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Instituto de Economia e Relações Internacionais

Universidade Federal de Uberlândia

Com base nas aulas, leituras realizadas e vídeos, elabore um texto (3 páginas no máximo) em
resposta a seguinte questão: Entre o final do século XX e o início do XXI, a mundialização teria
provocado o enfraquecimento do Estado-nação ou, ao contrário, teria requerido ainda maior
participação do Estado frente as transformações econômicas, políticas e sociais do período?

A mundialização procura buscar uma homogeneização do “way of life”, das economias e dos
termos políticos. Sua expressão mais evidente se dá pela “revolução tecnológica” e a “revolução dos
mercados financeiros”. Esses fenômenos compõe o novo momento ou nova roupagem do
capitalismo e vem ganhando cada vez mais expressão a partir da crise estrutural do capitalismo que
ocorre na crise de 1970. A revolução tecnológica é de extrema importância hoje, pois a partir dela
advém o incremento da produtividade e consequentemente o capitalismo está profundamente
imbricado com a tecnologia. Há um processo de monopolização e hierarquização na apropriação
dos conhecimentos de informação, que se tornou o fator chave para o processo de acumulação
capitalista.
A qualidade da informação e a eficiência em adquiri-la e processá-la se constituem fatores
estratégicos para competitividade e produtividade. Isso significa que saímos de uma composição
tipicamente fordista e passamos para um tipo de produção que é mais flexível e feito sob
encomenda. A desintegração vertical é mais acentuada e ocorre uma crescente horizontalização.
As vendas são dimensionadas em escalas mundial e isso reforça a tendencia fundamental de
concentração de capitais e poder econômico em um pequeno número de conglomerados trans
nacionalizados e financeirizados. Como consequência há uma concentração da concorrência em um
número muito pequeno de grupos. As estratégias internacionais que configuravam o capitalismo
anteriormente, estavam fundadas sobre exportações cedem espaço para novas estratégias que
desconhecem fronteiras entre as indústrias e os setores, como consequência há uma
interpenetração de capitais de diferentes nacionalidades, o que é chamado de investimento
internacional cruzado. Assim, emergem os grandes oligopólios mundiais trans nacionalizados e
financeirizados.
Em resumo, a economia mundial está concentrada nas mãos de poucos conglomerados que
estão imbricados de maneira financeirizada e como consequência mantem nexo das decisões
estratégicas. Essa enorme concentração faz com que o poder de mercado dessas empresas seja
enorme.
Vale ressaltar que quanto mais avança a globalização financeira, as condições monetárias
dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, determinam o volume de capitais que se
dirigem aos mercados emergentes e, as políticas domésticas desses países se desenvolvem no
sentido a se tornarem atrativas desses capitais, mesmo que esse capital seja um capital de portifólio
e não necessariamente produtivo. Houve uma articulação dos fatores que impulsionaram a
economia mundial, foram eles: crescimento dos fluxos de capitais para o mercado americano;
migração da produção manufatureira para países periféricos com baixo custo de mão de obra;
métodos de alavancagem financeira; valorização de ativos imobiliários; endividamento excessivo das
famílias periféricas da Europa; evolução insignificante dos rendimentos da população porque ela se
encontra cada vez mais precarizada e menos assalariada; ampliação das desigualdades;
degradação do sistema de tributação; ataque aos mecanismos de proteção social e asfixia dos
direitos anteriormente conquistados. Esse processo busca favorecer a mobilidade dos capitais e o
privilégio exorbitante do dólar permitiu que se mantivessem superávitis das contas assim como a
valorização do dólar. Isso resulta no encolhimento da manufatura americana e em déficits crônicos
da sua economia. A elevada liquidez e a alta elasticidade dos mercados financeiros mundializados
patrocinam a expansão do crédito americano assim como o seu endividamento.
A flexibilização das relações trabalhistas resulta em uma subordinação crescente da renda
das famílias e um aumento das horas trabalhadas. Os trabalhadores são submetidos a um
desemprego estrutural, ele exclui postos de ocupações que não tem e não são substituíveis. Os
novos postos de emprego passam a ser de menor qualificação e com salários mais baixos.
Todas as transformações e processos citados acima tem consequências diretas sobre as
políticas domésticas. Os movimentos das finanças internacionais, em última instância são
favorecidos pela tecnologia da informação e os fluxos financeiros impõe uma nova lógica aos
Estados Nacionais. Nesse sentido, existem diferentes tipos de respostas como: mera adesão ou a
busca de mecanismos defensivos, algumas outras ainda vão saber encontrar formas de usufruir
dessa conjuntura. Os Estados-Nação, serão de maneira geral, portanto, conduzir a contribuir e
patrocinar essa conjuntura.
O Estado dentro do contexto da mundialização pode ser visto sobre diferentes pontos de
vista. Em “O fim do Estado Nação”, por exemplo, se advoga que o processo de mundialização causa
o enfraquecimento e até a extinção do Estado Nação. Outras teses, apontam que as mudanças são
tantas, tão variadas e tão profundas afirmam que tornariam o Estado irrelevante, mesmo que isso
não o levasse a sua extinção.
O que se questiona, portanto, é a centralidade do Estado e seu poder político frente à
conjuntura de mundialização, que se compõe por novos atores e novos centros de decisão. Para
alguns autores, já nos anos de 1990, se observava um movimento de duplo reducionismo: da
política à economia e da economia às finanças. Em poucas palavras, isso significa que o centro
decisório político do Estado estaria sendo subordinado aos interativos da economia. O segundo
reducionismo elucida a prevalência das altas finanças. Além disso, é preciso destacar três teses: a
criação de uma poderosa rede de movimentos do capital financeiro especulativo que supera a
capacidade de controle dos Estados Nacionais; a presença de um número pequeno de
conglomerados trans nacionalizados que vão tomar as principais decisões sobre o rumo da
economia mundial; a ingerência dos organismos financeiros internacionais (FMI e BM) que acabam
ditando as políticas que os Estados deveriam seguir, em especial os programas de ajustes
macroeconômicos e as linhas de crédito;
Haja visto as teses apresentadas acima, o Estado se compõe como uma entidade bastante
enfraquecida e teria sua soberania comprometida. Para alguns atores, por exemplo, a própria
configuração geográfica dos Estados estaria ultrapassada para dar conta das novas necessidades
da mundialização. No entanto, podemos afirmar que o Estado nação pode existir em seus mais
diversos graus de soberania haja visto que a sua razão central é cumprir suas tarefas de poder
político em seu território. Com o fenômeno da mundialização, é preciso ter clareza que o problema
fundamental que enfrentamos é o exercício desigual da soberania nos mais diversos Estados. Isso
significa que, muitas vezes o Estado consegue exercer uma soberania no seu interior, mas não no
seu exterior e isso compõe um quadro de soberania incompleta. Na conjuntura atual, podemos
afirmar que a soberania exercida pelos Estados é maior nos países de centro, enquanto nos países
periféricos/dependentes, ela é reduzida.
Por outro lado, pode-se afirmar que entre as maiores empresas do mundo, as matrizes
territoriais permaneceram específicas concentradas nos Estados Unidos, Europa e Japão. Isso
significa que a transnacionalização não rompe o vínculo entre as empresas e os Estados Nação.
Muito mais importante do que a perda de importância do poder estatal, na verdade estamos
assistindo a um aumento da importância do poder estatal concentrado de maneira heterogênea no
sistema capitalista. Mais de 80% das decisões fundamentais dos grandes conglomerados são
tomadas nas matrizes que estão localizados nas regiões centrais e não em suas filiais. Portanto, a
descentralização da tomada de decisão é extremamente questionável e pode-se até mesmo afirmar
que na verdade ela está se concentrando. É vital para os grandes conglomerados fortalecer a
capacidade estatal, seja no centro ou na periferia a fim de renovar o interesse de setores
empresariais para tomar as decisões estatais. Na verdade, para esses conglomerados, é importante
que os Estados sejam fortalecidos, pois ele esta

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