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Transformações Globais

Thaís Aimée Lopes Domingues – thaisaimee@hotmail.com


MBA Executivo em Gestão de Cooperativas
Faculdade Unyleya
Campo Verde, MT, 28/11/2022

RESUMO
Este artigo aborda o conceito da globalização econômica como também analisa os
desafios impostos por essa transformação, mostrando o impacto em alguns países e
sociedade. Os resultados dessa análise da globalização econômica mostram que o
aumento de comércio exterior e redução de tarifas – favorece o crescimento e a
diminuição da pobreza. O grande desafio da globalização, entretanto, continua a ser
a distribuição de renda entre países e entre pessoas.
Palavras-chave:
Globalização econômica; desafios; crescimento; estados; mudança

ABSTRACT
This article addresses the concept of economic globalization as well as analyzes the
challenges imposed by this transformation, showing the impact on some countries
and society. The results of this analysis of economic globalization show that the
increase in foreign trade and the reduction of tariffs – favor growth and the reduction
of poverty. The great challenge of globalization, however, continues to be the
distribution of income between countries and between people.
Keywords:
Economic globalization; challenges; growth; States; change

Introdução

Os fatos e eventos definidores de hoje são caracterizados pela velocidade com que
estão ocorrendo mudanças globais que afetam seriamente as vidas humanas
individuais e relacionadas. Essas mudanças podem ser analisadas a partir de três
dimensões: macro empresa, organização e comportamento humano. A dimensão
macro refere-se aos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais; enquanto no
nível organizacional, a mudança refere-se à estrutura e operação de uma
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organização; e, a dimensão do comportamento humano vem com mudanças nas


crenças, valores e necessidades humanas.

De fato, o contexto de mudança, inserido na contemporaneidade, afeta a vida em


todas as esferas da sociedade e em todos os campos do conhecimento. Assim, em
um ciclo contínuo de mudança, a mudança macrossocial provoca mudanças na
organização do mundo dos negócios, que por sua vez afeta ideais, crenças, valores
e necessidades humanas. Ressalta-se que a transformação global deve ser
compreendida como um processo complexo, sistemático, dinâmico e interativo, de
modo que qualquer mudança em uma dimensão acarreta mudanças em todos os
outros níveis. As mudanças macro transformam os negócios no mundo
corporativo, o que exige flexibilidade e adaptabilidade organizacional, o que, por
sua vez, muda a gestão e o comportamento dos colaboradores da organização.

Este artigo tem como objetivo destacar a transformação econômica e analisar o


impacto e os desafios da globalização. Este artigo está dividido em quatro partes,
seguidas desta introdução. A seção 1 introduz o conceito de globalização. A seção
2 analisa as principais mudanças na globalização econômica ao longo dos anos. A
Seção 3 analisa os desafios colocados por essas transições. Na última seção, o
resumo do artigo mostra a importância da conversão.

1. Globalizações

Uma das palavras mais usadas hoje para justificar as tensões do final do século XX
e início do século XXI é globalização. Essa expressão não tem um sentido único,
mas múltiplos (FARIA, 2000), envolvendo economia, política e a própria soberania
nacional. Globalização é uma expressão com muitos significados. Representaria
"ação sem fronteiras em economia, informação, ecologia, tecnologia, conflito
intercultural e sociedade civil" (BECK, 1999), ou, como disse Habermas (2001),
"Intensificação do intercâmbio, Comunicação e Trânsito através das Fronteiras". As
ideias, influências e práticas que a globalização produz são tão diversas que
podem ser consideradas globais.
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Vale destacar a globalização econômica, que pode ser entendida como “a


interligação dos mercados nacionais pelo aumento do fluxo entre bens, serviços e
capitais” (NUSDEO, 2002,). Em outras palavras, a globalização econômica é “o
processo pelo qual corporações multinacionais alcançaram proeminência sem
precedentes como atores internacionais” (SANTOS, 2003).

Para José Eduardo Faria (2000), “a globalização significa essencialmente a


integração sistémica desta economia ao nível supranacional A expansão das redes
financeiras e financeiras à escala global tem conduzido à crescente diferenciação
estrutural e funcional dos sistemas produtivos, eles são cada vez mais
independentes do controle político e legal em nível nacional. Esse fenômeno, como
afirmou Habermas, acaba por solapar fatalmente a ideia republicana de
comunidade".
Esse fenômeno da globalização econômica é uma realidade atual que tem gerado
uma série de efeitos, em especial, “a alteração da estratégia competitiva das
empresas, a dispersão internacional das etapas do processo produtivo, a
homogeneização dos hábitos de consumo e de práticas comerciais, a
desregulamentação dos mercados financeiros e de outros setores da economia
nacionais e, ainda, a formação de blocos regionais de livre comércio” (NUSDEO,
2002). Entre todos os efeitos, vê-se claramente a formação de um mercado
unificado, no qual os mesmos produtos são vendidos e as mesmas imagens e
informações são transmitidas.

Sem a pretensão de querer esgotar as acepções da globalização, é certo que as


definições apresentadas têm o condão de ilustrar a multiplicidade de efeitos que a
globalização está gerando e consequentemente os desafios que surgem dessas
globalizações.

2. A globalização da economia

Nota-se que nos últimos anos do século XX, inúmeras foram às transações,
acontecimento e manifestações ocorridas por todo o mundo. Grandes corporações
surgiram, milhares de dólares investidos, novas atividades econômicas e comerciais
estão sendo desenvolvidas, produtos e serviços estão sendo criados e aprimorados,
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normas e leis necessárias, moedas criadas, fusões aconteceram, monopólios


surgiram, entre outros variados acontecimentos.

Estar no mercado atual pode representar estar um arsenal, diversificado de


influência propostas pela globalização.

A economia está permanente sendo avaliada e conduzida por uma lógica financeira
geral de lucratividade. As grandes corporações industriais e as organizações
financeiras manejam uma massa de ativos financeiros e de moedas que compõem
suas estratégias de valorização ao lado de seus ativos operacionais. Assim, além
das taxas de retorno nos investimentos produtivos, as taxas de câmbio, as taxas de
juros e os índices de valorização das ações que são "parâmetros" considerado
assim a rentabilidade financeira geral. Num mundo livre movimento de capitais e de
taxas de câmbio flexíveis, aqueles atores efetuam movimentos de "poupança
financeira", em consonância com suas expectativas mutáveis, que impactam
fortemente os mercados cambiais, acionários e de crédito em geral, mundo afora.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a economia capitalista vive uma fase de
expansão e enriquecimento. Na década de 70 e início dos anos 80, essa
prosperidade é abalada pela crise do petróleo, que provoca recessão e inflação nos
países do Primeiro Mundo. Também nos anos 70, desenvolveram novos métodos e
técnicas na produção. O processo de automação, robotização e terceirização
aumentam a produtividade e reduziram a necessidade de mão-de-obra.

A informática, a biotecnologia e a química fina desenvolvem novas matérias-primas


artificiais e novas tecnologias. Mas a contínua incorporação dessa tecnologia de
ponta no processo produtivo exige investimentos pesados, onde os equipamentos
acabam ficando obsoletos rapidamente.

O dinheiro dos investimentos começa a circular além de fronteiras nacionais,


buscando assim melhores condições financeiras e maiores mercados. Grandes
corporações internacionais passam a liderar uma nova fase de integração dos
mercados mundiais: a chamada GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA. A divisão política
entre os blocos soviético e norte-americano modifica-se com o fim da Guerra Fria.

Uma nova ordem econômica estrutura-se em torno de outros centros de poder: os


Estados Unidos, a Europa e o Japão. Em torno destes centros são organizados os
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principais blocos econômicos supranacionais, que facilitam a circulação de


mercadorias e capitais.

Em 1990, o intercâmbio comercial entre esses países era de aproximadamente 3


bilhões e meio de dólares. Em 95, já ultrapassa os dez bilhões. O MERCOSUL vive
uma fase inicial de adequações e ajustes. Mas o comércio entre seus integrantes já
demonstra seu potencial. Os contatos políticos, econômicos e as culturas se
intensificam. Hoje se negocia a adesão de outros países da América do Sul.

Visando ampliar suas atividades comerciais, já se iniciam contatos políticos com os


países da União Européia para a formação de um superbloco econômico. A
integração econômica entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai já é uma grande
realidade.

A globalização já não é mais questão de opção; é inevitável para qualquer país que
pretende desenvolver seu mercado econômico, e que queira fazer parte da
integração mundial que está acontecendo para não sofrer prejuízo, perdas ou
discriminação por não acompanhar os movimentos internacionais.

Sendo assim, com a crescente busca, por novos mercados e todos os demais
diferentes parâmetros adotados mundialmente, emergiram diversos efeitos
econômicos.

Globalização econômica de 1980 em diante: crescimento, pobreza e distribuição de


renda. Para avaliar como a globalização afetou o crescimento econômico, a pobreza
e a distribuição da renda, reuniram dados de um grupo de mais de cem países.
Onde foram divididos em três grupos: países ricos, países inseridos no processo de
globalização e países não inseridos na globalização. O critério para diferenciar os
países inseridos na globalização do resto dos países em desenvolvimento, de 1980
em diante, foi fixado em duas variáveis: cortes de tarifas e o aumento do volume de
comércio exterior.

Os países inseridos na globalização tiveram mudanças significativas no volume de


comércio exterior em relação ao Produto Interno Bruto, passando de 16% para 32%
nos últimos vinte anos. Como elemento de comparação, nos países ricos esse
aumento foi de 29% para 50%. Ao mesmo tempo os países inseridos na
globalização reduziram as suas tarifas em 22 pontos percentuais (de 57% para
35%). Os países inseridos na globalização representam metade da população
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mundial, ou seja, mais de três bilhões de pessoas. Dentre eles se encontram China,
Índia, Brasil, México e Argentina.

3. Desafios impostos pelas tranformações da globalização econômica

Reconhecendo a importância da globalização, Ulrich Beck (1999) afirma que ela


também é “o acolhimento de algo a um só tempo familiar que não se traduz em
conceito, que é de difícil compreensão, mas que transforma o cotidiano com uma
violência inegável e obriga todos a se acomodarem à sua presença e a fornecer
respostas”. Tal assertiva dá a exata noção de que a globalização gera uma série de
desafios, a serem superados.

Há um avanço na atuação dos agentes privados econômicos, que passam a atuar


em nível global, que vem influenciar inclusive a produção de normas jurídicas, em
detrimento da centralidade dos governos nacionais.

A “mudança radical nas formas de atuação do sistema financeiro internacional e nas


corporações transnacionais, viabilizando a articulação de suas decisões de
investimento, produção e comercialização em escala global com exigências
impostas às economias nacionais e respectivos Estados, é um dos fatores mais
decisivos para o declínio das instituições, mecanismos e ‘senso comum’ jurídicos do
Estado-nação e para a consolidação das estruturas e procedimentos jurídicos
surgidos no âmbito de uma economia globalizada” (FARIA, 2000). O Estado já não
consegue fazer a coordenação macroeconômica sem o consentimento e a
colaboração das organizações complexas.

O Estado acaba perdendo sua centralidade na atual configuração do mundo e seus


novos atores passam a assumir o papel de protagonistas inclusive na produção de
normas jurídicas. A globalização não afeta domente as estruturas jurídicas, mas
também a repartição de poderes (DELMAS- -MARTY, 2007). Há um “processo de
internacionalização harmonizadora e padronizadora de importantes áreas; ramos e
setores do direito positivo nacional é que vão forjar o caráter da racionalidade
jurídica inerente ao fenômeno da globalização econômica” (FARIA, 2000).

A globalização gera uma provocação da concorrência que obriga as empresas cada


vez mais elevar a sua produtividade e a defender o processo de trabalho. Essas
imposições devem acelerar, a longo prazo, a dispensa das forças trabalhadoras,
aumentando o desemprego, que, somado a um sistema de segurança social
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saturado e a contribuições se reduzindo, dificultando mais ainda a atuação do


Estado, afetando sua legitimação. Diante dessa realidade da globalização
econômica, não resta outro caminho às empresas, senão o de acompanhar o
fenômeno da globalização, a fim de que não fiquem obsoletas e não sejam excluídas
do mercado (FERRAZ, 2001). Para tanto, as empresas devem crescer, expandindo
sua atuação, até para além de suas fronteiras originais. Giampaolo Dalle Vedove
(1999, p. 196) afirma que um dos motivos da concentração empresarial é “crescer
em poder, para adquirir uma dimensão comunitária e se possível mundial”.

4. Conclusão
Os resultados do estudo mostram que “enquanto as taxas de crescimento dos
países ricos declinaram nas décadas passadas, as taxas de crescimento dos
globalizadores têm seguido o caminho inverso, assim acelerando-se dos anos 70
para os 80 e 90. O resto do mundo em desenvolvimento, por outro lado, seguiu o
mesmo caminho que os países ricos: desaceleração do crescimento dos anos 70
para os 80 e 90. Nos anos 90 os países inseridos na globalização tiveram um
crescimento per capita de 5% ao ano; os países ricos cresceram a 2,2% per capita e
os países não inseridos cresceram apenas 1,4%. Ou seja, a distância entre países
ricos e em desenvolvimento declinou nas duas últimas décadas em relação aos
países inseridos na globalização e aumentou para aqueles países não inseridos no
processo.
O estudo sugere também que a taxa de inflação dos países com maior abertura para
o exterior declinou nas últimas décadas.
Dos anos 80 para os anos 90, a inflação média desses países passou de 24% ao
ano para 12%. A estabilização monetária deverá contribuir para que a renda dos
pobres cresça em torno de 0,4%. Em função desses resultados, os autores do
estudo comentam: “podemos esperar que uma maior abertura deverá melhorar a
vida material dos pobres.Também sabemos que no curto prazo haverá alguns
perdedores entre os pobres e que a efetiva proteção social pode facilitar a transição
para uma economia mais aberta, de tal maneira que todos os pobres se beneficiem
com o desenvolvimento”.
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A globalização econômica - aumentando o comércio exterior e diminuindo as tarifas -


favorece o crescimento e a redução da pobreza. No entanto, o grande desafio da
globalização continua sendo a distribuição de renda entre países e pessoas: "nos
países onde a inflação desacelerou e o comércio aumentou, onde o ritmo de
crescimento acelerou nos últimos 20 anos, não houve mudanças significativas na
distribuição da renda".

Referências
BECK, Ulrich. O que é a globalização? Tradução de André Carone. São Paulo:
Paz e Terra, 1999
DELMAS-MARTY, Mireille. La refoundation des pouvoirs. Paris: Seuil, 2007.
FARIA, José Eduardo. O direito na economia globalizada. São Paulo: Malheiros,
2000.
FERRAZ, Daniel Amin. Joint venture e contratos internacionais. Belo Horizonte:
Mandamentos, 2001.
HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional: ensaios políticos. Tradução
de Márcio Seligmann-Silva. São Paulo: Littera Mundi, 2001.
NUSDEO, Ana Maria de Oliveira. Defesa da concorrência e globalização
econômica: o controle da concentração de empresas. São Paulo: Malheiros,
2002.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos
humanos. In: ______. (Org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do
cosmopolitsmo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
VEDOVE, Giampaolo Dalle. Concentrazioni e gruppi nel diritto antitrust. Padova:
CEDAM, 1999.

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