléctrodos a utilizar. Atender a que a soldadura automática
é vantajosa;
evitar a distorção: depositar o menor volume de metal de adição em cada passe e utilizar
preparações duplas;
utilização de preparações de fácil execução e montagem (posicionamento).
3.2‐Fase de produção
Uma das grandes fontes de problemas na soldadura é a correcção de erros, que implicam
não só a repetição do trabalho mas também a destruição (levantamento do cordão) do trabalho
anterior, de modo a preparar a nova operação de soldar. Paralelamente, nova inspeção de soldadura
vai ser necessária, provavelmente antes e depois de tornar a soldar. Todos estes factos fazem crescer
significativamente os custos. Estes erros podem ser devidos a diversas causas, tais como:
deficiente interpretação dos desenhos;
utilização de eléctrodos impróprios (quanto à composição química do material, espessura
das chapas, etc.);
utilização de processos de soldadura impróprios para material a soldar;
má preparação das juntas;
execução da soldadura em sequência errada.
Índice
1 – Introdução ......................................................................................................................... 2
2– Operações de controlo antes da execução das soldaduras ............................................... 2
2.1‐Controlo do material base ........................................................................................ 2
2.2‐Controlo dos materiais de adição ............................................................................. 2
2.3‐Controlo da mão‐de‐obra ......................................................................................... 2
2.4‐Controlo de desenhos e chanfros ............................................................................. 2
3– Operações de controlo durante a execução das soldaduras ............................................. 2
3.1‐Controlo das condições de execução das soldaduras............................................... 2
3.2‐Controlo sobre placa testemunho e sobre peça testemunho .................................. 3
4– Operações de controlo após a execução da soldadura ..................................................... 3
4.1‐Controlo destrutivo ................................................................................................... 4
4.2‐Controlo não destrutivo............................................................................................ 4
4.2.1‐Controlo visual ................................................................................................... 4
42.2‐Controlo de estanqueidade ................................................................................ 5
4.2.3‐Controlo por líquidos penetrantes (ou por ressudação) ................................... 7
4.2.4‐Controlo por magnetoscopia ............................................................................. 9
4.2.5‐Controlo por ultra‐sons.................................................................................... 10
4.2.6‐Controlo radiográfico ....................................................................................... 12
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
1 – Introdução
2.3‐Controlo da mão‐de‐obra
O controlo da mão‐de‐obra consiste na qualificação dos soldadores (ver capítulo 16)
através da realização de um exame.
Para efeitos de rastreabilidade e verificação contínua da qualidade do soldador, é normal
efetuar controlos por raios X ou ultra‐sons das juntas soldadas, onde este marca com um
punção, junto a cada cordão de soldadura, uma letra que o identifica.
As operações de controlo após a execução das soldaduras têm por fim detetar os
defeitos presentes nas soldaduras de modo a permitir apreciar os riscos que representam, em
função dos seus tipos, dimensões e densidade, para a segurança de uma dada construção
soldada.
Antes de selecionar o método de controlo devem ser considerados os seguintes
pontos:
- processo de soldadura utilizado;
- metal base, metal de adição e tratamento (térmico ou outro) previsto;
- tipo de junta e geometria;
- configuração do componente (acessibilidade, tipo de superfície, etc);
- nível de qualidade;
- tipo de imperfeição (e sua orientação) previstas.
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
4.1‐Controlo destrutivo
Só se aplica ao fabrico em série já que implica a destruição de um ou mais dos
produtos fabricados. Este ensaio pretende averiguar se a rotura se dá ou não no cordão de
soldadura ou na zona termicamente afetada.
4.2.1‐Controlo visual
É o primeiro controlo que se deve efetuar pois permite realizar uma inspeção muito
valiosa e de baixo custo. A inspeção visual permite detetar todos os defeitos de forma, todos
os outros defeitos superficiais bem como descobrir os defeitos interiores que se propagam até
à superfície. A utilização de equipamento de controlo apropriado permite estender ou
melhorar o campo da simples inspeção visual:
divisor de
feixe de luz espelho lâmpada
emissora
bocal
peça a
insoecionar
42.2‐Controlo de estanqueidade
Os ensaios para controlo de estanqueidade podem classificar‐se em:
globais. São aplicáveis a recipientes;
locais. Quando há que verificar a estanqueidade da soldadura numa determinada área
de soldadura.
Os ensaios à pressão atmosférica são usados nos recipientes sem pressão. O recipiente é
cheio com água para verificação visual das fugas.
caixa de vácuo (ou pressão negativa) ‐ adequado para os casos em que as soldaduras
a inspeccionar estão em chapas planas (em juntas topo a topo ou canto) e são
acessíveis só de um lado. Antes da colocação da caixa de vácuo, a soldadura é
molhada com sabão líquido. Quando se faz uma pequena percentagem de vácuo na
caixa criam‐se condições para o aparecimento de bolhas gasosas se não houver
estanqueidade (figura 4).
capilaridade – é também designado por líquidos penetrantes mas não deve ser
confundido com o método descrito mais abaixo. É aplicável, apenas, quando há
acesso a ambos os lados da soldadura. O líquido penetrante é aplicado numa das
faces da soldadura e o revelador na outra face. Se houver defeito através de toda a
espessura, o penetrante atravessa‐se por capilaridade e vai corar o revelador,
mostrando assim a falta de estanqueidade (figura 6).
Vacuómetro
(Dimensões indicativas)
Venturi
Figura 4 – Desenho de caixa de vácuo para inspeção de soldaduras: planta (em cima); vista em
corte rodada a 90° (em baixo).
Tecnologia dos processos de ligação 7
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
Injeção de ar comprimido
Figura 5 – Esquema do controlo por pressão: perno roscado com furo de passagem do ar (1);
conetor à mangueira do ar (2); mangueira do ar – pressão (3).
qualquer vestígio do mesmo (figura 7‐f). Nas superfícies lisas, é fácil retirar o líquido
penetrante mas nas áreas mais rugosas é quase impossível pelo que, nestes casos, é comum
usar o mesmo solvente da limpeza inicial embebido num pano (figura 7‐g). Esta operação de
limpeza é crítica e é fundamental não direcionar o spray de limpeza para a superfície a analisar
pois, nesta fase, não se pretende eliminar o líquido penetrante que está retido nas cavidades
dos defeitos (figura 7‐h). Por outro lado, uma limpeza deficiente poderá indicar falsos defeitos
o que é de todo inaceitável. Finalmente aplica‐se o revelador (pó seco ou em suspensão líquida
volátil ‐ figura 7‐i) que forma uma fina película que absorve o penetrante para fora das
cavidades onde tinha penetrado (figura 7‐j). Assim, o revelador só é molhado nos locais dos
defeitos (figura 7‐k).
Este método só permite detetar defeitos que se propaguem até à superfície, tendo
particular interesse no caso de materiais não magnéticos (aços austeníticos, alumínio e ligas
leves) aos quais o controlo por magnetoscopia não pode ser aplicado.
Algumas das normas, usuais em Portugal, seguidas na aplicação do método de controlo por
líquidos penetrantes são:
Quando se cria um campo magnético numa barra de aço o campo é desviado se encontrar
um obstáculo no seu percurso. Se este obstáculo está perto da superfície, as linhas de força do
campo podem sair para o exterior da peça. Aplicando na superfície da peça um pó magnético,
este concentra‐se nos pontos de saída das linhas de força, materializando assim a presença de
um defeito subjacente (figura 8). Para obter o máximo de percetibilidade de um defeito é
essencial que, na medida do possível, a direção do campo magnético seja perpendicular à
dimensão principal dos defeitos. Se é paralelo às linhas de força o campo não é praticamente
perturbado, assim, não há fuga e o defeito não é detetado (figura 9). Em consequência, o
controlo de uma superfície deve ser executado segundo duas direcções perpendiculares.
Em construções soldadas o método de magnetização utilizado, normalmente, é por
circulação de corrente na própria peça (figura 10). A corrente utilizada pode ser contínua ou
alternada. Qualquer que seja a espessura da chapa basta uma corrente de 300 a 500A para
uma distância entre contactos de 20 a 35cm para se obterem indicações válidas.
O pó magnético detetor pode ser utilizado seco ou em suspensão líquida. Neste último caso, o
pó pode ser fluorescente e assim utiliza‐se uma lâmpada de radiação ultra violeta para a
inspeção.
Partículas Magnéticas
Figura 9 – Orientação das fendas, para serem detectadas pelo método de controlo por magnetoscopia.
O controlo por magnetoscopia pode ser aplicado a todos os materiais magnéticos para a
deteção de defeitos que se propagam até à superfície mas é particularmente utilizado na
procura de fissuras por ser este o tipo de defeito que tem mais influência sobre o desvio das
linhas de força. Há que ter em conta na aplicação deste método de controlo que para um
defeito que não se propaga até à superfície, a deteção se torna cada vez mais difícil à medida
que a sua profundidade aumenta.
Algumas das normas, usuais em Portugal, seguidas na aplicação do método de controlo por
magnetoscopia são:
ASTM E 125‐63:2008 – Standard Reference Photographs for Magnetic Particle
Indication on Ferrous Castings
ASTM E 709‐08 ‐ Standard Guide for Magnetic Particle Examination
ASTM E 1316:2013 ‐ Standard Terminology for Nondestructive Examinations
EN 1330‐1:1998 – Non destructive testing – Terminology – Part 1: List of general terms
EN 1330‐2:1998 – Non destructive testing – Terminology – Part 2: Terms common to
the non‐destructive testing methods
Figura 11 – Esquema do processo de controlo de soldadura através de ultra sons com uma sonda angular:
esquema da emissão dos ultra‐sons (à esquerda); visualização no osciloscópio (à direita).
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
Figura 13 – Scaner de ultra‐sons. A tecnologia dos arrays em fase permite a inspeção simultânea de toas as zonas
da soldadura na mesma posição. A colocação de uma sonda em cada lado da soldadura permite a cobertura fácil ,
fiável e completa do cordão. No caso apresentado, a sonda está verificar a zona F3.
4.2.6‐Controlo radiográfico
Os raios X são o caso mais comum. Na prática da construção soldada, os raios permitem
estender o controlo radiográfico a espessuras inacessíveis aos aparelhos de raios X correntes.
Já os aceleradores lineares conseguem atingir espessuras muito maiores que os raios X ou ,
superiores a 200 mm
Tecnologia dos processos de ligação 13
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
Os raios X são produzidos numa aparelhagem eléctrica pelo choque numa placa
(habitualmente de tungsténio) convenientemente colocada (alvo) de um fluxo de electrões
acelerados por uma diferença de potencial muito elevada (figura 13). Regulando a diferença de
potencial atua‐se sobre a energia cinética dos electrões. O feixe de raios emitido pela fonte é
caracterizado pela sua intensidade da qual depende o poder de penetração.
Eletrões
No caso dos raios , a fonte é um corpo radioactivo que emite em permanência com uma
intensidade que lhe é própria, sem possibilidade de regulação. Em consequência, a emissão de
uma fonte de raios X pode ser interrompida enquanto uma fonte de raios emite até ao seu
esgotamento. Daqui resulta que as medidas a tomar para segurança dos operadores tenham
de ser mais severas no segundo caso. Além disso, com os raios , os tempos de exposição são
mais longos e as imagens obtidas são menos nítidas.
Película radiográfica
I = I0 . e ‐.t (1)
em que:
‐ coeficiente de absorção que depende do número atómico e da massa
específica do material atravessado pelo feixe e do comprimento de onda da
radiação utilizada;
t – espessura atravessada;
e – base dos logaritmos naturais ou número de Euler (2.718);
I0 – radiação emitida.
As variações de intensidade do feixe da radiação emitida podem ser então reveladas numa
radiografia sendo, assim, traduzidas em diferenças de densidade ótica num filme radiográfico.
Para se obter uma boa imagem a fonte de radiação deve ser tão pontual quanto possível.
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 18 ‐ Controlo das construções soldadas
A imagem radiográfica é, assim, formada pelas projeções das diferentes partes do objeto a
examinar e dela podem‐se deduzir as variações de espessura e a forma das diferentes zonas
atravessadas pelas radiações.
O controlo radiográfico permite detetar os defeitos na medida em que estes dão origem a
uma descontinuidade de absorção dos raios X e . Assim, são facilmente detetáveis as
inclusões não metálicas, as porosidades, faltas de penetração, quando não são muito estreitas,
e as fissuras quando a sua orientação em relação aos raios incidentes é apropriada (ou seja, o
plano que contem a fissura deve ser paralelo ao feixe de radiação incidente). Naturalmente, o
controlo radiográfico, tal como como os ultra‐sons, são pouco praticáveis em juntas de canto.
Seguidamente são indicadas algumas das normas utilizadas na aplicação do método de
controlo radiográfico:
EN 444:1994 – Non-destructive testing – general principles for radiographic
examination of mettalic materials by X- and Gamma-rays
EN 1435:1997 + A1:2002 - Radiographic testing of welded joints
EN 12517:1998 - Non-destructive examination of welds - Part 1 – evaluation of welded
joints in steel, nickel, titanium and their alloys by radiography – acceptance levels
Tecnologia dos processos de ligação 1
Capítulo 19 ‐ Higiene e segurança nos trabalhos de soldadura
Índice
1‐Regras de segurança na soldadura .............................................................................. 2
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 19 ‐ Higiene e segurança nos trabalhos de soldadura
O soldador deve usar máscara de cabeça (de preferência) munida de vidro filtrante n.º
12 para melhor proteção dos olhos.
Usar luvas não inflamáveis, camisa de manga comprida, calças sem dobras, botas,
avental, boné para proteger o cabelo, de tal maneira que a pela se mantenha
protegida das radiações. As projeções quentes podem alojar‐se nas dobras das
mangas, das calças, nos bolsos etc.
Os postos de trabalho vizinhos devem ser protegidos das radiações diretas ou das
refletidas por superfícies brilhantes, radiações essas que provocam conjuntivites
dolorosas (inflamação nos olhos). Os casos ligeiros são habitualmente tratados pelo
próprio com “Visadron” ou equivalente, que é um descongestionante vendido nas
farmácias, com 2 gotas colocadas em cada olho conforme indicação do medicamento.
Em situações de queimaduras por radiação mais graves, são usados anestesiantes pois
a dor não é eliminada com um simples descongestionante – os soldadores ou outras
pessoas afetadas devem ser analisadas por um médico especialista.
Não utilizar cabos de soldadura gastos, nus ou com o isolamento deteriorado. Não se
deve sobrecarregar o cabo e as ligações ou emendas devem ser sempre correctamente
isoladas.
O equipamento deve permanecer desligado enquanto não estiver a ser utilizado, uma
vez que uma descarga acidental pode causar sobreaquecimentos com risco de
incêndio. Não deve enrolar‐se o cabo de soldadura sobre o corpo.
Tecnologia dos processos de ligação 3
Capítulo 19 ‐ Higiene e segurança nos trabalhos de soldadura
O cabo de massa deve estar ligado à peça a soldar o mais perto possível da área de
soldadura.
Índice
1 ‐ Aspectos gerais das ligações coladas ......................................................................... 2
2 ‐ caracterização dos adesivos....................................................................................... 5
3 ‐ Resistência de juntas coladas de sobreposição ......................................................... 8
4 ‐ Ensaios de fratura .................................................................................................... 12
5 ‐ Ensaios de juntas de sobreposição simples ............................................................. 14
Referências .................................................................................................................... 15
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
As juntas coladas têm actualmente um vasto campo de aplicações, que vai desde a indústria
das embalagens até à exigente indústria aeronáutica [A1,C1,D2,E1,G1,H1,K1,M1,Z1]. As
características dos adesivos poliméricos ditos estruturais permitem a utilização crescente de
juntas coladas primárias, isto é, de juntas cujo desempenho é crítico para a integridade da
estrutura em que se inserem. Entre as principais vantagens das juntas coladas, podemos citar:
As juntas coladas são particularmente interessantes para ligar materiais avançados de alta
resistência, como é o caso dos compósitos de matriz polimérica [D2,E1,M1]. As ligações
rebitadas e aparafusadas alternativas são muito menos eficientes do que nos materiais
metálicos, devido à baixa ductilidade e à fraca resistência ao esmagamento dos compósitos.
A figura 1 mostra os tipos principais de juntas coladas. As mais utilizadas são as juntas de
sobreposição simples e de sobreposição dupla. As juntas em escada e em rampa têm elevado
desempenho e aplicam‐se sobretudo na aeronáutica para peças de materiais compósitos com
uma espessura relativamente elevada (acima de 5 mm) [E1]. Os custos de fabrico destas juntas
são bastante superiores aos custos das juntas de sobreposição.
sobreposição simples
sobreposição dupla
escada rampa
As juntas coladas podem ser solicitadas de 3 formas principais [A1,A2,E1] (figura 2): a)
clivagem; b) tracção; c) corte.
a) b) c)
Um princípio fundamental na concepção das ligações coladas é que o adesivo deve transmitir
preferencialmente esforços de corte. As cargas de clivagem são altamente prejudiciais. As
solicitações de tracção também são de evitar, pois desalinhamentos inevitáveis provocam
Tecnologia dos processos de ligação 4
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
Uma das causas principais da rotura adesiva é a preparação inadequada das superfícies
[C2,D2,K1]. A acção específica da preparação consiste normalmente em: a) aumentar a
rugosidade das superfícies, de forma a promover o contacto mecânico com o adesivo; b)
provocar alterações químicas que favoreçam a atracção electrostática ao nível atómico,
através das forças de van der Waals. Os procedimentos dependem naturalmente dos materiais
a ligar e são frequentemente objecto de normas, que estão particularmente bem estabelecidas
para ligas de Al [C1‐C3,D1,D2]. A primeira fase da preparação é a limpeza das superfícies,
sobretudo a nível de desengorduramento, usando solventes, soluções detergentes, vapor de
Tricloroetano (tóxico), ultrasons, etc. A rugosidade das superfícies pode ser aumentada
aplicando papel abrasivo fino ou por projecção de granalha, sendo posteriormente necessário
remover as partículas soltas. No caso dos metais, é recomendável efectuar um ataque químico
com soluções apropriadas, ou mesmo tratamentos electroquímicos, como é o caso da
anodização de ligas de Al. A aplicação de primários favorece a durabilidade da ligação.
interfacial aparente nos quais métodos de análise mais sofisticados permitem verificar a
presença de uma finíssima camada adesiva nas superfícies de fratura.
Outro factor que importa controlar é a espessura da camada adesiva, para a qual existe um
intervalo ótimo, geralmente entre 0,1 e 0,3 mm [A1,K1,C1,E1]. A resistência da junta diminui
acentuadamente com a espessura da camada adesiva acima de certos valores, devido à maior
probabilidade da existência de defeitos. Por outro lado, espessuras demasiado finas
aumentam consideravelmente o risco de falhas na camada adesiva. O controlo da espessura
pode ser feito através dos dispositivos de fixação utilizados na operação de colagem. Noutros
casos, podem ser adicionados ao adesivo pequenas esferas de vidro que garantem uma dada
espessura. A utilização de adesivos sob a forma de filmes possibilita um melhor controlo da
espessura da junta, se bem que com custos geralmente mais elevados.
a) b)
Está também bastante divulgado o ensaio de corte de juntas de sobreposição simples. A figura
4 mostra esquematicamente o provete da norma ASTM D 1002 para metais.
P
P
P
P
Os ensaios que permitem obter as propriedades mecânicas dos adesivos são mais complexos.
A resistência ao corte pode ser obtida do ensaio dito de "aderentes espessos" (ASTM D 5656).
Trata‐se novamente de uma junta de sobreposição simples com aderentes de 9,5 mm de
espessura de forma a minimizar deformações de flexão e tensões de clivagem. O comprimento
de sobreposição L é proporcionalmente pequeno (9,5 mm), para que a distribuição da tensão
de corte seja aproximadamente uniforme. A utilização de um extensómetro permite também
obter o módulo de corte do adesivo Ga. Mais complexo mas potencialmente mais rigoroso é o
ensaio "Napkin ring" (ASTM E 229), de torção de cilindros unidos por juntas anelares finas.
Segundo Adams [A2], as juntas topo‐a‐topo de cilindros são inadequadas para medir a tensão
de rotura à tracção do adesivo, devido à sensibilidade aos desalinhamentos e às diferentes
contracções radiais aderentes/adesivo, que originam concentração de tensões no bordo.
Utilizam‐se portanto provetes maciços, que se obtêm vazando adesivo em moldes
apropriados. Nos ensaios de tracção, podem medir‐se o módulo de Young (Ea), o coeficiente de
Poisson (a) e a tensão de rotura à tracção do adesivo (ua). Dadas as dificuldades nos ensaios
de corte, utilizam‐se frequentemente estes resultados para obter o módulo de corte Ga =
Ea/2/(1 + a) e a tensão de rotura ao corte através do critério de von Mises ua = 0,ua . Na
realidade, é questionável a representatividade dos provetes, muito mais espessos do que a
camada adesiva e produzidos em condições diferentes, geralmente problemáticas, face ao
sobreaquecimento resultante da cura exotérmica e ao aprisionamento de bolhas de ar [A2,I1].
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
P
to ta
2P
ti
to ta
P
L
A análise mais conhecida é a de Goland‐Reissner [G2], que tem em conta o efeito de flexão na
junta de sobreposição simples, mas que é claramente irrealista ao admitir comportamento
linear elástico para o adesivo [A2,E1]. Ao invés, a análise de Hart‐Smith [H2] considera a
plastificação do adesivo através de uma aproximação elasto‐perfeitamente plástica (figura 8).
p
Áreas iguais
e e + p
Et
P1 2 p t a e p E i t i 1 i i (1)
2 Eo t o
E t
P2 2 p t a e p E o t o 1 o o (2)
2 Ei t i
2Ei t i
P1 2 p t a e p E i t i 1 (3)
2 E o o
t
E t
P2 2 p t a e p 2 E o t o 1 o o (4)
2 2 Ei t i
para juntas de sobreposição dupla. No entanto, dadas as incertezas, a filosofia de projecto visa
sobretudo garantir a durabilidade da junta e a resistência à fluência. Hart‐Smith [H2] sugere
que as zonas plásticas nas extremidades da junta (figura 9) sejam dimensionadas para suportar
integralmente a carga aplicada, enquanto a zona elástica interior fica de reserva para conferir
à junta resistência à fadiga e à fluência. O seu comprimento (Le) deve ser tal que a tensão de
corte mínima seja 10 % de p.
Tecnologia dos processos de ligação 10
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
p
Lp Le Lp
A análise de Hart‐Smith tem servido de base à preferência por adesivos dúcteis, pois a maior
deformação à rotura p resulta numa maior resistência da junta. Há contudo diversos
resultados experimentais que não confirmam o melhor desempenho dos adesivos dúcteis [I1].
Adams [A2] também levanta várias objecções a esta análise, alegando que:
‐ ignora o papel das tensões de clivagem;
‐ se baseia numa análise de tensões demasiado simplista;
‐ despreza o efeito do reforço (figura 1.3‐4) que decorre naturalmente do fluxo de adesivo na
operação de colagem.
superfície de fractura
tamanho, traduzido por uma distribuição de Weibul. Estes autores argumentam que o volume
de material sujeito a tensões elevadas, onde se inicia a rotura, é de tal maneira pequeno, que a
resistência local é muito superior à resistência medida num ensaio de tracção do adesivo. Este
critério é menos sensível à geometria local admitida, mas cria obviamente o problema da
determinação dos parâmetros apropriados da distribuição de Weibul, ou mesmo se esta é de
todo aplicável.
DCB
ENF
Os referidos autores [F1‐F3,P1] obtiveram um critério de rotura expresso em função das taxas
críticas de libertação de energia GIc e GIIc, bem como da percentagem dos modos de
solicitação. Esse critério foi depois aplicado à previsão da rotura de juntas de sobreposição,
tendo os autores reportado boa concordância com os valores experimentais [F2,F3], mesmo
quando não foi criada uma fenda inicial na junta. Concluíram também que, ao contrário do que
é preconizado por Adams [A1,A2,T1], a presença do excesso de cola na extremidade da junta
(figura 10) praticamente não influenciava a carga de rotura. A fenda começava por formar‐se
nesse excesso de cola, e só depois de alguma propagação é que ocorria o colapso da junta.
Tecnologia dos processos de ligação 12
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
Apesar deste aparente sucesso, podem ser apontadas várias objecções à abordagem de
Fernlund et al [F1‐F3,P1]. Na realidade, eles utilizaram sempre comprimentos de sobreposição
elevados, maiores que 140 mm, e aderentes de Al bastante espessos, em geral entre 6,27 e
12,54 mm. Tais dimensões não são representativas das aplicações práticas, e afectam os
modos de rotura observados, por exemplo, verifica‐se geralmente que a rotura das juntas é
relativamente brusca [A1,A2,T1]. Além disso, houve problemas nos próprios ensaios de
fratura, quando, em vez do adesivo bastante frágil, os referidos autores utilizaram um adesivo
dúctil. Neste caso forma‐se uma extensa zona de plasticidade e de microfendas, o que torna
difícil definir a posição exacta da fenda. Isto afecta obviamente a fiabilidade dos Gc medidos, e
coloca mesmo em causa a aplicabilidade da MF linear elástica. Esta opinião é corroborada por
Chai [C4,C5], que realizou estudos detalhados do processo de fratura no ensaio ENF de
adesivos frágeis e dúcteis. De facto, Chai verificou que o processo de cedência plástica do
adesivo e de formação de microfendas se iniciava muito antes da propagação instável. Em
[C5], conseguiu mesmo obter boa concordância entre medições locais da deformação de
rotura ao corte nos ensaios ENF e nos ensaios “Napkin ring”, tendo avançado uma relação
entre aquela e os GIIc medidos. Chai deparou‐se também com outras dificuldades nos ensaios
ENF [C4]. O valor muito elevado de GIIc dos adesivos dúcteis obrigou à utilização de aços de
muito alta resistência (tensão de cedência de 1500 MPa) de modo a evitar cedência dos
aderentes antes da propagação da fenda. Por outro lado, as microfendas formaram‐se a 45º
com a direcção da pré‐fenda, acabando por se unir nas duas interfaces. A rotura foi portanto
parcialmente interfacial, o que implica que as medições dependeram do aderente utilizado.
Como a orientação das fendas observadas é segundo a tensão principal máxima, o modo de
rotura é localmente modo I, facto em que se baseia um número considerável de autores para
negar a relevância prática do modo II [O1]. Há também estudos que indicam que, em grande
parte dos polímeros, não existe verdadeiramente uma rotura ao corte ao nível microscópico
[P3].
4 ‐ Ensaios de fratura
C
1
3
mm/ N
1
3
0,3
0,2
0,1
0
-50 0 50 100 150 200
a[mm]
2
A consistência dos resultados pode ser avaliada pelo valor do coeficiente de correlação r
obtido na regressão anterior, bem como pela estimativa do módulo à flexão
8P(a ) 3
E (6)
bh 3
A geometria e a preparação dos provetes para os ensaios ENF são semelhantes às dos ensaios
DCB (figuras 11). A taxa crítica de libertação de energia de deformação em modo II (GIIc) pode
ser obtida através da Teoria das Vigas (TV) [P4]
9a 2 Pc c
G IIc (7)
2b(2c 3 3a 3 )
sendo c igual a meio‐vão.
Tecnologia dos processos de ligação 14
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
O comprimento L numa junta de sobreposição simples (figura 4) deve ser escolhido de modo a
evitar cedência plástica das chapas com uma margem de segurança (por exemplo 30 %), ou
seja,
oh
L (8)
1.3 ma
onde o é a tensão de cedência das chapas e ma é a tensão de corte média de rotura no
adesivo.
Nos ensaios, mede‐se a carga de rotura da junta Pu, onde os resultados são expressos por
Pu
ma (9)
bL
me
me (10)
Le
Como foi referido antes, ma não é a tensão de rotura ao corte do adesivo, devido à
distribuição não uniforme de ao longo do comprimento de sobreposição, bem como à
presença de tensões de clivagem. No entanto, a comparação os valores de ma permite
classificar os adesivos.
Tecnologia dos processos de ligação 15
Capítulo 20 – Fratura de juntas coladas
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Tecnologia dos processos de ligação 1
Capítulo 21 – Resistência de ligações soldadas
Índice
1 ‐ Introdução............................................................................................................................. 2
2 ‐ Cordões de penetração total .............................................................................................. 3
3 ‐ Cordões de penetração parcial e de canto ....................................................................... 4
4 ‐ Análise de tensões em cordões de canto ........................................................................... 5
4.1 – Cálculo de cordões segundo o Eurocódigo 3 ................................................................. 5
4.2 – Exemplos ......................................................................................................................... 7
Nota: Este capítulo foi extraído dos apontamentos da disciplina de “Sistemas Mecânicos” com a
qual é lecionado em anos alternados.
Tecnologia dos processos de ligação 2
Capítulo 21 – Resistência de ligações soldadas
1 ‐ Introdução
Há uma grande variedade de juntas, conforme a posição relativa das chapas a soldar (figura
1) e o tipo de cordão a depositar. As juntas podem ter cordões de penetração total (figura 2),
de penetração parcial (figura 3) ou de canto (figura 4). A escolha do par junta/cordão é
condicionada por vários fatores, tais como a resistência pretendida, os custos de fabrico, a
acessibilidade dos cordões, etc. Face ao baixo custo e às especificidades no dimensionamento, a
análise incidirá sobretudo nas juntas com cordões de canto, muito utilizadas em construções
metálicas.
Os cordões de penetração total usam‐se geralmente quando se pretende que a junta não
constitua um ponto fraco. Para isso o material depositado deverá ter propriedades não
inferiores às do metal base. Utilizam‐se com maior frequência nas juntas topo a topo sujeitas a
esforços de tração ou de compressão (figura 5). A tensão média
F
σ= (1)
hl
deve ser inferior à tensão admissível, que é igual à do metal base para soldaduras de
boa qualidade.
Neste tipo de cordões as tensões são calculadas com base na chamada área da garganta
usando as metodologias expostas nos pontos 4 ou 6. A garganta (a) é igual à altura do maior
triângulo isósceles que se pode inscrever na secção do cordão. As figuras 6 e 7 mostram
como se define a garganta de cordões de penetração parcial e de canto.
em vez do comprimento total l. Este procedimento justifica‐se pelo facto das extremidades
do cordão poderem ter porosidades, mas complica substancialmente os cálculos. O EC3
permite que se considere l desde que os procedimentos de soldadura garantam a qualidade
e a altura nominal h nas extremidades do cordão, e que l ≥ 6a ≥ 30 mm. A altura h dos cordões
de canto não deve exceder a espessura da chapa mais fina, tmin. Exceto no caso de secções
tubulares de paredes finas, deve ter a ≥ 3 mm em cordões que suportem cargas significativas.
Tecnologia dos processos de ligação 5
Capítulo 21 – Resistência de ligações soldadas
A garganta de um cordão de canto pode, no caso mais geral, estar sujeita ao estado de
tensão assinalado na figura 8 a). Na nomenclatura utilizada os índices l e p são associados
às direções paralela e perpendicular ao eixo do cordão, respetivamente.
O dimensionamento inicia‐se com a obtenção das tensões que actuam num dos lados da
garganta (figura 8 b) através das técnicas de Mecânica das Estruturas. No cálculo destas
tensões, porém, as forças devem ser divididas pela área efectiva da garganta e não pela área
do lado. Isto é, como se a garganta tivesse sido rebatida (figura 8 b) para um dos lados. As leis
de rotação do tensor das tensões permitem então obter o estado de tensão na garganta. No
caso da figura 8, facilmente se obtém
(2)
onde se excluiu a tensão normal paralela ao eixo do cordão (σla), pois resultados
experimentais demonstraram que não influencia a resistência da junta.
Tecnologia dos processos de ligação 6
Capítulo 21 – Resistência de ligações soldadas
A fase seguinte consiste em calcular uma tensão equivalente a partir das componentes (2) e
limitá‐la a um valor admissível. O EC3 estabelece a tensão equivalente
(3)
que traduz a maior relevância das tensões de corte. O EC3 impõe que
(4)
fator de correlação empírico (tabela 1) e M2 = 1.25 um coeficiente de segurança parcial relativo
às características do material. Note‐se que a referência é a tensão de rotura pois as distribuições
de tensões nos cordões são complexas e há geralmente zonas do cordão que sofrem
cedência com carregamentos relativamente modestos. Por outro lado, as tensões devem ser
calculadas com as forças multiplicadas por fatores de segurança.
Gra fy fu β
S23 23 36 0.8
S27 27 43 0.8
S35 35 51 0.9
S42 42 54 1.0
S46 46 56 1.0
4.2 – Exemplos
2 2
(5)
portanto,
,
2
(6)
Tecnologia dos processos de ligação 8
Capítulo 21 – Resistência de ligações soldadas
(7)
(8)
Aplicando (3) e (4), o dimensionamento do cordão passaria por resolver as equações em
relação a a e considerar o seu maior valor como sendo a solução.
(9)
(11)
e, recorrendo a (10) e admitindo que a << d, l, é M=T1d+T2l e em consequência,
(12)
cordões horizontais:
cordões verticais:
(13)