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As ideias neoliberais e a nova concepção sobre o Estado

O neoliberalismo é uma releitura da doutrina econômica liberal, que considera que o


mercado deve servir de base para a organização da sociedade. Esta ideologia nasce como uma
crítica teórica e política às ideias keynesianas e aos defensores da intervenção do Estado na
economia. Um dos textos precursores da ideologia neoliberal foi Friedrich Hayek, que em 1944
escreveu “O caminho da servidão”, livro com fortes críticas ao Partido Trabalhista inglês.
Contudo, a disseminação das ideias neoliberais se fortalece apenas a partir dos anos 1970,
através do economista Milton Friedman e dos demais teóricos da Escola Monetarista de Chicago,
que defendiam o livre funcionamento do mercado, sem controles inibidores do Estado, como um
caminho para superar a crise de 1973. Segundo eles, isso promoveria o aumento da produção,
geração de emprego e de renda, proporcionando efeitos socioeconômicos positivos.

O neoliberalismo propõe uma valorização da competição entre pessoas e da liberdade de


comércio, ao mesmo tempo em que defende a desregulamentação da economia (controles públicos
menos rígidos das atividades econômicas) e a privatização das empresas estatais como as usinas
de energia, as indústrias de base, a construção e administração de estradas, a administração de
portos e até parte de setores de fundamental interesse público, como saúde e educação. Para os
neoliberais, tais medidas são necessárias pois, ao enxugar os gastos sociais e outros investimentos
públicos, o governo tende a diminuir impostos e estimular atividades produtivas.
Inicialmente, a política econômica neoliberal foi aplicada, a partir dos anos 1970 e 1980, pelo
governo ditatorial de Augusto Pinochet (Chile) e pelos governos democráticos de Margareth
Thatcher (Reino Unido) e Ronald Reagan (Estados Unidos), tendo se tornado uma tendência global
a partir dos anos 1990. Entretanto, as ideias neoliberais têm sofrido fortes críticas de diversos
teóricos de outras correntes do pensamento social e econômico, dentre as quais se destacam as
realizadas por economistas neokeynesianos, como Paul Samuelson, Joseph Stiglitz e Paul
Krugman.

Segundo estes, a economia de mercado tem se caracterizado por um alto grau de


imperfeições, sendo incapaz de resolver, por si só, todos os problemas que afetam uma sociedade,
especialmente pela existência de uma assimetria de informações e oportunidades. Desta forma, os
neokeynesianos defendem que a economia de mercado seja regulada pelo estado afim de
minimizar as contradições presentes no sistema capitalista.

Fase de abertura econômica e desnacionalização (1985 até Hoje)


Com o fim do regime militar e o início da redemocratização, o Brasil experimentou sucessivos
planos econômicos que visavam conter a inflação e estabilizar a macroeconomia do país. Daí em
diante, houve uma série de reformas que ampliaram a inserção da economia brasileira no mercado
mundial, alterando a estrutura e a distribuição espacial do nosso parque industrial.
Desde 1985, ainda com o presidente José Sarney (Veja o BOX), a industrialização brasileira
deixou para trás a substituição de importações e entrou na fase de abertura econômica,
caracterizada pela entrada de muitas novas multinacionais e pela diminuição do papel do Estado e
das empresas estatais na economia, em consonância com o cenário internacional e a ideologia
econômica dominante na época.
O GOVERNO SARNEY (1985 – 1989)

O fim da ditadura militar se dá a partir de uma série de fatores externos e internos, dentre eles
destacamos no âmbito internacional o fim da Guerra Fria e em nível nacional a intensa crise econômica
que corrói a popularidade do regime. Neste contexto, Tancredo Neves é eleito indiretamente, porém
com sua morte, assume José Sarney.

O período Sarney é marcado pela superinflação e para combatê-la lança o Plano Cruzado. Este
plano decretou o congelamento artificial dos preços, reajuste salarial em 15% e o lançamento de uma
nova moeda, o Cruzado. Em um primeiro momento o plano de Sarney parecia ter dado certo, tanto
que seu partido, o PMDB, elegeu a maioria esmagadora dos governadores em 1986. Porém houve
uma defasagem do preço real de alguns produtos e a partir daí um desabastecimento, com
desaparecimento de vários produtos das gôndolas dos mercados, com destaque para a carne, óleo,
arroz e feijão. A partir da pressão dos produtores e grandes comerciantes, Sarney lança o Plano
Cruzado II permitindo o reajuste dos preços. O resultado foi reajuste da gasolina em 60%, energia
elétrica em 120% e outras mercadorias reajustadas em mais de 100%, chegando a uma inflação de
79% em 1986.

Em 1987, diante do caos econômico, o governo brasileiro aplica uma moratória, ou seja,
suspende o pagamento aos credores internacionais, gerando uma forte queda da confiança e dos
investimentos produtivos. Neste ano o Brasil chegou a ter mais de 1000% de inflação. Este período (a
década de 1980) é marcado por forte crise econômica e ficou conhecido como “A década perdida”.

Tais políticas começaram a ser implementadas no governo Sarney, responsável por iniciar
o deslocamento do Estado para as áreas de fiscalização e regulamentação. Dentre as medidas
tomadas em seu governo está o início do processo de privatizações – ainda de forma incipiente,
mas que foi responsável por transferir ao setor privado 17 empresas estatais, dentre as quais a
Aracruz Celulose.
A privatização de empresas estatais se aprofunda nas três gestões seguintes, de Collor de
Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, que compartilharam de visões ideológicas
semelhantes sobre o papel do Estado na economia, o que levou à adoção de políticas econômicas
relativamente parecidas. Logo, a década de 1990 é marcada pela implementação de medidas
neoliberais, que incluíram também a concessão de portos, ferrovias, hidrelétricas e rodovias; a
diminuição e/ou eliminação de tarifas, cotas de importação e reservas de mercado, estimulando a
entrada de produtos e serviços importados; e a eliminação dos monopólios estatais nas áreas de
petróleo e telecomunicações, permitindo a participação do capital privado estrangeiro nos leilões
de privatização.
A abertura do mercado brasileiro aos bens de consumo e de capital exerceu grande
influência no processo de industrialização do
Brasil. Houve uma modernização parcial das Desemprego Estrutural: é consequência das
atividades industriais e, com isso, o aumento do mudanças estruturais na economia, tais como
desemprego estrutural. mudanças nas tecnologias de produção ou nos
padrões de demanda dos consumidores (uma vez
que a mudança de gostos pode tornar obsoletas
certas profissões). No tocante às mudanças
tecnológicas, basta pensarmos como exemplo uma
montadora de veículos que, ao promover a
automatização de sua produção, dispensa inúmeros
trabalhadores agora desnecessários diante a
capacidade de robôs. Com relação à mudança no
padrão da demanda dos consumidores, isso se
explicaria ao se pensar na antiga profissão do técnico
em consertar máquinas de escrever - equipamento
absolutamente obsoleto – o qual perderia sua função
na era da informática sem uma reciclagem
profissional.

Desconcentração da atividade industrial


A dinâmica da globalização, possibilitada pela revolução técnica (transporte e comunicação)
da Terceira Revolução Industrial, permitiu que as indústrias se espalhassem pelo mundo. O termo
industrialização deixou de estar associado apenas aos países ricos. A localização industrial passou
a ser definida pelas vantagens competitivas, como a flexibilização das leis trabalhistas, ambientais
ou as mais diferentes isenções fiscais. Isso provocou a denominada Guerra dos Lugares ou Guerra
Fiscal. Nesse processo, as regiões excluídas tendem a ficar cada vez mais de fora, pois não
conseguem oferecer tais demandas.
A partir da década de 1990, intensificou-se o processo de inserção do Brasil no mundo
globalizado. A abertura econômica fez com que diversas indústrias nacionais, acostumadas a
políticas de proteção governamental, fechassem as portas ou fossem vendidas para grandes
grupos. Ao mesmo tempo, os estados e municípios passaram a competir para conquistar as
unidades fabris das indústrias. É nesse momento que, pela primeira vez, se observa uma relativa
desconcentração industrial no Brasil.
Não só indústrias se deslocaram, como também a mão de obra. Os donos das indústrias
passaram a buscar mão de obra mais barata e lugares onde os sindicatos não eram tão atuantes.
Mesmo no estado de São Paulo, o mais equipado do país quanto à infraestrutura de energia e
transportes, historicamente houve maior concentração de indústrias na Região Metropolitana de
São Paulo.
Atualmente seguindo uma tendência já verificada em países desenvolvidos tem ocorrido um
processo de deslocamento das indústrias em direção às cidades médias em todas as regiões do
país, como as que receberam a instalação dos parques tecnológicos. O desenvolvimento da
informática e a modernização da infra-estrutura de produção de energia, transporte e
telecomunicação criaram condições de especialização produtiva por intermédio da integração
regional. Nas regiões buscam-se atualmente, a especialização em poucos setores da atividade
econômica e a aquisição, em outros mercados (do Brasil ou do exterior), dos bens de consumo que
atendam ao cotidiano da população.

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