Após a segunda guerra mundial, a aceleração do capitalismo, processo
diretamente ligado à globalização, trouxe a necessidade de intensificação das transações comerciais, bem como a ruptura de fronteiras, ocorrendo assim o surgimento dos blocos econômicos. Tais entes foram criados com o objetivo de promover entre os mercados regionais a dinamização da economia, gerando a livre circulação de mercadorias e/ou a redução de impostos entre produtos e serviços prestados entre os membros que o compõe. De forma ampla, o surgimento desses blocos, visam atender às necessidades emergidas com a globalização, trazendo um novo modelo de negociação, os quais ampliam resultados e potencializam a economia dos países signatários. No que se refere à globalização, Klunzler comenta que: A globalização implica uma nova configuração especial da economia mundial como resultados de velhos e novos elementos de internacionalização e integração. Se expressa também na difusão de padrões de organizações econômica e social, consumo, vida, cultura ou pensamento. Hodiernamente percebemos que limites espaciais impostos não mais impedem a ocorrência de atividades econômicas e comerciais entre Estados independentes e, de forma mais intensa entre países vizinhos, eis que o livre trânsito de pessoas proporciona um intenso fluxo de produtos e serviços. Ao longo da história vimos a criação e o sepultamento de diversos blocos econômicos, como por exemplo a Comunidade Econômica Europeia, surgida em 1957, a qual deu lugar a atual União Europeia (1993), o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), os quais buscam a aproximação dos membros signatários, a fim de propiciar a estes o fortalecimento da economia, possibilitando a participação no mercado internacional. As mudanças ocorridas no cenário mundial impulsionaram diversos países a ultrapassarem suas fronteiras e entrelaçarem suas economias e, no mesmo caminho, a américa latina frente as profundas instabilidades econômicas e políticas, viu-se diante da necessitada de criação de um bloco econômico, surgindo assim o MERCOSUL. Inobstante o MERCOSUL seja referência quanto a bloco na América Latina, outras tentativas o antecederam, podendo ser citados o ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) e a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), sendo que Machado (2000 p. 59 e 61) nos esclarece um pouco mais sobre essas duas tentativas: A origem do Mercado Comum do Sul (Mercosul) remonta à criação, em 1960, da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc). A Alalc, que congregava os países da América do Sul (à exceção das Guianas) e o México, tinha como objetivo a instituição de uma área de livre comércio no prazo de 12 anos, por intermédio da qual se pretendia estimular a diversificação da estrutura industrial dos países. A criação da Associação Latino-Americana de integração (Aladi) em 1980 dá lugar a uma ampla revisão dos princípios que haviam regido o processo de integração desde a criação da Alalc. O tratado de Montevidéu, que institui a Aladi, define uma nova concepção para o processo de integração na região. Confere aos Estados membros ampla liberdade na formulação de duas políticas comerciais e maior flexibilidade para a celebração de acordos bilaterais ou entre grupos de países, em detrimento da definição de regras rígidas para o uso de mecanismos 21 multilaterais, cuja aplicação no âmbito da extinta Alalc havia apresentado resultados poucos satisfatórios em relação aos objetivos de longo prazo de estabelecimento de um mercado latino-americano integrado. O MERCOSUL surgiu em 1991, tendo como seu instrumento fundacional o Tratado de Assunção o qual: “estabeleceu um modelo de integração profunda que visa à formação de um mercado comum, com livre circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos, a adoção de uma política comercial comum e a harmonização de políticas setoriais.” <https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/mercosul> Já em 1994, com o Protocolo de Ouro Preto, conferiu personalidade de direito internacional ao MERCOSUL e estabeleceu a estrutura institucional básica do bloco. Possui como objetivos, segundo verifica-se na própria carta de intenções publicada no sítio eletrônico do bloco: A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias á circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente. A coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes – de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem -, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes. O estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais. O compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. <https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/objetivos-do- mercosul/> Assim, podemos perceber que o MERCOSUL, embora enfrentando diversas dificuldades, tem conseguido alcançar seus objetivos, sejam eles no desenvolvimento econômico ou na integração dos princípios democráticos, os quais são percebidos por meios dos diversos acordos em matéria não só econômica, mas também trabalhista, cultural e social.
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e
Privado: incluindo noções de Direito Humanos e de Direito Comunitário. 13ª ed. ver., atual. e ampl. Salvador. JusPodivm. 2021.
KUNZLER, J. P. Mercosul e o Comércio Exterior. 2 ed. São Paulo:
Aduaneiras, 2001. MACHADO, João Bosco M. Mercosul: Processo de Integração, origem, evolução e crise, São Paulo: Aduaneiras, 2000. OBJETIVOS DO MERCOSUL Disponível em <https://www.mercosur.int/pt-br/quem-somos/em-poucas-palavras/) Acesso em 14 ago. 2021. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Disponível em <https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/mercosul> Acesso em 14 ago. 2021