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REGIONALIZAÇÃO DO MUNDO EM BLOCOS ECONÔMICOS


Em resposta ao mundo globalizado, os Estados procuram se adequar aos novos papéis, uma vez que a ordem
globalizante, de certa forma os enfraquece, alterando profundamente o seu papel. A partir daí, ficam reforçados os
pontos regionais, onde através de acordos vários países buscam a integração econômica, removendo as fronteiras
protecionistas da Guerra Fria, essa busca de integração origina os blocos econômicos, que não deixam de ser uma
maneira de se reagir as imposições dos mercados globais e isso é feito com a reavaliação dos relacionamentos locais,
assim vai se configurando o processo de regionalização com a formação de Blocos Econômicos.

Diferença entre Cooperação Econômica e Integração Econômica


• Cooperação Econômica - busca a redução das barreiras alfandegárias para flexibilizar as transações entre os
países cooperados.
• Integração Econômica - supressão total de barreiras para criar um mercado único, sem obstáculos fronteiriços.
As formas de regionalização e a profundidade da integração diferem, pois dependem do grau de integração a
que o grupo esteja disposto a constituir, como por exemplo: zonas de livre comércio, união aduaneira ou mercado
comum:

1. Zona de Livre Comércio


Estabelece o livre comércio de mercadorias e investimentos entre os países membros e a gradual eliminação
das taxas de importação e tarifas alfandegárias. limita-se ao âmbito comercial.

2. União Aduaneira
O objetivo desse tipo de associação é criar uma zona de livre comércio coma a adoção de uma tarifa externa e
uma política comercial comum aos países membros, para comércio com os outros países. Ocorre quando uma região
acorda entre si a unificação das tarifas alfandegárias internas - TIC (Tarifa Interna Comum) e das tarifas externas -
TEC (Tarifa Externa Comum).

3. Mercado Comum
Além da livre circulação de mercadorias, serviços, mão-de-obra e capitais, o mercado comum abrange as leis
industriais, financeiras, ambientais e educacionais. Objetiva a uniformização das políticas econômicas e monetárias,
com vistas a integrar a produção dos membros e criar um mercado regional competitivo.

4. União Monetária
Estágio mais avançado e complexo, pois no interior do bloco é criada uma moeda única. Nesta categoria se
encontra a União Europeia, cuja moeda o Euro está há vários anos circulando em 12 dos seus 27 membros.

5. Zona de Investimentos
Tipo de bloco em que não ocorre formalidade, ou seja, não existe o Tratado de Integração e sim acordos
bilaterais entre os países da região. A individualidade desse tipo de bloco é a política econômica baseada em políticas
de exportação.

ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE (NAFTA)


No final da década de 1980, os desafios econômicos associados ao fim da Guerra Fria levaram os estados Unidos
a retomar o crescimento econômico e a competitividade comercial. Uma das estratégias foi sua articulação com o
Canadá e México para a criação de uma associação que se efetivou em 1994, com o Acordo de Livre Comércio da
América do Norte (NAFTA).
A criação desse bloco é fruto de uma política de integração regional desenvolvida pelos Estados Unidos, sob o
comando inicial de George Bush, com o fim da bipolaridade. O NAFTA seria o primeiro passo que, posteriormente,
deveria ser seguido pela ALCA, projeto que ainda não vingou. Esse bloco surge inicialmente de acordo bilateral
envolvendo Canadá e Estados Unidos no fim da década de 1980, pouco depois o México integrou-se ao projeto.
Os principais objetivos desse acordo eram: - garantir aos países participantes uma situação de livre comércio,
derrubando as barreiras alfandegárias e facilitando o comércio de mercadorias entre os países membros; - reduzir os
custos comerciais entre os países membros; - ajustar a economia dos países membros para ganhar competitividade
no cenário de globalização econômica; - aumentar as exportações de mercadorias e serviços entre os países membros;
- ampliar mercados para as grandes corporações ou multinacionais.
As vantagens conferidas aos países membros deste acordo eram: - Empresas dos Estados Unidos e Canadá
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conseguem reduzir os custos de produção, ao instalarem filias no México, aproveitando a mão de obra barata e leis
mais flexíveis; - o México ganha com a geração de empregos em seu território; - o México exporta petróleo para os
Estados Unidos, aumento a quantidade dessa importante fonte de energia na maior economia do mundo; - a produção
industrial mexicana, assim como as exportações, têm aumentado significativamente nas últimas décadas; - a geração
de empregos no México pode ser favorável aos Estados Unidos, no sentido de poder diminuir a entrada de imigrantes
ilegais mexicanos em território norte americano e; - todos os países membros podem, negociando em bloco, ganhar
vantagens com relação aos acordos comerciais com outros blocos econômicos.

Como consequências de sua implantação, O NAFTA aumentou os investimentos no México, assim como
aumentou a dependência de Canadá e México em relação aos Estados Unidos.

A Resistência ao NAFTA
Uma das mais significativas resistências ao NAFTA vem do México, precisamente de Chiapas, área ao sul do
país, região de desenvolvimento precário e habitada na sua maior parte por camponeses descendentes dos antigos
maias. Segundo Vesentini, “em 1994, justamente o ano em que os acordos do NAFTA começaram a vigorar, surgiu
um movimento que recebe forte apoio popular na região e que reivindica melhorias econômicas e sociais para Chiapas.
São os zapatistas, como gostam de ser chamados (o nome vem de Zapata, um dos líderes das rebeliões camponesas
no início do século XX), constituídos principalmente por indígenas ou descendentes destes. Eles iniciaram uma rebelião
armada, que deu origem a choques com o exército mexicano, dos quais resultaram centenas de mortes. Lembrando
que os zapatistas formam um movimento antiglobalização”.
Existem muitas críticas ligadas aos aspectos negativos do NAFTA, principalmente na política interna de seus
países membros. No cenário mexicano, a crítica que se faz é a intensificação da dependência econômica do país em
relação aos estados Unidos, além de o bloco proporcionar uma acentuada diferença negativa na balança comercial
entre os dos países, critica-se também a grande entrada de produtos de empresas norte americanas que, bem mais
equipados, promovem concorrência desleal com os produtos locais, principalmente os agropecuários.

Nos Estados Unidos, produtores rurais e trabalhadores da indústria também se colocaram contrários ao NAFTA
pela perda de postos de trabalho provocadas pela migração das fábricas para o México.

O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)


Formação do MERCOSUL
O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é um bloco econômico constituído para realizar a liberalização do
comércio entre os países associados e promover ações na busca do desenvolvimento econômico-social dos países
envolvidos. A união visa a ampliação dos mercados nacionais e o desenvolvimento econômico dos parceiros. As regras
de funcionamento são poucas – 26 artigos do Tratado de Assunção e 56 no Protocolo de Ouro Preto.

Países Membros:
Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai iniciaram o bloco em 1991, e Venezuela entrou em 4 de julho de 2006,
esses cinco formam o Mercosul.

Características Gerais:
É formado por países periféricos sendo considerado um bloco sub-regional já que sua influência está limitada à
América do Sul. Segue o modelo da União Europeia apesar de estar em um estágio de integração insipiente, pois está
na fase da União Aduaneira (livre circulação de mercadorias e tarifa externa comum).
O MERCOSUL foi criado em março de 1991 quando Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado
de Assunção, que corresponde a um acordo de livre comércio. No entanto, somente em 1995 foi formada oficialmente
a União Aduaneira entre esses países através do protocolo de Ouro Preto, o qual cria a estrutura institucional do bloco.
A Bolívia e o Chile (1996), o Peru (2003) e a Colômbia e o Equador (2004) participam do MERCOSUL como
membros associados, ou seja, suas relações com os demais países do bloco restringem-se ao âmbito da zona de livre
comércio, não participando da União Aduaneira nem das negociações que envolvem aspectos relacionados à criação
do mercado comum.

Em 2005 a Venezuela foi admitida como membro pleno do MERCOSUL, mas a efetivação da adesão ocorreu
somente em 2012, quando o Paraguai, cujo senado não aceitava a entrada da Venezuela, foi suspenso do bloco. A
suspensão do Paraguai deu-se em função da deposição do presidente Fernando Lugo, retirado do poder num processo
de impeachment que duraram 30 horas. Os demais governantes do MERCOSUL entenderam que foi um golpe.
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A Venezuela representa um mercado importante para o produto dos demais membros, particularmente para o
Brasil. Parceira entre os dois países no setor petrolífero são consideradas estratégicas para ampliar a capacidade de
produção, refino e transporte, tanto de petróleo como o de gás. O bloco torna-se uma potência em ternos petrolíferos,
considerando que a Venezuela tem as maiores reservas do globo e o Brasil tem todo o potencial do pré-sal. Nessa
perspectiva, a ampliação do MERCOSUL pode não ser bem-vista pelas potências ocidentais, particularmente pelos
EUA.
Os países membros do MERCOSUL representam cerca de 40% da população latino-americana e mais da metade
de todo o valor produzido pela economia dessa parte do continente. Ao longo da década passada, as relações
comerciais entre os países membros tiveram avanços, e alguns projetos de infraestrutura como estradas, hidrovias e
hidrelétricas foram desenvolvidos, levando em conta o crescimento desse mercado.
Alguns setores econômicos dos países que integram o bloco ficaram prejudicados com a concorrência externa,
mas no início as trocas comerciais se intensificaram. Várias empresas instalaram-se no Uruguai e, principalmente na
Argentina. Diversos produtos agropecuários e alimentícios uruguaios e, sobretudo argentinos passaram a ser vendidos
em maior quantidade no mercado brasileiro. No entanto, é significativo o superávit do Brasil com os parceiros do
MERCOSUL, uma vez que a capacidade de produção industrial é bem superior ao dos demais países do bloco.

O turismo foi outro setor que registrou forte crescimento entre os países do MERCOSUL, em parte por conta da
facilidade de trânsito, com a eliminação de visto de entrada para cidadãos dos países membros.
Em 2011, a Argentina passou a impor restrições aos produtos importados afetando inclusive as exportações
brasileiras. Os argentinos vinham enfrentando nesse período uma fuga de capitais (saíram do país no ano, cerca de
20 bilhões de dólares), e tentavam manter a balança comercial em alta. Entretanto, essas restrições contrariavam as
regras da OMC, e a União Europeia e os EUA entraram com ação junto à organização. Tais medidas fizeram o comércio
entre os dois maiores parceiros do MERCOSUL, Brasil e Argentina, recuar em 2012.
Apesar de para uma enorme quantidade de produtos ainda não vigorar a tarifa externa comum, que caracteriza
de fato a União Aduaneira, o bloco tem tomado iniciativas importantes nas negociações comerciais no âmbito da OMC
e com os outros blocos, como a União Europeia, que atendam aos interesses comuns dos países do MERCOSUL, além
de alianças com os países sul-americanos.
Um exemplo disso foi o acordo assinado em 2007 com Israel para a formação de uma zona de livre comércio.
O acordo prevê para 2017 que 95% das exportações do MERCOSUL para Israel e 97% das importações tenham
imposto zero.

Objetivos do MERCOSUL
O mercado ampliado que representa o MERCOSUL para a economia dos membros é o primeiro passo deles para
se adaptarem à globalização. Tem como objetivo unir esforços dos países vizinhos do cone sul, no sentido de fortalecer
as suas economias e, a médio e longo prazo, prepará-las para enfrentar a concorrência com países de outras regiões.
Para atingir tais objetivos, os países adotaram as seguintes medidas:
➢ Redução gradativa das barreiras alfandegárias entre os países, criando uma zona de livre comércio, além da
criação de uma tarifa externa comum em relação ao comércio exterior com as nações não pertencentes ao
MERCOSUL (fase da União Aduaneira).
➢ Adoção de iniciativas em conjunto, no que refere à viabilização de obras de infraestrutura, a exemplo das eclusas
sobre os rios da bacia Platina no intuito de completar a hidrovia pelo porto de Buenos Aires.
Essa iniciativa deverá baratear os custos de transporte e assim elevar a competitividade dos produtos do
MERCOSUL, sobretudo os agropecuários.
Consequências do MERCOSUL
➢ O aumento dos desníveis regionais por não trazer um desenvolvimento regional mais equilibrado, pois as regiões
já desenvolvidas foram as mais beneficiadas, como o centro sul brasileiro e os pampas argentinos. Por outro
lado, as regiões menos desenvolvidas tendem a permanecer como periferias secundárias, a exemplo do
Nordeste e Amazônia no Brasil e a Patagônia na Argentina. Essas regiões estão sendo preteridas pelos fluxos
de investimentos regionais e estrangeiros porque não apresentam vantagens como boa localização, mão de
obra qualificada, infraestrutura e amplo mercado consumidor.

➢ Aumento do desemprego no Brasil, onde a competição foi muito sentida no campo. A rápida entrada de
mercadorias da argentina e do Uruguai, combinada com a falta de crédito e com os juros altos, afetou os
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produtores agrícolas. O custo da queda das barreiras foi bastante sentido na pequena economia do Uruguai.
Assim como na Argentina, alguns segmentos industriais acabaram fechando as portas em função da
concorrência representada pelos produtos industriais brasileiros.

➢ Aumento da concorrência para a agropecuária brasileira gerada pela maior competitividade da agropecuária
argentina, associada a abertura ampla e irrestrita da economia brasileira com o MERCOSUL, está provocando a
quebra de pequenos e médios produtores nacionais, que sem a ajuda odo estado, não conseguem competir
com a produção argentina.

➢ O aumento do comércio intrarregional devido às facilidades de circulação de mercadorias, com a redução das
barreiras alfandegárias a partir de 1991. “Os resultados práticos do MERCOSUL foram surpreendentes e sua
implantação mais do que triplicou a troca entre os países membros, levando de US$ 3,9 bilhões em 1990 para
US$ 12,4 bilhões em 1995c com um crescimento de 212,0 %” (O Estado de São Paulo, 13/04/1997).

A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA)


A passagem dos anos 1980 para a década de 1990 é simbólica quanto a reestruturação da dinâmica econômica
e de poder no mundo. Nesse sentido, os Estados Unidos redefinem suas formas de inserção dentro da nova ordem
que se descortina no âmbito mundial.
George Bush (pai) lança as bases de uma política regionalista de integração econômica, “iniciativa para as
américas”, cujo NAFTA representava o primeiro passo e a ALCA (Acordo de Livre comércio das Américas) seria o
segundo e decisivo passo, mas, para muitos, essa ação seria a retomada da política “América para os Americanos”
montada no século XIX.

No ano de 1994, foi assinada por 34 países da América, a carta de intenções que cria as diretrizes para a
implementação da ALCA. A formação de um bloco econômico de livre comércio nas américas tem por objetivo eliminar,
gradativamente, as barreiras alfandegárias entre os países. Em função do bloqueio econômico que sofre, imposto
pelos Estados Unidos, Cuba não faz parte desse acordo.
O projeto de formação da ALCA surgiu com o fim da “Guerra Fria”, quando se redefiniam as relações de poder
no mundo, caracterizando-se como um novo instrumento de política imperialista dos Estados Unidos na América. Este
projeto reúne 34 países, exceto Cuba, com PIB aproximado de 23 trilhões de dólares. Ressalta-se que este projeto
está parado desde novembro de 2005, quando ocorreu a última Cúpula das Américas.
Os principais entraves do projeto devem-se: às fortes resistências populares internas de países latinos contra o
bloco, visto que a ALCA era tida como símbolo da dominação norte americana sobre todo o continente americano; e
às divergências entre Brasil e Estados Unidos com relação ao protecionismo e subsídios agrícolas.

A União Europeia
A Europa sempre ocupou lugar de destaque no processo de expansão do capitalismo, sendo o centro de poder
no mundo. Durante séculos XIX e início do século XX, as potencias europeias comandaram grandes impérios coloniais,
e até a I Guerra Mundial (1914 a 1918), o mundo era eminentemente eurocêntrico com o poder centrado em torno
das grandes potências europeias. Essa condição começou a se quebrar com a I Guerra Mundial e se consolidou com
a II Guerra Mundial (1939 a 1945), responsável pela destruição da Europa.

O Início da Integração na Europa


Projetos de cooperação e integração econômica também foram caminhos que os países começaram a trilhar na
perspectiva de superação das adversidades criadas pela II Guerra Mundial, como a destruição de estruturas produtivas
e aguçamento das rivalidades entre países no continente. Considerada por muitos como o ponto de partida para a
integração europeia, a declaração Schuman foi proferida pelo ministro francês dos negócios estrangeiros, Robert
Schuman em 1950. Nela se propunha a criação da Comunidade europeia do Carvão e do Aço (CECA), com vista
a instituir um mercado comum de carvão e do aço entre os países fundadores.
Os países membros fundadores da CECA eram: França, República Federal da Alemanha, Itália, Países Baixos,
Bélgica e Luxemburgo. Esta foi a primeira de uma série de instituições que deram origem a atual União Europeia. Os
países europeus, determinados a deixar de lado antigas rivalidades, chegaram a conclusão de que a elaboração de
projetos de cooperação, no caso específico do carvão e aço, seria o caminho para consolidar uma condição de paz,
bem como abrir caminhos para o soerguimento da Europa. Entendeu-se que a união dos interesses econômicos
contribuiria para fazer avançar o padrão de vida e constituiria o primeiro passo para uma Europa mais unida.
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A Comunidade Econômica Europeia (CEE) e o Mercado Comum Europeu (MCE)


A União Europeia (UE) foi criada foi criada pelo Tratado de Roma, assinado em 25 de março de 1957, com o
nome de Comunidade Econômica Europeia (CEE). O nome atual só foi adotado no início da década de 1990. Deus
primeiros integrantes foram a França, Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo – grupo
chamado Europa dos seis. O processo de integração de suas economias iniciou em 01 de janeiro de 1958, com a
entrada em vigor do Tratado de Roma. Desde essa data o bloco não parou de se expandir, chegando aos atuais 27
países.

Os objetivos iniciais da CEE eram recuperar a economia dos países membros, enfraquecidos econômica e
politicamente após a II Guerra Mundial, espantar o espectro do comunismo e, ao mesmo tempo, deter o crescente
avanço da influência econômica norte americana. Esses objetivos, muito abrangentes, foram alcançados
gradativamente. Embora a supressão de tarifas alfandegárias date de 1968, continuou vigente uma série de barreiras
que impediam a implantação de um mercado comum propriamente dito. Este só se delineou em 1986, com a assinatura
do Ato Único, acordo que complementou o Tratado de Roma. Esse documento definiu objetivos precisos para a
integração e estabeleceu o ano de 1993 para o fim de todas as barreiras à livre circulação de mercadorias, serviços,
capitais e pessoas. Naquele ano começou a funcionar o Mercado Comum Europeu (MCE) e os três primeiros objetivos
foram postos em prática.
Em 1991, os países membros do MCE assinaram o Tratado de Maastricht (cidade dos países baixos) por meio
do qual definiram os passos seguintes da integração e mudaram a denominação do bloco para União Europeia (UE).
Nesse mesmo tratado, os integrantes do bloco também decidiram utilizar uma moeda única, o EURO, que começou a
circular em 1 de janeiro de 2002 – exceto no Reino Unido, na Dinamarca e na Suécia. Assim, a UE tornou-se uma
união econômica e monetária, com o controle cambial e monetário exercido pelo banco central europeu, sediado em
Frankfurt (Alemanha).

Em 2000, o Tratado de Nice introduziu, entre outros avanços, a Carta de Direitos Fundamentais, que
definiu os direitos de cidadania em todos os países da UE. Em 2009, entrou em vigor o Tratado de Lisboa, que
substituiu todos os anteriores e deu mais poderes ao parlamento europeu, alçado ao mesmo patamar decisório da
comissão europeia (braço executivo do bloco).

A Política Externa e de Segurança Comum vem sendo delineada desde o Tratado de Maastricht. Com ela,
os europeus pretendem gradativamente consolidar um sistema de defesa comum. Desde a assinatura desse tratado,
houve gradativo fortalecimento do parlamento europeu, cuja sede fica em Estrasburgo (França). Esse órgão representa
os cidadãos dos países membros: seus parlamentares são eleitos diretamente e tomam decisões que afetam toda a
união europeia. O número de representantes é proporcional à população de cada país. Alemanha, o país mais populoso,
tem direito a 99 deputados, e Malta de menor população tem direito a 5, de um total de 736 deputados.

A União europeia é, de longe, o maior bloco comercial do planeta: em seus domínios está a maior potência
exportadora do mundo, a Alemanha, além de mais 5 países da lista dos 10 principais países comerciantes; mas há
também, pequenas economias, com comércio externo reduzido, como a Letônia. O Conselho da União europeia
representa cada um dos estados membros e é o principal órgão de tomada de decisões no âmbito do bloco.

Países membros da União Europeia: em 1957 (Europa dos Seis) – Holanda, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo
e Alemanha; em 1973 (Europa dos Nove) – Irlanda, Reino Unido e Dinamarca; em 1981 (Europa dos Dez) – Grécia;
em 1986 (Europa dos Doze) – Portugal e Espanha; em 1995 (Europa dos Quinze) – Áustria, Suécia e Finlândia; em
2004 (Europa dos Vinte e Cinco) – Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovênia,
Malta e Chipre; em 2007 (Europa dos Vinte e Sete) – Romênia e Bulgária; em 2013 (Europa dos Vinte e Oito) –
Croácia.
Atualmente, a União Europeia é constituída por 27 países. O Reino Unido saiu da UE em 31 de janeiro de 2020
(BREXIT) tornando-se o primeiro país a fazê-lo. Após esta data, haverá período de onze meses para que vários tratados
e a cordos sejam negociados entre Reino Unido e União Europeia. O BRAXIT se da no contexto da crise migratória na
Europa, sendo resultado de disputas políticas de longa data entre os britânicos, centralizadas na soberania política,
controle migratório e comércio com os países membros do bloco.

Assimetrias e Problemas do Bloco


➢ O bloco europeu é formado por 27 países membros, caracterizados por grandes desigualdades e diferenças dos
pontos de vista cultural, político, econômico, demográfico e tecnológico;
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➢ A união europeia conta com uma população de aproximadamente 500 milhões de pessoas, a maioria
concentrada na Alemanha, França, Inglaterra e Itália;
➢ O avanço tecnológico está mais concentrado em países como a Alemanha, França e Inglaterra;
➢ Boa parte dos países europeus enfrentam problemas de conflitos internos, como a França, Espanha e Bélgica;
➢ A xenofobia avança nas áreas de maior desenvolvimento do bloco.

A COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO (APEC)


Ha mais de duas décadas, a Ásia vem apresentando os maiores índices de crescimento econômico do mundo e
seu comércio intrarregional tem aumentado mais que as trocas com outras regiões. Apesar disso, é o continente em
que menos avançou o processo de formação de blocos regionais de comércio. As rivalidades e desconfianças históricas
entre os países asiáticos, sobretudo entre Japão, China, Índia e Coréia do Sul, tem dificultado uma integração regional
mais profunda entre essas maiores economias. Assim, ao contrário das outras potências econômicas mundiais (Estados
Unidos e Alemanha), o Japão e a China não lideram nenhum bloco regional de comércio.

O projeto APEC começou a ser discutido no final dos anos 1980. Tornou-se bloco em 1993 na conferência de
Seattle nos Estados Unidos, previsto para funcionar em 2020. Foi fundada em 1989 na Austrália, cujo principal objetivo
é a criação de uma área de livre comércio entre os países membros e Hong Kong, conta com número significativo de
países de vários continentes: Austrália, Brunei, Canadá, chile, China, Indonésia, Japão, Coréia do Sul, Malásia, México,
Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Cingapura, Tailândia, Vietnã, Estados Unidos e Taiwan.
Esse projeto de integração é de grande importância para o avanço econômico, comércio, integração e
investimentos na orla do Pacífico, uma das áreas de maior crescimento nos dias atuais, dinâmica que é embalada pela
China, Coréia do sul e Japão. O crescimento econômico, a geração de novos postos de trabalho e a melhoria na
qualidade de vida dos cidadãos da região são os principais objetivos a serem alcançados pela atuação da APEC.
A APEC tem como principais objetivos: reduzir as taxas e as barreiras alfandegárias; atuar como organismo
intergovernamental para consulta e cooperação econômica, na verdade constitui-se em um bloco econômico para
promover a abertura de mercados entre 20 países, com Hong Kong representando a China.

Os principais fatores de constituição da APEC são: - Dinâmica da globalização que provocou maior integração
dos mercados, principalmente no período posterior à Guerra Fria; - Reconstrução e crescimento econômico do Japão;
- Crescimento econômico de países emergentes na zona do Pacífico e; - Avanço da costa oeste dos Estados Unidos.
As prováveis consequências da constituição da APEC são: - Consolidação da transferência do eixo comercial do
Atlântico para a zona do Pacífico; - Liderança dos estados Unidos, Japão e China; - Formação da maior zona de livre
comércio do mundo.

O Bloco de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS)


Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), “a ideia dos BRICS foi formulada pelo
economista chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil. Fixou-se como categoria de análise nos meios econômico-financeiros,
empresariais, acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento propriamente dito,
incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da terceira cúpula, a África do
sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS”.
O peso econômico dos BRICS é certamente considerável. Entre 2003 e 2007, o crescimento dos quatro países
representou 65% da expansão do PIB mundial. Quando comparamos poder de compra, o PIB do BRICS já supera hoje
o dos Estados Unidos ou da União Europeia. Para dar uma ideia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os
BRICS respondiam por 9% do PIB mundial e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos
cinco países totalizou 11 trilhões de dólares, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade de
poder de compra, esse índice é ainda maior: 19 trilhões de dólares ou 25% da economia mundial.

Até a metade da década passada, o nível de articulação/integração dos BRICS era pequeno, quatro grandes
economias emergentes individualizadas atuavam em escala global. No entanto, na segunda metade a última década,
essa articulação e atuação conjunta tornaram-se mais evidentes, nas reuniões de cúpula (envolvendo governos) e nos
fóruns internacionais.
Ainda segundo o IPEA, “como agrupamento, o BRICS tem caráter informal. Não tem um documento constitutivo,
não funciona com um secretariado fixo. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é a vontade política de seus
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membros. Ainda assim, o BRICS tem um grau de institucionalização que se vai definindo, na medida em que os cinco
países intensificam sua interação”.
“Os BRICS apresentam alguns traços ou características comuns: - grandes economias emergentes; - conjuntura
política relativamente estável; - mão de obra abundante, barata e em processo de qualificação; - recursos naturais
em grande escala; - níveis de exportações crescentes; - avanços nos níveis de IDH e; - PIB’s consideráveis”.

“Em linhas gerais, os BRICS têm sido importante instrumento de inserção internacional desses países, além de
ter dado força e estimulado desenvolvimento de projetos conjuntos específicos, em setores estratégicos, como o
agrícola, de energia e científico-tecnológico”.
A Cúpula de Fortaleza. A VI Conferência de Cúpula dos BRICS ocorreu no Brasil, nos dias 15 e 16 de julho
de 2014. Uma das principais medidas tomadas foi a criação do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), com capital
inicial entre 50 e 100 bilhões de dólares, cujo objetivo principal era financiar projetos de infraestrutura nos países do
BRICS. A sede do banco ficará na China, sendo que seu primeiro presidente será indiano.

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