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CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

DIREITO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

Avaliação 3: Trabalho de Campo

MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL)

ERNESTO DA LINA PAULINO MACULUVE

MAPUTO, FEVEREIRO DE 2023


Mercado Comum Do Sul (MERCOSUL)

Trabalho de campo a ser entregue na Cadeira


de Direito de Integração Regional, com vista
a ser avaliado como Avaliação 3.

Universidade Aberta ISCED

Maputo, Fevereiro de 2023


Índice
Introdução ......................................................................................................................... 1

I. A FORMAÇÃO DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) ...................... 2

OS ANTECEDENTES E O SURGIMENTO .................................................................. 3

II. PAÍSES MEMBROS ................................................................................................ 4

III. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MERCOSUL .............................................. 5

IV. PRINCIPAIS OBJECTIVOS ................................................................................ 5

V. ESTRUTURA ........................................................................................................... 6

5.1. Conselho do Mercado Comum (CMC) ................................................................. 6

5.2. Grupo Mercado Comum (GMC) ........................................................................... 6

5.3. Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) ........................................................ 6

5.4. Comissão Parlamentar Conjunta (CPC) ................................................................ 7

5.5. Foro Consultivo Económico-social (FCES) .......................................................... 7

5.6. Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM) ..................................................... 7

VI. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO .............................. 7

6.1. Área preferencial de comércio (ou acordos de cooperação comercial) ................. 7

6.2. Área de Livre Comércio ........................................................................................ 7

6.3. União Aduaneira .................................................................................................... 8

6.4. Mercado Comum ................................................................................................... 8

6.5. União Monetária .................................................................................................... 8

6.6. União Política ........................................................................................................ 8

VII. O MERCOSUL COMO OPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ........................... 9

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 11

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 12
Introdução

Os processos de integração regional surgem como contraponto à globalização económica,


resultante da necessidade de os países situados numa mesma região se congregarem, para
proteger suas economias dos efeitos negativos da mundialização, reunindo capitais,
tecnologias, recursos humanos, e promovendo medidas conjuntas nos vários campos de
actividade para dinamizar o progresso material e social de seus povos e, por esse meio, lograr
o desenvolvimento económico com justiça social, que implica a melhoria de suas condições
de vida.

O presente trabalho visa desenvolver sobre o Mercado Comum do Sul, MERCOSUL,


baseando-se em revisões bibliográficas, explanando sobre a sua história, sua actuação tanto no
âmbito interno como no externo e, ademais, as relações internacionais mantidas pelo bloco.
Foram analisados os principais temas que envolvem a actuação do MERCOSUL desde a sua
criação, a partir do Tratado de Assunção e posteriormente com o Protocolo de Ouro Preto, até
a actualidade, apresentando à necessidade da adequação do bloco a globalização e como tal
processo impactou na actuação do mesmo.

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I. A FORMAÇÃO DO MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL)

O Mercado Comum do Sul, conhecido


como MERCOSUL, oficializado através
do Tratado de Assunção, em 26 de Março
de 1991, se constituiu em uma das maiores
formas de integração regional do mundo.
Seu processo de formação, porém, vem de
muito antes da assinatura do referido
tratado.

O Mercosul é fruto do esforço político dos governos de Brasil e Argentina, em uma


conjuntura totalmente adversa a projectos de integração regional.

Este foi fundado sob o âmbito da Associação Latino-Americana de Integração, e já previa em


sua fundação a expansão para todos os membros.

É caracterizado pela maioria dos autores como bem sucedido, apesar de ainda ser uma obra
inacabada (por ainda não ter completado a formação do mercado comum regional, nem ter
definido o seu modelo institucional, nem ter cumprido o objectivo proposto de mudança na
inserção económica dos países membros) vários autores são unânimes em destacar o sucesso
do bloco.

O Tratado de Assunção possuía muitas metas genéricas e ambiciosas. Apesar dessas metas
pretensiosas, as medidas concretas tomadas foram basicamente de carácter comercial,
consolidando as últimas tendências dos acordos entre Brasil e Argentina, e também em
concordância com as prioridades das políticas internas de cada país.

O Tratado foi gerado basicamente a partir dos poderes executivos, sem participação, na sua
formulação, da sociedade ou dos empresários. Um acordo que não resultou de pressões
económicas, mas sim de definições políticas e de percepções económicas dos governos

A formação do Mercosul resulta da tendência mundial de constituição de blocos regionais de


países, impulsionada pelo processo de globalização da economia. Com efeito, os processos de
integração que tiveram impulso na última década são interpretados como uma atitude de

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defesa, por parte dos Estados envolvidos, da competitividade das respectivas economias
nacionais, ante o impacto, nelas, da globalização.

OS ANTECEDENTES E O SURGIMENTO

As ideias de integração económica na


América Latina não são novas, nem
nasceram com as recentes iniciativas
criadas a partir dos anos 80. Estas datam da
década de 50, com a instituição da ALALC
(Área Latino-Americana de Livre
Comércio), que congregava os países da
América do Sul (a excepção das Guianas e
o México) e tinha como objectivo a
instituição de uma área de livre comércio
no prazo de 20 anos.

Vale dizer que a integração era totalmente coerente com o contexto económico da ISI
(Industrialização de Substituição de Importações) que caracterizava de um modo geral as
economias latino-americanas a época.

Segundo o diagnóstico da Comissão Económica para a América Latina e o Caribe a época,


com excepção do Brasil, Argentina e México, poucos países possuíam mercados internos
grandes o suficiente para alcançar uma escala eficiente para as novas tecnologias.

Os benefícios da integração, iriam além do acesso a mercados maiores, mas também viriam
da exposição dos produtores nacionais a uma concorrência ‘sadia’ com os seus iguais da
região, restabelecendo um grau mínimo de competição, que ao mesmo tempo corrigiria os
excessos proteccionistas cometidos pelas políticas de industrialização e prepararia os
mercados nacionais a concorrência externa, com ganhos de eficiência, para a disputa dos
mercados de exportação.

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Não há como adentrar no MERCOSUL sem que antes sejam apresentados os factores
determinantes que ensejaram os países da América do Sul a unirem forças políticas e
económicas a fim de alavancarem suas economias.

avanços tecnológicos que surgiram em tal


período. Não somente, com a Guerra Fria,
época de polarização dos blocos
económicos, da Terceira Revolução
Industrial que nos apresentou diversos
avanços tecnológicos, época dos avanços
bélicos, expansão do capitalismo, criação
Pode-se dizer que tais anseios surgiram,
de blocos económicos (BARBIERO,
segundo Ricardo Seitenfus (1992), com a
CHALOULT, 2001).
Segunda Grande Guerra Mundial e os

Diante de tal contexto, os países da América do Sul perceberam a necessidade de unirem-se a


fim de criarem dispositivos para priorizar as suas economias internas, favorecendo seus
mercados de importação e exportação, visando também políticas que beneficiassem os países
que pertencessem ao bloco, a fim de ascenderem no mercado mundial (DATHEIN, 2005).

II. PAÍSES MEMBROS

O MERCOSUL é uma organização intergovernamental formada, actualmente, por todos os


Estados da América do Sul, contando com Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela
como sendo membros efectivos, e com a Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e
Suriname, estes como membros associados.

Os primeiros que foram citados são os que


têm mais importância e força no bloco, ou
seja, têm maior poder de actuação,
participando dos principais acordos e
possuindo maior interacção comercial; já
estes, não participam integralmente do
bloco, participam apenas de alguns acordos
e não lhes são conferidos o poder de voto
nas decisões mais relevantes.

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III. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MERCOSUL

Os artigos iniciais do Tratado de Assunção delinearam o modelo de mercado comum


pretendido por seus autores.

Diversamente do que sucedeu na Europa, onde o Tratado de Roma disciplinou,


pormenorizadamente, as finalidades do mercado comum a ser criado, no Mercosul
preponderou maior grau de indeterminação quanto ao resultado final do processo de
integração.

O Mercosul é um dos blocos económicos mais importantes do mundo, pois representa


um grande mercado emergente, do qual fazem parte o Brasil, uma das maiores economias do
globo, assim como a Argentina, que, apesar das recorrentes crises, é considerada um país
industrializado. Já Paraguai e Uruguai, apesar da pequena participação económica regional e
do pequeno mercado consumidor, possuem relevância produtiva para a região, em especial,
no que toca à produção de bens primários.

O Mercosul apresenta grandes disparidades regionais e, por vezes, instabilidades políticas,


como acontecido no caso da suspensão da Venezuela. No entanto, é um agente económico
importante do globo, em razão do protagonismo no sector primário da economia, da
disponibilidade de mercado consumidor, das vantagens locacionais e, ainda, da
implementação de incentivos fiscais de produção.

O Mercosul (apesar do nome mercado comum) é uma união aduaneira, visto que adopta uma
tarifa externa comum e a livre circulação parcial de mercadorias entre os países-membros.

Já com relação à livre circulação de pessoas, o trânsito de cidadãos entre os países do bloco é
permitido por meio da apresentação de documentos oficiais de identidade.

IV. PRINCIPAIS OBJECTIVOS

Os objectivos presentes no Tratado de Assunção são, conforme Ricardo Seitenfus (1992):

 Coordenação de políticas macroeconómicas;


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 Complementação dos sectores económicos diferentes;

 Preservação do meio ambiente;

 Aumento do uso de recursos diferentes;

 Implementação de ligações físicas.

V. ESTRUTURA

Segundo o Protocolo de Ouro Preto (1994), o Mercosul conta com os seguintes órgãos:

5.1. Conselho do Mercado Comum (CMC)

Órgão superior do Mercosul integrado pelos Ministros das Relações Exteriores e pelos
Ministros da Economia, ou seus equivalentes, dos Estados Partes. Incumbe ao CMC a
condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o
cumprimento dos objectivos estabelecidos pelo Tratado de Assunção e para lograr a
constituição final do mercado comum.

5.2. Grupo Mercado Comum (GMC)

Órgão executivo do Mercosul integrado por quatro membros titulares e quatro membros
alternos por país, designados pelos respectivos Governos. O GMC é encarregado de tomar as
medidas necessárias ao cumprimento das Decisões adoptadas pelo Conselho do Mercado
Comum;

5.3. Comissão de Comércio do Mercosul (CCM)

Integrada por quatro membros titulares e quatro membros alternos por Estado Parte e
coordenada pelos Ministérios das Relações Exteriores é encarregada de assistir o Grupo
Mercado Comum, compete velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial
comum acordados pelos Estados Partes para o funcionamento da união aduaneira, bem como
acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados com as políticas comerciais comuns.

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5.4. Comissão Parlamentar Conjunta (CPC)

A Comissão Parlamentar Conjunta é o órgão representativo dos Parlamentos dos Estados


Partes no âmbito do Mercosul integrada por igual número de parlamentares representantes dos
Estados Partes.

5.5. Foro Consultivo Económico-social (FCES)

É o órgão de representação dos sectores económicos e sociais e será integrado por igual
número de representantes de cada Estado Parte.

5.6. Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM)

Órgão de apoio operacional responsável pela prestação de serviços aos demais órgãos do
Mercosul.

VI. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO

A teoria acerca da integração regional define os acordos conforme o grau ou nível de


integração buscado pelos participantes. A teoria apresenta sete formas básicas ou níveis de
integração. São elas:

6.1. Área preferencial de comércio (ou acordos de cooperação comercial)

É o nível mais simples de integração. Este se caracteriza pela redução ou isenção da tarifa de
importação no comércio entre países para um universo pequeno de produtos. Este primeiro
estágio de integração não necessita maiores comprometimentos dos países com a integração e
não afecta a independência da política comercial com o resto do mundo.

6.2. Área de Livre Comércio

Este é o nível imediatamente seguinte. A Área de Livre Comércio se diferencia de um Acordo


Preferencial de Comércio pelo volume de produtos que este implica. No ALC a eliminação de
tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os participantes do acordo abarcam a
maior parte da pauta de comércio entre estes países. Na ALC cada país ainda preserva sua
autonomia na gestão de política comercial em relação a terceiros países, mantendo tarifas
aduaneiras diferenciadas.
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6.3. União Aduaneira

Neste nível os países membros do acordo passam a definir em conjunto a relação com países
não membros. Esta se apresenta sob a forma de barreiras externas comuns a terceiros países, e
se traduz principalmente na criação de uma tarifa externa única ou comum (TEC) a ser
aplicada por todos os participantes da União Aduaneira (UA), porém estas também incluem
todo o universo de barreiras não tarifárias que possam ser usados como restrição às
importações. Este nível se caracteriza pela maior liberdade de fluxos de comércio entre os
participantes do acordo e pela definição de uma política comercial externa.

6.4. Mercado Comum

Caracteriza-se pela supressão de barreiras à mobilidade de mercadorias e factores de


produção. Assim, além dos fluxos de comércio, em um Mercado Comum os factores de
produção, tais como capital e trabalhadores, também têm total liberdade para transitar entre os
países membros. Neste nível, as economias nacionais já se encontram extremamente
interligadas, principalmente porque a plena mobilidade dos factores são agravantes para um
dos principais problemas no cenário internacional.

6.5. União Monetária

Caracteriza-se pela criação de uma moeda única e aceitação pelos países da livre circulação
da moeda comum, emitida pela autoridade regional. Pressupõe a total perda de autonomia dos
Estados nacionais na condução da política monetária. Esta passa a ser gerida por um banco
central regional independente das nações. A política monetária e cambial passa a ser
atribuição da autoridade regional, necessitando uma grande convergência das políticas fiscais
nacionais.

6.6. União Política

Caracteriza-se pela instituição de uma autoridade política unificada, com a fusão dos Estados
em um único.

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VII. O MERCOSUL COMO OPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO

As negociações que resultaram na criação do Mercosul são o resultado de uma dupla inflexão:
do clima de abertura política e redemocratização nas duas maiores economias do bloco e das
reformas liberalizantes que visavam reverter o carácter proteccionista do processo de
desenvolvimento da região.

De fato, a proposta inicial do Mercosul não visava o simples aumento do intercâmbio


comercial entre as economias, mas era sim uma proposta de redireccionamento do modelo
económico estabelecido na região, buscado através da formação de um mercado comum
regional.

Este tinha o intuito principal de incrementar a competitividade e retomar as altas taxas de


crescimento das décadas anteriores.

Os primeiros intentos de integração entre Brasil e Argentina se produziram ainda sobre o


impacto da crise da dívida. Neste sentido o Mercosul representa uma das várias tentativas de
elaborar uma nova estratégia de crescimento, que ainda está sendo buscada diante do
abandono do desenvolvimentismo onde se buscava a formação de uma indústria nacional
através da pesada acção estatal e o acesso preferencial aos mercados nacionais protegidos –
enquanto estratégia principal de desenvolvimento.

Lavagna (2001) destaca que o Mercosul se formou numa situação de extrema fragilização das
duas economias.

O Mercosul foi também um redesenho da forma de inserção internacional das economias da


região.

Em busca de uma maior competitividade no mercado mundial e uma inserção externa que
promovesse o aumento das exportações para os produtos de maior produtividade.

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Baumann (2001) inclui entre os objetivos
explícitos do Tratado de Assuncion:
promover uma inserção competitiva das
economias no cenário internacional;
aumentar a produtividades através das
economias de escala; estimular os fluxos
de comércio com o resto do mundo,
tornando mais atraente os investimentos na
região; promover esforços de abertura das
economias.

Neste contexto, o Mercosul fazia parte de uma estratégia de integração das economias da
região aos fluxos financeiros e comerciais, mas do que uma estratégia de integração produtiva
da região.

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CONCLUSÃO

É evidente, em nossos dias, que o processo de integração do Mercado Comum do Cone Sul
passa por séria crise, que representa instigante desafio para seus protagonistas. Por sua própria
natureza ele é difícil – tal como o que resultou na União Europeia –, dada a força do princípio
da soberania nacional, ainda presente na realidade.

A criação do Mercosul não pode ser imaginada fora dos marcos jurídicos e políticos surgidos
com a redemocratização dos países latino-americanos. A complexidade da criação de um
Mercado Comum entre economias com características diversas exige negociação contínua e
capacidade de diálogo.

O Mercosul somente poderá ser completamente efectivado no momento em que houver um


mínimo de comprometimento social com as metas governamentais assumidas previamente.

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BIBLIOGRAFIA

Protocolo de Ouro Preto (1994)

ALMEIDA, Paulo Roberto de (1998). Mercosul: fundamentos e perspectivas. São Paulo: LTr;

BRASIL. Página brasileira do MERCOSUL. Brasília: Governo do Brasil. Disponível em


https://www.mercosur.int/pt-br/ . Acesso em 25 Fevereiro de 2023.

MACHADO, João Bosco Mesquita (2000). Mercosul: processo de integração. SP;


Aduaneiras.

ALBUQUERQUE, J.A. Guilhon (1992). Mercosul: integração regional pós-Guerra Fria.


Política Internacional.

AMARAL JR., Alberto do. Mercosul (1994): questões políticas e institucionais”. In: Boletim
de Integração Latino-Americana. Brasília : Ministério das Relações Exteriores.

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