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Manuel Portugal
João Santos
Nuno Reis
Rev 2023
. Objetivos
Ter uma perspetiva geral da economia mundial.
Conhecer os principais sistemas económicos e perceber as suas diferenças, notando que
uns privilegiam mais a iniciativa privada que outros.
Saber explicar como funciona uma economia de mercado e qual o papel do Estado.
Descrever economias em transição e os obstáculos que permanecem para as empresas.
Apreender alguns dados gerais sobre o comércio mundial.
Compreender o conceito e conhecer os principais blocos de integração regional.
1. Introdução
O ambiente económico dos países, ou ambiente económico internacional, é uma das
principais dimensões ambientais que as empresas enfrentam na sua internacionalização. É crucial
as empresas entenderem o ambiente económico dos países para onde se expandem, ou
pretendem expandir. Mas, entender o ambiente económico é complexo porque é
multidimensional e porque as condições variam (por exemplo, em resultado da normal evolução
dos países, de crises, de mudanças de política industrial, etc.). Neste capítulo focamos algumas das
variáveis do ambiente económico, mas importa notar que há imensos dados disponíveis (e
credíveis) de organizações internacionais que devem ser consultados.
Nota: valores do PIB em milhões de milhões de USD preços constantes de 2005; dados referentes a 2013.
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
Ou seja, com esta breve introdução já ficou claro que para conhecer o ambiente económico
internacional precisamos buscar dados e analisar diversos indicadores. Esta análise é importante
para escolher o mercado estrangeiro alvo para a expansão internacional. Dito de outra forma, os
gestores precisam conhecer indicadores como o produto interno bruto (PIB), o consumo
doméstico, as despesas do governo, níveis de preços, etc. Mas, também, importa compreender
outros dados como os populacionais (dotação populacional, repartição por género, estrutura
etária), de emprego e desemprego, de qualificação académica, taxas de crescimento da população.
Ainda, é possível uma fotografia mais detalhada do ambiente económico fazendo referência a
aspetos como a contribuição relativa de atividades, como a agricultura, mineração, produção
industrial, construção, produção e consumo de energia, a situação do comércio interno e externo,
transporte ferroviário e aéreo, preços e salários, habitação, condições de saúde e sanitárias,
consumos de água e eletricidade, tratamento de resíduos, infraestruturas de transporte (estradas,
caminhos de ferro, portos e aeroportos) e comunicação (correio, internet e telecomunicações),
publicações científicas e despesa pública e privada em investigação e desenvolvimento (I&D). Note
que esta lista não é de todo exaustiva, mas já é reveladora da multidimensionalidade que
referimos no início.
O ambiente económico dos países também é fortemente influenciado pela sua integração
econômica com outros países. Os esforços de integração iniciados no pós-Segunda Guerra Mundial
com o GATT (General Agreement on Trade and Tariffs), e que deram origem à OMC (Organização
Mundial do Comércio), eliminaram muitas barreiras ao comércio e investimento internacionais e
aos fluxos de pessoas, capital e informação. Os movimentos de integração económica regionais
(por exemplo NAFTA, UE, ASEAN, Mercosul – que veremos no final do capítulo) traduziram-se na
liberalização gradual das fronteiras nacionais de modo que nunca antes na história tantas regiões
do mundo estiveram tão acessíveis para as empresas de todo o mundo. A liberalização e abertura
ao exterior têm promovido progressos nos mercados tradicionalmente menos desenvolvidos e
conduzido as empresas a entrar nesses países, como é o caso da China, Índia, Malásia, Indonésia,
Brasil e México. Em consequência, estes países têm tido altas taxas de crescimento económico.
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Tabela 4.1. Distribuição do rendimento
Mais Mais Mais Mais
baixos baixos Segundo Terceiro Quarto altos altos
País 10% 20% 20% 20% 20% 20% 10%
Argentina 1,6 4,6 9,6 14,8 22,4 48,7 31,8
Brasil 1 3,4 7,7 12,4 19,3 57,2 41,7
Canadá 2,7 7,1 12,4 16,8 22,7 41 25,7
Chile 1,7 4,5 8,2 11,9 18,4 57 41,7
China 1,7 4,7 9,7 15,3 23,2 47,1 30
Colômbia 1,1 3,3 7,3 11,9 19,7 57,9 42
Equador 1,4 4,3 9 13,9 21,2 51,6 35,4
Finlândia 3,7 9,2 13,8 17,4 22,6 37,1 22,6
Alemanha 3,3 8,3 13,1 17,1 22,4 39,1 24,4
Índia 3,7 8,5 12,1 15,7 20,8 42,8 28,8
Indonésia 3,4 7,6 11,3 15,6 21,8 43,7 28,2
Itália 2 6,1 12 17 23,2 41,8 26,2
Japão 2,7 7,4 12,9 17,3 22,7 39,7 24,8
Malásia 1,8 4,5 8,7 13,7 21,6 51,5 34,7
México 1,9 4,9 8,8 12,8 19,5 54,1 38,9
Nigéria 2,2 5,4 9,6 14,5 21,6 48,9 32,9
Panamá 1 3,2 7,8 12,6 20,1 56,3 39,9
Polónia 3,3 7,9 12,3 16,6 22,4 40,9 25,9
Rússia 2,6 6,5 10,6 14,8 21,2 47 31
África do Sul 1,1 2,5 4,3 7,7 15,7 69,9 53,8
Espanha 1,4 5,4 12,1 17,3 23,9 41,3 25,2
Suíça 2,8 7,6 12,5 16,7 23,4 39,8 24,2
EUA 1,4 4,7 10,4 15,8 23,1 46 29,6
Venezuela 1,2 4,2 9,6 14,6 22,1 49,5 33,2
Nota: Dados referentes ao ano mais recente disponível.
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
Qualquer mercado, e com qualquer nível de distribuição do rendimento, pode ser atrativo
para a empresa, dependendo do tipo de produto/serviço que comercializa. Por exemplo, no México
o facto de apenas 20% da população receber 54% do rendimento indica uma possível oportunidade
para empresas que comercializam produtos caros. Por outro lado, o mercado é mais apertado para
empresas que comercializam produtos mais baratos e que exigem elevado volume de vendas, uma
vez que 60% da população tem pouco mais de 25% do rendimento. Então, o gestor pode juntar os
indicadores de população, distribuição de rendimentos e PIB para aferir, pelo menos sumariamente,
se o mercado em observação é um bom mercado para os seus produtos.
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3. Inflação
Mas, para entender o ambiente econômico é preciso analisar outros indicadores. Um dos
indicadores importantes para conhecermos o ambiente económico é o da taxa de inflação. A taxa de
inflação indica o aumento generalizado do nível de preços. Apesar de as taxas de inflação terem
vindo a diminuir gradualmente no mundo, há ainda grandes disparidades entre os países como
mostra a figura abaixo. Em países com elevadas taxas de inflação as EMNs devem evitar deter capital
ou contrair empréstimos na moeda desse país. Elevadas taxas de inflação significa que os preços dos
bens sofrem aumentos elevados; afetam as taxas de juro e o custo de vida, bem como a confiança
geral dos investidores e consumidores. Assim, as empresas têm de alterar os modelos e regras no
planeamento e na gestão das operações.
Figura 4.4. Taxas de inflação em países selecionados
Em 2022, como sabemos, a taxa de inflação teve uma subida substancial que se mantem em
2023 e sem ser absolutamente claro qual será a evolução futura a curto e médio prazo.
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4. O custo do trabalho
Um dos motivos porque algumas empresas se internacionalizam é a procura de locais onde a
mão-de-obra seja mais barata e lhes permita produzir com custos mais baixos. Tipicamente, é nos
países mais pobres onde os custos laborais são mais baixos, sendo, assim, os que mais tendem a
atrair empresas para fazer o outsourcing de atividades fabris que exigem baixa qualificação. De
acordo com a ONG norte-americana The Conference Board, em 2013, os custos laborais (incluindo
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encargos sociais) de um trabalhador americano era de 36,34 dólares por hora, um japonês custava
$29,13, um belga $54,88, um norueguês $65,86 e um espanhol $28,09. No entanto, um mexicano
custava apenas $6,82 por hora de trabalho e um taiwanês um pouco mais, mas apenas $9,37, um
brasileiro $10,69 e um português custava apenas $12,90 (Figura 4.5). Tipicamente, é nos países mais
pobres onde os custos laborais são mais baixos. Mas, à medida que os países se desenvolvem,
tendem a aumentar os salários e os custos laborais dos trabalhadores, embora frequentemente
acompanhados por aumentos da produtividade porque as fábricas são mais modernas.
Figura 4.5. Custos do trabalho (na indústria): 1996-2013
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Fonte: Reproduzido de https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/ddn-20220328-1
5. Taxa de juro
É, também, importante avaliar a taxa de juro do país de destino (i.e., o custo do capital) já que
ela influencia a propensão para os indivíduos realizarem aforro e os empresários efetuarem
investimentos. Nas sociedades com elevados níveis de poupança os empresários conseguem obter
capital a baixo custo dada a sua relativa abundância. Por outro lado, é provável que os consumidores
refreiem o seu consumo preferindo o consumo futuro ao consumo presente. Este terá sido um dos
fatores que permitiu o forte crescimento do Japão, com as famílias a financiarem o investimento. Por
outro lado, elevadas taxas de juro desincentivam o investimento na medida em que o capital
necessário para realizar os investimentos fica mais caro de obter.
As taxas de juro também variam muito entre países. NA figura seguinte as taxas de juro em
alguns países em 2022.
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A propensão para os indivíduos realizarem aforro e os empresários efetuarem investimentos
depende em parte do custo do capital. Nas sociedades com elevados níveis de poupança os
empresários conseguem obter capital a baixo custo dada a sua relativa abundância. Por outro lado, é
provável que os consumidores refreiem o seu consumo preferindo o consumo futuro ao consumo
presente. Este terá sido um dos fatores que permitiu o forte crescimento do Japão, com as famílias a
financiarem o investimento. Por outro lado, elevadas taxas de juro desincentivam o investimento na
medida que o capital necessário para realizar os investimentos fica mais caro de obter. Assim, um
dos fatores que o executivo internacional necessita conhecer é o nível das taxas de juro no país de
destino.
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de o produtor ser uma empresa doméstica ou estrangeira (isto é, independente da propriedade dos
fatores de produção). A distinção entre PIB e PNB nem sempre é evidente para os estudantes pelo
que um exemplo ajuda a clarificar: ambas as produções da Ford e da Toyota produzidas nos EUA
contribuem para o PIB norte-americano, mas um Ford produzido no México não conta para o PIB dos
EUA, antes contando para o do México. No entanto, este último é incluído no PNB Norte-Americano.
Para efeitos de avaliação dos mercados e comparações internacionais o ideal seria que o PIB
e outras medidas de riqueza nacional fossem calculados com base na paridade de poder de compra
ou com base em comparações dos preços reais de um certo produto. Desta forma poderíamos aferir
comparações mais realistas dos padrões de vida das populações em países diferentes. Infelizmente,
esses dados não estão geralmente disponíveis. Tanto o uso do PIB como o PNB apresentam
inconvenientes, como sejam o facto de ignorarem a taxa de crescimento da economia e riqueza
nacional, não distinguir internamente no país entre as regiões (e há grandes desigualdades na
repartição geográfica da riqueza, mesmo dentro de um só país), e o facto de ignorarem o que esses
valores significam em termos do poder de compra efetivo que a quantidade monetária representa.
Os valores do PIB e PNB podem ser ajustados à paridade de poder de compra (ou PPC). A paridade
do poder de compra representa a capacidade relativa das moedas de dois países comprarem o
mesmo “cabaz” de bens nos dois países. Ou, dito de outra forma, a PPC é o número de unidades de
moeda de um país que são necessárias para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no
mercado doméstico que, por exemplo, €1 compraria em Portugal. Assim, a PPC é uma medida útil
porque considera as diferenças internacionais nos preços, dando uma medida efetiva do poder
aquisitivo. Por exemplo, o PIB per capita na Dinamarca era de $33.894 mas quando ajustado à
paridade de poder de compra o seu valor descia para apenas $23.555. Situação diferente quando
consideramos o PIB per capita na Turquia de apenas $2.600 que ajustado à paridade de poder de
compra subia para $6.400, ou no México que de $6.300 passava para $9.200. Note, ainda, que
embora o PIB per capita do Brasil e do Chile sejam semelhantes, $4.986 e $5.822, respetivamente,
quando usamos a PPC, o PIB per capita do Brasil passa para $5.536 mas o do Chile salta para $12.035.
Assim, o poder de compra de um consumidor médio chileno é duas vezes maior que o do
consumidor médio brasileiro. Da mesma forma, comparando apenas o PIB per capita da Dinamarca e
do Chile parece que os dinamarqueses são, em média, seis vezes mais ricos, mas ajustando à PPC são
apenas duas.
Por exemplo, é óbvio que o preço de um menu McDonalds varia entre países, como mostra a figura
seguinte. A questão essencial é entender o que se pode comprar com uma dada quantia de dinheiro
e ajustar o valor do produto.
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As dificuldades apresentadas pela utilização de indicadores macroeconómicos estendem-se
também ao que não dizem sobre os mecanismos sociais como, por exemplo, as tradições culturais
pelas quais as famílias tratam dos mais velhos em casa. Isto é, enquanto nos países mais
desenvolvidos uma parte substancial da riqueza nacional é gerada dando um preço a bens e serviços,
estes mesmos bens podem ser gratuitos em outros países. Portanto, o nível de vida em certos países
onde estas outras práticas vigoram são superiores ao que a leitura dos dados macroeconómicos de
riqueza indicam prima facie. Estes exemplos são ilustrativos da diferença quando consideramos o
poder de compra efetivo das populações, em vez de compararmos valores de riqueza absolutos (mas
aparentes).
7. Fatores populacionais
Para além das variáveis puramente econômicas, importa analisar fatores populacionais. A
dimensão da população é um dos determinantes da atratividade de um mercado, sobretudo de
produtos cujo preço unitário é relativamente baixo. Em 2011, os países da tríade concentravam a
maioria da riqueza mundial (cerca de 75%) mas apenas 13% da população mundial. Embora a
população não seja tão concentrada quanto a riqueza, existe uma concentração considerável. Os dez
países mais populosos do mundo representam quase 60% da população mundial.
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O número de pessoas no mundo que era de aproximadamente 300 milhões há dois mil anos
atrás (por volta do início da era cristã) é menos de um quarto da população atual da China. Hoje, a
população mundial ultrapassa os sete mil milhões e, a manter-se a atual taxa de crescimento
populacional, é possível que se aproxime dos dez mil milhões no ano 2050. Prevê-se que as grandes
diminuições populacionais se verifiquem nos países atualmente mais desenvolvidos (países
europeus) com exceção de alguns onde se preveem grandes influxos migratórios, como é o caso dos
EUA, França e Inglaterra. Em contraponto, é nos países de rendimentos baixos e médios-baixos que
são previstos os maiores acréscimos populacionais, como é o caso do Quénia, Angola, Marrocos,
Paquistão, Bangladesh, Rep. Democrática do Congo e Filipinas.
Tabela 4.2. Projeções de evolução populacional (1950-2050)
País 1950 2000 2015 2025 2050
Angola 4.148 13.925 23.226 33.191 86.375
Argentina 17.150 36.903 42.267 46.058 54.737
Bangladesh 37.895 132.383 161.734 185.231 240.825
Brasil 53.975 174.505 204.314 220.935 244.952
China 543.776 1.280.429 1.399.787 1.437.446 1.330.943
Colômbia 12.000 39.898 49.822 56.618 72.391
Espanha 28.070 40.283 47.054 47.474 45.356
EUA 157.813 284.594 326.073 353.205 409.290
Filipinas 18.580 77.652 102.532 123.748 189.979
França 41.832 59.213 64.971 67.903 72.930
Índia 376.325 1.042.262 1.290.151 1.464.764 1.889.283
Indonésia 72.592 208.939 257.211 290.210 367.821
Irão 17.119 65.911 79.329 87.988 101.210
Itália 46.367 56.986 60.944 60.427 55.997
México 28.296 103.874 126.074 142.895 180.776
Moçambique 6.442 18.276 27.412 36.595 84.527
Nigéria 37.860 122.877 183.700 245.885 549.756
Paquistão 37.542 143.832 191.492 236.014 375.253
Peru 7.632 26.000 31.359 36.012 47.756
Portugal 8.417 10.306 10.622 10.523 9.608
Reino Unido 50.616 58.951 63.836 67.090 72.698
Rep. Dem. Congo 12.184 46.949 71.092 95.068 206.315
Tailândia 20.607 62.343 67.596 68.592 62.412
Uganda 5.158 24.276 40.700 59.193 158.255
Venezuela 5.094 24.408 31.468 36.407 48.755
Vietnã 24.949 80.888 93.928 102.161 111.497
Mundo 2.525.779 6.127.700 7.353.522 8.273.410 11.089.178
Nota: os dados futuros são previsões; estimativa usando a fertilidade constante.
Fonte: Organização das Nações Unidas, Dep. Assuntos Econômicos e Sociais, Divisão de População. World Population
Prospects: The 2012 Revision.
O crescimento populacional não uniforme em todo o mundo pode ser explicado em parte
pelas diferenças nas taxas de natalidade e fecundidade (Figura 4.6), que são substancialmente
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superiores nos países em desenvolvimento relativamente aos países desenvolvidos. De modo geral, a
taxa de crescimento populacional é inversamente relacionada com os níveis de riqueza: quanto mais
baixo o rendimento per capita, mais elevada a taxa de crescimento da população. Em países como os
EUA, Alemanha, Japão, e vários outros países europeus, a taxa de crescimento da população tem-se
mantido por volta do 1 % ou inferior.
Figura 4.6. Taxa de fertilidade
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transição demográfica para sociedades envelhecidas afeta as finanças públicas e é previsível que em
meados do século XXI representem cerca de 6 a 7% do PIB em média nos países da OCDE.
Figura 4.7. Envelhecimento da população
8. Risco Económico
O desenvolvimento económico não segue sempre um caminho linear e ascendente, nem em
países com governos estáveis e desenvolvidos. Os ciclos económicos sucedem-se com períodos de
estgnação ou mesmo depressão e períodos de expansão. Os efeitos sobre os consumidores, a sua
confiança e os seus padrões de compra ressentem-se e em períodos menos favoráveis os
consumidores optam por comprar produtos mais baratos. Por exemplo, a crise asiática iniciada em
1997 conduziu à desvalorização da rúpia indonésia em mais de 70% em relação ao dólar norte-
americano, o baht tailandês e o won coreano depreciaram entre 40 e 50%, o ringgit malásio e o peso
filipino perderam 40% do valor e as moedas de Singapura e Taiwan também desvalorizaram cerca de
20%. Estas desvalorizações exigem das empresas uma atitude atenta e a adaptação do produto e
preço às novas realidades em cada um destes mercados. A instabilidade leva, muitas vezes, as
empresas a diversificar mercados não concentrando os seus investimentos em locais de risco
comparativamente elevado.
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Figura #. Os sistemas económicos
Um sistema de economia de mercado depende dos consumidores para que os recursos sejam
afetados. Ao exprimirem a sua preferência de compra, os consumidores estabelecem, de facto, o
plano económico, decidindo o que vai ser produzido, a que preço, e por quem. O sistema de
economia de mercado parece uma democracia econômica em que os cidadãos têm direito a voto
com os seus orçamentos domésticos, escolhendo os bens que são da sua preferência. Os agentes
privados – indivíduos e/ou empresas – detém a maioria dos recursos económicos e é pela interação
entre a oferta (quantidade de produtos e serviços que os produtores estão dispostos a oferecer a um
determinado preço) e a procura (quantidade de produtos e serviços que os consumidores estão
dispostos a comprar a um determinado preço) que se forma o mercado e se estabelecem os preços.
Num sistema económico de planeamento central (ou de alocação comanditária), o Estado, ou
governo, tem amplos poderes para servir o interesse público. O governo detém a maioria das terras,
fábricas e outros recursos económicos e, como tal, planeia quase toda a atividade económica. É ao
Estado que cabe definir objetivos e decidir que produtos fabricar, qual a qualidade, a que preços, e
que tecnologias utilizar, com o objetivo de garantir o bem-estar e a igualdade económica e social da
população. Os consumidores têm a liberdade de despender o seu dinheiro naquilo que está
disponível, mas as decisões sobre o que é produzido e, portanto, o que está disponível para compra e
consumo são tomadas por planeadores do Estado. Assim, uma vez que não há concorrência entre
produtores, não são relevantes conceitos como o de diferenciação do produto, publicidade e
promoção. Muitos países que durante décadas mantiveram um sistema de planeamento central (por
exemplo, China, Cuba, Índia e Rússia) têm vindo a abrir a sua economia à iniciativa privada, mas são
hoje raros os países que mantêm este sistema.
Na realidade, não há sistemas económicos puros de economias de mercado ou de
planeamento centralmente coordenado. Todos os sistemas económicos têm uma componente de
planeamento central e de economia de mercado. Ou seja, todos os países têm, em rigor, um sistema
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misto onde o governo e os particulares partilham a posse dos recursos económicos decidindo da sua
afetação. Assim, numa economia pode aferir-se o sector de afetação central de uma forma simples:
pela proporção do PIB que é taxada e gasta pelo governo. Para os 24 membros da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), essa proporção vai de 32% do PIB nos Estados
Unidos a 64% na Suécia. Na Suécia, portanto, onde 64% de todos os gastos são controlados pelo
governo, o sistema económico é mais por ‘comando’ que por ‘mercado’, ao passo que nos Estados
Unidos acontece o contrário. A China tem feito progressos em várias províncias libertando-as para
operarem em sistemas de mercado. Mesmo assim, é ainda evidente o peso do Estado e das
empresas estatais na economia.
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das suas composições. A proteção do Estado estende-se aos bens físicos das pessoas e
empresas assegurando a propriedade privada de bens físicos.
(c) Proporcionar estabilidade fiscal e monetária – por meio de políticas fiscais e políticas
monetárias, reduzir a incerteza para as empresas, e manter a inflação e desemprego sob
controlo.
(d) Preservar estabilidade política - reduzindo preocupações de riscos políticos e segurança
pessoal, promovendo assim o crescimento económico.
(e) Proporcionar bens e serviços públicos – que não estariam disponíveis se o governo não os
providenciar. Bens públicos são aqueles que o mercado não oferece em quantidade
suficiente – por exemplo, defesa nacional, estradas, correios, iluminação, hospitais, escolas
públicas, e muitos outros – que são importantes ao desenvolvimento do país e à qualidade
de vida, ou mesmo à defesa do país e das pessoas. A iniciativa privada pode oferecer alguns
destes bens e serviços para oferecer a todo o mercado nacional não é rentável. Por
exemplo, algumas estradas têm concessão privada mas a maioria das estradas são bens
públicos oferecidos pelo governo.
(f) Redistribuir rendimento – das pessoas que têm maior rendimento para as que têm menos.
Na prática isto significa estabelecer um conjunto de mecanismos de assistência social de
apoio a pessoas que não têm capacidade para pagar bens essenciais ou que precisam de
apoio extraordinário em algum momento (doença, desemprego, etc.). Também, cobrando
uma taxa de imposto mais alta sobre os rendimentos de empresas e indivíduos com
rendimentos mais altos. Estas receitas são usadas para diversos programas sociais, defesa
jurídica, assistência médica, apoio na habitação, etc.
Os governos atuam, ainda, na economia enquanto proprietários de alguns dos segmentos da
economia que consideram serem estratégicos: recursos minerais subterrâneos, energéticos, águas
subterrâneas e águas litorais, entre outros, cuja exploração podem concessionar a empresas
privadas. Também atuam regulando algumas atividades económicas, em particular de bens que são
essenciais à vida dos cidadãos (educação, saúde, água, ambiente, etc.) e onde alguma iniciativa
privada pode existir, e mesmo impedindo a atividade privada em certos setores (por exemplo, na
área militar, restringindo a produção e comercialização de armamentos).
Em todos os países, o governo intervém na economia e controla uma parte substancial dos
fatores de produção quer diretamente, com a posse de capital de empresas, quer indiretamente,
através das suas políticas (por exemplo, legislação, fiscais e de subsídios). A questão é o grau em que
o Estado intervém, mais que o facto de intervir ou não, na economia. Numa perspetiva de negócios
internacionais, um indicador importante é como o governo vê o capital estrangeiro. O capital
estrangeiro é visto como concorrente ou como um parceiro das empresas locais? Quando um
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governo vê as empresas estrangeiras como uma ameaça, tende a erguer barreiras de diferentes
formas quer ao comércio internacional (capítulo 2), quer ao investimento estrangeiro (capítulo 3).
Em outros casos, as políticas do governo são de atração das empresas estrangeiras, incentivando o
comércio internacional e/ou o investimento estrangeiro. As barreiras podem emergir na forma de
impostos (tarifas), quotas, requisitos de conteúdo local, dificuldades na aquisição de empresas
nacionais, restrições absolutas à atuação em certos setores, apoios discriminatórios a certas
empresas, etc.
Apesar das flutuações em que o governo aumenta ou diminui a sua intervenção na economia,
a tendência político-económica global tem sido no sentido da redução da intervenção económica do
governo. A privatização das empresas na posse do Estado é uma das vias usadas para reduzir a
intervenção direta na economia. Noutros casos é a venda de participações minoritárias no capital de
empresas privadas. Esta tendência tem sido evidente na maioria dos países e em particular naqueles
que detinham sistemas mais centralizados e mais dependentes de um Estado autoritário, quer fosse
de base religiosa, militar, ou mesmo em sistemas democráticos. Por exemplo, os governos de
Portugal promoveram a privatização, total ou parcial, de inúmeras empresas nas quatro décadas de
1980, 1990 e 2000 e 2010 (onde se incluem a privatização de empresas como: EDP, CTT, REN,
Cimpor, Portugal Telecom, TAP, ANA, GALP, Caixa Seguros (Fidelidade), HPP (área de saúde da CGD,
Estaleiros de Viana do Castelo, Portucel, Brisa, entre muitas outras).
A nível mundial tem-se verificado uma tendência clara para o desinvestimento dos governos,
através de privatizações. É nos países em desenvolvimento da América Latina (México, Brasil e
Argentina), nas economias em transição do leste europeu (República Checa, Eslováquia) e da Ásia
central (Rússia) e nos países do sudeste asiático (em particular na China, Índia, Malásia e Tailândia)
que o processo de privatizações foi mais notório. Por exemplo, durante a década de 1990, cerca de
metade de toda a atividade mundial de privatização ocorreu na América Latina. Entre 1990 e 2003,
120 países em desenvolvimento efetuaram cerca de 8.000 privatizações com uma receita de 410 mil
milhões de dólares (dados do Banco Mundiali). No entanto, a tendência para a privatização não é um
exclusivo dos países em desenvolvimento: durante os mandatos de Margaret Thatcher na chefia do
governo inglês (1979-1990), o peso da intervenção do Estado inglês na economia foi reduzido de 10%
para cerca de 4% do PNB. Para tal, o governo inglês privatizou 30 grandes empresas públicas, cuja
venda originou receitas de aproximadamente 65 mil milhões de dólares.
Os governos continuam a exercer controlo sobre o desenvolvimento económico do país,
muitas vezes adotando políticas, legislação e regulamentações protecionistas. É frequente, por
exemplo, os governos adotarem políticas protecionistas do comércio internacional (dificultando as
importações de produtos estrangeiros) nas fases iniciais da sua industrialização, para proteger
indústrias nascentes, ou indústrias que consideram estratégicas. Depois, quando já estão em
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patamares mais elevados de desenvolvimento, adotam um discurso e prática mais liberal, opondo-se
às formas protecionistas que eles próprios usaram.
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desregulamentação no setor bancário dá maior liberdade de ação aos bancos para usar e alocar o
capital. O que terá estado na base da crise financeira de 2008, com os bancos a concederem
empréstimos a pessoas que não tinham capacidade para os pagar, gerando uma bolha imobiliária.
Em teoria, os benefícios da desregulamentação são:
(1) estimular a atividade económica porque elimina as restrições às empresas existentes e
permite a criação de novas empresas, o que deveria aumentar a competição;
(2) como haveria mais competição, a inovação e o crescimento seriam uma consequência;
(3) com maior competição os preços ao consumidor deveriam baixar;
(4) as empresas não precisam de usar recursos para responder às regulamentações, e podem
usar os recursos na atividade produtiva ou inovação, por exemplo, ou para reduzir o custo
dos produtos, beneficiando os consumidores.
As consequências negativas potenciais da desregulamentação são:
(1) sem regulamentação, é difícil novas empresas entrarem e competir com grandes empresas
estabelecidas, que podem mesmo criar situações monopolistas ou de concertação;
(2) pode não proteger os interesses dos consumidores – por exemplo por não haver definição
de produtos de qualidade suficiente;
(3) falta de transparência da informação prestada pelas empresas, o que dificulta o escrutínio
dos investidores e do público em geral;
(4) possibilidade de as empresas se envolverem em práticas ilegais. A desregulamentação no
setor bancário, por exemplo, (mas, também em vários outros setores da economia)
começou mais substancialmente durante o governo de Margaret Thatcher em Inglaterra
(1979-1990) e Ronald Regan nos EUA (1981-1989). Desde então questiona-se se as crises
financeiras e as práticas dos bancos não serão o resultado da enorme autonomia de
decisão que ganharam neste período.
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Com a integração econômica busca-se combinar economias nacionais individuais em regiões
econômicas alargadas. A integração económica, em sentido restrito, refere-se a redução ou
eliminação de barreiras ao comércio entre os países participantes. Os blocos de integração regional
são associações entre países que gerem e promovem o comércio numa dada região, podendo ter
implicações econômicas e até políticas mais extensas. Exige algum grau de cooperação e
coordenação entre os governos – dependendo do nível de integração (ver seção seguinte), que varia
de zonas de comércio livre até uniões económicas e monetárias ou uniões políticas. Por exemplo, os
objetivos da União Europeia são mais amplos que as meras questões comerciais. Frequentemente, os
blocos incluem objetivos de estabilidade, de desenvolvimento, paz e segurança, defesa, promoção
cultural, interação entre os povos, etc.
Área de comércio livre. Uma área de comércio livre (ACL) refere-se a um grupo de países que
acordam baixar ou remover as barreiras ao comércio entre si, ainda que cada país mantenha a sua
própria política (tarifas) para as importações de países não membros. Abolindo as tarifas entre os
países membros, uma ACL permite a livre circulação de bens, mas tipicamente mantém-se as
restrições à circulação de serviços, pessoas e capitais. Exemplos: NAFTA, LAFTA e Mercosul.
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União aduaneira. Numa união aduaneira não só são removidas as tarifas à circulação de bens
entre os países membros, tal como na ACL, como estes definem uma política comercial comum nas
relações entre países não membros (isto é, definem uma tarifa externa comum). Exemplo: a
Comunidade Económica Europeia, desde a fundação até ao início dos anos 1990 (agora União
Europeia).
Mercado comum. Esta forma de integração inclui a remoção das barreiras ao comércio de
bens mas, também, à circulação de serviços, pessoas e capitais entre países membros. Deste modo
os nacionais de um país podem trabalhar noutros países. Além disto, os países membros
estabelecem uma política comercial comum face a não membros.
União económica. Uma união económica consiste no mercado comum, mas com coordenação
e unificação de políticas económicas para garantir a livre mobilidade dos fatores. Esta forma é
caracterizada por elevada integração económica e política na medida em que os países membros
cedem alguma da sua soberania na definição das políticas monetárias e fiscais, bem como políticas
laborais e sociais.
União económica e monetária. Numa UEM há um conjunto de políticas monetárias e fiscais
harmonizadas, a definição de uma taxa de câmbio fixa e irrevogável e a convertibilidade das moedas
dos estados membros a apenas uma moeda única que circula em todos os Estados membros.
Exemplo: a União Europeia é hoje um exemplo de uma união económica e monetária, tendo iniciado
a circulação da moeda – o Euro – em Janeiro de 2002.
União política. Coordenar aspetos dos sistemas económicos e políticos dos países membros.
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Outro resultado é o ganho de eficiência da especialização e da competição entre produtores em
diferentes Estados membros. Estes benefícios citados têm efeitos sobre outros países, mesmo não
membros, dado que o aumento de rendimento das populações se pode traduzir em acréscimos de
importações de uma variedade de bens e serviços.
Efeitos negativos da integração. A integração tem efeitos também sobre o desvio de comércio
na medida que discrimina os produtores fora do bloco de integração. O desvio de comércio refere-se
ao comércio entre países membros aumentar à custa da diminuição de importações de países não
membros. Nestes casos, um produto que pode ser fornecido a mais baixo custo por um país de fora
do bloco regional é substituído por um produto mais caro de um país membro, devido ao tratamento
preferencial recebido. Assim, podem estar efetivamente a ser protegidos produtores menos
eficientes, e gerada uma utilização ineficiente dos recursos produtivos. Outros efeitos negativos
potenciais são a perda de empregos para outros países – mesmo países-membros – e a perda de
soberania na definição de muitas políticas - estas dependendo do nível de integração entre os países.
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UE tem o poder de estabelecer legislação que se impõe sobre os estados-membros. O Tribunal da UE
pode impor multas e outras sanções sobre os países (governos, empresas e cidadãos) da União na
medida em que estes violem o Tratado de Roma. Assim, embora nos seus passos iniciais a integração
europeia fosse assente em assuntos económicos, passou a integrar aspetos monetários, fiscais e
mesmo políticos. A União Europeia é a forma mais desenvolvida de integração entre países e
contempla atualmente a livre circulação de bens, pessoas, capitais entre os estados-membros. A
União Europeia é hoje uma união económica e monetária – com a adoção da moeda única, o euro,
em 2002 – que sevem alargando (integrando dez novos países membros em 2004, dois em 2007 e
mais um em 2013, para um total de 28 membros em 2015).
Figura X. Países membros da União Europeia
Nota: População em milhões; PIB em milhares de milhões de dólares correntes (valores de 2013).
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
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comercial que visa facilitar o comércio entre os três países, mas que contempla aspetos como o
acesso aos mercados, as regras de comércio (incluindo relativas a subsídios e anti-dumping),
serviços, investimento, propriedade intelectual e resolução de conflitos. Apesar de ter originado
diversas organizações, não estabeleceu um governo regional, funcionando dentro dos sistemas dos
países membros. É interessante notar que a NAFTA é um bom exemplo de desvio do comércio, na
medida que os fluxos comerciais entre os países cresceram enquanto houve uma diminuição relativa
do comércio com países externos.
Figura #. NAFTA
Nota: População em milhões; PIB em milhares de milhões de dólares correntes (valores de 2013).
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
Os acordos da NAFTA incluem o estabelecimento de padrões laborais, como o direito à
sindicalização (para evitar uma perda massiva de empregos para o México), melhores condições de
trabalho e melhor padrão/nível de vida. Incluem, também, imposições a nível do maior rigor
ambiental para as empresas mexicanas. Na verdade, além dos efeitos benéficos que estas imposições
têm para o México, foram sobretudo criadas para reduzir o efeito na competição com as empresas
Norte-Americanas e reduzir a perda de empregos para o México.
Mercosul
O Mercosul - Mercado Comum do Sul - foi criado em 1991 no tratado de Assunção que uniu a
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, a que se juntou a Venezuela. Apesar da designação de mercado
comum, o Mercosul é ainda apenas essencialmente uma área de comércio livre. A maioria das tarifas
ao comércio entre os países do Mercosul já foi eliminada e já está estabelecida uma tarifa externa
comum na maioria dos produtos (mas não é ainda uma união aduaneira). Problemas económicos no
Brasil (1999), depois na Argentina (2001) não têm permitido a evolução para uma união aduaneira.
Os efeitos do desvio de comércio são significativos, com o comércio entre membros a crescer a uma
taxa muito superior ao comércio com o resto do mundo. No entanto, crescimentos futuros exigem
investimentos no sistema de infraestruturas da região e a coordenação de políticas de concorrência e
fiscal.
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Figura 3. O Mercosul
Nota: População em milhões; PIB em milhares de milhões de dólares correntes (valores de 2013).
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
ASEAN - Association of Southeast Asian Nations
A ASEAN foi criada em 1967 entre vários países asiáticos para promover e facilitar as relações
comerciais entre eles. Atualmente os países da ASEAN incluem: Brunei, Camboja, Indonésia, Laos,
Malásia, Birmânia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname. A ASEAN não é exatamente uma forma
de integração regional, mas antes um acordo extenso que abrange a cooperação económica, política
e social. Atualmente, dado que pouco progresso tem havido, os efeitos da ASEAN notam-se
particularmente ao nível da redução de tarifas aduaneiras ao comércio. Dado o enorme potencial de
mercado (mais de 600 milhões de consumidores) é possível que novas rondas negociais procurem
aproximar estes países para melhor se defenderem de crises extemporâneas como a crise financeira
de 1997.
Figura 4. A ASEAN
Nota: População em milhões; PIB em milhares de milhões de dólares correntes (valores de 2013).
Fonte: Banco Mundial, World Development Indicators 2014.
Outros acordos
Há acordos de integração e cooperação entre outros países. Em África, os primeiros esforços
resultaram na criação, em 1963, da OAU - Organization for African Unity. Os acordos mais relevantes
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do continente africano são a ECOWAS (Economic Community of West African States), a COMESA
(Common Market for Eastern and Southern Africa) e a SADC (Southern African Development
Community), SACU (Southern African Customs Union) que, em essência, visam a maior liberdade
comercial. Os progressos têm sido pequenos quer pelo baixo compromisso governamental com a
integração, quer porque há muitos acordos e com os países a pertencerem, simultaneamente, a
vários blocos.
Os acordos regionais na América Latina têm sido promovidos desde os anos 1960. A LAFTA
(Latin American Free Trade Association), estabelecida em 1960, pelo México e a maioria dos países
sul-americanos procurava criar um Mercado comum. Em 1980, a LAIA (Latin American Integration
Association), sucedeu à LAFTA. A CACM (Central American Common Market) juntou a Costa Rica, El
Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Nos anos 1980, o México aderiu à NAFTA e o Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai formaram o MERCOSUR (Southern Common Market).A CARICOM
(Caribbean Community) é o único acordo regional nas Caraíbas. Na América Central, os Estados
Unidos concluíram em 2003 um acordo com a Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador para
constituir a CAFTA (Central American Free Trade Agreement). As grandes beneficiadas deste acordo
poderão ser as empresas Norte-Americanas dado que a CAFTA procura abrir os mercados ao
investimento privado, ao investimento estrangeiro em particular, e estabelece que as compras do
governo serão sujeitas a concursos internacionais.
Na Ásia, três blocos de integração são mais conhecidos: a APEC (Asia-Pacific Economic
Cooperation), estabelecida em 1991, para a promoção do comércio mais livre e cooperação entre os
países membros, ASEAN (Association of South East Asian Nations) e a SAARC (South Asian Association
for Regional Cooperation). A APEC não é exatamente uma instituição mas antes um fórum para
discutir assuntos económicos que afetam os países membros. Foi criada em 1989 pelos países da
ASEAN e Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Estados Unidos. A China, Hong
Kong e Taiwan juntaram-se em 1991 e o Peru, Rússia e Vietname em 1998. No conjunto estes países
representam praticamente 60% do PIB mundial. O objetivo é a criação de uma zona de comércio e
investimento livres.
No Oriente Médio, os esforços de integração têm tido pouco progresso apesar de várias
tentativas. A Liga Árabe, criada em 1945, pretendia promover ligações mais próximas entre os países
árabes para a cooperação política, económica e militar. A CAEU (Council of Arab Economic Unity),
criada em 1957, visava promover a integração económica de todos os países da Liga Árabe. Em 1965,
o Egito, Iraque, Jordânia e Iémen, criaram a Arab Common Market para a promoção da cooperação
económica. Em 1981, o GCC (Gulf Cooperation Council), incluindo o Bahrain, Kuwait, Omã, Qatar,
Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos procurava criar um Mercado comum, com algum progresso
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na abolição de tarifas e outras restrições ao comércio e na mobilidade dos trabalhadores, embora
ainda não tenha uma pauta aduaneira comum.
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