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1 - A Globalização: Conceituação

A globalização por se tratar de um fenômeno espontâneo vindo da evolução


do mercado capitalista que não foi direcionado a uma única finalidade acaba
possuindo várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu choque no
mundo de hoje.
Esta denota a completa conexão econômica e uma maior liberalização
comercial e financeira.
Segundo Hitt:
“Globalização é a interdependência econômica cada vez maior entre os
países e suas organizações, de acordo com o refletido no fluxo de bens e
serviços, capital financeiro e conhecimento através das fronteiras dos
países. A globalização é o produto de uma quantidade maior de empresas
competindo umas com as outras em um número cada vez maior de
economias globalizadas”. (HITT 2008, p.8)
A globalização da economia significa integrar os mercados em nível mundial
no sentido de que um produto, independentemente de sua origem ou procedência
possa estar oferecido para consumo em qualquer parte do planeta.
Para Hitt (2008) a economia globalizada é quando “bens, serviços, pessoas,
habilidades e ideias cruzam livremente as fronteiras geográficas”. 1 Onde estas são
liberadas das restrições artificiais como por exemplo as tarifas. Hitt ainda afirma que
esta dita economia globalizada além de ampliar o ambiente de competição das
empresas, também as complicam de forma significativa.
Para Daniels e Daniels a globalização é:
“Globalização é mais do que fazer negócios em um determinado número de
países em todo o mundo. A globalização envolve fazer negócios em todo o
mundo, de uma nova maneira, equilibrando as qualidades dos seus
produtos ou serviços com as necessidades especificas das diversas bases
de clientes locais. Ela implica a demolição das características etnocêntricas
mesquinhas que a maioria das empresas possui, seja qual for sua
nacionalidade de origem.” (DANIELS E DANIELS, 1996, p. 40)
Já para alguns autores, como Batista JR (1996), a globalização é pura
eloquência e ideologia. Este afirma que, “a retórica da globalização virou uma
espécie de biombo para políticas econômicas indefensáveis”. 2

1 HITT, Michael A. Administração estratégica: competitividade e globalização/ Michael A. Hitt, R. Duarte Ireland,
Robert E. Hoskisson – 2. Ed. – São Paulo: Cengage Learning, 2008, p. 07.
2 BATISTA JR, Paulo N. A cortina de fumaça da "globalização". Jornal do Economista, n. 92 - Suplemento

Especial, Corecon-SP, Setembro, 1996.


Mas que, no entanto "esta tendência está muito longe de dissolver as
fronteiras entre economias nacionais ou ameaçar a sobrevivência do Estado
Nacional”.3 Batista defende a ideia de que não tem fundamento a tese que se diz
estar surgindo um novo sistema econômico que tenha um caráter supranacional,
pois o atual procedimento tem antecedentes históricos.
O mesmo na tentativa de provar sua concepção de que a globalização é
mais antiga do que afirmam alguns estudiosos, lembra que a demanda e os
mercados internos ainda são principais na economia mundial, sendo que estes são
responsáveis por 90% do emprego na maioria dos países; que por sua vez, a
poupança interna responde por cerca de 95% da formação do capital, sendo que
sua maior parte fica nos países de origem; por exemplo, os Estados Unidos têm
apenas 6% de seus ativos fora do país, a Alemanha, 5% e o Japão, 9%.4
Alguns estudiosos afirmam que a globalização é um renascimento podendo
ser capaz de produzir uma revolução em todo o mundo nos planos de produção,
produtividade e riqueza, estabelecendo as nações e aos seus governantes uma
realidade à qual devem se ajustar ou não poderiam se manter nos novos rumos que
a economia global está tomando. Todavia não se sabe na prática, uma receita
pronta para o país ideal, orientando-se cada realidade por sua cultura nacional.
A globalização do ponto de vista do consumidor acaba se tornando uma
oportunidade de conforto e interesse econômico, pois, com a globalização de
produtos/serviços estes podem tê-los de diferentes formas e com qualidade, mesmo
que isso seja consumir produtos não nacionais, gerando maior competitividade.
Onde o papel do Estado diante desta nova realidade mundial torna-se um
aspecto muito discutido em seu ângulo político, do qual alguns estudiosos chegam a
afirmar que este poderá não ter utilidade alguma no processo da globalização,
acabando totalmente com sua influência ou participação.
Já do ponto de vista social, a globalização apresenta sinais de ser cada vez
menos inclusiva, aumentando a polarização entre países e classes quanto à
distribuição de riqueza, renda e emprego. Alguns economistas alegam que a
globalização está tomando proporções diferentes das quais foram difundidas, que
eram maior inclusão, homogeneidade entre nações e igualdade, alguns críticos

3 BATISTA JR, Paulo N. A cortina de fumaça da "globalização". Jornal do Economista, n. 92, Suplemento
Especial, Corecon-SP, Setembro, 1996.
4 BRAGA, José Carlos. A financeirização da riqueza. Economia e Sociedade, Campinas: Unicamp - Instituto de

Economia, n, 2, 1993.
afirmam que o que está havendo é uma maior desigualdade e má distribuição de
renda, apesar de toda integração que há atualmente.
De acordo com as análises pode-se dizer que a globalização é um fenômeno
contraditório, ou seja, não se trata de um movimento unidimensional, conduzido por
forças implacáveis, que vão padronizando e equiparando todas as situações
econômicas, sociais e institucionais pelo mundo.
É perceptível que o mundo se globalizou, mas também é evidente que o
mundo atual se fragmenta em pedaços, pelos crescentes nacionalismos e que se
fecha em blocos regionais, pois, o aumento da liberalização vem seguido de novos
protecionismos de toda ordem; o crescimento sem antecedentes da riqueza é
acompanhado de uma também crescente desigualdade de sua distribuição entre
ricos e pobres; o desenvolvimento da tecnologia e da produtividade é seguido de
enorme desemprego estrutural.
Contudo pode ser observado por estas colocações que a globalização é um
complexo processo de mudanças estruturais. Onde uns, a entende como um
processo novo e evolutivo que surgiu na Revolução Tecnológica, com a internet,
com as baixas das tarifas, maior liberalização do comércio internacional, inserção de
grandes organizações em países subdesenvolvidos, como a GM, enquanto outros
entendem que a globalização é uma ideologia, utopia vivida nos dias atuais, pois,
entendem que esta já existe desde a época das navegações quando ainda se
faziam negociações de escravos, e, o que está acontecendo hoje não passa de uma
evolução da economia do capitalismo.
Toda esta discussão de globalização só acaba tendo um consenso geral ao
ser afirmado que este fenômeno é algo irreversível e que afeta o mundo todo.

3 BATISTA JR, Paulo N. A cortina de fumaça da "globalização". Jornal do Economista, n. 92, Suplemento
Especial, Corecon-SP, Setembro, 1996.
4 BRAGA, José Carlos. A financeirização da riqueza. Economia e Sociedade, Campinas: Unicamp - Instituto de

Economia, n, 2, 1993.

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