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Lista de Exercícios:

Mundialização do Capital e Globalização

1. Explique a diferença entre mundialização e globalização, entre si


mesmas e em relação às instituições, mercado, movimentos de pessoas e
de mercadorias, financeiramente, mão-de-obra e sua movimentação e
oferta de oportunidades de empregos, inovações tecnológicas.

Quando se fala em mundialização do capital “globalização”, está se designando


bem mais do que apenas outra etapa no processo de internacionalização. Fala-
se na verdade, numa nova configuração do capitalismo mundial e nos
mecanismos que comandam seu desempenho e sua regulação. A
mundialização é o resultado de dois movimentos conjuntos estreitamente
interligados, mas distintos. O primeiro pode ser caracterizado como a mais
longa fase de acumulação ininterrupta do capita que o capitalismo conheceu
desde 1914. O segundo diz respeito às políticas de liberalização, de
privatização, de desregulamentação e de desmantelamento de conquistas
sociais e democráticas, que foram aplicadas desde o início da década de 1980.
O termo “mundialização do capital” traduz a capacidade estratégica de todo
grande grupo oligopolista, voltado para a produção manufatureira ou para as
principais atividades de serviços de adotar, por conta própria, um enfoque e
conduta “globais”, sendo que o mesmo vale, na esfera financeira, para as
chamadas operações de arbitragem. Ligar o termo mundialização ao conceito
de capital significa dar-se conta que graças ao seu fortalecimento e as politicas
de liberalização, o capital recuperou a possibilidade de voltar a escolher, quais
os países e camadas sociais tem interesse para ele. Países da África e da
América Latina, por exemplo, não são mais alcançados pela mundialização do
capital, o que resulta numa “exclusão” da esfera da atividade produtiva e atinge
parte da população, tanto em países industrializados, quanto em países em
desenvolvimento. Esta mundialização pode ser entendida como relações
politicas de rivalidade, de dominação e de dependência entre Estados no
âmbito da economia mundial. A globalização é o termo utilizado para designar
o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados,
dos meios de comunicação e dos transportes (Dicionário de Economia).
Segundo Oman (1994), a globalização deve ser entendida como um “processo
centrífugo e um fenômeno microeconômico”. Embora os progressos
tecnológicos e certas politicas tenham impulsionado a globalização desde o fim
da década de 1970, hoje o determinante essencial é a transformação em
profundidade do modo predominante de organização do trabalho. Seguindo as
normas ditadas por esses processos, instituições financeiras e potências
mundiais encontram pouca margem para agir senão em conformidade com as
posições definidas por tais mercados. Para a classe operária e as massas
trabalhadoras, o que o capital tende a restaurar é o regime do “tacão de ferro”.
A ascensão do capital financeiro foi seguida pelo ressurgimento de formas
agressivas e brutais de procurar aumentar a produtividade do capital, a
começar pela produtividade do trabalho. Tal aumento baseia-se no recurso de
apropriação da mais-valia, tanto absoluta como relativa, utilizadas sem
nenhuma preocupação com as consequências sobre o nível de emprego, ou
seja, o aumento brutal do desemprego, ou com os mecanismos viciosos da
conjuntura ditada pelas altas taxas de juros.

Fonte: François Chesnais: A mundialização do Capital

2. O que os países precisam se adaptar para que possa ser incluído na


Globalização?

A globalização é a expressão das “forças de mercado” e essa necessária


adaptação pressupõe que a liberalização e a desregulamentação sejam
levadas a cabo, que empresas tenham absoluta liberdade de movimentos e
que todos os campos da vida social, sem exceção, sejam submetidos à
valorização do capital privado. Conforme um estudo da OCDE, num mundo
caracterizado pela multiplicação de novas tecnologias, a globalização e a
intensa concorrência que se exerce em nível nacional e internacional, quando
os efeitos benéficos potenciais são talvez até maiores do que os que
resultaram da abertura das economias depois da Segunda Guerra Mundial, “é
essencial a adaptação aos modos de produção e intercâmbio que estão
surgindo. Para Oman (1994), a globalização deve ser entendida como um “um
processo centrífugo e um fenômeno microeconômico”. Ele acrescenta que
embora os progressos tecnológicos e certas políticas, especialmente a
desregulamentação de mercados, tenham impulsionado à globalização desde o
fim da década de 1970, conferindo-lhe, ao mesmo tempo, uma forma particular,
hoje o determinante essencial para um país estar incluso na globalização é a
transformação em profundidade do modo predominante de organização do
trabalho. No plano industrial portanto, é inevitável a adaptação aos novos
modos de produção adotados pelas empresas multinacionais. Para tal, não
basta somente adaptar os modos de produção, a globalização financeira não
pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta essa
adaptação.

Fonte: François Chesnais: A mundialização do Capital


3. Por que a Globalização é excludente? O que isso implica?

O termo “global” se refere à capacidade da grande empresa de elaborar, para


ela mesma, uma estratégia seletiva em nível mundial, a partir de seus próprios
interesses. Esta estratégia é global para ela, mas é integradora ou excludente
para os demais atores, quer sejam países, outras empresas ou trabalhadores.
O investimento interno direto suplantou o comércio exterior como vetor principal
no processo de internacionalização e esse IDE, caracteriza-se pelo alto grau de
concentração dentro dos países adiantados e esse acerto de alvo se fez às
custas dos países em desenvolvimento. O grau de interpenetração entre os
capitais de diferentes nacionalidades aumentou. O investimento internacional
cruzado e as fusões-aquisições transfronteiras engendram estruturas de oferta
altamente concentradas a nível mundial. Sobre essa base, houve o surgimento
de oligopólios mundiais num número crescente de indústrias, constituídos,
sobretudo, por grupos americanos, japoneses e europeus que delimitam entre
si um espaço privilegiado de concorrência e de cooperação. Esse espaço é
defendido contra a entrada de novos concorrentes de fora da área da OCDE,
tanto por barreiras de entrada de tipo industrial, quanto por barreiras comerciais
regidas pelo GATT. Esse capital muito concentrado, que conversa a forma
monetária, a qual favoreceu, com grandes lucros, a emergência da
“globalização financeira”, torna a globalização excludente. Com exceção de uns
poucos “novos países industrializados”, que haviam ultrapassado, antes da
década de 80, um patamar de desenvolvimento industrial que lhes permite
introduzir mudanças na produtividade do trabalho e se manterem competitivos,
está em curso um nítido movimento tendente à marginalização dos países em
desenvolvimento. Esse movimento caracterizou-se, na década de 80, por um
claro recuo dos IEDs e das transferências de tecnologia aos países em
desenvolvimento, bem como por um começo de exclusão de vários países
produtores de produtos de base, em relação ao sistema de intercâmbio.

Fonte: François Chesnais: A mundialização do Capital

4. Como as novas tecnologias contribuíram para a efetivação da


Globalização?

Beneficiando-se simultaneamente do novo quadro neoliberal e da programação


por microcomputadores, os grupos industriais (manufatureiros e das grandes
atividades de serviços) puderam reorganizar as modalidades de sua
internacionalização e, também, modificar profundamente suas relações com a
classe operária, particularmente no próprio setor industrial. O grande aumento
de produção no setor de manufaturas e nas atividades de serviços
concentradas “industrializadas”, bem como a espetacular recuperação de
rentabilidade do capital investido nesses setores, deve-se à ação combinada
de fatores tecnológicos e organizacionais. Cada passo dado na introdução da
automatização contemporânea, baseada nos microprocessadores, foi uma
oportunidade para destruir as formas anteriores de relações contratuais, e
também os meios inventados pelos operários, com base em técnicas de
produção estabilizadas, para resistir à exploração no local de trabalho. A
implementação da produção “sem gorduras de pessoas” não elimina o
interesse das multinacionais por locais de produção de baixos salários, mas
elas não precisam mais deslocar-se milhares de quilômetros para achar esses
locais, de forma a garantir a efetivação do processo de globalização no mundo.

Fonte: François Chesnais: A mundialização do Capital

5. Explique os dois movimentos conjuntos que propiciaram a


mundialização e a globalização.

A mundialização deve ser pensada como uma fase específica do processo de


globalização do capital e de sua valorização, à escala do conjunto das regiões
de onde há recursos ou mercados, e só a elas. A mundialização é o resultado
de dois movimentos conjuntos estreitamente interligados, porém distintos. O
primeiro pode ser caracterizado como a mais longa fase de acumulação
ininterrupta do capital que o capitalismo conheceu desde 1914. O segundo diz
respeito às políticas de liberalização, de privatização, de desregulamentação e
de desmantelamento de conquistas sociais e democráticas, que foram
aplicadas desde o início da década de 1980. A perda, para a esmagadora
maioria dos países capitalistas, de boa parte de sua capacidade de conduzir
um desenvolvimento parcialmente autocentrado e independente; o
desaparecimento de certa especificidade dos mercados nacionais e a
destruição, para muitos Estados, da possibilidade de levar adiante políticas
próprias, não são consequência mecânica da globalização. Sem a intervenção
política ativa dos governos Thatcher e Reagan, e também do conjunto dos
governos que aceitaram não resistir a eles, e sem a implementação de políticas
de desregulamentação, de privatização e de liberalização do comércio, o
capital financeiro internacional e os grandes grupos multinacionais não teriam
podido destruir tão depressa e tão radicalmente os entraves e freios à liberdade
deles de se expandirem à vontade e de explorarem os recursos econômicos,
humanos e naturais, onde lhes for conveniente.

Fonte: François Chesnais: A mundialização do Capital

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