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ÉTICA E CIDADANIA

Ética e Cidadania
Ana Lúcia Guimarães

Aula 02

A Ética
no Mundo
do Trabalho
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
ANA LÚCIA GUIMARÃES
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
ANA LÚCIA GUIMARÃES

Olá, meu nome é Ana Lúcia. Sou doutora em Ciências Humanas e pos-
suo mais de vinte anos de atuação como professora na Educação Superior.
Além disso, tenho doze anos de militância como dirigente sindical da causa
dos professores, o que me agrega conhecimentos e experiências para loca-
lizar-me como autora nesta disciplina. Portanto, atuar e defender a causa da
educação, laica, democrática e de qualidade é mais que um princípio em mi-
nha formação e trajetória profissional, é um compromisso de ofício. Por isso
fui convidada pela Editora TELESAPIENS a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito
estudo e trabalho. Conte comigo!
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto
gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de apren-
dizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
Sumário
1. A Ética no Mundo do Trabalho....................................................................................... 8
1.1. A Ética e a Sociedade Globalizada................................................................................8
1.2. Problemas Éticos nas Profissões.................................................................................12
2. Código de Ética das Profissões: Conceitos e Finalidades..........................16
3. A Ética em Profissões “não” Regulamentadas....................................................20
Introdução

Você sabia que pensar sobre ética em tempos atuais nos leva a ter que
compreender cada vez mais as transformações sociais, econômicas e políti-
cas em nossas vidas? No cenário de agudas mudanças trazidas pela globali-
zação, vemos uma acentuada necessidade de atuar com ética para que a so-
ciedade e as relações humanas possam acontecer de forma íntegra. Temos,
ainda, a reflexão sobre nossa conduta e atuação no mundo profissional, por-
tanto, precisamos saber como o conceito de ética colabora para definir de-
terminados olhares e ações em diferentes profissões. O mundo do trabalho
mudou, as situações que se apresentam são inovadoras, mas e quanto aos
códigos de conduta no ambiente de trabalho? Será que eles possuem sua
validade? Vamos lá! Esse é um convite para aprimorarmos mais esses temas.
Trilha de Aprendizagem

Olá. Meu nome é Andréa César. Sou responsável pela direção editorial
deste livro didático e de todos os demais recursos relacionados com a sua
trilha de aprendizagem. Você está iniciando a Disciplona Ética e Cidadania,
e seja bem-vindo a nossa Unidade 2, e o nosso objetivo é auxiliar você para
o desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:

1. Debater e compreender como o conceito de ética tem sido utilizado na


sociedade contemporânea;

2. Exprimir como problemas éticos podem apresentar-se nas profissões


em cenários atuais;

3. Debater e entender a importância do Código de Ética para as diferentes


profissões;

4. Demonstrar como se desenvolvem princípios éticos em profissões não


regulamentadas.

Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
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1. A Ética no Mundo do Trabalho


DEFINIÇÃO:
Ao término deste capítulo você deverá estar debatendo e
compreendendo como o conceito de ética tem sido utili-
zado na sociedade contemporânea. Sobretudo, ser capaz
de avaliar diferentes situações que ocorrem no dia a dia de
nossas rotinas de trabalho e que suscitam frequentemente
uma ação fundada no conceito de ética, que aprendemos
na unidade passada. Vamos lá! Temos muito a aprender!

1.1. A Ética e a Sociedade Globalizada


Bauman (1999) nos apresenta a ideia de que a globalização é um proces-
so do qual não conseguimos fugir, ela está em toda parte, seja financeira
ou culturalmente, invadindo nossas vidas e intensificando as trocas comer-
ciais, culturais, sociais e políticas. Todo esse movimento, para o autor, gera
mudanças nos costumes, tradições e valores. Ele aponta que a globaliza-
ção tem o mérito de aproximar e distanciar culturas e mundos diferentes.
Essa dinâmica, em seu olhar, pode gerar exclusões e/ou segregações de
indivíduos e grupos. Segundo ele, não há fixidez para os centros de pro-
dução de significado e valor, pois estes são extraterritoriais e emancipados
de restrições locais. É a condição humana que dá sentido a esses valores.
Complementando esta visão, vemos que em Forrester (1997) a evolução
tecnológica e a globalização trazem além da crise de emprego, uma pro-
funda redefinição da humanidade civilizada, revelando um mundo em que
uma minoria de indivíduos passa a ter valor na vida social e produtiva.
Os desempregados são os excluídos e o capitalista não se preocupa com
mais nada além do lucro, o que agrava a questão dos problemas sociais.
Iniciamos nossos estudos sobre ética e moral procurando entender a de-
finição desses conceitos e a diferença entre eles. Essa introdução marca
bem o cenário da globalização que vivenciamos nos dias atuais. A globa-
lização, como processo dinâmico, não se manifesta igualmente em todos
os lugares.

IMPORTANTE:
Homogeneização de centros urbanos e hibridização cul-
tural: tendência a considerar países e comunidades como
uma aldeia global. Tendência a padronizar gostos e prefe-
rências culturais. Por isso, a globalização é também conhe-
cida como mundialização.
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IMPORTANTE:
Diferentes movimentos de aculturação e transculturação,
gerando hibridização, apontando novas culturas que sur-
gem pelo profundo e intenso contato que os países iniciam
e investem.
Amplitude de corporações para regiões fora de seus núcle-
os geopolíticos: as trocas comerciais se intensificam e, por
conta disso, as corporações passam a ter sedes, matrizes e
pontos de negócios em várias localidades em nível mundial.
“Boom” da tecnologia nas comunicações e na eletrônica: a
chegada da internet torna mais fácil comunicar-se, além de
facilitar a geração de informações e dados sobre diferentes
campos da vida e da Ciência. O advento das redes sócias.
Redefinição geopolítica do mundo em blocos comerciais: o
mundo passa a ser considerado a partir das alianças comer-
ciais e financeiras que os países conseguem formar.

1 - Figura: Carnaval, imagem que representa a “Hibridização Cultural”. | Fonte: Pixabay®

DEFINIÇÃO:
HIBRIDIZAÇÃO CULTURAL: processo de troca entre culturas
em contato, que gera uma cultura “nova” em um grupo, di-
ferente dos valores, hábitos e tradições que antes definiam
as culturas que entraram em contato. Como se uma cultura
em contato com a outra gerasse influência para mudanças.
Forte presença de aculturação e transculturação.
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Podemos nos perguntar que tipos de problemas éticos surgem com todas
essas transformações. Logo, identificaremos uma sucessão deles. Enfim, a
ética no de globalização nunca esteve tão suscitada, isso pois com as re-
definições socioculturais, misturas de valores e trocas de rotinas culturais, é
comum que os indivíduos se confundam. Mas, é preciso atentar que a ética
continua a informar sobre o bem comum, sobre a preservação do outro e
da sociedade em que se situa. Na verdade, é muito mais que isso, trata-se
de considerar a saúde mundial.

ACESSE:
Veja o Vídeo: Contraponto | Ética e Globalização
https://www.youtube.com/watch?v=1E2Tx48J5vQ

Pensar sobre a globalização da ótica moral é pensar e situar-se no bojo da


velocidade de informações e intensidade das trocas comunicacionais, pois
nada escapa das inferências e postagens trazidas pela facilidade da inter-
net em nosso dia a dia.
O neoliberalismo e a liberdade de mercado, do ponto de vista econômico
da globalização, nos leva à uma realidade em que poucos usufruem da
riqueza geral do planeta e muitos vivem em condições de necessidades
extremas. Destas primeiras situações, indagamos que seria ético pensar
cada vez mais em amplitude de lucros para uma minoria e precarização
e exclusão social para a grande maioria diante de um cenário neoliberal
da economia global. Quanto as redes sociais, as criações e divulgações
de notícias, tornam-se verdades absolutas para quem as lê e que, muitas
vezes, não tem acesso a educação crítica que permita escrutinar, investigar
e debater aquela informação, em busca da verdade.
Santos (2003) afirma que a globalização mostra a face de um mundo má-
gico em que todos podem ter tudo na palma da mão. Existem diferenças
locais profundas que não se encaixam em homogeneização geopolítica de
forma alguma. Há um incentivo ao consumo exagerado, o que leva as pes-
soas a passarem umas por cima das outras para adquirir coisas e valores
que, muitas vezes, não estão ao seu alcance financeiro, por exemplo. Essa
reflexão do autor nos leva a entender que o conceito de ética balança e
fragiliza-se diante de tantas solicitações fantasiosas.
O autor avança em seus estudos e ainda procura demonstrar que há um
desemprego estrutural, profissões extinguem-se e a questão da ocupação
profissional é crônica e aguda, uma vez que os indivíduos batem cabeça
para inserirem-se e reinserirem-se no mercado de trabalho em transfor-
mação.
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2 - Figura: Mídias Sociais. | Fonte: Freepik®

DEFINIÇÃO:
DESEMPREGO ESTRUTURAL: aquele que é dado pelas
transformações na estrutura econômica mundial ou local. As
novas tecnologias inovam na criação de empregos.
No caso da globalização, vemos que muitas profissões aca-
bam e outras são criadas, mas há um distanciamento entre
a criação de novos postos de trabalho e a preparação de
recursos humanos para ocupá-los.

ACESSE:
Veja o Vídeo: Aprendi Mais Essa... Desemprego Estrutural
https://www.youtube.com/watch?v=sm45WbQ1ZXI

O vídeo acima, é uma boa referência de aprendizagem, sendo assim, con-


forme o vídeo, ficam muitas reflexões sobre a questão moral, a ética que
deve prevalecer em nosso mundo globalizado. O que precisamos entender
é que a ética a ser trabalhada hoje, é a ética do consenso, da boa vontade,
da gentileza, e da solidariedade. O sentimento de individualismo, trazido
por este cenário, colabora para um pensamento de que “cada um deve ser
por si e Deus por todos”. Assim, os indivíduos isentam-se da responsabili-
dade de cuidar do outro. A solução para os problemas de ordem moral que
emanam da globalização está no diálogo e reforço de que ainda podemos
sustentar um mundo de respeito e cuidado uns com os outros.
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O próprio respeito ao ecossistema planetário é uma discussão ética muito


longa, pois exige das Empresas e dos indivíduos, um olhar de sustenta-
bilidade e responsabilidade social com o planeta. Isto é, não deveria ser
possível avançar economicamente sem impor limites a degradação da na-
tureza. Um caso recente, no Brasil, que nos evidencia esta realidade, foi o
que ocorreu este ano, 2019, em Brumadinho, MG.

ACESSE:
Veja o Vídeo: Profissão Reporter (Brumadinho) - TV Globo
https://globoplay.globo.com/v/7565666/

Concluindo, a globalização é o resultado das relações humanas e precisa


então, haver uma tomada de consciência para a busca de soluções mais
próprias, diferenciais, para os problemas recorrentes e emergentes que
desenvolvem-se diante das mudanças e propostas da mundialização. Se
não tomarmos consciência da necessidade do bem comum, a humanidade
terá que pagar um preço pelas ações irracionais e fora do terreno ético que
vem propagando.

ACESSE:
Texto: Um Desafio (Ético) na Era da Globalização:
A Informação
https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/Um%20
desafio%20(etico)%20na%20era%20da%20globalizacao.pdf

Nos estudos apresentados acima, tratamos de apresentar o cenário da


globalização, seus conceitos e perspectivas diante do conceito de ética.
Falamos sobre avanço econômico e sustentabilidade humana, procuramos
debater que a ética é um princípio fundamental para um mundo em que a
revolução tecnológica e a redefinição das mudanças no mundo do trabalho
são um fato e veloz. E você, como enxerga a relação ética e globalização?

1.2. Problemas Éticos nas Profissões


Um problema ético é um problema de desvio de conduta. Nesse sentido, ini-
ciamos o debate ressaltando que a ética, presente na nossa vida e na socie-
dade, como um todo, é de vital importância também no mundo do trabalho.
Por isso, os valores éticos devem ser ensinados, processados e praticados
para a preservação da sociedade.
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Como campo de Filosofia, a ética interpõe-se na relação entre os indiví-


duos. O que pretendemos ensinar é que todo e qualquer profissional deve
estar atento para manter sua integridade ética em qualquer ambiente de
trabalho, porque certamente irá encontrar com indivíduos que não comun-
gam da boa ética.
Com isso, a chamada “boa ética” nos informa que, no mundo do trabalho, é
preciso ser honestamente íntegro e um fiel seguidor das regras de conduta
expressas nas leis, códigos e documentos normativos de sua profissão e de
seu ambiente de trabalho.
Faleiros (2006), teórico do Serviço Social,, ao refletir sobre inclusão social
e cidadania, conceitos chaves para nosso olhar sobre ética profissional,
orienta que ambos tratam-se de processos complexos, históricos, diver-
sificados, de mobilidade, de redução da desigualdade, da polarização, da
assimetria, de formas desiguais de implicação dos sujeitos e de afirmação
da identidade, da segurança, do trabalho, da efetivação dos direitos, da
criação de oportunidades, da formação de conhecimentos, competências
e habilidades, do fortalecimento dos laços sociais, do respeito, da vida
digna e da justiça. Isto é, conceitos que pesam a presença de uma ida
coletiva respeitosa.
Também, Silveira (2005) atribui as transformações sociais ao resultado da
interação de pessoas, sujeitos da sua própria história que desejam essa
transformação. Por isso elas mesmas devem desejar mudanças de atitudes
e comportamentos para atingir esse fim.
No ambiente de trabalho, em nossa consideração, é um princípio a tomada
de consciência para práticas e atitudes éticas.

3 - Figura: Pensamento “ÉTICO” nas Profissões. | Fonte: Freepik®


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Se formos criar um tipo ideal de profissional virtuoso, para destacar a ideia


de virtude aristotélica, esse profissional seria o exemplar, aquele que busca
atingir as suas metas com zelo dentro em sua moral, conforme nos mostra
Cortina (2005).
O autor chama atenção para o fato de que, em contexto de trabalho, é
mesmo necessário exigir que a competência se dê não só em relação as
atividades materiais a serem desenvolvidas, mas também em relação as
aptidões envolvidas nelas.
Isso, segundo ele, pode levar à uma concorrência desenfreada, mas que
precisamos ter em destaque o profissional virtuoso que alcança as finalida-
des internas projetadas.
Para tanto, é necessário que apesar da concorrência desenfreada sejam
preservados os valores morais presentes no pluralismo social, em detri-
mento de valores e códigos particulares.

ACESSE:
Texto: A Concepção de Felicidade na Ética Aristotélica.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-con-
cepcao-felicidade-na-Etica-aristotelica.htm

A ética das profissões precisa guardar em si, enquanto manual e roteiro


de orientação às diferentes profissões, os valores universais como: igualda-
de, justiça, solidariedade, colaboração, honestidade, respeito, entre outros.
Práticas profissionais diversas precisam considerar todos os ângulos dos
envolvidos na profissão dentro e fora de seu ambiente de trabalho, bem
como as perspectivas e aprendizagens da moral social.

DEFINIÇÃO:
ÉTICA NA PROFISSÃO: agir em seu ambiente de trabalho
de acordo com os valores morais universais e, também,
considerando o código de conduta específico do mesmo.
A conduta profissional virtuosa é aquela em que se observa
o cumprimento de projetos e metas profissionais com ob-
servância da moral social e da profissão em questão.

ACESSE:
Vídeo: Ética nas Organizações.
https://www.youtube.com/watch?v=3LxJUJRqzMw
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Vamos agora a examinar alguns problemas éticos no mundo do trabalho.


Morgan (1996) sinaliza, em seus estudos, que empregados podem trazer
para o ambiente de trabalho visões particulares de seus projetos de as-
censão de carreira, mas que por buscar um alvo futuro de progresso na
carreira, as aspirações individuais do empregado podem alinhar-se com as
aspirações coletivas do ambiente em que trabalha.
Sá (2001) afirma que a utilidade individual de quem exerce uma profissão
é superada pelas características sociais e morais da mesma. Como ideias
suas, ele lista os fatores que reforçam esta visão: a profissão provê destaque
e realização aos indivíduos; o homem eleva seu nível moral a partir do exer-
cício profissional; na profissão, o homem torna-se útil à sua comunidade.
Finalizando este debate por hora, vemos em Lisboa et al (1997) os quatro
elementos necessários à conduta ética nas profissões e que, portanto, de-
vem constar nos manuais normativos das Empresas: competência, sigilo,
integridade e objetividade.
Podemos vislumbrar alguns problemas éticos nas profissões:
1. Se eu trabalho com transporte público devo considerar o semáforo e
suas orientações. Entretanto, na prática vemos esses veículos avançarem
o sinal.
2. Um funcionário vê uma situação prejudicial à Empresa, mas o colega
envolvido o corrompe em troca do seu silêncio.
3. Profissional que fica olhando o relógio e enrolando para passar seu horá-
rio de trabalho, sem produzir.
4. Médico que fica falando no celular e deixa o paciente aguardando na
sala de espera.
5. Professor que libera alunos antes do horário de término da aula e bate
o ponto no horário correto.
6. Vendedor que vende “gato por lebre”, engana o cliente com produto de
má qualidade.

Esses são apenas alguns exemplos básicos de condutas antiéticas em di-


ferentes meios de trabalho e profissões.
Neste tópico, vimos como é importante associar conduta pessoal e profis-
sional para manter nosso emprego e aspirações de projeção profissional.
Vimos que não é possível acreditar que em um ambiente profissional nos-
sos gostos e desejos devem imperar.
A moral coletiva deve ser preservada. Assim, destacamos o quanto é im-
portante preservar valores de solidariedade e companheirismo nas práticas
profissionais. O profissional da atualidade é constantemente exposto a situ-
ações em que precisa reforçar sua conduta ética.
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Você percebeu o quanto a ética no ambiente de trabalho pode abrir ou


fechar portas?

4 - Figura: Condutas Profissionais. | Fonte: Freepik®

2. Código de Ética das Profissões:


Conceitos e Finalidades
Tendo amadurecido sobre o valor da conduta ética nas profissões, tratare-
mos agora da normatividade que está presente no universo profissional, a
discussão e apresentação sobre o Código de Ética. Um campo da Filosofia
que aborda o conjunto de normas éticas na sociedade é a Deontologia.
A importância do código de ética para os profissionais e para as empresas
localiza-se no fato de que há um princípio universal que devemos usar:
bom senso para tomar decisões sem ignorar o bem-estar do outro.
Nesse sentido, as empresas na atualidade organizam seus Códigos de
Conduta a partir de seu pensamento de visão e missão a serem desenvol-
vidos em suas atividades.

EXPLICANDO MELHOR:
DEONTOLOGIA: surge das palavras gregas “déon, déontos”
que significa dever e “lógos” que se traduz por discurso ou
tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado do dev-
er ou o conjunto de deveres, princípios e normas adotadas
por um determinado grupo profissional.
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Piaget (1996) destaca que a importância das regras é algo vital, pois as re-
gras funcionam como se fossem intangíveis, imutáveis, a moral que impõe
a coerção. Levam a um respeito único. No entanto, se dependerem de cos-
tumes precisam da cooperação de todos para se efetivarem.
Freire (1996) afirma que o respeito ao outro, a coerência, a convivência com a
diferença, o evitar a antipatia e o mal-estar ao outro devem ocupar um lugar
especial na ação dos indivíduos em qualquer espaço. Para o autor, quem
promove intrigas, desavenças, atritos, não está no terreno da ética.
Assim, vemos em Chauí (1999) que a existência da conduta ética pressupõe
a agência consciente do indivíduo, pois só ele tem a capacidade de discer-
nir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, o permitido e proibido, a
virtude e o vício.

Com estas primeiras reflexões, imaginamos o porquê das empresas adota-


rem Códigos de Ética. Vejamos alguns motivos:
‰‰ Dar um parâmetro de segurança para a condução das relações;
‰‰ Homogeneizar o tratamento de encaminhar as diferentes questões pro-
fissionais;
‰‰ Incentivar a integração de seus funcionários;
‰‰ Criar um ambiente de trabalho harmonioso que incremente mais a produção;
‰‰ Desenvolver nos funcionários a sensação de que convivem em bem-estar
e precisam oferecer esse mesmo bem-estar aos clientes e fornecedores;
‰‰ Consolidar práticas de comprometimento profissional;
‰‰ Investir em lealdade e fidelidade do cliente;
‰‰ Agregar valor à empresa e garantir a existência sustentável da mesma.

ACESSE:
Vídeo: A Importância de se Ter e Praticar um Código
de Conduta Ética na Empresa.
https://www.youtube.com/watch?v=JKlqqRmg73U

DEFINIÇÃO:
CÓDIGO DE ÉTICA: define-se como um instrumento de sín-
tese normativa da filosofia da empresa, de como ela pensa
e constrói sua visão e seus valores.
Funciona como um verdadeiro roteiro normativo para vir a
orientar as ações dos funcionários e as ações corporativas
em relação ao mundo exterior pela a representação dentro
de uma empresa.
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Chanlat (1999) apresenta a real necessidade de se pensar a questão ética


no interior das empresas, ele cita o conceito de ética das responsabilidades
de Weber para dizer que esta leva os indivíduos a refletirem sobre as con-
sequências de sua ação em relação aos outros.
Heemann (1993) valia que ao pensar nas atitudes envolvendo o que é certo
e o que é errado, os padrões de discernimento dos indivíduos, sejam priva-
dos ou sociais, consideram três grupos: o teleológico, voltado para conse-
quências; o deontológico, o padrão da decisão moral se volta para o bem
produzido e sua dimensão coletiva; o relativista, envolvendo a recusa de
princípios relativistas por conta de estar vivenciando um mundo instável.

5 - Figura: Código de Ética e as Diretrizes Profissionais. | Fonte: Freepik®

Com isso, faz-se primordial dizer que os Códigos de Ética das diferentes pro-
fissões, bem como das organizações, direcionem profissionais para atuações
morais e que elevem o padrão de existência de seus campos de atuação.
Um Código de Ética profissional guarda em si normas éticas, que devem
servir de baliza para profissionais no exercício de seu trabalho. Ele é ela-
borado pelos conselhos, os quais podem fiscalizar o exercício da profissão.
No âmbito de suas obrigações profissionais, na realização dos interesses que
lhe forem confiados, deve agir com a mesma diligência que qualquer comer-
ciante ativo e probo costuma empregar na direção de seus próprios negócios.
‰‰ Zelar pela existência e finalidade do Conselho Federal e Conselho Re-
gional a cuja jurisdição pertença, cumprindo e cooperando para fazer
cumprir suas recomendações;
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‰‰ Prestar suas contas na forma legal, com exatidão, clareza, dissipando as dú-
vidas que surgirem, sem obstáculos ou dilações;
‰‰ Informar e advertir o representado dos riscos, incertezas e demais cir-
cunstâncias desfavoráveis de negócios que lhe forem confiados, sobre-
tudo em atenção às momentâneas variações de mercado local;
‰‰ Envidar esforços para que suas relações com o representado sejam
contratadas por escrito, com todos os requisitos legais bem definidos;
‰‰ Conduzir-se sempre com lealdade nas suas relações com os colegas.

DEFINIÇÃO:
É de fundamental importância que se esclareça que o não
cumprimento de uma regra, seja ela do Código de ética de
uma empresa na qual se trabalha, ou da profissão que se
exerce, implica em punições e sanções que podem ir do
desligamento do funcionário até à cassação de sua licença
para atuar em determinada profissão.Em alguns casos, se
estende à uma grande celeuma jurídica.

Compreender que a garantia do cumprimento da lei é verdadeira em ques-


tões onde uma das partes se sente lesada, é uma necessidade.
Quando o contratante percebe, ou percebeu, que o trabalhador não cum-
priu sua função especificamente com o que está dito na regulamentação
ou, ainda, quando o contratado, aquele que solicitou os serviços, rompe
com o cumprimento de algum dos direitos do profissional previstos em lei.
Neste tópico, você aprendeu mais sobre os Códigos de Ética nas profissões
e também nas empresas.
Como destaque, fizemos um relevo mostrando a capacidade de ajuste que
o funcionário deve ter para trabalhar de acordo com a questão normativa
de conduta que cada empresa demanda.
Além disso, nós mostramos os princípios para os “Códigos das Profissões”.
É muito importante conhecer o código de Ética da profissão que você es-
colheu seguir, a fim de evitar consequências desagradáveis no não cumpri-
mento das normas.

ACESSE:
Reportagem sobre a Emissão de Atestado Médico Falso.
http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&-
view=article&id=25633:2015-07-28-15-18-07&catid=46
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3. A Ética em Profissões
“não” Regulamentadas
Agora que aprendemos sobre Código de ética e seus desdobramentos,
é preciso compreender que existem profissões que não possuem regula-
mentação por Conselhos e Órgãos oficiais do governo, mas elas existem e
é importante saber como se dá a ética nesses casos.
Sobre esta situação de regulamentação e não regulamentação, podemos
entender que todas as profissões possuem direitos e obrigações tanto para
patrões quanto aos empregados. Quando a profissão é regulamentada,
pode ser que exista uma legislação específica, que nomeamos abaixo:
‰‰ Carteira Profissional;
‰‰ Cédula Profissional e Piso Salarial;
‰‰ Piso de Honorário;
‰‰ Jornada de Trabalho;
‰‰ Exames Médicos;
‰‰ Órgãos Reguladores;
‰‰ Licença.

Por quê algumas profissões são regulamentadas e outras não? Na verdade a


explicação para essa situação volta-se para o fato de que o Estado sempre re-
gulamenta uma profissão quando considera que seu exercício indiscriminado
pode pôr em risco a sociedade.

6 - Figura: Ética nas Profissões. | Fonte: Freepik®


Ética e Cidadania | 21

Por isso existem os Conselhos Profissionais, autarquias federais de direito pú-


blico para fiscalizar o exercício profissional. Quando uma profissão ainda não
é regulamentada não há uma observância normativa direta sob seu exercício,
no entanto, em relação a questão ética os profissionais devem pautar-se na
moral vigente como um todo.
As Profissões em si constroem suas rotinas e atribuições enquanto se organi-
zam de forma corporativa e acadêmica. No próprio aparato legal da socieda-
de podemos encontrar a capacidade de poder julgar e condenar pelo olhar
de um mal exercício de um serviço ou profissão em relação ao mundo social.

IMPORTANTE:
É fundamental destacar que o fato de não ser regulamen-
tada não significa que não existe preocupação com a qua-
lidade da formação e com o reconhecimento da atividade
profissional.
O que de fato garante a inserção e continuidade de um pro-
fissional no mercado não é somente a sua regulamentação
ou não, mas sobretudo sua competência para atuar na pro-
fissão que escolheu.

ACESSE:
Vídeo: Ética nas Organizações.
https://www.youtube.com/watch?v=3LxJUJRqzMw

Pesquisando o artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Brasileira de 1988, ve-


mos que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, exce-
to às qualificações profissionais que a lei estabelecer. Observamos, ainda,
que a legislação abre a possibilidade de, no interesse da sociedade, criar
restrições em situações especiais por meio de uma regulamentação. Pois,
anteriormente ao fato de se regulamentar qualquer profissão, deve ser con-
siderado se o exercício profissional da área pode causar danos sociais ou
expor vidas humanas, conforme já abordamos aqui.
A questão da regulamentação das profissões é também muito complexa
no Brasil. Afinal, existem muito mais que 300 profissões no mundo do tra-
balho. Sem falar nas novas que surgem de tempos em tempos. Podemos
nos referir ao campo de tecnologia e também da internet. Hoje já se fala,
por exemplo, em regulamentar a profissão de Youtuber. Ou seja, terão que
estabelecer seu Código de ética também. Uma discussão grande sobre o
risco que este profissional pode trazer a sociedade: a disseminação e pro-
dução de informações e verdades absolutas falsificadas da realidade.
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ACESSE:
Vídeo: A Regulamentação do YouTuber.
http://g1.globo.com/globo-news/estudio-i/vide-
os/v/entenda-como-e-o-projeto-de-lei-que-quer-
-regulamentar-a-profissao-de-youtuber/7145021/

Neste tópico aprendemos a diferença entre uma profissão regulamentada


e uma profissão não regulamentada. Entendemos, ainda, que não é porque
a profissão não é regulamentada que deixa de ser importante ou passa a
ser menos valorizada. Avançamos sobre a inserção profissional sem regula-
mentação e concluímos que o que mantém o indivíduo com sua profissão
no mundo do trabalho e reconhecido, é muito mais sua competência e re-
ferência ética, que pode não estar em um Código, mas está em sua moral
de origem e sua preocupação com o bem do outro.
E você, percebeu como é um sujeito ético no mundo das profissões?
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Consideações Finais
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar nos temas desta aula? Recomenda-
mos o acesso a fontes de consulta e de aprofundamento
que serão passadas pelo seu professor.

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM:
Pronto para consolidar seus conhecimentos? Leia aten-
tamente o enunciado de sua atividade de autoaprendiza-
gem proposta para esta aula. Se você está fazendo o seu
curso presencialmente, é só abrir o seu caderno de ativi-
dades. Se você estiver cursando na modalidade de EAD
(Educação a Distância), acesse a sua trilha de aprendiza-
gem no seu ambiente virtual e realize a atividade de modo
online. Você pode desenvolver esta atividade sozinho ou
em parceria com seus colegas de turma. Dificuldades?
Poste suas dúvidas no fórum de discussões em seu am-
biente virtual de aprendizagem. Concluiu a sua atividade?
Submeta o resultado em uma postagem diretamente em
seu ambiente virtual de aprendizagem e boa sorte!

TESTANDO:
Chegou a hora de você provar que aprendeu tudo o que
foi abordado ao longo desta aula. Para isto, leia e resolva
atentamente as questões do seu caderno de atividades.
Se você estiver fazendo este curso a distância, acesse o
QUIZ (Banco de Questões) em seu ambiente virtual de
aprendizagem.
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REFERÊNCIAS:

‰‰ BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As Consequências Humanas.


Rio de Janeiro: Jorge Zahar CASTEL, Robert. As Metamorfoses do Trabalho.
In: Fiori, José Luís e outros. Globalização: O Fato e o Mito.
Rio de Janeiro. Ed. Uerj, 1998;
‰‰ CORTINA, A.: Cidadãos do Mundo. Petrópolis; RJ: Vozes, 2005
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único
à consciência universal. 10. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2003;
‰‰ CHANLAT, Jean-François. Ciências Sociais e Management:
Reconciliando o Econômico e o Social. São Paulo: Atlas, 1999;
‰‰ FALEIROS, Vicente de Paula. Palestra proferida na ICSW 32,
em Brasília, em 17 de julho de 2006;
‰‰ FORRESTER, Viviane. O Horror Econômico. São Paulo. Ed. UNESP, 1997;
‰‰ FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996;
‰‰ HEEMANN, Ademar. Natureza e Ética. Curitiba: Editora da UFPR, 1993;
‰‰ LISBOA, Lázaro Plácido et al.. Ética Geral e Profissional e Contabilidade.
São Paulo: Atlas, 1997;
‰‰ PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo, Summus, 1994.
PENNA, Antonio G. Introdução à filosofia da moral. Rio de Janeiro;
‰‰ MORGAN, Gareth. Imagens da Organização.
Tradução de Cecília Wiltaker Bergamini, Roberto Coda: São Paulo: Atlas, 1996;
‰‰ SÁ, A Lopes de. Ética profissional. 4ª. Ed.. São Paulo: Atlas, 2001
SILVEIRA, M.CAIO & REIS.COSTA.G. LILIANE.
Expo Brasil Desenvolvimento Local. Ultra-Set Editora, 2005.

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