Docente: Daniel Araújo Valença Discente: Francisco Erimar Cavalcante Neto Turma: 01 Matutina Objetivo: Fichamento do Capitulo 7 – A AVALIAÇÃO MORAL - Livro De Ética 30ª (Adolfo Sánchez Vázquez) 1. Caráter concreto da avaliação moral A avaliação moral compreende três elementos: a) o valor atribuível b) o objeto avaliado c) o sujeito que avalia Numa caracterização geral da avaliação moral, a avaliação, por ter atribuição de um valor constituído ou criado pelo homem, possui um caráter concreto, histórico-social. Também é preciso considerar que se pode atribuir valor moral a um ato se – e somente se – tiver ele consequências que afetam a outros indivíduos, a um grupo social ou à sociedade inteira. A avaliação é sempre atribuição de um valor por parte de um sujeito. Portanto, pelo valor atribuído, pelo objeto avaliado e pelo sujeito que avalia, a avaliação tem sempre um caráter concreto, ou seja, é a atribuição de um valor concreto numa situação determinada.
2. O bom como valor
O ato moral pretende ser uma realização do “bom”. Comportando-se moralmente, os homens aspiram ao bem, isto é, a realizar atos moralmente bons. Definir o bom implica definir o mau. De uma sociedade para outra, mudam as idéias sobre o bom e o mau de acordo com as diferentes funções da moral efetiva de cada época, e essas mudanças se refletem sob a forma de novos conceitos nas doutrinas éticas. Nos povos primitivos o bom é, antes de tudo, a valentia, enquanto o mau é a covardia. Com a divisão da sociedade em classes, perde o seu significado universal humano. Na Idade Média é bom o que deriva da vontade de Deus. Nos tempos modernos, o bom é o que concorda com a natureza humana concebida de uma maneira universal e abstrata que podemos definir no pensamento ético como felicidade, prazer, boa vontade, utilidade. Mas também pode ser caracterizado como verdade, poder, riqueza e Deus.
3. O bom como felicidade (eudemonismo)
O pensamento ético moderno sustenta o direito dos homens de serem felizes neste mundo, mas concebem a felicidade num plano abstrato, ideal, fora das condições concretas da vida social que favorecem ou constituem obstáculos para a consecução. Ou seja, a tese de que a felicidade é o único bom resulta em demasia geral se não se concretiza o seu conteúdo. Este conteúdo varia de acordo com as relações sociais que o determinam e a cujos interesses serve. Portanto, se pode considerar – como adequada à natureza humana em geral – a felicidade que hoje se reduz às tendências egoístas do indivíduo ou ao seu “espírito de posse”. Numa sociedade na qual não vigore o princípio da propriedade privada nem a onipotência do dinheiro, e na qual o destino pessoal não se possa conceber separado da comunidade, os homens terão de buscar outro tipo de felicidade. 4. O bom como prazer (hedonismo) As teses básicas do hedonismo ético, citadas abaixo, consideram prazer no sentido de prazeres mais duradouros e superiores, como os intelectuais e os estéticos. a) Todo prazer ou gozo é intrinsecamente bom. b) Somente o prazer é intrinsecamente bom. c) A bondade de um ato ou experiência depende do (ou é proporcional à quantidade de) prazer que contém. As teses, quantitativas e qualitativas do hedonismo ético reduzem o “bom” a reações psíquicas ou vivências subjetivas, deduzindo o juízo de valor a partir do juízo de fato.
5. O bom como “boa vontade” (formalismo Kantiano)
Kant defende que o bom deve ser algo incondicionado, sem restrição alguma. A felicidade está sujeita a certas condições, e se essas não se verificam não se pode ser feliz. A boa vontade é uma determinação de fazer algo, de ser bom de uma maneira absoluta, sem restrição alguma, em toda circunstância e em todo momento, sejam quais forem os resultados ou as consequências da nossa ação, ou seja, a vontade que age não só de acordo com o dever, mas pelo dever, determinada, única e exclusivamente pela razão.
6. O bom como útil (utilitarismo)
Útil para quem? O utilitarismo concebe, portanto, o bom como o útil, mas não num sentido egoísta ou altruísta, e sim no sentido geral de bom para o maior número de homens. Em que consiste o útil? A concepção pluralista sustenta que se os bens intrínsecos que os nossos atos podem causar não se reduzem a um só, mas a uma pluralidade dos mesmos, onde o bom não é só uma coisa – ou o prazer ou a felicidade – mas várias coisas que podem, ao mesmo tempo, considerar-se como boas.
7. Conclusões a respeito da natureza do bom
Os hedonistas e os eudemonistas consideram que os homens estão dotados de uma natureza universal e imutável, que nos faz procurar o prazer ou a felicidade, e exatamente nestes bens fazem consistir no bom. O formalismo Kantiano apela para um homem ideal, abstrato e situado fora da história, cuja boa vontade absoluta e incondicionada seria o único verdadeiro bom. Os utilitaristas põem o bom em relação com o interesse dos homens e, ao mesmo tempo, procuram encontrá-lo em certa relação entre o particular e o geral. A relação entre o indivíduo e a comunidade varia com o tempo e com as diferentes sociedades. Na sociedade moderna o bom só pode ocorrer realmente na superação da cisão entre o indivíduo e a comunidade, ou na harmonização dos interesses pessoais com os verdadeiramente comuns ou universais.