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Educação Financeira

Unidade 1
Orçamento e finanças domésticas
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MARTIELE CORTES BORGES
AUTORIA
Martiele Cortes Borges
Formada em Administração, com uma experiência técnico-
profissional na área de Marketing e Empreendedorismo de mais de três
anos. Também atuei como docente nas mais diversas áreas administrativas.
Eu amo o que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles
que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Educação financeira e finanças pessoais ......................................... 10
Educação financeira no Brasil.................................................................................................10

Influência da educação financeira nas decisões de consumo e


investimento dos indivíduos..................................................................................................... 14

Finanças pessoais............................................................................................................................ 16

Mercado e família nas finanças pessoais....................................................................... 19

Orçamento pessoal e familiar................................................................. 21


Conceituando orçamento pessoal e familiar ............................................................. 21

Elaboração de orçamento.........................................................................................................23

Consumo consciente e planejado.......................................................................................27

Fluxo de caixa familiar - receitas - despesas - gastos e


investimentos................................................................................................ 32
Receitas em finanças pessoais..............................................................................................32

Investimentos......................................................................................................................................34

Despesas............................................................................................................................................... 36

Fluxo de caixa.................................................................................................................................... 39

Como evitar e sair do endividamento ................................................ 41


O que é endividamento?............................................................................................................. 41

Dívida.........................................................................................................................................................44

Como sair do endividamento?............................................................................................... 46

Modalidades de empréstimos e financiamentos ....................................................47


Educação Financeira 7

01
UNIDADE
8 Educação Financeira

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de finanças pessoais é uma das mais
urgentes no mundo contemporâneo? Isso porque o aumento
desenfreado do consumo de bens e produtos e o acesso ao crédito por
parte dos consumidores contribuíram para o endividamento pessoal.
Para evitar que isso aconteça, a educação financeira é extremamente
importante, não apenas para os adultos, mas para todas as faixas de
ensino e idade, pois crianças que aprendem a ter controle financeiro
têm maiores chances de se tornarem adultos conscientes.

Por isso, é necessário conhecer todas as fontes de receitas e de


despesas de uma família e planejar o orçamento familiar. O objetivo,
portanto, é que, após pagar as contas, sobre um valor para investir
em uma reserva de emergência e para investimentos a longo prazo
também. Além disso, é essencial “fugir” do uso de recursos de terceiros
para que não ocorra o endividamento. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Educação Financeira 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Compreender, de forma crítica, a importância da educação


financeira para assegurar a saúde do orçamento doméstico,
adequando o comportamento em relação ao uso do dinheiro,
consumo consciente e seguro.

2. Identificar as melhores oportunidades e meios para gerar e


aumentar o nível de prosperidade pessoal.

3. Controlar entradas e saídas dos recursos financeiros que promovam


qualidade de vida diante dos anseios e cultura familiar, buscando
modalidades de poupança e outros investimentos.

4. Prevenir-se contra as principais armadilhas que levam ao


endividamento financeiro, compreendendo a melhor modalidade
de obtenção de recursos financeiros para renegociação e redução
de dívidas.
10 Educação Financeira

Educação financeira e finanças pessoais


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de compreender


de forma crítica a importância da Educação Financeira para
assegurar a saúde do orçamento doméstico. Isso será
fundamental para o exercício de sua profissão. Adequar o
comportamento em relação ao uso do dinheiro e ter um
consumo consciente e seguro são o início de uma vida
financeira saudável. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Vamos lá. Avante!

Educação financeira no Brasil


Conforme Gonçalves (2015) é indispensável que exista a educação
financeira, pois a formação de cidadãos conscientes passa pela decisão
de consumo, a diminuição de desperdícios e a gestão da renda.

Nesse sentido, a Educação Financeira é importante porque auxilia o


consumidor na gestão da sua renda, além de fazê-lo poupar e investir seu
dinheiro. Nos últimos anos, essa temática vem crescendo, pois o mercado
financeiro está se desenvolvendo e as mudanças econômicas, políticas e
demográficas propiciaram tal contexto (OCDE, 2004, p. 223).
Figura 1 - Conhecendo conceitos de finanças

Fonte: Freepik
Educação Financeira 11

[...] o processo pelo qual consumidores e investidores


melhoram seu entendimento sobre os conceitos e os
produtos financeiros e, através da informação, instrução
e/ou conselhos objetivos, desenvolvam as habilidades
e a confiança para conhecer melhor os riscos e as
oportunidades financeiras, e assim tomarem decisões
fundamentadas que contribuem para melhorar seu bem-
estar financeiro. (OCDE, 2005, p. 13)

Tendo isso em vista, se considerarmos as últimas décadas, as


mudanças ocorridas no âmbito sociopolítico e econômico que geraram
impactos significativos foram impulsionadas pela globalização, pelo
desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças em termos de
regulamentação e institucionais (neoliberalismo).

Foi a partir da década de 1990 que o Brasil começou a aplicar


uma reforma neoliberal. Além das mudanças citadas anteriormente, a
estabilização da moeda e a baixa na inflação fizeram parte desse cenário.

Anteriormente a esse período, a inflação não estava estabilizada,


o que fazia com que o consumidor tomasse decisões baseadas no curto
prazo. Consequentemente ele realizava compras em detrimento de
poupar o seu dinheiro. Isso porque os preços mudavam constantemente
e se comprava dos mais diversos produtos para armazenamento.

Com a estabilização da moeda, os consumidores passam a tomar


decisões a um prazo maior. Desse modo, como não há uma mudança
significativa de preços, salvo em casos excepcionais, é possível realizar
as compras de forma mais responsável e até mesmo pensar em outras
formas de investir seu dinheiro.

Como o Estado passa a intervir menos no mercado, o consumidor


precisa tomar decisões por conta própria, o que se torna um desafio de
se fazer a longo prazo. Com o consumidor guardando seu dinheiro, o
Estado passa a incentivar o consumo. Surge um problema então: muito
crédito disponível faz com que o consumo aumente e, às vezes, de forma
desenfreada, o que causa endividamento da população.
12 Educação Financeira

Figura 2 - Problemas financeiros

Fonte: Creative Commons

Nesse contexto, é possível perceber a importância da educação


financeira no dia a dia de todos os cidadãos. Aprender a fazer a gestão
do seu próprio dinheiro faz com que o indivíduo consiga manter as suas
necessidades básicas e demais consumos sem que precise se endividar
e recorrer a empréstimos.

Para Savoia et al. (2007), diferente dos outros países, não há


evidências no Brasil de informações suficientes sobre Educação Financeira.
Por isso, os autores se dedicaram a levantar as informações de diversos
órgãos e instituições a respeito do tema. As informações encontradas
estão disponíveis no Quadro 1.
Educação Financeira 13

Quadro 1 - Resumo dos achados

Instituição Atribuições/Considerações

Ministério da Educação Não há obrigatoriedade da Educação Financeira no


e Cultura (MEC) sistema de ensino.

Não verificaram uma participação constante dessas


Universidades
instituições no processo de Educação Financeira.

Banco Central do Brasil


Possui o Programa de Educação Financeira (PEF).
(Bacen)

Comissões de Valores Promove palestras e disponibiliza cartilhas gratuitas


Mobiliários (CVM) de educação ao investidor.

Possui o Programa Educacional Bovespa(1989).


Bolsa de Valores de São Promove visitas monitoradas à Bolsa; realiza
Paulo (Bovespa) palestras e orientações à população, por meio dos
projetos.

Federação Brasileira de Oferece informações sobre o uso de produtos


Bancos (Febraban) financeiros.

Serasa Guia Serasa de orientação ao cidadão.

Difunde conceitos sobre investimento pessoal,


Associação Nacional dos
estimulando a formação do investidor no Brasil,
Bancos de Investimento
além de incentivar a produção de estudos
(Anbid)
acadêmicos sobre o mercado de capitais brasileiro.

São poucas as instituições financeiras que possuem


Instituições financeiras
programas de Educação Financeira

Muito relevante, pela amplitude de seu alcance das


Mídia e eventos
informações.

Associação Brasileira de Empresas de Cartões de


Demais associações Crédito e Serviços (Abecs) e Associação Nacional da
Previdência Privada (Anapp).

Fonte: Savoia et al. (2007, p. 1136-1137).


14 Educação Financeira

Como podemos observar no Quadro 1, apesar de algumas


instituições apresentarem iniciativas em relação à educação financeira,
essas ainda são muito pontuais e não abrangem todos os públicos. As
instituições de ensino podem ter programas e projetos relacionados, mas
fica a cargo da gestão e dos professores, pois não há obrigatoriedade no
currículo escolar. Outro ponto importante é que esse tipo de educação
ofertada, muitas vezes, não está disponível para os adultos, o que é um
problema, pois são eles quem tomam as decisões financeiras na família.

Por fim, no nosso país a educação financeira ainda é uma situação


alarmante, uma vez que a distribuição de renda brasileira é desequilibrada
e boa parte desses valores é entregue ao Estado. Por isso, as famílias
precisam utilizar os recursos que sobram da forma mais benéfica para
contribuir para o atingimento de suas necessidades.

Influência da educação financeira nas


decisões de consumo e investimento dos
indivíduos
Na realidade em que vivemos, inúmeros são os serviços financeiros
e as formas de utilizá-los, fato que dificulta a tomada de decisão de
utilização para os consumidores. As questões importantes que surgem
devido a esse número expressivo de informações necessárias são:
que produtos são esses? Onde o consumidor pode encontrar essas
informações? Será que todos os consumidores têm acesso?

Respondendo a primeira questão, sobre os produtos financeiros,


os mais conhecidos atualmente pelo público são os cartões de crédito,
cheque especial, poupança e financiamentos, mas também existem
outros.

Para responder as outras duas questões, podemos considerar os


estudos de Lucci (2006), que buscou entender se a qualidade da tomada
de decisão financeira estava relacionada à formação superior e se a
deficiência de conhecimento estava diretamente atrelada à tomada de
decisões menos assertivas.
Educação Financeira 15

Figura 3 - Produtos financeiros

Fonte: Creative Commons

Nesse estudo, confirmou-se que quanto mais disciplinas


relacionadas à área financeira o graduando realiza, com compreensão
dos conceitos envolvidos, maior é sua Educação Financeira. Adicional a
isso, quando se fala em planejamento financeiro, também se confirma a
hipótese. A atitude em relação às finanças também é afetada diretamente
pelo conhecimento do indivíduo na pesquisa mencionada.

EXEMPLO: Alunos de graduação de cursos relacionados à


Administração e Contabilidade tentem a obter os conhecimentos e,
portanto, aplicá-los. Ou seja, um aluno que já cursou diversas disciplinas
pode aperfeiçoar suas decisões financeiras ao adquirir um produto ou a
investir seu dinheiro.

A realização dos sonhos está, quase sempre, atrelada diretamente


ao gerenciamento da renda pessoal, pois qualquer valor financeiro que
deva ser investido em alcançar essas realizações passa por uma decisão
financeira. Para que um sonho seja realizado ele precisa se transformar
em um projeto, assim, como em qualquer projeto, os recursos devem ser
previamente definidos.
16 Educação Financeira

Figura 4 - Equilíbrio financeiro

Fonte: Creative Commons

SAIBA MAIS:

No livro Casais inteligentes enriquecem juntos, o autor


Cerbasi apresenta perfis financeiros dos indivíduos e como
identificá-los. A importância disso no relacionamento é tão
importante que as questões financeiras aparecem como
um dos principais motivos para divórcio no país. Caso queira
se aprofundar no assunto, confira no livro mais informações:
CERBASI, P. G. Casais inteligentes enriquecem juntos. São
Paulo: Editora Gente, 2004.

Finanças pessoais
Nesta seção, vamos falar sobre os objetivos das finanças pessoais,
a situação financeira ideal e as fontes das receitas financeiras.

Vamos começar falando dos objetivos das finanças pessoais.


O primeiro deles é que o indivíduo ou família consigam sustentar suas
necessidades a partir de fontes próprias de recursos e que tenham
controle sobre esses valores. O ponto importante aqui é que não seja
necessário contar com fontes terceiras, como recorrer a empréstimos e
cheque especial, pois além de ter um custo alto, nem sempre tais recursos
estão disponíveis no momento que a pessoa precisa (PIRES, 2006).
Educação Financeira 17

Outro objetivo importante é que se faça uma distribuição das


despesas que seja proporcional às receitas desse indivíduo ou família.
Nesse sentido, é essencial que se pense nos valores para consumo e
em valores a serem poupados. As despesas necessárias à sobrevivência
podem ocorrer mensalmente, como é o caso da alimentação e aluguel,
por exemplo. Se o indivíduo usar toda a renda adquirida com consumo,
sem poupar nada, corre o risco, em caso de perda da sua fonte de renda,
de ter que recorrer a empréstimos e se endividar. Logo, é fundamental ter
uma reserva de emergência. As empresas organizadas fazem isso, mas tal
método se aplica muito bem às finanças pessoais.

Quando não se puder evitar o uso de recursos de terceiros é


importante que se leve em consideração, na escolha da fonte desses
recursos, os que custem menos. Além disso, é importante buscar uma
organização a ponto de usar esse tipo de recurso pelo menor tempo
possível, pois a remuneração desses valores geralmente se faz com juros
altos. Outrossim, para que se tenha um equilíbrio financeiro, as famílias
ou o indivíduo precisam fazer o controle adequado entre suas vontades
e desejos e sua capacidade real de compra. Não é necessário que se
“abra mão” de sonhos e desejos pessoais, apenas é relevante que haja
planejamento para atingimento disso (PIRES, 2006).

EXEMPLO: Uma pessoa tem o desejo de comprar uma televisão


maior para colocar em sua sala. No momento em que pensou em adquirir
tal objeto, esse indivíduo foi à loja e fez uma compra no crediário em 24
parcelas com juros. Pensando nessa situação, podemos aplicar o que
foi dito anteriormente. Essa compra poderia se realizar em um momento
posterior ao que foi feito e esse consumidor poderia ter planejado poupar
uma determinada quantia mensalmente para que, ao juntar todo o valor
(referente ao preço da televisão), pudesse comprar à vista, de modo que
ainda poderia negociar um desconto, evitando recorrer a recursos de
terceiros.

O último objetivo então é o de adquirir independência financeira,


buscando o crescimento de seu patrimônio pessoal a ponto de não
precisar mais trabalhar para terceiros para receber sua renda, além de não
ser mais necessário recorrer a recursos terceiros (PIRES, 2006).
18 Educação Financeira

A partir disso, então, cria-se uma situação financeira ideal. Essa


situação ideal é a combinação de receitas acumuladas ao longo do tempo
menos as despesas desse período. Do valor que resta dessa equação,
deve ser investida uma parte em formato de poupança para possíveis
imprevistos que venham a surgir, e outra parte em opções de aplicações
que possam aumentar as receitas.

As fontes de receitas pessoais podem ser obtidas por meio do


trabalho realizado para terceiros (empregado), bem como por parte do
empreendedorismo. Nesse último caso, o indivíduo tem o seu próprio
negócio e sua renda advém dele. Nesse sentido, é importante salientar
que o indivíduo pode optar por uma dessas formas ou fazer uma
combinação entre elas.

Quando se considera um empreendimento, é preciso levar em


consideração que, para seu início, é necessário um investimento inicial. Por
isso, é essencial que haja uma programação por parte do empreendedor
desses valores, pois um negócio, geralmente, não se paga e gera lucros
nos primeiros meses. Dessa forma, em muitos casos, o empreendedor
dispõe de empregos em empresas de terceiros para manter-se
financeiramente. Ademais, outro ponto fundamental nessa discussão
sobre as finanças pessoais é saber como planejá-las de forma adequada.
Para isso, Dos Santos (2014) apresenta cinco passos fundamentais:

1. Controle de entradas e saídas do orçamento. As despesas não


podem superar as receitas.

2. Ter os comprovantes bancários e das despesas. Manter o controle


das receitas e suas fontes é essencial.

3. Conhecer e listar todas as despesas do mês.

4. Fazer a análise dos gastos. Separá-los em despesas fixas e


variáveis e os gastos considerados supérfluos.

5. Calcular as entradas e as saídas. Nesse momento, será necessário


fazer ajustes caso as despesas estejam maiores que as receitas.
Por conseguinte, evita-se o endividamento.
Educação Financeira 19

Algumas ressalvas são feitas em relação à situação de


endividamento. Diante disso, a má administração dos recursos é um dos
fatores que mais contribui para esse problema. Isso ocorre principalmente
quando o indivíduo desconhece suas rendas e suas despesas, não
faz o cálculo e nem conserva esses registros. Outro ponto é a falta de
reservas, pois mesmo que a pessoa seja organizada, às vezes, imprevistos
acontecem e, para contorná-los, é relevante que se tenha recursos
financeiros reservados para isso.

A saúde é um dos fatores que também pode causar o endividamento,


pois os custos com esses serviços são bem elevados em nosso país e, com
frequência, uma situação de urgência faz com que seja necessário algum
tipo de tratamento e internação. Mesmo em situações mais planejadas, os
custos com plano de saúde também são elevados (DOS SANTOS, 2014).

Quando um indivíduo recebe sua renda fruto de apenas uma fonte,


o emprego também pode se tornar um fator de endividamento, pois caso
a empresa o demita involuntariamente, essa pessoa ficará sem renda e,
possivelmente, terá que recorrer a renda de terceiros a juros altos.

Para isso, a de se considerar a importância da Educação Financeira,


entretanto, como vimos anteriormente, nem sempre os indivíduos estão
educados para esse fim. Em nosso país, essa situação é ainda mais precária
do que em países desenvolvidos. Contribui, ainda, para o endividamento
a presença de vícios na vida do indivíduo. Os recursos empregados nos
vícios, frequentemente, transcendem a razão. Aqui se compreende não
apenas vícios como os jogos e o consumo de drogas, mas também a
compulsão por compras (DOS SANTOS, 2014).

Mercado e família nas finanças pessoais


Mercado é a forma de demonstrar as preferências, onde os ofertantes
se encontram com os demandantes. Não há necessidade de que isso
ocorra de forma física, uma vez que mercados financeiros e e-commerces
são frutos de tecnologia empregada para que esse encontro ocorra de
forma segura e sem que uma pessoa tenha de estar fisicamente ao lado
da outra. É um ambiente social de trocas. Nesse mercado transitam as
mais diversas pessoas e famílias.
20 Educação Financeira

Sob esse viés, as famílias são consideradas unidades básicas das


finanças pessoais. Portanto, é por meio desse grupo que as transações
econômicas ocorrem. Podemos questionar sobre a razão dessa unidade
não ser focada no indivíduo, entretanto, a resposta é bem simples. No
caso, as crianças também são consumidoras, precisam sanar suas
necessidades e não são detentoras de renda por intermédio de emprego,
nem de empreendedorismo. Assim, é por meio da família que essas
necessidades podem ser sanadas.

DEFINIÇÃO:

[...] pode-se considerar família todo agrupamento de pessoas


constituído de tal modo que as relações de dependência e
colaboração baseiam-se fundamentalmente em laços de
sangue ou afetivos (PIRES, 2006, p. 63).

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que a educação financeira é essencial para que
os indivíduos consigam ter um planejamento adequado
de suas finanças pessoais e possam saber como tomar
decisões mais assertivas. Apesar disso, no Brasil, esse
tema ainda não é muito difundido e, apesar de algumas
instituições ofertarem cursos, materiais e informações a
respeito disso, o sistema ainda carece de ofertas adequadas
a cada público. Além disso, você deve lembrar que, para
uma vida financeira saudável, é necessário ter uma renda
superior às despesas e que uma reserva de emergência
pode salvar suas finanças sem que você precise recorrer a
recursos de terceiros. É importante que se faça o controle
de todos os valores que entram e que saem do orçamento
familiar. Isso mesmo! Familiar, pois não podemos esquecer
que a unidade básica considerada nos estudos econômico-
financeiros é a família.
Educação Financeira 21

Orçamento pessoal e familiar


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de identificar as


melhores oportunidades e meios para gerar e aumentar o
nível de prosperidade pessoal. Isto será fundamental para o
exercício de sua profissão. Adequar o comportamento em
relação ao uso do dinheiro e ter um consumo consciente
e seguro são o início de uma vida financeira saudável. E
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá. Avante!

Conceituando orçamento pessoal e


familiar
O orçamento doméstico é o controle das despesas e dos gastos
de um indivíduo ou família, bem como dos valores recebidos (receitas).
O orçamento é uma ferramenta essencial para que as pessoas consigam
conquistar seus objetivos e realizar seus desejos (como viagens, compra
de uma casa própria, entre outros).
O orçamento doméstico é o planejamento das despesas e
receitas de uma família ou indivíduo, desenvolvido através
da organização e controle constantes com o intuito de
proporcionar o equilíbrio financeiro. O registro eficiente do
fluxo de caixa, ou seja, dos gastos e rendimentos mensais,
determinará os parâmetros a serem alcançados. (LOPES,
2012, p. 08)
22 Educação Financeira

Figura 5 - Compra

Fonte: Creative Commons

O orçamento pessoal é uma forma de conseguir enxergar as


movimentações financeiras do indivíduo ou família e fazer uma avaliação
disso. Ou seja, é a maneira como o dinheiro é utilizado pelo indivíduo.
Assim, conhecendo bem o fluxo que os recursos financeiros têm em sua
vida, é possível definir prioridades. Portanto, esse controle irá auxiliar a sua
vida financeira, conforme Sousa et al. (2013):

• Conhecer a sua real situação financeira.

• Definir priorização de projetos pessoais.

• Ter um planejamento financeiro adequado a seus objetivos.

• Compreender seus hábitos de consumo.

• Promover a organização da sua vida financeira e patrimonial.

• Lidar com imprevistos.

Para que se possa criar um orçamento, é necessário conhecer as


despesas, as receitas e os investimentos realizados pelos indivíduos ou
família.

Para elaboração do orçamento é importante pensar nas dificuldades


que podem aparecer, principalmente no orçamento com a família, por se
tratar de vários seres humanos distintos com comportamentos diferentes:
Educação Financeira 23

a. O ser humano é um ser que está sob influências de diversos


tipos. Além disso, é um ser social, visto que convive com outros
seres humanos diariamente. Isso o coloca em contato com
variados produtos e serviços, além de propiciar o recebimento
de informações sobre eles, o que pode despertar o desejo em
adquiri-los. Portanto, uma das dificuldades a ser enfrentada é a
busca por satisfação de um prazer imediato, o que, muitas vezes,
pode fazer com que o indivíduo pague mais caro por isso.

b. Outra dificuldade é o costume de comprar os produtos em grandes


quantidades devido ao fato de uma expectativa de aumento
dos preços, como ocorria em períodos que a inflação era muito
instável. Logo, o planejamento financeiro era feito em curto prazo.

c. A falta de informação e de conhecimento financeiro é uma


dificuldade encontrada em toda a sociedade brasileira, pois a
população carece desse tipo de ensinamento (DOS SANTOS,
2014).

Elaboração de orçamento
Como comentamos anteriormente, o orçamento é uma ferramenta
que prevê organização e conhecimento do fluxo do dinheiro do indivíduo
em determinado período. Assim, para que se possa elaborar um orçamento
é necessário seguir alguns passos (SOUSA et al., 2013).

1. Planejamento: como em qualquer projeto que se deseje realizar,


o planejamento é a etapa inicial. Em geral, o planejamento não
é uma forma usada apenas em finanças pessoais, pois é uma
das funções administrativas que pode ser aplicada em qualquer
negócio.

Planejamento é o ato de pensar e definir metas e objetivos,


prevendo recursos necessários e o prazo para realização. No orçamento,
o planejamento apresenta-se como a estimativa de despesas e receitas
em determinado período (geralmente se usa a unidade mês). Para melhor
alocar os recursos, é necessário separar as despesas fixas das variáveis,
bem como as receitas fixas das variáveis.
24 Educação Financeira

VOCÊ SABIA?

Despesas fixas são aquelas que não variam ou variam


pouco de um mês para o outro, como é o caso de um
aluguel.
Despesas variáveis são aquelas que se modificam (de mês
para mês) conforme utilização ou consumo, como é o caso
da conta de luz.
Receitas fixas são aquelas que não variam ou variam pouco
ao longo do ano, como o salário recebido pelo empregado.
Receitas variáveis são aquelas que variam todo mês, como
as comissões por vendas.

1. Registro: essa etapa é a aquela que o indivíduo deve identificar


e registrar, seja por escrito, em um caderno, ou em planilhas,
todas as despesas e receitas daquele período. Algumas fontes
são facilitadoras nesse processo, como é o caso dos extratos
bancários com as movimentações da conta e as faturas dos
cartões de crédito quando utilizado.

2. Agrupamento: é a fase em que todas as anotações anteriores são


agrupadas em categorias para que seja mais fácil entender o seu
comportamento de consumo e prever os valores aproximados
para o mês seguinte. É o caso das despesas com alimentação,
higiene, saúde, entre outras.

3. Avaliação: é a etapa em que se observa o levantamento de todas


as informações orçamentárias, com todas as despesas e receitas,
além de se avaliar a necessidade de cada uma delas e sua
priorização entre as demais. (SOUSA et al., 2013)

Deve-se sempre buscar ter uma receita maior do que as despesas,


pois somente assim é possível construir uma reserva de emergência para
casos de imprevistos.

Visto isso, percebe-se que quando a unidade básica a ser considerada


é a família, pois o indivíduo não vive sozinho, todos os membros dela
devem fazer parte do orçamento. A participação dos demais familiares é
Educação Financeira 25

fundamental para que o orçamento tenha o menor número possível de


erros. Ademais, a participação de todos os membros da família ajuda a
assegurar o comprometimento dos membros ao seguir o que foi planejado
(ORÇAMENTO, 2009).
Figura 6 - Pagamento

Fonte: Creative Commons

Fazer a gestão orçamentária contando com a família é, entretanto,


um desafio, uma vez que cada indivíduo tem um comportamento e uma
forma diferente de lidar com o dinheiro. Alguns já têm uma consciência
financeira maior e outros são mais consumistas e menos poupadores.
Além disso, o conhecimento a respeito de finanças pessoais também
varia de pessoa para pessoa, portanto essa elaboração do orçamento
deve ser realizada de forma conjunta.

Em termos de gestão orçamentária, devemos considerar as


nomenclaturas, conhecendo as despesas (D) e receitas (R):
Quadro 1 - Orçamento

Nomenclatura do orçamento Equação D x R

Déficit R<D

Neutro R=D

Superávit R>D

Fonte: Santos et al. (2014, p. 22).


26 Educação Financeira

Assim, o objetivo deve ser obter uma equação em que as receitas


são iguais ou superiores às despesas. Porém, ter superávit é o mais
indicado .
Dessa forma fica mais prático de se chegar ao levantamento
dos saldos finais. A partir dessas informações, a pessoa
poderá avaliar a proporção, em percentual dos gastos em
relação aos recebimentos. Os saldos positivos indicam
que os rendimentos são suficientes para o pagamento de
todos os gastos existentes. Contudo, quando apresenta
um saldo negativo, deve-se ficar atento e descobrir qual a
categoria de gastos que poderá ser melhor economizada
para se chegar ao saldo positivo ao final do mês. Estas
informações são relevantes para a gestão pessoal, pois
a partir destas se buscam alternativas de otimizar os
rendimentos e priorizar o pagamento dos gastos no
orçamento pessoal. (DA SILVA, 2007, p. 31)

O orçamento pessoal é o orçamento de uma pessoa, já o orçamento


familiar é o orçamento da unidade familiar. No primeiro caso, quando a
unidade é apenas uma pessoa, as despesas e receitas são apenas as dela,
porém no segundo caso é importante lembrar que, além das despesas
de todos, é importante somar os valores de salários, pensões e demais
receitas.

Para dar andamento ao orçamento familiar, Rocha e Vergili (2007, p.


8) apresentam algumas ações que, quando tomadas, ajudam a ter uma
saúde financeira. São elas: tentar conter os impulsos de compra; realizar
pesquisas antes de comprar algo; ter cuidado com preços praticados pelas
marcas reconhecidas pelo mercado; planejar antes de realizar qualquer
compra; prestar atenção às informações dos produtos; buscar consumir
de empresas que respeitam o meio ambiente; estar atento aos direitos do
consumidor; buscar os melhores preços e barganhar descontos; sempre
pedir garantia e tomar cuidado com as propagandas que oferecem
produtos e serviços milagrosos.

EXEMPLO: O celular de Joana foi roubado durante o seu trajeto até a


sua casa, mas ela não poderia ficar sem um aparelho porque trabalha com
Marketing Digital e o celular é um dos instrumentos de trabalho. Dessa
forma, ela precisa comprar um aparelho mais atual e com especificações
Educação Financeira 27

próprias para sua utilização. Uma vez verificado que esses aparelhos
estão com preços muito superiores ao que pode pagar, Joana pesquisa
na internet por lojas físicas e e-commerces que ofereçam o modelo que
ela deseja adquirir. Desse modo, ela conhece as condições de pagamento
e os preços em cada um dos locais pesquisados. A partir disso, Joana vai
até uma loja próxima a sua casa e apresenta os orçamentos que realizou
e solicita ao vendedor um desconto com base nos preços ofertados pelos
concorrentes. Assim, ela mostra que está a par dos valores praticados e
tenta comprar o seu aparelho por um valor que pode pagar, sem recorrer
a recursos de terceiros.

Para que todas as medidas sejam tomadas pelos membros da


família, a geração de uma consciência financeira é fundamental. Nesse
sentido, reafirma-se a essencialidade da Educação Financeira em todos
os níveis de ensino, pois uma família, geralmente, é composta por pessoas
de diferentes idades e níveis de ensino formal.

Apesar da importância da gestão das finanças pessoais,


principalmente no que tange ao orçamento financeiro familiar, é importante
ressaltar que a Educação Financeira ainda precisa ser aprimorada em
muitos aspectos. Entretanto, não é somente isso, Souza e Torralvo (2004)
acreditam que essa temática não é explorada no meio acadêmico e em
pesquisas científicas. Nesse sentido, os autores acreditam que ainda
exista muito espaço para surgimento de novos estudos.

Consumo consciente e planejado


O ser humano é exposto, todos os dias, a inúmeros incentivos à
compra de produtos e serviços dos mais diferentes tipos. Graças ao
consumismo oriundo da cultura norte-americana, que chegou ao Brasil
por meio da globalização, tivemos acesso a muitos produtos que não
tínhamos como adquirir anteriormente. Somado a isso, a obsolescência
dos produtos, tanto programada, quando pela diminuição do ciclo de
vida natural do produto, faz com que as pessoas estejam em constante
movimento de compra.
28 Educação Financeira

Figura 7 - Equilíbrio financeiro

Fonte: Wikimedia Commons

Esse comportamento não é prejudicial apenas para o meio


ambiente em que vivemos, mas também para as finanças pessoais, o que,
consequentemente, acabam por afetar a estrutura financeira e econômica
do país. Quando os indivíduos consomem demais, aumentando seu
endividamento e, na sequência, param de consumir devido à falta de
recursos financeiros, o Estado age para fomentar a movimentação
econômica.

Na intenção de evitar, ou mesmo diminuir, esses problemas,


apresentamos o consumo planejado. Quando falamos de consumo
planejado, estamos nos referindo a priorização dos gastos, ou seja,
direcionar o dinheiro para aquilo que o indivíduo e sua família consideram
essenciais e importantes. Portanto, o que não é preferência nessa
hierarquia não precisa ser adquirido no momento, mas pode ser planejado
para uma compra mais a médio e longo prazo.

IMPORTANTE:

Planejar o consumo não se trata de deixar de comprar


e restringir os gastos, mas sim de priorizar aquilo que
é importante. Assim, quando se faz um planejamento
financeiro, passa-se a consumir melhor porque evita
desperdício. Um exemplo disso é pagar as contas em
dia para evitar pagar multas e juros por atrasos (SOUSA
et al., p. 2013).
Educação Financeira 29

Com relação ao comportamento para as finanças pessoais, há quem


defenda o comportamento pessimista: “Ter um comportamento pessimista
quanto ao dinheiro, sempre se pensar como endividado e buscar guardar
o máximo, diminuindo constantemente os gastos” (MACEDO JR., 2010, p.
55). Há muitas vantagens em se planejar o consumo, porque, a partir dessa
organização, consegue-se entender o comportamento de consumo e:

a. Ajudar na conservação e aumento do patrimônio da família ou


indivíduo, uma vez que esses consumidores conseguirão poupar
os valores.

b. Controle do endividamento, pois é possível se programar para as


despesas, não sendo necessário recorrer a recursos de terceiros.

c. Utilização de juros a seu favor, pois ao contrário do endividamento


em que os juros aumentam significativamente o valor da dívida,
nesse caso, os juros são a remuneração do dinheiro economizado.
Assim, o indivíduo ganha dinheiro com o seu próprio dinheiro.
Além disso, ao pagar as contas no prazo correto se evita pagar
juros e multa por atrasos.

d. Eliminação dos gastos desnecessários. Nesse sentido, muitas


vezes, por falta de planejamento, o consumidor acaba comprando
um produto por um valor mais alto do que de costume por se
tratar de uma situação emergencial.

EXEMPLO: Imagine que você não acompanha o tempo de uso de


seu botijão de gás, que está sendo usado no fogão em que você prepara
os alimentos. Em uma ocasião festiva no domingo, seus amigos vão à
sua residência para um jantar especial. Você então começa a cozinhar
mais tarde, próximo às 22h e quando está no meio do preparo acaba o
gás. Pronto, agora você precisará ir atrás de um local que entregue um
botijão nessa situação. De costume, em horário comercial é mais fácil
encontrar lojas abertas para comprar gás, assim você pode fazer uma
rápida pesquisa de preços, porém, como você não previu essa situação,
terá que aceitar pagar o preço que o revendedor oferecer, geralmente
mais alto por ser um horário incomum para esse tipo de venda.
30 Educação Financeira

e. Maximização dos recursos disponíveis. Isso ocorre quando você


realiza compras pensando nos itens que estão disponíveis no
período com preços acessíveis. É o caso de frutas de estação, que,
quando não estão no período de sua comercialização, acabam
custando muito mais caro.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar mais no assunto, assista ao


vídeo Como fazer um orçamento simples e prático para
sobrar dinheiro, do Primo Rico. É um vídeo bem interessante
e fácil de aplicar, pois apresenta o passo a passo para o
orçamento sem complicações. Clique aqui para acessar o
vídeo.

Ademais, a área de Marketing tem uma vertente que se dedica aos


estudos do comportamento do consumidor. Nesses estudos, tenta-se
compreender os diversos elementos que influenciam seu comportamento
de compra, nas mais diversas situações. Apesar de cada indivíduo ter
suas influências relacionadas a um ou mais elementos e que podem
se diferenciar das de outros consumidores, algumas características são
comuns a muitas pessoas.

Nesse sentido, as empresas utilizam-se de técnicas para chamar


a atenção dos consumidores, de modo a convencê-los da realização da
compra. Algumas estratégias mais conhecidas e que o consumidor deve
estar atento são: a utilização de fontes pequenas para as informações que
tais empresas não desejam que o consumidor dê atenção e de fontes
maiores para aquelas que possam vir a lhe interessar; o oferecimento de
produtos, comunicando o quanto o consumidor pagará por dia ou por
mês, pois o valor fica menor, ao invés de colocar o preço real a ser pago
integralmente e, por fim, os conhecidos preços terminados em noventa
e nove, ou mesmo noventa centavos (a questão numérica confunde os
consumidores que passam a realizar a compra).
Educação Financeira 31

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a educação financeira é essencial para que os indivíduos
consigam ter um planejamento adequado de suas finanças
pessoais e possam saber como tomar decisões mais
assertivas. Para isso, utiliza-se uma ferramenta chamada
orçamento pessoal, que pode ser utilizada por apenas um
indivíduo ou por uma família quando esta constitui uma
unidade social e econômica. Essa ferramenta conta com
o planejamento de todas as despesas, da identificação
delas, bem como das receitas e de uma tentativa de deixar
valores para que se realizem investimentos e reserva
de emergência. Preparar um orçamento e segui-lo é um
desafio, principalmente em família, mas traz diversos
benefícios, entre eles está o não endividamento.
32 Educação Financeira

Fluxo de caixa familiar - receitas -


despesas - gastos e investimentos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de controlar


entradas e saídas dos recursos financeiros que promovam
qualidade de vida diante dos anseios e cultura familiar,
de maneira a buscar modalidades de poupança e outros
investimentos. Isso será fundamental para que você
consiga alcançar seus objetivos e tenha uma vida financeira
saudável. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Vamos lá. Avante!

Receitas em finanças pessoais


As receitas são caracterizadas pelas entradas de valores financeiros
frutos da atividade econômica de uma empresa. Esse conceito pode ser
aplicado às finanças pessoais também. Receitas são todos os rendimentos
que entram na sua vida em um determinado tempo, geralmente em um
mês, tais como salários, comissões, trabalhos ocasionais, consultorias,
prêmios, 13° salário etc.

Essa definição apresenta as formas de recebimento que um


indivíduo empregado em uma organização recebe, mas podemos
adicionar a isso os valores que essa pessoa recebe referente a aluguéis
de imóveis próprios que disponibiliza para terceiros. Também podemos
pensar na renda proveniente de pensões e demais fontes de entrada de
dinheiro que possam ocorrer ao longo do mês.

A receita total é formada pela receita fixa e pela variável, tanto nas
empresas quanto nas finanças pessoais. A receita fixa é o valor que não
sofre alteração mensal, como é o caso do salário do empregado e do
recebimento de aluguel de imóveis. Já a receita variável é aquela que
varia, como as comissões.
Educação Financeira 33

ATIVIDADES:

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Em relação ao orçamento financeiro pessoal, podemos
afirmar, EXCETO:
a) É uma ferramenta de planejamento financeiro.
b) Oferece uma oportunidade para você avaliar sua vida
financeira.
c) Contribui para você identificar e entender os hábitos de
consumo.
d) Não necessita de acompanhamento.
A resposta correta é a opção D, “Não necessita de
acompanhamento”. Essa opção está errada porque todo
orçamento precisa de acompanhamento.
Fonte: Sousa (2013).

Obter maior receita a partir de diversas fontes é uma forma, inclusive,


de assegurar que os valores serão recebidos. Isso, porque imprevistos
podem acontecer e trazer instabilidade a essa receita (BUGARIM, et al.,
2012, p. 37).

EXEMPLO: Quando uma pessoa é demitida de seu trabalho


repentinamente, passa a não poder mais contar com o valor do seu salário,
o que compromete, em parte, sua vida financeira. Caso seja a única fonte
de renda, a situação fica ainda mais complexa. Essa pessoa atrasa o seu
aluguel porque não tem mais sua principal renda, então o locador que
contava com esse valor mensalmente também irá ficar sem esse valor no
momento em que se programou para receber. Assim, é possível ver os
efeitos da mudança da renda no dia a dia das pessoas.

Portanto, minimizar os efeitos de uma perda da renda é importante


e pode ser resolvida com a diversificação dessas fontes de recebimento.
Sob esse viés, são fontes de receitas os investimentos realizados. Esses
investimentos são remunerados com juros a receber.
34 Educação Financeira

Investimentos
Os investimentos são a remuneração do dinheiro no tempo. Sobre
investimento é essencial entender algumas características (LUZ, 2019):

a. Liquidez - é a transformação de um ativo em dinheiro, ou seja, é a


rapidez com que esse ativo pode ser transformado em dinheiro. O
dinheiro é um ativo e é o mais líquido existente. Quando se guarda
determinado valor em poupança, é fácil e rápido para resgatar
o valor, mas quando comparado a bens imóveis, por exemplo,
a liquidez é muito menor porque vender um imóvel requer
mais tempo e disponibilidade de compradores. Por isso, alguns
investimentos possuem maior liquidez do que outros.
Figura 8 - Investimentos

Fonte: Freepik

b. Rentabilidade - é a remuneração do investimento, pois, quando se


investe, existe uma expectativa sobre os valores que serão ganhos
a partir disso. Nesse sentido, é necessário entender os riscos de
cada tipo de investimento porque a relação normal é de que
quanto maior a rentabilidade, maior é o risco envolvido.

c. Risco - realizar um investimento e buscar altos rendimentos, de


forma geral, está relacionado à remuneração de riscos maiores.
Risco é a chance existente de um investimento gerar perda.
Educação Financeira 35

Um exemplo disso é a Bolsa de Valores, os investimentos têm


riscos e, ao aceitar isso, pode-se lucrar ou perder com eles. Os
investimentos que trazem menor risco e são mais conhecidos
pelos investidores mais tradicionais são: poupança e títulos do
tesouro direto.

EXEMPLO: Um casal resolve poupar dinheiro para pagar o ensino


superior de seus filhos que acabam de nascer. Para isso, fazem um curso
rápido de investimento para conhecer as opções disponíveis. Como esse
valor só será usado em, no mínimo dezesseis anos, pode-se considerar
longo prazo. Como o casal não quer arriscar perder o valor investido, opta
por investimentos de menor risco, mas como já vimos anteriormente, com
risco menor terão uma rentabilidade menor. Entretanto, para esse casal o
importante é a segurança desse valor, então optam por comprar títulos
do tesouro, que são considerados alguns dos mais seguros investimentos.
Optam por aqueles de maior tempo de investimento e que lhe darão
maior rendimento ao final do período. Eles podem retirar o investimento
quando desejarem, porém, ao deixar o tempo acordado, diminuem os
valores descontados devido à carga tributária.

Conforme Anbid apud Günther (2008, p. 42):


O investimento ideal é aquele que permitirá a pessoa
dormir tranquila, não colocará em risco a saúde financeira
e vai custear todos os objetivos e planos. Porém, para
descobrir esse investimento, a pessoa necessitará primeiro
fazer a lição de casa, ou seja, conhecer a si mesma
como investidor e objetivos. Por isso, antes de optar por
qualquer aplicação, certifique-se quanto à tolerância ao
risco, o objetivo e o prazo do investimento. (ANBID apud
GÜNTHER, 2008, p. 42)

Para ter maior assertividade ao realizar um investimento é preciso


estar a par de algumas coisas:

• Perfil de investidor - se você é mais moderado, mais conservador


ou mesmo mais arrojado. Esse perfil se dá devido ao risco e
rentabilidade pretendida.

• Ter claro o objetivo do investimento, pois somente assim será


possível escolher as melhores opções dentro do que se espera.
36 Educação Financeira

Se o objetivo é curto prazo, devem-se realizar investimentos em


ativos com maior liquidez, já, se é em longo prazo, pode-se pensar
em ativos com menor liquidez.

• Prazo das aplicações - como comentado anteriormente, a liquidez


tem relação com a facilidade de transformar o ativo em dinheiro.
O tempo está totalmente relacionado a essa ação, por isso é
necessário conhecer os prazos de cada tipo de investimento e
alinhar com os seus objetivos.

DEFINIÇÃO:

Renda fixa: são investimentos que pagam, em períodos


definidos, a remuneração correspondente a determinada
taxa de juros. Essa taxa pode ser estipulada no momento
da aplicação (prefixada) ou calculada no momento
do resgate (pós-fixada), com base na variação de um
indexador previamente definido acrescido ou não de uma
taxa de juros. Nessa modalidade de investimento, existe o
risco de crédito.

Renda variável: são investimentos cuja remuneração não pode ser


dimensionada no momento da aplicação. Envolvem riscos maiores, pois,
além do risco de crédito, existe também o risco associado à rentabilidade
incerta. Exemplo: ações (SOUSA, 2013).

Despesas
São gastos que o indivíduo ou a família têm na busca por sanar suas
necessidades. Assim como as receitas, as despesas também podem ser
fixas, quando são do mesmo valor, não sofrendo muita mudança, como é
o caso do pagamento de aluguel mensalmente.

Por outro lado, as despesas variáveis são aquelas que variam


conforme o uso, como a conta de água. As despesas são formadas pelas
fixas e as variáveis. Portanto, é essencial identificar todas elas (LUZ, 2019).

As despesas variam de pessoa para pessoa e de família para família,


porque cada uma tem sua forma de pensar e consumir. Além disso, o estilo
de vida também pode ditar a forma que esses indivíduos irão consumir.
Educação Financeira 37

EXEMPLO: Uma família pode ter casa própria e, portanto, não pagar
aluguel para moradia. Essa família pode ter cinco membros e por isso
precisa suprir as necessidades de cinco indivíduos. Sendo assim, essa
família provavelmente terá custos maiores envolvidos com alimentação,
roupas e despesas pessoais. Por outro lado, uma família de duas pessoas
que mora em um imóvel alugado terá que colocar na sua lista de despesas
fixas o valor pago pelo aluguel mensalmente. Mas essa mesma família,
provavelmente gastará menos com alimentação e vestuário por possuir
menos indivíduos envolvidos. É evidente que nesse exemplo não se usa
como referências roupas de marcas famosas e de maior valor agregado,
mas sim as mais comuns e acessíveis.
Figura 9 - Controle das despesas

Fonte: Pixabay

O IBGE considera todas as despesas mencionadas como despesas


de consumo:
Despesas de consumo correspondem às despesas
realizadas pelas unidades de consumo com aquisições
de bens e serviços utilizados para atender diretamente às
necessidades e desejos pessoais de seus componentes
[...]. Estão organizadas segundo os seguintes grupamentos:
alimentação, habitação, vestuário, transporte, higiene
e cuidados pessoais, assistência à saúde, educação,
recreação e cultura, fumo, serviços pessoais e outras
despesas diversas. (IBGE, 2009, p. 27)
38 Educação Financeira

ATIVIDADES:

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Receitas e despesas são termos que fazem parte da
base da Educação Financeira. Assinale a alternativa que
representa uma despesa e uma receita, respectivamente:
a) Recebimento de salário e pagamento da conta de
energia.
b) Pagamento da conta de energia e pagamento do
aluguel.
c) Pagamento da conta de água e recebimento de aluguel.
d) Recebimento de aluguel e recebimento de salário.
e) Recebimento de aluguel e pagamento de aluguel.

A resposta correta é a alternativa E.


Disponível em: https://bit.ly/3l90CVc

As despesas das famílias brasileiras podem ser agrupadas em seis


tipos, conforme Almeida e Freitas (2006):

• Alimentação.

• Serviços públicos e privados essenciais (água e esgoto, energia


elétrica, gás e telefone fixo).

• Habitação (construção ou reforma, aquisição de eletrodomésticos,


eletrônicos e outros itens, limpeza).

• Pessoais (higiene corporal, comunicações, transportes, fumo,


jogos, lazer, produtos farmacêuticos, roupas, assistência à saúde,
outros imóveis, transferências financeiras, educação e viagens).

• Aluguel, condomínio e impostos.

• Veículos (aquisição, manutenção e documentação).


Educação Financeira 39

Fluxo de caixa
É através do fluxo de caixa que se pode verificar as despesas e as
receitas de forma organizada, de maneira a entender se será uma equação
com superávit ou não. No fluxo de caixa, observa-se o fluxo dos valores
financeiros no curto e médio prazo. O fluxo de caixa pode ser:

a. Fluxo de Caixa Real - lançamento de todas entradas e saídas.

b. Fluxo de Caixa Planejado - realizado em determinado período e


busca por conhecer os valores excedentes ou da necessidade de
captar recursos para se manter.

VOCÊ SABIA?

Atualmente, é mais fácil manter todos esses registros de


entradas e saídas de valores do orçamento mensal das
famílias. Isso ocorre porque a tecnologia proporcionou
um ambiente próprio para surgimento de plataformas e
aplicativos que auxiliam seus usuários na hora de montar
seu fluxo de caixa. Por isso, aqueles indivíduos que
possuem conhecimento do uso de aplicativos podem usar
esses aplicativos para colocar em ordem as finanças da
família toda.

Figura 10 - Uso de tecnologia na gestão financeira pessoal

Fonte: Freepik
40 Educação Financeira

ATIVIDADES:

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Sobre as opções de crédito oferecidas pelo mercado,
assinale a alternativa correta:
a) Com o cheque especial, podemos dispor de dinheiro
rápido, fácil e sem acréscimos de juros.
b) O cartão de crédito deve ser utilizado de forma
consciente e em momentos de necessidade.
c) As lojas oferecem carnês de pagamento, para que os
clientes possam comprar o produto com o mesmo valor
que ele compraria à vista.
d) Atrasar o pagamento do cartão de crédito não acarretará
nenhum acréscimo no valor do pagamento da fatura.
e) O crédito especial deve ser usado sempre que oferecido
pelo banco, mesmo que não haja necessidade.
A resposta correta é a alternativa B.
Disponível em: https://bit.ly/3l90CVc

RESUMINDO:

Chegamos ao final desse capítulo e queremos ter certeza


de que você entendeu os conceitos. O orçamento familiar
é composto por despesas, receitas e pelos investimentos
pessoais. A ferramenta usada para esse cálculo é o fluxo
de caixa, pois nele é possível perceber todas as saídas e
entradas de valores. As receitas são os recebimentos e as
despesas são os valores a serem pagos. Por isso, o ideal
é que as despesas sejam inferiores e que sobre um valor
para investir.
Educação Financeira 41

Como evitar e sair do endividamento


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de se prevenir


contra as principais “armadilhas” que levam ao endividamento
financeiro, compreendendo a melhor modalidade de
obtenção de recursos financeiros para renegociação e
redução de dívidas. Isso será fundamental para o exercício
de sua profissão. Adequar o comportamento em relação ao
uso do dinheiro e ter um consumo consciente e seguro são
o início de uma vida financeira saudável. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!

O que é endividamento?
O endividamento é uma temática muito discutida nos tempos
atuais, pois as condições econômicas e financeiras não são as ideais
em nosso país. Algumas causas desse problema são as altas taxas de
desemprego, além dos valores de salários que não são suficientes para
suprir as necessidades básicas do ser humano.

Esse contexto, somado à falta de educação financeira e o uso


inadequado do crédito, propicia que os consumidores comprem mais do
que podem pagar e, como consequência disso, acabam se endividando.
Figura 11 - Endividamento

Fonte: Creative Commons


42 Educação Financeira

Nesse sentido, quando um consumidor deseja comprar um bem,


mas não possui o valor total para essa aquisição e resolve recorrer a
recursos de terceiros, ele está contraindo dívidas.

Chomsky (2006) faz uma crítica ao modelo econômico que


vivemos, uma vez que considera que as pessoas têm mais interesse nos
valores financeiros a serem adquiridos do que na própria sociedade e nas
pessoas que a compõem. Ainda, o autor afirma que o sistema induz os
consumidores a comprarem e consumirem os produtos e serviços, mas
que nem sempre eles podem pagar por isso. Logo, ao se endividar, o
indivíduo é deixado de lado e sofre segregação.

ATIVIDADES:

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
O descontrole nos gastos pode ocorrer por uma série de
fatores.
Assinale falso (F) ou verdadeiro (V) para os itens que
mostram variáveis que podem gerar descontrole nos
gastos de uma pessoa.
( ) Falta de planejamento.
( ) Perda de emprego e/ou renda.
( ) Descontrole emocional, que leva ao consumo como
fuga, comprando tudo o que vê, sem considerar a situação
financeira.
Nessa questão todas as alternativas são verdadeiras.
Fonte: Sousa (2013).

Na rotina do dia a dia uma das desvantagens da utilização do cartão


de crédito é o risco de endividamento excessivo.
O uso inadequado do crédito pode levar ao endividamento
excessivo e comprometer toda a sua vida financeira,
podendo acarretar descontrole emocional, problemas de
saúde e, até mesmo, desestruturação familiar. Assim, é
importante refletir antes de tomar crédito e não o utilizar
de forma indiscriminada. (BCB, 2013, p. 28)
Educação Financeira 43

O uso do cartão de crédito não ó o problema em si, visto que


uma opção de pagamento existente e pode sim ser usada em casos
que se julgue necessário. Esse objeto se torna “vilão”, porém, porque
os consumidores que o utilizam desenfreadamente não se organizam
para pagar a fatura em dia e, muitas vezes, tornam-se “reféns” dessa
ferramenta, somando o valor do seu limite com o da sua renda. Ou seja,
esses sujeitos agem como se o crédito disponibilizado fosse parte do
valor que se recebe, quando na verdade é um valor a pagar.

Contudo, existem vantagens no uso do crédito, não se trata apenas


de um uso ruim:

a. Graças ao cartão, é possível antecipar compras, uma vez que ele


possui um limite prévio, de modo que não necessita que você
tenha o valor no momento da compra.

b. Ajuda em caso de emergência, pois muitas vezes as famílias não


possuem a reserva para essas situações.

c. Podem aproveitar oportunidades, como promoções e demais que


surjam ao longo do mês.

Uma das dicas que você pode usar ao pensar em usar o cartão de
crédito é verificar se haverá juros nessa compra. Além disso, investigue
se a possibilidade de pagar à vista com seu dinheiro não lhe garantirá
mais descontos. É importante ressaltar que existem, sim, fatores que
contribuem para o endividamento:

a. A cultura materialista (WATSON, 1998).

b. Consumo desenfreado, excessivo, sem pensar (GROHMANN et al.,


p. 2011).

c. Propensão ao endividamento.

Precisamos conhecer também as desvantagens de se usar o crédito:


o custo da antecipação pode ser alto e geralmente costuma ser. Além
disso, há muita chance de endividamento e limitação do consumo futuro.
Isso porque o consumidor precisa pagar o que já foi comprado e passa a
não poder usar esse valor para consumir no mês corrente (SOUSA, 2013).
44 Educação Financeira

ATIVIDADES:

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Gabriela, uma garota de 9 anos, está estudando Educação
Financeira na sua escola. A mãe dela tem dúvidas sobre o
assunto, então ela pediu a sua filha para ajudá-la. Ela viu um
comercial na TV de um banco onde eles ofertavam crédito
e ela, sem saber o que era crédito, resolveu perguntar a sua
filhinha. Afinal, Gabriela, o que é crédito?
a) É o seu patrimônio, do qual você pode gastar como
quiser.
b) É a oferta de uso de dinheiro por um determinado tempo,
que terá que ser devolvido com juros no futuro.
c) É o dinheiro que todos os bancos dão às pessoas sem
querer nada em troca, pois eles só querem ajudar.
d) É o montante que todos os indivíduos possuem em sua
conta poupança.
e) Trata-se de ofertas de emprego para as pessoas
desempregadas.
A alternativa correta é a B.
Disponível em: https://bit.ly/3l90CVc

Dívida
Sempre que realizamos uma compra e não realizamos o pagamento
desse consumo no momento, ele se torna uma dívida. Quando não
conseguimos realizar o pagamento desse valor devido é porque a dívida
já está em um patamar preocupante.

Uma das origens da dívida pode ser considerada a despesa


sazonal, ou seja, aquela que ocorre em determinado período do ano e
não nos demais meses, como é o caso do IPTU. Nesse sentido, quando
não há organização para pagamento dessas despesas e chega o período
de pagar, mas o consumidor não tem esse valor, possivelmente, ele irá
procurar recursos de terceiros, o que aumenta o seu endividamento.
Educação Financeira 45

Outra forma de gerar dívidas é por meio do trabalho bem feito


realizado pelo Marketing das empresas, uma vez que a aplicação de
campanhas de sucesso leva mais e mais pessoas a consumirem os
produtos e serviços ofertados. Entretanto, nem sempre os consumidores
têm o valor para esse consumo, o que leva a recorrer a recursos de
terceiros aumentando seu grau de endividamento (SOUSA, 2013).

Tendo isso em vista, o consumo deve acompanhar o orçamento


de cada indivíduo ou família. Isso quer dizer que, quando um indivíduo
começa a consumir de forma desproporcional ao seu poder aquisitivo, o
seu orçamento passa a ser considerado deficitário. Ou seja, a pessoa está
gastando mais do que recebe.

A redução da renda é outro fator importante nessa discussão,


porque, se o consumidor não diminuir suas despesas, também o
orçamento não “fecha” no final do mês. Assim como os motivos
comentados anteriormente, nessa situação o endividamento também se
faz presente (DE SOUSA, 2013).

Ademais, as despesas emergenciais também podem gerar


endividamento, como é o caso de despesas médicas e tratamento de
saúde, principalmente porque não é uma despesa planejada e, muitas
vezes, não há um valor reservado para esse uso.

Ainda, a falta de conhecimento financeiro é um ponto crítico, pois a


maior parte das pessoas tem pouco ou nenhum conhecimento de finanças
pessoais, o que faz com que os indivíduos tenham poucas opções para
tomada de decisão financeira (DE SOUSA, 2013).

Todas essas situações levam ao endividamento e trazem


consequências para a vida do cidadão e da sua família. Nessa perspectiva,
o não pagamento pode levar a inscrição em órgãos de proteção ao
crédito e, quando isso ocorre, o CPF da pessoa fica com restrição. Dois
desses órgãos são o Serasa ou Serviço Central de Proteção ao Crédito
(SCPC). Esse tipo de restrição contribui para a perda de qualidade de vida
do indivíduo ou família.

E agora, uma vez endividado, como é possível sair dessas dívidas?


46 Educação Financeira

Como sair do endividamento?


Para conseguir se livrar do endividamento, é urgente a mudança de
comportamento de consumo e da maneira a qual se lidar com o dinheiro.
Portanto, os passos a seguir são essenciais:

1. É necessário tomar consciência das dívidas, isto é, entender que


está endividado.

2. Realizar o mapeamento das dívidas, ou seja, levantar os valores


devidos para poder traçar um plano de resolução.

3. Trocar informações e experiências com pessoas que já passaram


pela mesma situação.

4. Parar de gerar novas dívidas é imperativo, pois não adianta


planejar o pagamento das dívidas anteriores e ir criando outras
concomitantemente.

5. A renegociação das dívidas é a parte estratégica do processo, pois


é quando o indivíduo consegue diminuir o valor cobrado, ao tentar
diminuir as taxas de juros e as multas pela falta de pagamento no
prazo.

6. Reduzir os gastos.

Uma forma de acelerar o processo de pagamento é a busca por


novas fontes de renda, a renda extra, aquela que aumenta o valor recebido
mensalmente.

Ainda, para evitar novas situações de endividamento, é necessário


que se organize financeiramente, de modo a planejar o consumo de
forma adequada ao orçamento da família. Além de investir, nem que
sejam opções mais seguras e que tenham menor rendimento, a fim de
que possam ser usadas em casos de emergências, sem prejudicar a
saúde financeira da família.

Por fim, as compras por impulso são fortes inimigas da saúde


financeira, porque são compras não planejadas e, muitas vezes, ocorrem
sem que o consumidor tenha o valor para pagamento na hora.
Educação Financeira 47

De acordo com Ferreira (2014), alguns fatores contribuem para a


situação de endividamento:

a. As famílias não fazem o seu orçamento mensal.

b. Acesso aos bens de consumo, mesmo que desordenadamente.

c. Facilidade de acesso ao crédito

d. Muitas vezes as simulações de crédito aparecem com valores


baixos de juros, inferiores aos realmente praticados.

e. Os clientes ocultam a sua real situação financeira e tomam


empréstimos de terceiros.

f. Falta de educação financeira.

Modalidades de empréstimos e
financiamentos
Existem diversas modalidades de empréstimos. Conforme Santos
(2014), as principais são as comentadas a seguir.

Um dos empréstimos mais recorrentes na vida financeira é o


cheque especial, que é um tipo de crédito rotativo que se destina a
atender necessidades eventuais e exige que o cliente seja correntista do
banco que o está ofertando. Outra forma é o cartão de crédito, pois, de
forma eletrônica, o indivíduo consegue realizar pagamentos de produtos
e serviços ou mesmo saques nos valores liberados para crédito.

O crédito pessoal é outra modalidade de tomar valores de terceiros.


Essa é uma modalidade que é paga a partir de parcelamento do valor
total sob juros. Destina-se as mais diferentes necessidades.

Um dos créditos mais conhecidos pelos jovens é o estudantil.


Muitas vezes, os indivíduos recorrem ao crédito estudantil para viabilizar
seus estudos, os quais o pagamento só começa a ser amortizado após a
conclusão do curso. A ideia desse credito é tornar o ensino superior mais
acessível. Esse crédito é um dos que possui juros mais baixos, devido ao
fato de que os recursos são disponibilizados pelo Ministério da Educação.
48 Educação Financeira

Outra opção é o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), o conhecido


crediário das lojas de departamento.

Também há que se mencionar sobre a forma de financiar a moradia


do indivíduo, que é o financiamento habitacional. Essa é uma modalidade
em que o indivíduo pode fazer reformas, construções ou adquirir um
imóvel.

Outra forma de financiamento recorrente na vida dos consumidores


é o financiamento de veículos, que facilita a aquisição de veículos novos
ou seminovos. Esse pode ser contratado de forma do CDC, em que é
calculado o valor de crédito cedidos a cada cliente, dependendo de sua
renda e patrimônio. É necessária a fixação de taxas de juros no início da
contratação.

O Leasing é o arrendamento mercantil, que é quando um indivíduo


utiliza determinado bem ao longo do tempo em que está pagando e, ao
chegar ao fim do uso, pode decidir se quer devolver ou manter.

Outra opção é o consórcio, que é uma reunião de pessoas que


buscam comprar um bem, seja um imóvel ou móvel. Ele funciona da
seguinte forma: o indivíduo contribui mensalmente com determinado
valor, assim como todos os demais que integram esse consórcio e, ao
longo do período, os indivíduos vão recebendo uma carta de crédito para
retirar o bem. Costuma-se dizer popularmente que quando o indivíduo
não está com a carta de crédito ele é um investidor, mas ao pegar a carta
se torna um devedor.

O crédito rural é um tipo de crédito destinado a produtores rurais,


ou cooperativas e associações que tenham essa mesma finalidade, a de
custear as atividades no campo.

Por fim, existe o microcrédito, uma modalidade de empréstimo de


valores mais baixos que geralmente são usadas por pessoas físicas e
microempreendedores.

Entretanto, o autor também levanta o que se deve fazer para


escolher um empréstimo quando não há alternativa para a aquisição de
bens e serviços. São elas:
Educação Financeira 49

• Avaliar se o valor da parcela é compatível com o orçamento mensal,


para assim assegurar que será possível honrar esse pagamento.

• Pesquisar as taxas de juros e condições oferecidas pelas


instituições financeiras e de antecipação de crédito.

• É essencial verificar se a instituição é idônea e se tem permissão


do Banco Central para funcionar.

• Verificar as reclamações de outros clientes das instituições


financeiras para saber pelo que poderá passar ao aceitar um
crédito dessa instituição.

• Um dos mais importantes pontos é a atenção ao fechar um contrato


e assiná-lo. Conhecer as condições descritas e as obrigações das
partes. Além de assegurar uma via igual do contrato assinado.

• Conhecer as condições em caso de atraso, bem como todos os


encargos praticados na vigência do contrato.
Figura 12 - Pagamentos via celular

Fonte: Freepik

EXEMPLO: Uma pessoa decide comprar um carro, porém não tem o


valor total para comprá-lo a vista, por isso decide recorrer ao mercado de
créditos. Seu banco oferece financiamento de 100% do valor do automóvel
novo e o indivíduo decide aceitar. Vai a uma concessionária de veículos e
escolhe o modelo que gosta. Assim, decide fazer a simulação de crédito
50 Educação Financeira

com o banco para conhecer as condições do contrato e o valor da parcela.


Aqui é importante o que tratamos até o momento neste capítulo, pois essa
pessoa vai fazer todas as análises para ver se conseguirá pagar a parcela,
além de conhecer as condições em caso de atraso do pagamento.

RESUMINDO:

Você entendeu os temas tratados neste capítulo? Vamos


fazer uma revisão para reafirmar e fixar o que foi abordado
até então. O endividamento é um dos problemas que mais
aparece nas sociedades contemporâneas, principalmente
nos países em desenvolvimento. O acesso ao crédito
e o estímulo à compra de diversos produtos e serviços
diariamente leva os consumidores a tomadas de decisão
difíceis em relação ao seu dinheiro. Por isso, o ideal é ter
um orçamento planejado com a família, para conseguir
seguir e não prejudicar a saúde financeira, mas nem
sempre isso é possível. Às vezes, o endividamento em
excesso ocorre por situações inusitadas e emergenciais,
como o surgimento de doenças graves na família e que
exigem tratamentos com custos altos. Outras vezes, ocorre
devido ao consumo desenfreado de bens que não se pode
adquirir porque o indivíduo não tem receitas suficientes no
momento. Visto isso, o devedor não deve se desesperar,
mas sim se organizar e seguir os passos para se livrar das
dívidas. Portanto, é necessário levantar o valor da dívida,
negociar com os credores, mas, principalmente, não gerar
mais dívidas. Buscar o conhecimento financeiro também é
importante, para assim conseguir melhorar as decisões a
respeito de suas finanças pessoais.
Educação Financeira 51

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