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ISCED-LUANDA

Discente: António João Sebastião Issenguel.

Ano lectivo: 2017; Sala: 03; Curso: Filosofia; Turno: Regular; 3.º Ano.

Docente: Msc. Pedro Miguel.

Disciplina: Ética

1. Etimologia da palavra ética e moral

Ética é uma palavra que vem do grego “ethos” que significa hábito, costume ou
prática recorrente. Importa realçar que até o século VI a.C ética significava “morada do
humano”, era entendido como o “nosso lugar”, aquilo que nos caracteriza, o nosso
carácter. Mesmo quando se atribui o sinónimo de hábito a ética estamos a referir ao
lugar onde vivemos “habitus”, pois hábito está ligado a nossa casa de origem. No ponto
de vista etimológico, ética e moral têm o mesmo significado, isto é, moral em latim
more ou mor significa costume e hábito.

2. Definição de ética e moral

De forma simples define-se ética como sendo a reflexão sobre a moral, ou seja,
define-se ética como sendo a ciência da moral. Mas prefiro ter como referências as
seguintes definições:

Para Paul Ricouer “Ética é vida boa, para todos e todas, em instituições justas”.

Para Clovis de Barros Filho “Ética é a inteligência compartilhada ao serviço do


aperfeiçoamento da convivência”.

Para Mario Sergio Cortella “Ética é o conjunto de valores e princípios que


permite resolver as três grandes questões da humanidade: Quero? Posso? Devo?”

As três definições nos remetem a ideia que falar de ética é tratar essencialmente
da reflexão que se faz toda vez que é preciso identificar a melhor maneira de viver e de
conviver, isto é, ética tem haver com convivência, daí muitos defendem que o objecto
de estudo da ética é a convivência. Tenho a destacar que tenho uma grande simpatia a

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definição apresentada pelo Cortella, pois elucida que a nossa vida é feita de dilemas e
que fazendo aquilo que podemos e devemos nos proporciona uma paz de espírito.

Para André Comte Sponville “Moral é o conjunto do que um indivíduo se impõe


ou proíbe a si mesmo, não para, antes de mais nada, aumentar sua felicidade ou seu
bem-estar próprio, o que não passaria de egoísmo, mas para levar em conta os interesses
ou direitos dos outros, mas para não ser canalha, mas para permanecer fiel a certa ideia
da humanidade e de si”. Ou seja, a moral é respeitar a humanidade em você e no outro,
é a prática das respostas que determinam a nossa conduta social.

3. Diferença entre ética e moral

A ética tal como afirma Clovis Filhos, corresponde à inteligência compartilhada


ao serviço do aperfeiçoamento da convivência, ou seja, corresponde ao conjunto de
valores e princípios refletidos por uma sociedade de modo a orientar a conduta de todos
e todas; já a moral corresponde o agir em conformidade com os hábitos, leis e costumes
de uma determinada cultura, importa sublinhar que uso aqui o conceito cultura para
enfatizar a sua etimologia (culere latim que significa cuidar e cultivar), neste caso, a
cultura deve ser cuidada e cultivada por todos e todas para não apodrecer e desaparecer.

4. Critérios da moralidade

Agir moralmente significa agir de acordo com a própria consciência, e essa


acção é baseada por ideias éticas:

Para os gregos antigos a busca do bem supremo e da felicidade era através de


uma vida virtuosa em conformidade com o cosmo, neste caso o critério da moralidade
era se ajustar ao cosmo.

Para os cristãos medievais o ideal ético é da vida espiritual, de amor e


fraternidade, o critério da moralidade é ser cristão, ou viver em conformidade com os
preceitos cristãos.

Para os modernos e contemporâneos o ideal seria viver de acordo com a própria


liberdade pessoal. O critério da moralidade é ser racional, autônomo, autodeterminado.
Neste caso, devo sublinhar que a nossa consciência é ampla e complexa daí que

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necessitamos de um tipo “especial” de educação que visa formar a consciência decente,
de modo a orientar para uma plenitude do ser.

Aliado a este facto, destaca-se que quem tem principio e valores para decidir,
avaliar e julgar está submetido ao campo moral e ético.

Antiética – não supõe a ausência de ética, mas a negação da ética.

Aético – é aquele ou aquela que não se aplica a questão ética, pois não pode
decidir, avaliar e julgar de forma autônoma: como o caso dos incapacitados.

5. Polaridade da ética

A ética nos remete em dois pólos:

Pólo objectivo: que visa questionar, o que é bom? O que devo fazer perante uma
situação concreta? Estas questões nos querem dizer que as nossas decisões devem ser
realizadas de acordo com o nosso horizonte do que é bom. Diga-se de passagem, que
este pólo é alicerçado no imperativo categórico kantiano “aja unicamente de acordo com
uma máxima tal que você possa querer que ela se torne uma lei universal”, pois uma
acção só é boa se o principio máximo puder valer para todos.

Pólo subjectivo: questiona como deve ser bom perante uma situação concreta?
Visa ajustar os nossos apetites pessoais com a conduta ditada pela sociedade, pois neste
sentido o bem e o mal se dão na acção e na estrutura. Este pólo corresponde à qualidade
de vida acomodada, assimilada e a prática da ética formulada.

Essa questão sobre a definição do que é bom e mal possui dois posicionamentos:

A ética da acção – que reflete sobre os actos: bom e o mal. Está ética é defendida
pelos voluntaristas.

A ética da estrutura – nos indica que as nossas acções podem ser individuais e
em grupos, pois o que devo fazer e o que devemos fazer nos remetem ao colectivo.

6. Função da pergunta moral

A função da pergunta moral é do ajustamento, pois a ética tem valor próprio


num determinado lugar, ou seja, os valores se ajustam ao costume de um determinado
local.
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7. Métodos

Inquérito estatístico – é um método quantificador.

Estudo antropológico – visa compreender o homem a partir da sua cultura, tem


um carácter de historicidade.

Psicologia moral – análisa no ponto de vista ideológico e tece as suas criticas


sobre determinados comportamentos.

Esquemas de valores – estrutura o social.

As pautas comportamentais.

8. Dimensão jurídica da ética

Dentro do social somos relacionados a partir do contrato social, e este contrato


tem certo carácter jurídico que possui duas dimensões: a dimensão social e a dimensão
do licito, onde este último está associada a leis, a consciência da realidade do licito e
ilícito.

A dimensão jurídica tem duplo carácter:

Desmitificar a lei positiva – a ética tem uma função em relação à ordem


jurídica.

Questionar sobre a ordem jurídica, neste caso, vai revisar o conceito de moral
pública (moralidade pública e ressaltar a res pública (coisa pública).

A ética preocupa-se com a relação jurídica no sentido de impedir que a lei


torne a única instância da norma moral da sociedade.

9. Valor ético

Axiologia é a ciência que estuda os valores.

Valor ético é a concretização da moralidade; corresponde a toda acção que leva


em consideração os interesses dos outros, daí que à fundamentação da moral
encontramos na pessoa humana, na alteridade, naquilo que o pensador francês Luc Ferry
chama de “transcendência da imanência” ou “espiritualidade laica”.

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Os valores nos remetem a dois conceitos o bem e o fim, pois o valor é uma
qualidade estrutural que tem existência empírica e o bem a qual se incorpora dessa
situação concreta. Ou seja, o valor é uma realidade objectiva (porque é um bem em si
mesmo) e subjectiva (porque é a apreciação de um bem pelo sujeito).

10.Propriedade dos valores

A bipolaridade dos valores: as circunstancias de cada valor oscila entre dois


pólos, isto é, de um pólo positivo se coloca simetricamente em relação a um pólo
negativo que é seu contrário. Exemplo: pólo positivo – justiça e o seu eixo simétrico
que é o pólo negativo é a injustiça.

A hierarquização dos valores: os valores podem ser equivalentes, inferiores ou


superiores a outro mediante as circunstâncias, uns valores subordinam-se aos outros em
função do valor que cada bem tem.

Durabilidade dos valores: corresponde a capacidade da permanência do valor


no tempo, tempo mostra quais são os ídolos sociais que são fáceis de ser derrubados e
quais são os valores reais.

Satisfação: um valor deve propor satisfação.

A relatividade dos valores: quanto mais um valor é relativizado dentro da


escala dos valores, ela decresce.

11.Classificação e hierarquização dos valores

Valores espirituais: tem como fim Deus, é alicerçado pela fé, ou seja, a pessoa
é guiada pela fé (devoto).

Valores religiosos: dizem respeito à relação do homem com a transcendência:


sagrado, pureza, santidade e perfeição.

Valores éticos: os que dizem respeito às normas ou critérios de conduta que


afectam todas as nossas actividades: solidariedade, honestidade, verdade, lealidade,
altruísmo, bondade.

Valores estéticos: são os valores de expressão: harmonia, belo, feio, sublime,


trágico.

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Valores úteis: são valore que servem para tomar uma decisão intima: adequado,
inadequado, convincente, inconvincente, capaz ou incapaz.

Valores vitais: são aqueles valores de que é portadora da vida no sentido


naturalista desta palavra, isto é, bios (vida): o vigor vital, a força, a saúde.

Os elementos constitutivos do valor ético são: a obrigação externa, o prazer, o


hedonismo, a felicidade (eudaimonia), harmonia interior ou ataraxia que nos remete a
falta de sofrimento. Estes elementos pressupõem a ética kantiana – a ética do dever por
dever, uma responsabilidade do sujeito sem coação; pressupõe a melhor utilidade do
objecto quando partilhado e pressupõe o altruísmo que consiste em olhar o outro como
outro e não como estranho.

12.Como transmitir os valores

Os valores podem ser transmitidos por meio:

Axiologia objectiva: aquilo que existe e observamos;

Por via do discurso sistemático, lógico e estruturado;

Por contagio;

Por rejeição ou contraste as referências que não queremos.

13.Norma ética

Norma ética é a expressão do valor moral.

Norma é a expressão lógica e a obrigatoriedade do valor moral. Ela surge como


expressão do valor moral.

Elementos conceptuais da norma – é o conceito ou ideia que leva consigo.


Exemplo: se tiver a ideia de matar e se aplica. Ele pergunta o que é matar? O que
significa matar?

Temos normas porque temos anarquia, daí que defende-se que as normas éticas
são negativas.

Defende as normas éticas por duas razoes:

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Por razões antropológicas: é uma mediação.

Por ele ser um ser social, deve regular as suas relações: “a minha liberdade
começa onde termina a do outro”.

14. Função da norma

A norma serve para proteger os valores, pois as normas supõem certo


escurecimento dos valores.

A norma ética é manipuladora, pode levar as pessoas ao legalismo “tudo é


norma”, pois o excesso do legalismo nos coloca ancora no pensamento, nos
impossibilita pensar fora da caixa.

15.Genesis de norma

As normas morais são criadas de acordo com aas necessidades dos homens,
elas vêem dos costumes e das referências.

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