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1. O que é a Ética?
A ética é a reflexão acerca da moral; é um estudo filosófico e como tal tem de obedecer às
normas e regras do filosofar. A reflexão ética exige objetividade e universalidade. Ser objetivo é
ser imparcial, no âmbito da reflexão ser capaz de pôr de lado as crenças, os valores, os gostos.
Ex: Stuart Mill e Kant – partindo de princípios morais diferentes, a mesma ação pode
ser justificada por uns e não justificada por outros.
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Ética e Deontologia da Comunicação
Manuel Monteiro | 2ºSemestre 2019/2020
2. O que é a Moral?
3. O Valor
Na origem de qualquer norma está sempre o valor ou os valores, são eles que a justificam.
Dizemos que o valor é uma maneira de ser ou agir que uma pessoa ou coletividade
reconhecem como ideal e que faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam
desejáveis ou estimáveis.
Conceito de valor:
ü Significado teórico: o valor de uma mercadoria ou o valor de uma incógnita (como
no caso de uma equação matemática).
ü Significado afetivo: o valor das coisas que nos merecem estima (que valor
atribuímos à amizade?)
ü Significado moral: o valor que atribuímos a um comportamento – a coragem, a
solidariedade, altruísmo, egoísmo.
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Ética e Deontologia da Comunicação
Manuel Monteiro | 2ºSemestre 2019/2020
Objetividade e Subjetividade:
• Objetivismo: Os juízos morais têm valor de verdade, são verdadeiros ou falsos
independentemente da perspetiva do sujeito. Resulta da convicção que em todas as
épocas históricas ou culturas há valores, como o Bem, o Belo ou o justo, que existem
idealmente como entidades imutáveis e incondicionadas.
• Subjetivismo: Os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade
depende da perspetiva do sujeito que faz o juízo. Os factos morais são subjetivos, pois
dizem respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação das pessoas. Esta
conceção assenta na constatação empírica que ao longo dos tempos os valores estão
sempre a mudar.
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Ética e Deontologia da Comunicação
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As leis ditam de forma objetiva quais as práticas sociais aceites. A lei serve para preservar os
valores e permite efetivar esses valores. Em função desse controlo verificam-se várias práticas
que vão contra as leis e como tal as pessoas são colocadas à margem da sociedade (excluídas),
no limite: prisão. As punições estão de acordo com a hierarquização dos valores.
→ O controlo social serve para garantir a coesão social – coexistir uns com os outros
pacificamente. A coexistência pacífica faz-se pela harmonia dos interesses, dos bens. Aos
membros que desejam integração social são lhes transmitidos valores.
4. As 4 Éticas a Estudar…
Virtude:
Ø Areté: significa adaptação perfeita, excelência, virtude. Noção de cumprimento do
propósito ou da função a que o indivíduo se destina que implica a educação de
valores: justiça, coragem, temperança.
• São valores, mas também são virtudes – A coragem é o valor, ser corajoso é
uma virtude.
Aristóteles defende que a palavra provém do termo éthos e que existe um ciência da
ética que visa o estudo dos objetos que conduzem o Homem a um fim: a felicidade.
Para Aristóteles, o que é moralmente válido é aquilo que promove a felicidade, é aquilo
que permite que nós e os outros atinjamos o nosso propósito – a felicidade.
Segundo Aristóteles, tudo o que existe tem uma finalidade, está orientado para um fim,
tem um propósito a ser cumprido e isto diz respeito a todos os seres, racionais e irracionais –
conceção da natureza teleológica.
A virtude coincide com a realização da própria essência. Aquilo que no plano objetivo é a
realização da própria essência, no plano subjetivo coincide coma a própria felicidade.
A virtude recairá sempre no bom uso da razão, ou seja, só será alcançada se a razão for
bem utilizada.
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Deste modo, a nossa natureza faz com que escolhamos para nós próprios sempre o bem. O
facto de procurarmos sempre o bem indica que estamos à procura da felicidade. Segundo
Aristóteles, só seremos felizes quando alcançarmos o propósito da natureza humana, que é ser
feliz.
Para tal, temos de tornar os valores disposições do nosso caráter (ou seja, desenvolvido por
nós próprios). Não basta ter conhecimento desses valores, é necessário tornar o nosso caráter
virtuoso.
O bem comum é um bem muito maior do que o bem individual – este é o princípio
fundamental para viver em sociedade.
Ø Tornamo-nos virtuosos através da razão por que esta nos permitirá agir de forma correta
e adequada, uma vez que nos dará o justo meio para agir. Assim, qualquer decisão será
sempre justa porque respeitará sempre o bem particular e o bem comum. A partir da
razão preservarei o bem.
Ø É a razão que me permite ponderar, através do justo meio, todas as minhas ações e
deste modo, tenho um critério no momento da minha decisão.
Ø Como ser racional serei sempre capaz de identificar em todas as situações qual o justo
meio.
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Assim, tudo o que concorrer para a felicidade será moralmente válido, se concorrer para a
infelicidade será moralmente inválido.
Segundo Kant devemos respeitar o dever que a lei impõe. Qualquer lei é imperativa e por
ser imperativa contêm em si mesma uma obrigação.
Temos o dever de respeitar a lei, e sempre que respeitamos o dever que a lei impõe
estamos a agir corretamente.
Considerando a natureza humana, Kant diz que somos animais sociais e racionais e esta
natureza faz-nos agir conforme as nossas disposições, inclinações ou impulsos.
Não há nenhuma ação, nenhum agir que não esteja sujeito a leis. Todas as ações são
reguladas pelas normas morais da comunidade e pelas leis jurídicas.
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1. Heteronímia
Neste plano as leis são-nos impostas pelo exterior, pela sociedade e, por isso, são
consideradas leis heterónomas.
Assim, consideramos que estamos no plano da legalidade e não da moralidade, uma vez
que as nossas ações se regem por castigos e recompensas.
Segundo Kant, as normas morais e as leis jurídicas constituem o plano da legalidade e, por
isso, não estamos no plano da moralidade e, como tal, as nossas ações não podem ser
avaliadas moralmente.
Assim, só entramos no plano da moralidade, quando saímos do plano da heteronomia e
entramos no plano da autonomia.
2. Autonomia
É a capacidade de darmos a lei a nós próprios, em conformidade com a razão.
Deste modo, as leis autónomas são as leis que criamos para nós próprios, que têm de ser
universalizáveis, e que regem as nossas ações.
Assim, a moralidade relaciona-se com a relação que estabelecemos uns com os outros, e por
isso, quando dou a lei a mim próprio, tenho de ter em consideração um critério que determina se
a minha ação é válida ou não.
Deste modo, para que uma lei seja válida é necessário que esta seja universalizável, ou
seja, na mesma circunstância todos poderiam escolher essa lei. Se assim for, a lei é válida e a
ação sempre válida para Kant.
Por exemplo, a lei não matar é universalizável, porque permite que qualquer outra pessoa,
em qualquer circunstância, possa escolher não matar.
No entanto, muitas vezes a lei moral entra em conflito com a lei jurídica. Nessas situações,
independentemente das consequências, a lei que dou a mim mesmo prevalece sempre sobre a
lei jurídica, porque só a lei autónoma pode ser avaliada moralmente. E se, de facto, a lei dada
por nós próprios for universalizável só esta lei terá qualquer valor moral.
Segundo Kant, todas as leis são imperativas e porque existem leis, o ser humano tem o dever
de respeitar esse imperativo. No entanto, porque há diferentes tipos de leis, distinguem-se dois
tipos de imperativos.
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Imperativo Hipotético:
No plano da legalidade/ leis heterónomas, o imperativo é hipotético, porque se respeitam
as leis em função das condições que elas impõem, ou seja, colocam uma hipótese.
«Quando a vontade que nos comanda a agir está ajustada a normas externas ao sujeito,
definindo os castigos e as recompensas para a ação.»
Exemplos:
• Se queres viver, alimenta-te;
• Se queres ter uma vida regrada e aprazível, não bebas em excesso.
Imperativo Categórico:
É uma obrigação incondicional. Faz-nos aceitar o respeito de lei por respeito à lei –
respeitamos puramente qualquer lei. Porque a criamos queremos respeitá-la incondicionalmente.
«Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei
universal».
«Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio».
Exemplos:
• Cumpre as tuas promessas
• Diz a verdade
• Socorre quem está em perigo
São necessárias 3 formulações que devem ser respeitadas ao criar a lei moral:
1. Animalidade - É necessário desejar que essa lei tenha uma força impositiva tão forte
como as leis da Natureza.
2. Humanidade - É necessário que a lei a considere sempre o próprio e qualquer outra
pessoa sempre e ao mesmo tempo como um fim e nunca como um meio.
3. Personalidade - O indivíduo tem de se assumir como um legislador universal, ou seja,
tem de criar uma lei que se imponha a todos, que todos possam escolher.
Tenho de educar a minha vontade – modificar o querer, as intenções – para cumprir estas 3
formulações (3 dimensões para agir).
Relativamente ao procedimento, Kant afirma que podemos fazê-lo ou não, porque apesar de
toda a teoria do dever, há sempre o poder. Educando a minha vontade, a única coisa que vou
querer (poder) fazer é cumprir o dever.
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Segundo Mill, nós não agimos por cálculos racionais: a maior parte das vezes agimos em
função dos nossos interesses e não dos outros – não é a intenção com que se age que pode
determinar a moralidade de uma ação – critério inválido para Mill.
Os outros nunca saberão se uma ação foi movida por uma boa intenção ou não.
O critério segundo Mill é o da utilidade da ação e, por isso, esta conceção denomina se de
utilitarismo – o que é moralmente correto é toda ação que seja útil.
“Utilitarismo”:
Um ato permissível é aquele que está de acordo com as regras morais ideias. Essas
regras são aquelas que, se fossem aceites pela grande maioria dos membros da sociedade,
maximizariam o bem-estar. Assim, os atos particulares são moralmente avaliados em termos da
promoção do bem-estar.
O que torna a ação boa não é a intenção com que é praticada, mas sim o seu contributo
para a felicidade - as suas consequências.
«De acordo com o Princípio da Maior Felicidade [...], o fim último, em relação ao qual e
pelo qual todas as outras coisas são desejáveis [...], é uma existência isenta, tanto quanto
possível, de dor, e tão rica quanto possível de prazeres, em termos de quantidade e de
qualidade [...].»
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O Utilitarismo é um ideal:
Ø Moral: promoção da felicidade global e não individual, sustentado nos seguintes
mandamentos cristãos: não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a
ti, ama o teu próximo como a ti mesmo.
Ø Pedagógico: formação de indivíduos solidários e responsavelmente empenhados
em promover o bem comum e a felicidade global.
Ø Jurídico-político: as leis e a política devem encarnar o princípio da maior felicidade
para o maior número de indivíduos.
Deste modo, Habermas explica que esta teoria vai além do processo de interpretação, em
que o conhecimento cultural fica exposto ao teste do mundo. Na verdade, a ação comunicativa
prossupõe processos de interação social e socialização. É através desta interação social e da
socialização que as pessoas envolvidas confirmam e renovam as suas identidades.
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Para Habermas o mundo da vida é um domínio social que contrasta com os sistemas
funcionalizados. Esse mundo é marcado por processos comunicativos, cujo mediador é a
linguagem e cujo recurso é a solidariedade.
5. A Ética Aplicada
A ética aplicada é uma análise filosófica sobre a moralidade inerente aos atos em casos
particulares da esfera pública ou privada da vida.
Supõe uma razão comunicativa e solidária e serve-se de princípios para avaliar as
consequências das ideias que orientam a intervenção na realidade.
Caso Prático:
• O jornalista deve publicar aquilo que lhe é comunicado off the record ?
• Faz sentido um jornalista obter informações se as não puder publicar?
• É esse compromisso eticamente correcto?
Sendo o primeiro dever do jornalista informar o público, como pode ele manter em segredo
informações de interesse público, por vezes de claro interesse público?
O jornalista informa-se para informar. Mas o dever de se informar é diferente do dever de
informar.
Vale mais um jornalista comprometidamente informado do que descomprometidamente
ignorante.
É em função do on the record, isto é, da informação pública praticada pelo jornalista, que se
justifica eticamente o off the record.
O off the record justifica-se pelo dever de o jornalista se informar o mais cabalmente
possível, mas esse dever está subordinado ao dever de informar o público.
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«É da natureza da informação dizer a verdade e, contudo, nem toda a verdade é boa para
ser dita. Assim, existe no trabalho jornalístico, e particularmente na zona da informação, uma
zona de incerteza que obriga o jornalista a envolver o seu próprio julgamento, a pôr ele próprio
nos pratos da balança o interesse do público, único que legitima a sua função, e a proteção a
que as pessoas têm direito.»
Cornu, p. 404
O jornalista que seja tentado em tais circunstâncias a esquecer o respeito que deve ao outro,
vítima, testemunha, parente, espezinha o respeito que deve a si mesmo: não é mais do que
instrumento – meio! – da informação. Está reduzido à função que o sistema mediático lhe
atribui. É prisioneiro de um determinismo reificante, de que o seu próprio cinismo não é capaz de
o libertar.
Responsável por dizer a verdade, o jornalista é-o ao mesmo tempo perante o público, de
acordo com a sua missão de informar, e diante de cada pessoa promovida, voluntariamente ou
não, a sujeito da atualidade. O público tem direito ao conhecimento da verdade. A pessoa
tem direito à proteção de uma parte irredutível de verdade que só a ela pertence.
O jornalista não pode dizer tudo, nem mostrar tudo. No seu trabalho, pela sua atitude, o
jornalista tem de dar provas de contenção, de pudor perante os que se encontram envolvidos em
acontecimentos geradores de sofrimentos físicos ou morais. Este respeito pela pessoa humana
não é unicamente satisfeito pelo comportamento privado. Exprime-se também no relato, que é a
sua expressão pública.
Em situações limite, a distância tem de ser abolida. Nesses casos é legítimo que o
jornalista transforme o seu papel de observador em papel de ator; a sua compaixão deve tomar
formas concretas, a sua missão de dizer a verdade deve ser sacrificada.
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MÓDULO 2 – Deontologia
1. O que é a Deontologia?
ü Ética (finalidade, intenção) – “ciência que tem por objetivo o julgamento de apreciação
que se aplica à distinção do bem e do mal”.
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2. Introdução à Deontologia
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Reflexão crítica:
→ Os valores democráticos parecem desencarnados. A afirmação do conceito de
democracia e a sua articulação à figura do público configuram uma retórica jornalística
que reduz a liberdade coletiva de expressão a uma conceção comparativa.
→ O direito à informação não é sinónimo de “direito de saber tudo”, como argumenta
retoricamente a imprensa sensacionalista. O direito à informação significa que o Estado
tem por obrigação assegurar o exercício da profissão em termos logísticos.
3- Definição aberta
Designação geral que se apoia sobre o princípio de liberdade de expressão coletiva e deduz
que ninguém escapa à norma deontológica.
Princípio de subsidiariedade:
→ Responsabilidade da regulação recai sobre o nível de poder mais próximo do
cidadão (redações, associações ou sindicatos de jornalistas) antes de recorrer ao
nível mais elevado (Justiça).
→ Lógica de eficiência e de proximidade
→ A deontologia pode ter valor jurídico quando o código deontológico faz parte do
contrato de trabalho do jornalista.
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O Modelo Americano
No virar do século, surgem os códigos deontológicos que buscam responder às críticas
contra a imprensa: subordinação ao poder financeiro, influência dos anunciantes sobre as
políticas editoriais, reportagens sensacionalistas, ofensa à moral pública e à vida privada.
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O Modelo Europeu
Os primeiros códigos e Conselhos da imprensa aparecem no início do século XX. Os
países escandinavos foram pioneiros: Noruega em 1912 (Conselho de imprensa), Finlândia
em 1919 (lei sobre a liberdade da imprensa e Tribunal de honra). Em seguida, a França cria em
1918 um “Código do jornalista”.
Em Inglaterra, o primeiro “Código de conduta” é elaborado nos anos 30, pelo Sindicato
nacional de jornalistas para reivindicar melhores condições de trabalho. Depois da II Guerra
Mundial, a história da imprensa popular britânica (tabloides) é marcada pelas inúmeras
intervenções do Estado e das Comissões reais de investigação sobre a imprensa (ofensas à vida
privada e à moralidade pública). A partir dos anos 60, as regras de conduta profissionais estão
no centro das revindicações sindicais.
• Europa
Em 1954, a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), com sede em Bruxelas, promulga a
“Declaração dos deveres dos jornalistas” (“Declaração de Bordeaux”).
A partir dos anos 60, a Organização Internacional dos Jornalistas (OIJ), com sede em Praga,
reúne os representantes sindicais de diversos países europeus e elabora, em 1971, a
“Declaração do deveres e direitos dos jornalistas”.
O Sindicato do Jornalista Português associa-se à FIJ em 1979 e à OIJ, em 1980.
A partir de 1989, a FIJ une-se à OIJ e defende a “Declaração europeia de Munique”.
• EUA
Associação interamericana de imprensa (IAPA) adota em 1950 o “Código de ética jornalística”.
• América Latina
Federação latino-americana dos jornalistas (FELAP) adota em 1976 a “Declaração de princípios
do jornalista”.
• ONU
Entre 1950-1952, doze especialistas designados pela ONU elaboram o “Código de honra
internacional dos trabalhadores da imprensa e da informação”.
O código é submetido a centenas de organizações profissionais que, na sua maioria, aprovam o
código e determinam que cabe aos próprios jornalistas controlar a aplicação das regras.
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• A UNESCO e o “NOMIC”
A UNESCO funcionou como o principal órgão de criação de uma deontologia jornalística a nível
mundial, não sem resistências.
Em 1980, uma comissão presidida por Sean MacBride publica o relatório “Nova Ordem da
Informação no Mundo” (NOMIC) cujo objetivo é oferecer um horizonte ético à produção da
informação mundial.
A NOMIC representa até hoje a maior e mais ambiciosa formulação de uma deontologia da
comunicação internacional. O relatório oferece um fundamento internacional comum e uma
fonte de inspiração para os códigos deontológicos nacionais e regionais.
Resultados do NOMIC
• Diferença de meios financeiros, técnicos e humanos entre os países industriais e em
desenvolvimento. EUA, a França e a Grã-Bretanha possuem redes de comunicação
(agências de imprensa) que coletam e transmitem por satélites e detêm uma posição
dominante mundial (capacidades técnicas e profissionais). Tais redes respondem à opinião
pública dos seus países e controlam o mercado da informação a nível planetário.
Europa
Em 1993, inspirados pela “Declaração da Unesco”, a Assembleia Parlamentar do Conselho
da Europa adota uma resolução relativa à ética do jornalismo.
• O texto preconiza um mecanismo de autocontrolo da informação sob a autoridade de um
ombudsman europeu dos média e propõe uma declaração de princípios sobre a ética do
jornalismo que busca reforçar os direitos do público frente aos interesses empresariais no
comércio da informação.
• O texto é rejeitado pelos sindicatos e associações de jornalistas, que sublinham o risco de os
poderes públicos limitarem a liberdade dos média.
• O Conselho aprova, no entanto, medidas encorajando o uso crítico dos média pelo público,
a educação aos média nos programas escolares e a formação de associações de usuários
independentes.
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3. Deontologia no Jornalismo
§ Nos EUA, a cultura de acesso às fontes é mais transparente do que na Europa. O Freedom of
Information Act, é conhecido por obrigar as agências federais a transmitir documentos oficiais a
todo o cidadão americano ou estrangeiro, salvo algumas exceções: razões de segurança
nacional, de segredo de defesa, de política estrangeira, de segredo de fabricação, respeito de
segredo médico e da vida privada.
§ Na Europa, a tendência é de reconhecer a transparência de toda a informação importante à
democracia. No entanto, o financiamento dos partidos e das convenções entre poderes
públicos e privados dos partidos e das convenções entre poderes públicos e privados são
questões delicadas e de difícil acesso público.
3. Direito à consciência
§ Código de Munique:
“O jornalista não pode ser obrigado a cumprir um ato profissional ou a expressar uma opinião
contrária à sua convicção ou à sua consciência. (…) Ele não pode ser prejudicado por se
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recusar a tal. (…) No caso excecional do recurso a métodos desleais de busca de informação,
o jornalista tem o direito de fazer objeção. (…) O jornalista pode recorrer à cláusula da
consciência em caso de mudança notória no caráter ou orientação do jornal, suscetível de
causar danos à sua honra, à sua reputação ou aos seus interesses morais”.
Esta cláusula de consciência permite ao jornalista ‘de licenciar do seu trabalho’ sem aviso
prévio, conservando todas as indemnizações.
4. Direito a ser informado sobre toda a decisão que afeta o exercício da profissão no seio
da empresa
Código do Conselho da Europa (1993-2008) (Direito baseado na noção de “capital moral e
intelectual”: seguindo a abordagem sindical, os jornalistas são “representantes do público” e
detêm este capital simbólico, enquanto os proprietários detêm o capital económico.)
Realidade paradoxa: direito ligado ao reconhecimento do papel social particular X setor com
alta precariedade e exploração do trabalho (freelancer, tarefeiro, independente, jovem
profissional).
Responsabilidade, poder do coletivo e solidariedade profissional.
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4. Deontologia na Publicidade
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Conflitos éticos:
• Pergunta tabu/sensível, mas de grande importante.
• O sistema mediático como justificativa: publicitário e agência são os porta-vozes da
marca, não havendo espaço para expressão individual.
• Reconhecimento de uma ética profissional, sobretudo no que concerne os valores
defendidos no âmbito ideológico, dos desportos ou de causas sociais (direito à
consciência).
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1. Universo do produto
→ O produto é o pivô da interação, funciona como a interface entre as necessidades do
consumidor e as proposições de anunciante (benefícios do progresso, do viver-bem e do
conforto).
→ Contrato de comunicação explícito: descrição dos atributos do produto, narrador
impessoal, consumidor sem identidade/universo/destino pessoal.
2. Os avatares do consumidor
→ A partir dos anos 80 (desenvolvimento da sociedade de consumo, a multiplicação dos
suportes mediáticos), a figura “trabalhador-consumidor” torna-se “espectador-interprete”
→ Contrato de comunicação implícito: anunciante torna-se narrador de vidas gerando
identificação/projeção no público.
→ Consumidor moderno da performance publicitária: escolhas de vida, livre arbítrio, direito
de palavra (narcisismo)
→ Rigidez das relações sociais, qualificação de papéis e assinação de posições pré-
estabelecidas. Discursos humorísticos jogando com os estereótipos. Fenómeno do
double blind que relativiza, mas reafirmam a norma.
3. O ethos da marca
→ A partir dos anos 90, emerge o discurso de marca.
→ As narrativas de vida diversas são substituídas por um discurso unívoco (marca-
anunciante) que reivindica o direito de palavra.
→ Discurso publicitário propõe adesão a valores/atitudes éticas que a marca-empresa
supostamente incarna.
→ Convoca opiniões gerais (diversidade sociocultural, tolerância, ecologia...) para legitimar
os valores marca.
→ Espera-se que o ethos da marca convença o público. Ética situada no centro do contrato
de comunicação.
A história do jornalismo sempre esteve ligada aos avanços tecnológicos. Hoje a internet
superou, em termos de recorrência, os jornais, a rádio e a televisão.
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O jornalismo do cidadão-repórter
-Jornalismo participativo/colaborativo (os media incentivam o publico a participar)
-Jornalismo cidadão (publico utiliza ferramentas para se informarem em rede)
Desta forma o jornalismo cidadão por vezes torna-se uma ameaça para o jornalismo,
pois não produzes noticias fiáveis, nem garantem compromisso ético.
Por outro lado, excesso de informação gera confusão cognitiva
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mas o facto de a esfera privada ter passado a ser algo que é mostrado publicamente – tornando
visíveis e partilháveis experiências pessoais, crenças políticas e religiosas, estados de espírito,
emoções e preferências – expõe os jornalistas mais do que os protege no exercício da sua
função, tendo em conta o seu compromisso com valores como a isenção e imparcialidade.
Os posts que publicam, partilhas e likes que realizam, pedidos de amizade/seguidores que
aceitam ou realizam e até dos comentários que fazem – poderão constituir ameaças à ética e ao
Código Deontológico que rege a profissão.
Nas redes sociais os jornalistas não são meros utilizadores comuns. Um dos principais
fatores diferenciadores entre o jornalista profissional e o cidadão – repórter é o compromisso que
o primeiro tem com valores como a veracidade, rigor, isenção e imparcialidade. Na essência, o
código ético e deontológico que enquadra a sua atividade.
• Conclusões:
→ Atuação online dos jornalistas portugueses constitui um risco para o cumprimento
da ética e deontologia da profissão: emissão de opiniões/comentários e
dúbia separação entre as esferas profissionais e pessoais.
→ Principal preocupação do OCS: impacto que a atividade online dos jornalistas
pode gerar na sua reputação e credibilidade.
→ Face à emergência do cidadão – repórter ativo nas redes sociais, jornalistas e
OCS fazem da bandeira da deontologia o grande trunfo na distinção entre a
informação amadora e o trabalho profissional das redações. Uma distinção
na qual poderá estar sustentado o futuro do jornalismo profissional.
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