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• Os governos deveriam adotar um rigoroso sistema de disciplina fiscal, priorizando determinados setores
de interesse e gastando apenas o que fosse possível remunerar com a arrecadação de tributos e impostos.
Para que isso fosse possível, o Estado deveria economizar em programas sociais e em subsídios para
privilegiar setores da economia.
• As legislações nacionais deveriam facilitar ao máximo a circulação do capital financeiro. Ainda, os
sistemas de câmbio deveriam ser livres, ou seja, o Estado não poderia, por meio das suas instituições
econômicas, controlar artificialmente as taxas de câmbio, quer dizer, os parâmetros por meio dos quais
moedas de diferentes países eram comparadas.
• Quaisquer entraves ao livre-comércio deveriam ser eliminados. Assim, os países não deveriam fazer uso
de impostos de importação e exportação para proteger a indústria nacional, nem para impedir que artigos e
mercadorias fossem importados.
• Os governos deveriam privatizar as empresas estatais, de preferência atraindo investimentos diretos
estrangeiros.
• A economia deveria ser desregulamentada ao máximo e o direito autoral fortemente protegido (em
especial no caso de produtos que tivessem exigido, para a sua elaboração, investimentos em pesquisa e
tecnologia).
O neoliberalismo propagandeado pelos Estados Unidos e pela Inglaterra – por
intermédio dos governos de Ronald Reagan e Margaret Thatcher – ecoou
como música nos ouvidos do mundo capitalista: liberdade era tudo o que ele
mais queria. Para isso, sugeriu-se restringir o poder do Estado de estabelecer
normas e regras para os negócios, diminuir o poder dos sindicatos e eliminar
quaisquer barreiras legais para a circulação de bens, serviços e recursos
financeiros (BARBOSA, 2006).
DIMENSÃO COMERCIAL
Outra dimensão importante da globalização é a financeira, que diz respeito, segundo Prado
(2003, p. 14), ao
processo de integração dos mercados financeiros locais
– tais como os mercados de empréstimos e
financiamentos, de títulos públicos e privados,
monetário, cambial, seguros etc. – aos mercados
internacionais. No limite os mercados nacionais
operariam apenas como uma expressão local de um
grande mercado financeiro global. Portanto, esse
fenômeno não trata apenas do crescimento de
transações financeiras com o exterior, mas da
integração dos mercados financeiros nacionais na
formação de um mercado financeiro internacional.
Atualmente, temos três grandes instituições mundiais encarregadas
de normatizar, controlar e acompanhar a economia global:
• Fundo Monetário Internacional (FMI): criado em 1944, tem como objetivo colaborar
para a cooperação econômica entre os países e procurar evitar crises econômicas nos países-
membros. Tem ainda como propósito promover a cooperação financeira internacional e a
estabilidade cambial, e coloca-se à disposição para assessorar as equipes econômicas dos
países no sentido de orientá-las na direção de políticas de saneamento econômico e
financeiro.
• Banco Mundial: também criado em 1944, tem a função de realizar empréstimos para
países em dificuldades financeiras. Tais recursos são entregues mediante a aceitação pelo
FMI das políticas adotadas por esses países para a solução de crises econômicas.
• Organização Mundial do Comércio (OMC): é responsável por regulamentar o comércio
internacional, monitorando acordos e a execução de políticas comerciais dos países-
membros.
DIMENSÃO TECNOLÓGICA
Se a globalização é um fenômeno difícil de ser explicado, e se a sua compreensão exige um imenso esforço para a
interpretação de fatos, situações e movimentos que extrapolam os limites do que é nacional, é justificável configurá-
la como um objeto que desafia o arsenal sociológico de investigação.
Se o sentido de fronteiras mudou, e se a noção do que é específico em cada cultura mudou, temos que
construir outros instrumentos de análise, diferentes dos que foram usados até agora. Um sushi (prato da
culinária japonesa), aqui no Brasil, ganhou formas, cores e receitas que, provavelmente, são 89 CIÊNCIAS
SOCIAIS inconcebíveis para os orientais.
Essa busca de acomodação à cultura local tornou-se um verdadeiro desafio para todas as marcas e produtos
globais. Afinal, o mercado é global, mas os consumidores têm especificidades que devem ser contempladas e
levadas em conta pelas grandes indústrias e corporações.
• Para Ianni (2001), uma das grandes dificuldades a serem enfrentadas pelas ciências sociais é que o seu
paradigma básico (ou seja, o seu modelo de análise) se construiu a partir da ideia de sociedade nacional,
categoria que vem sendo esgarçada pelos defensores da globalização.
Segundo Ianni (2001), algumas dessas teorias elaboraram a noção de sistema-mundo, ou economia-
mundo. Na opinião do autor, essas teorias ocupam-se com a análise do conflito entre o centro e a periferia
do mundo, entre desenvolvimento e subdesenvolvimento. A ideia de sistema-mundo ajuda a explicar as
crises nos centros do capitalismo, crises essas que criam ondas e se propagam para a periferia, afetando –
ou tornando mais perversas e evidentes – as estruturas de desigualdade social por meio de relações que
tensionam e colocam em conflito as nações dominantes e as que a elas se submetem.
Como ocorre em toda formação social capitalista, também na global desenvolve-se a questão social. Quando
se mundializa o capital produtivo, mundializam-se as forças produtivas e as relações de produção. Esse é o
contexto em que se dá a mundialização das classes sociais, compreendendo suas diversidades internas, suas
distribuições pelos mais diversos e distantes lugares, suas múltiplas e distintas características culturais, étnicas,
raciais, linguísticas, religiosas e outras.
O MUNDO GLOBAL
Segundo Stiglitz (2007), economista que recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2001 e ex-funcionário
graduado do Banco Mundial, não demorou muito para que o mundo percebesse que as promessas do discurso
globalizador não eram tão fáceis de serem concretizadas. Quinze anos após a reunião que constituiu o
Consenso de Washington, os problemas já eram visíveis e os questionamentos cada vez mais frequentes.