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A Economia dos
EUA, 1981-2005
Uma visão Agregada
A Economia
dos EUA,
1981-2005
Uma visão Agregada
2009
LCTE Editora
“ACERTAR FICHA”
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
_________________________________________________
Marx: Da Economia à Revolução / Luiz Eduardo
Simões de Souza, (org.); Lincoln Secco (colaborador).
- - São Paulo: LCTE Editora, 2009. - - (Série
economia de bolso)
Bibliografia:
ISBN 978-85-98257 - ????
1. 2.
I. Souza, Luiz Eduardo Simões de, II Secco, Lincoln
Série ?????
LCTE Editora
Rua Venâncio Aires, 346 – São Paulo – SP
CEP 05024-030 – Tel: (11) 3673-6648 Fax: (11) 3872-8852
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lcte@lcte.com.br
O “Reaganomics” – 1981-1993 13
Considerações Finais 57
Bibliografia 61
Introdução1
0
1975 1977 1979 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005
-2
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O “Reaganomics”
1981-1993
O início da década de 1980 colheria a economia
norte-americana em um contexto recessivo. Após cres-
cer à taxa média anual de 4,5% entre 1976 e 1979, os
EUA teriam dois anos de crescimento negativo intersti-
ciados por um pequeno crescimento de 2,51% em 1981,
segundo dados do Fundo Monetário Internacional.
A administração Carter (1977-1981) não apresen-
taria do ponto de vista econômico os parâmetros clás-
sicos de um governo Democrata. Ao invés da agenda
keynesiana, consolidada desde o New Deal Roosevel-
tiano, grassava o pensamento monetarista, teorizado
pela “escola de Chicago”, e amplamente usado pelo go-
verno republicano anterior (Nixon - Ford). Amparada
por luminares como Robert Solow e Milton Friedman,
esta se estabeleceria como linha-mestra das políticas
econômicas de Republicanos e Democratas.
A prática do pensamento monetarista no governo,
frente a uma política anticíclica, pode ser resumido no
Pentagrama de Friedman: (a) controle inflacionário
via demanda, (b) alta de juros, (c) corte e colapso da
administração pública (sobretudo nos serviços da rede
de apoio social), (d) desemprego, e (e) recessão. Um
verdadeiro “inferno” para os trabalhadores.
1.0
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Clinton: Um Democrata?
1993-2001
Bill Clinton começaria seu governo em um am-
biente econômico curiosamente distinto do que seu an-
tecessor o recebera. Bush depara-se com uma economia
cujo modelo de crescimento, na melhor das interpreta-
ções, encontrava-se na fase descendente do ciclo. Clin-
ton, por sua vez, assumira o poder justamente após se
supor que o pior já passara.
A base de apoio que conduziu o candidato demo-
crata à Casa Branca esperava de seu novo presidente que
reestruturasse a economia interna de maneira a permitir
que as mudanças no ambiente econômico global não fos-
sem absorvidas por este. Isto quer dizer, na expectativa
dos eleitores de Clinton, que o desemprego deveria dimi-
nuir, o consumo médio das famílias deveria aumentar e
o produto agregado deveria aumentar em proporção ao
aumento dos dois primeiros. Mas doze anos de uso sis-
temático do Pentagrama de Friedman parecem ter cau-
sado sequelas não apenas nos supply-side economists, e
demais republicanos agora convidados a ocupar a arqui-
bancada da oposição na cena política estadunidense, mas
democratas neogovernistas de espírito altamente liberal
e avesso a assumir o viés de “neoclássicos” – como o
“neo-institucionalista” Joseph Stiglitz e o “neokeynesia-
no” Paul Krugman, por exemplo6 – deram um sintomá-
tico passo atrás em suas convicções pessoais acerca de
política econômica, optando por reproduzir em vários
momentos o canto gregoriano escrito pelos teólogos de
Chicago, com o imprimatur de Friedman, Hayek e outros
formuladores de políticas econômicas que aproximaram
perigosamente a Economia
sociopatia do século XX. Maisde surpreendente
se tornar umadoforma de
que ver
Clinton optar por exercer o poder sem abalar as estru-
6
Tais economistas encontram-se assim classificados em: http://cepa.newschool.
net/het.
70,0%
60,0%
50,0%
Consumo Privado
40,0%
Consumo do Governo
Investimento Líquido
30,0%
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0,0%
i ii iii iv i ii iii iv i ii iii iv i ii iii iv
70,0%
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Consumo do Governo
40,0%
Investimento Líquido
30,0%
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4.8
93 94 95 96 97 98 99 00
IND
9
O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza em 2000 era de
31,6 milhões, quase o mesmo de 1981 (31,8 milhões de habitantes). Em 1993,
seriam 39,3 milhões de habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza. O corte
nos gastos públicos não-militares foi superior a 30%, nos oito anos de governo
Clinton. Os dados são do Economic Report of the President.
10
Como Stiglitz (2003), por exemplo.
8,0
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III
III
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III
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Não-Residentes
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111,0
110,0
109,0
108,0
2000 2001 2002 2003 p
0,6 40
Coeficiente de Gini 35
0,5
PIB per capita (US$ de 2000)
30
Milhares de US$/habitante-ano
0,4
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0,3 20
15
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10
0,1
5
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1981 1988 1992 2000 2004
Considerações Finais
Neste início de século, os EUA consolidam-se como
potência “sobrevivente” da Guerra Fria, una e inconteste.
De 1981 em diante, deram-se algumas mudanças estru-
turais na economia estadunidense que buscaram torná-la
mais dependente da atração de investimentos para sus-
tentar uma massa crescente de consumo, tanto privado
quanto governamental. Essa “escassez criada” de inves-
timentos frente ao consumo privado crescente aumentou
a dependência de aportes de capital externo da economia
estadunidense. A elevação da eficiência marginal do capi-
tal e da produtividade do trabalho trouxe apenas maiores
dificuldades de captação de investimentos e desemprego.
O produto passou a crescer em ritmo com intervalos pos-
tados aquém de sua tendência histórica.
Mas o propósito do modelo iniciado por Reagan
e Bush pai, continuado por Clinton e consolidado por
Bush filho, parece ser exatamente o de uma economia
que cresce para poucos. Esta é altamente competitiva
no mercado de mão-de-obra, equilibra um crescimento
agregado insuficiente, e estabiliza-se com uma taxa de
poupança satisfatória aos poucos donos ou patrões do
Estado. Este seria o limite de acerto da acusação feita
por Paul Krugman de que os EUA estariam se compor-
tando nas últimas décadas como um país de Terceiro
Mundo, quanto às demandas (em sentido amplo) do de-
senvolvimento econômico.
Mas, além disso, o caráter beligerante do poder im-
perial estadunidense, ao mesmo tempo em que impede
que os EUA se transformem de fato em um país de Ter-
ceiro Mundo, sustenta um modelo consumista. Este pode
conduzir o planeta a um impasse ambiental, que põe em
risco a própria continuidade da espécie humana.
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