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INTRODUÇÃO
Desta forma, o objetivo do presente texto é analisar este novo processo de integração
regional desencadeado na América Latina. Para isto será necessário observar o
desenvolvimento do bloco ao longo dos anos, e, também, tirar algumas observações de se
realmente está ocorrendo alguma mudança para estes países em relação as suas posições de
dependentes ou se estão só afirmando as suas posições de países dependentes.
1
Graduando em Ciências Econômicas pelo Instituto Multidiciplinar/UFRRJ.
brunoduarte@bol.com.br
2
Graduando em Ciências Econômicas pelo Instituto Multidiciplinar/UFRRJ.
igoracguimaraes@gmail.com. A produção do presente artigo contou com a orientação da Prof.ª. Dr.ª. Elena
Soihet do Instituto Multidisciplinar/UFRRJ.
Para tanto, se fez necessário partir de uma base teórica que vai além da teoria das
integrações e que também faz uma análise histórica que demonstra a característica destes
países no sistema global do capital na primeira seção. Na segunda parte é feita uma síntese
histórica econômica dos países, de forma a demonstrar suas semelhanças. Em seguida,
partiremos para a análise do bloco. Por fim, temos os resultados a priori da pesquisa e
algumas conclusões de questões levantadas ao longo do artigo.
Porém, existem ideias contrárias a estas, autores como Bosco3, acham que a
formação de blocos é “uma escalada no sentido da abolição de fronteiras, pelo menos
econômicas, constituindo uma regionalização do espaço que tende a se tornar integralmente
global” (PETRI; WEBER, 2006:78-93). Ou seja, um estágio para alcançar um nível superior
de globalização.
Ademais, o fato é que no século XXI está ocorrendo uma grande escala de
integrações econômicas e o consenso que impera hoje é o que condiz com os blocos serem
uma via para um novo nível de globalização, tendo em vista que “as motivações de acordos
[já] a partir dos anos 1990 foi claramente no sentido de romper barreiras e unificar mercados”
(ALMEIDA, 2013:20).
3
João Bosco M. Machado. Mercosul: processo de integração – origem, evolução e crise. São Paulo:
Aduaneiras, 2000 p. 19.
Contudo, podemos entender as integrações econômicas como o ato de um ou mais
país reduzirem ou eliminarem suas barreiras comerciais. Uma decisão desta parte da iniciativa
governamental. As motivações para os governos firmarem acordos de integração foram
estudadas em um artigo por Whalley (1998), em resumo podemos citar: a possibilidade de
ganhos advindos do comércio pelo maior acesso aos mercados, o fortalecimento de reformas
políticas domésticas; o aumento do poder de barganha nas negociações multilaterais no
âmbito da OMC ou mesmo inter-regionais; assegura aos países pequenos o acesso a mercados
de países grandes; e formar alianças estratégicas podem prevenir futuros conflitos.
No entanto, é consenso hoje a ideia de que um país tem muito mais a ganhar se
entrar em uma integração do que a perder. E em um mundo cada vez mais globalizado, cada
vez mais é necessário se integrar comercialmente para se inserir no mercado mundial.
Podemos dividir uma integração econômica em fases com cada uma contendo um
grau maior de aprofundamento. Estas fases foram explicadas por More (2002) e são
apresentadas aqui em resumo: Começa na zona de livre comércio; avança para a união
aduaneira; e chegasse ao mercado comum; após isto avançasse para uma união econômica; e,
por fim, o maior grau de integração é alcançado quando há a unificação das políticas fiscais,
monetárias e sociais, sendo necessário uma autoridade supranacional.
SÍNTESE HISTÓRICA
Durante a década de 90, o Peru passa pelo mesmo processo de liberalização, mas sob
a liderança autoritária de Fujimori que no seu segundo ano de mandato, em 1992, promove
um autogolpe contra o Congresso, concentrando assim o poder no Executivo (BARROS;
HITNER, 2010:149-151). Foram abolidos instrumentos de intervenção na economia,
liberalização do mercado de trabalho, com flexibilização das jornadas e maior facilidade nas
demissões. O processo de privatização foi acelerado e leis para a promoção de IED de grande
escala em recursos naturais foram decretadas. (THORP, 2002:4).
A Colômbia, que fora a recessão com a crise asiática, recupera-se. O setor mineral,
em tendência de alta desde a década de 1990, passa a liderar nas exportações, e uma retração
da agricultura e manufaturados, este último agravado por uma crise política com a Venezuela,
sua principal importadora. (OCAMPO, 2015:4-11).
Neste período, para o Peru “o papel das exportações também foi importante para o
crescimento econômico” (MEYER, 2010:46). Durante o boom das commodities, o setor
mineral representou 60% do total de exportações. Segundo Barros e Hitner, a abertura nos
anos 1990, “trouxe uma quantidade expressiva de IED, especialmente para a mineração” na
década seguinte, colaborando para a economia peruana conseguir “os mais significativos
índices de crescimento da América do Sul na década de 2000” (BARROS; HITNER,
2010:154).
O México, por sua vez, acabou prejudicado. O país já não era mais um grande
exportador de commodities, mas sim de manufaturados desde a década de 1980,
representando 83% das exportações no período 2000-2005. A competição chinesa, deste
modo, tomou-lhe espaço no mercado de manufaturados, em especial nos EUA. (HANSON,
2010:1000)
A ALIANÇA DO PACÍFICO
Desta forma, conforme estabelecido pelo “Acuerdo marco de la Alianza del Pacífico4
”, os objetivos específicos almejados pelos países que constituem o bloco é construir, de
maneira participativa e consensual, uma área de integração profunda para avançar
4
“Acuedo marco de la Alianza del Pacifico”disponível em https://alianzapacifico.net/?wpdmdl=4464.
progressivamente para a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas. Também, é um
objetivo impulsionar um maior crescimento, desenvolvimento e a competitividade das
economias envolvidas, com vista a alcançar um maior bem-estar, a superação da desigualdade
e inclusão social de seus habitantes. Por fim, o bloco tem o objetivo de se tornar uma
plataforma de articulação política, de integração econômica e comercial, e de projeção para o
mundo, com ênfase na Ásia-Pacífico.
A partir desses objetivos, podemos observar que o bloco não leva em consideração a
extensa bibliografia sobre o caráter dependentes destes países, estando assim enviesados pelas
teorias que ignoram as especificidades do modo de produção capitalista nos países onde este
se determina.
RESULTADOS PRELIMINARES
Em relação aos objetivos conquistados pelo Bloco, pode-se afirmar que são de longo
prazo, assim o bloco não chegou a concluir nenhum específico desde o início da ideia em
2011, mas o que se tem visto é a implantação de políticas de profunda integração. Como, por
exemplo, o Mercado Integrado Latino-americano (MILA) que é resultado de um acordo entre
as bolsas de valores de Santiago (Chile), Colômbia e Lima (Peru), com o objetivo de
promoção da integração financeira entre as bolsas de seus membros. Em uma reunião da AP
em 2014, o México oficializou sua adesão ao MILA, realizando a primeira transição com este
mercado neste mesmo ano. Também, ao longo dos anos surgiu a “Plataforma de Mobilidade
Acadêmica e Estudantil”, programa que busca proporcionar bolsas de estudo para estudantes e
professores dos países membros da AP que desejam estudar em um desses países.
REFERÊNCIAS
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