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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL)

Josefina Jose Rajabo

PEMBA, MARÇO DE 2023 1


Índice

Introdução ............................................................................................................................................ 3

1. Mercado comum Mercosul .............................................................................................................. 4

1.1. Formação....................................................................................................................................... 4

1.2. Antecedentes históricos ................................................................................................................ 6

1.3. O tratado de assunção e os principais protocolos ......................................................................... 8

1.4. A tarifa externa comum (tec) do mercosul ................................................................................. 10

Conclusão........................................................................................................................................... 12

Referência bibliográfica ..................................................................................................................... 13

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Introdução

Os processos de integração regional em geral começam a partir de acordos bilaterais, de cunho


económico, e evoluem para formas mais amplas de participação conjunta, com vistas a intensificar
a liberalização de comércio entre países. Nesse contexto, ao negociarem um acordo, os países
buscam ampliar o acesso a seus produtos nos mercados dos parceiros. Esse benefício se traduz em
melhorias nas condições de acesso aos produtos nos mercados das partes contratantes, preços mais
competitivos, margens de lucro ampliadas, estímulo ao aumento da capacidade produtiva instalada,
entre outros.

A formação do Mercosul resulta da tendência mundial de constituição de blocos regionais de


países, impulsionada pelo processo de globalização da economia. Com efeito, os processos de
integração que tiveram impulso na última década são interpretados como uma atitude de defesa, por
parte dos Estados envolvidos, da competitividade das respectivas economias nacionais, ante o
impacto, nelas, da globalização.

O Mercado Comum do Sul, conhecido como MERCOSUL, oficializado através do Tratado de


Assunção, em 26 de Março de 1991, se constituiu em uma das maiores formas de integração
regional do mundo. Seu processo de formação, porém, vem de muito antes da assinatura do referido
tratado. Os dois processos de integração citados anteriormente, ocorreram em um contexto
totalmente diferente ao do MERCOSUL, o que se espera destacar aqui, porém, é a sinalização da
integração como forma de manutenção das economias latino americanas, frente às transformações
no sistema capitalista.

Metodologia

Quanto a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de obras
bibliográficas e pesquisas feita na internet, que consistiu na recolha, critica e interpretação dos
dados cujas referências estão citadas dentro do trabalho e na referência bibliográfica.

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1. Mercado comum Mercosul
1.1. Formação

O MERCOSUL é um tratado de cooperação formado por quatro Estados da América do Sul sendo a
República Argentina, República Federativa do Brasil, República do Paraguai e República Oriental
do Uruguai. É um Tratado de integração regional, onde há a execução de objectivos e interesses em
comum, possuindo uma TEC e visa ser um Mercado Comum.

A formação do Mercosul resulta da tendência mundial de constituição de blocos regionais de


países, impulsionada pelo processo de globalização da economia. Com efeito, os processos de
integração que tiveram impulso na última década são interpretados como uma atitude de defesa, por
parte dos Estados envolvidos, da competitividade das respectivas economias nacionais, ante o
impacto, nelas, da globalização.

A integração, segundo LACERDA (2004, p. 19), “preserva as identidades das regiões e enseja que
o Estado nacional adquira maior potencialidade na comunidade internacional”.

O Mercado Comum do Sul, conhecido como MERCOSUL, oficializado através do Tratado de


Assunção, em 26 de Março de 1991, se constituiu em uma das maiores formas de integração
regional do mundo. Seu processo de formação, porém, vem de muito antes da assinatura do referido
tratado.

Autores atribuem o início desse processo de integração para antes da década de 1990.

Para estes, o começo das discussões situam-se na década de 1950, onde as estratégias de
desenvolvimento da região latino-americana eram definidas através da Comissão Económica para
América Latina e Caribe (CEPAL), onde, também, se desenvolveram políticas que promoveriam a
integração económica regional, evitando, dessa forma, que as economias estudadas não tivessem
seu crescimento interrompido pelo que foi definido como dependência dos países. (PINTO, 2010, p.
52).

Membros da CEPAL, ainda na década de 1950, já apresentavam a integração das economias da


região como uma necessidade para o desenvolvimento destas. (LACERDA, 2004, p. 27).

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Portanto, para atender às ideias propostas pela CEPAL, em Fevereiro de 1960 foi assinado o
Tratado de Montevidéu onde Argentina, Brasil, Chile e Uruguai participaram da criação da
Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC). Este era um mecanismo embrionário
que buscava a fomentação de uma zona de livre comércio na região.

Outra tentativa de integração se deu após a substituição da ALALC, pela Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI), que entrou em vigor após a assinatura do novo Tratado de
Montevidéu, em agosto de 1980. LACERDA, (2004), explica o objectivo mais geral era o de
compatibilizar a tendência anterior a acordos bilaterais ou sub-regionais, em um processo de
integração económica “por convergência”

Destaca-se, no entanto, que os dois processos de integração citados anteriormente, ocorreram em


um contexto totalmente diferente ao do MERCOSUL, o que se espera destacar aqui, porém, é a
sinalização da integração como forma de manutenção das economias latino americanas, frente às
transformações no sistema capitalista. É justamente nesse entendimento que se insere a constituição
do MERCOSUL, uma vez que este se deu na óptica do rearranjo da economia mundial perante a
financeira acção da economia.

Em Novembro de 1985, durante a inauguração da Ponte Tancredo Neves, na divisa entre Brasil e
Argentina, foi estabelecida a Declaração do Iguaçu onde se criou uma Comissão Mista de Alto
Nível para Cooperação e Integração Económica Bilateral encarregada de propor programas e
projectos que contribuiriam para a integração regional entre os dois países.

Desta Comissão Mista de Alto Nível foi estabelecido o Programa de Integração e Cooperação
Económica (PICE) disposto na Ata para Integração Brasileiro – Argentina, assinada em Buenos
Aires, em 1986 e que deu início ao processo de aproximação entre os dois países. Futuramente tal
processo seria consolidado através do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento
(1988), estabelecido por esses dois países.

Dentre os processos apresentados, o PICE é o que estabelece uma relação mais próxima à criação
do MERCOSUL. Através deste tratado de 1988 ficou estabelecida uma Área de Livre Comércio
entre Brasil e Argentina e, posteriormente, através da Ata de Buenos Aries (1990) ficou
estabelecido que a forma de integração entre os dois países se daria através de um Mercado

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Comum. Contudo, todas as tentativas anteriores ao MERCOSUL contribuíram, algumas de forma
mais intensas e outras de cunho apenas normativo, para dar início ao maior projecto de integração
da América do Sul.

1.2. Antecedentes históricos

A vontade do Estados da América do Sul de buscarem soluções para problemas comuns entre estes,
como ampliação de seus mercados, aumento de sua produtividade, inserção no mercado
internacional, endividamento externo e desemprego, por exemplo, já existia antes da formação do
MERCOSUL.

De acordo com OLIVEIRA, (2003, p. 139):

“ [...] os mecanismos que deram ensejo à unificação dos Estados-Partes do


MERCOSUL foram: a Declaração do Iguaçu em 1985, e a Ata para a Integração
Argentino-Brasileira, que instituiu o PICE (Programa de Integração e Cooperação
Económica).” Estes mecanismos fizeram com que a República Argentina e a
República Federativa do Brasil pensassem em uma união dos Estados da América
do Sul, objectivando benefícios, soluções de problemas e defesa de interesses em
comum a estes.

ACCIOLY (2002), afirma que em 1985 o presidente do Brasil Tancredo Neves visitou Raúl
Alfonsín, presidente da Argentina, e acordaram levar adiante uma aproximação comercial e política
entre os dois Estados. A morte de Tancredo, mesmo antes de assumir a presidência, não afectou os
planos de ambos. No dia 30 de Novembro do mesmo ano, Raúl Afonsín e José Sarney firmaram a
Declaração do Iguaçu. A República Argentina e a República Federativa do Brasil tinham objectivos
de aproximação comercial e política para benefício de ambos os Estados.

Tancredo Neves e Raúl Afonsín demonstravam grande interesse de aproximação, principalmente


após reunião na Argentina em 1985. Mesmo após morte do presidente da República Federativa do
Brasil, o vice-presidente, José Sarney levou adiante o acordo com Raúl Afonsín, e assim firmaram a
Declaração do Iguaçu. A Declaração do Iguaçu mostrou a vontade dos dois Estados de se
integrarem regionalmente, havendo aproximação comercial e política entre ambos.

Ainda de acordo com ACCIOLY (2002), em julho de 1986 foi assinado a Ata para Integração
Brasil-Argentina, criando o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE) e em 1988, a
assinatura do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento (TICD), prevendo formação

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de um espaço econômico em dez anos, com eliminação de barreiras alfandegárias e não-
alfandegárias. Em julho de 1990, foi atingido o auge do processo com a assinatura da Ata de
Buenos Aires, por Carlos Meném e Fernando Collor de Mello, estipulando a criação de um
Mercado Comum num prazo de quatro anos e meio.

A assinatura da Ata de Buenos Aires trouxe a inserção de mais dois Estados no processo de
integração, o Paraguai e o Uruguai. A criação da PICE estabeleceu integração de sectores
específicos da economia, com o objectivo de abrir os mercados nacionais e estimular a economia da
Argentina e Brasil.

A assinatura desses acordos entre Argentina e Brasil propiciou condições favoráveis para que
Carlos Meném e Fernando Collor de Mello, respectivamente presidentes da Argentina e do Brasil,
pudessem constituir um acordo regional. Em 26 de Março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e
Uruguai, assinaram o Tratado de Assunção, criando o MERCOSUL. É um tratado que visa a
constituição de um Mercado Comum entre os Estados-membros.

De acordo com CAMPOS, (2007, p. 151), os objectivos do Tratado de Assunção são

[...] eliminação de restrições não-tarifárias ou o desagravamento tarifário


progressivo, linear e automático a ser implementado no comércio de bens, serviços
e factores produtivos dos quatro Países envolvidos: Argentina, Brasil, Paraguai e
Uruguai, bem como, o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC),
adopção de uma política comercial comum em relação a terceiros países,
coordenação de políticas macroeconómicas e sectoriais entre países participantes e
a definitiva eliminação total de barreiras ao comércio local ainda não alcançada.

Os objectivos do Tratado de Assunção foram maior desenvolvimento económico, comercial e


político dos Estados-membros. Visam a livre circulação de produtos e serviços entre os membros
do bloco, a implantação da TEC, onde aplicam-se tarifas comuns em produtos oriundos de terceitos
Estados, política comercial comum com os mesmos benefícios para todos os membros, além do
desenvolvimento político e eliminação total das barreiras ao comércio internacional entre as partes.

Com a TEC os Estados não têm mais a autonomia de aplicar tarifas de importação diferentes sobre
produtos importados e todos devem obedecer as regras e tarifas previstas pela TEC na negociação
com terceiros Estados. Com a aprovação da TEC, foi implantado uma Nomenclatura Comum do
MERCOSUL (NCM), que classifica as mercadorias a serem importadas ou exportadas, baseado em
uma estrutura de códigos, facilitando a comercialização de mercadorias.

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1.3. O tratado de assunção e os principais protocolos

O Tratado de Assunção constitui um texto simples, com vinte e quatro artigos, divididos em seis
capítulos, além de contar com cinco anexos que dão tratamento a alguns pontos definidos no texto
base.

Em seu texto, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, chamados de “países-membros”, acordam com
a constituição do MERCOSUL onde este tem como objectivo a livre circulação de bens, serviços e
factores produtivos entre os Estados-Membros, além da restrição das barreiras alfandegárias e
tributárias. É estabelecida, também, uma tarifa externa comum e a adopção de uma política
comercial e alfandegária comum entre os países para com países terceiros ao bloco.

BAUMANN (2001), sintetiza os objectivos do Tratado de Assunção: O Tratado tinha como


objectivos: a) promover uma inserção mais competitiva das economias dos quatro países no cenário
internacional; b) favorecer economias de escala e, portanto, aumento de produtividade; c) estimular
fluxos de comércio com o resto do mundo, tornando mais atraentes os investimentos na região; d)
promover esforços de abertura das economias dos quatro países; e e) balizar as acções do sector
privado, principais motores do processo de integração.

Se tomado de forma isolada, o Tratado de Assunção não apresentava força


suficiente para atender e balizar aquilo que foi proposto em seu texto, para isso,
então, foram estabelecidos alguns protocolos, que auxiliaram a condução do
processo de formação do MERCOSUL. No corpo do texto do Tratado de Assunção
não foram instituídas regras específicas para a efetivação da integração dos países-
membros tampouco foram criadas estruturas institucionais encarregadas da
condução do processo de formação de um Mercado Comum. (CAMPOS, 1999).

BAPTISTA, (1996), explica que apenas duas instituições foram estabelecidas, a saber: a) Conselho
do Mercado Comum (CMC); e b) Grupo do Mercado Comum (GMC). Cabe ressaltar que estas
instituições não são consideradas supranacionais. Conforme explica Baptista (1996), tais
instituições foram criadas no sentido da teoria institucional de Hauriou ou a de Santi Romano e não
na tentativa de se criar organismos supranacionais, como na experiência europeia

Mais à frente, detalharemos as funções e os objectivos destas instituições, assim como suas
transformações causadas pelo Protocolo de Ouro Preto, cujas funções e instituições foram por este
protocolo. A primeira necessidade encontrada, após a assinatura do Tratado em 1991, foi a criação
de regras que solucionassem as controvérsias oriundas da interpretação, aplicação ou não

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cumprimento dos artigos dispostos do documento de fundação, sendo assim, no mesmo ano, em
Brasília, no dia 17 de Dezembro, foi assinado, o denominado Protocolo de Brasília para a Solução
de Controvérsias. O protocolo esteve em vigência até 18 de Fevereiro de 2002, quando foi assinado
o Protocolo de Olivos, com o objectivo de dar maior segurança nas regras utilizadas na resolução
das controvérsias.

Foi através desde protocolo que foi criado o Tribunal Permanente de Revisão (TPR), o que seria um
embrião para a criação de uma corte permanente para solução dos conflitos ocasionalmente
gerados. Cada país-membro ficou encarregado de designar um árbitro, tendo hoje um total de cinco
membros. No mesmo documento são estabelecidos os procedimentos que deverão ser seguidos
pelos reclamantes e pelos árbitros na solução das controvérsias.

No entanto, o TPR não foi a única instituição criada através de protocolo. Considerado por alguns
autores como o ato que propiciou a efectiva formação do MERCOSUL, em 17 de Dezembro de
1994, foi assinado o Protocolo de Ouro Preto (POP) que criou definitivamente a base institucional
do MERCOSUL, atribuindo assim uma personalidade jurídica para o bloco, o que possibilitou as
negociações intra e extrabloco.

Segundo BAPTISTA, (1996). Ao contrário do Tratado de Assunção, ato rígido em sua estrutura, o
POP traz uma estrutura flexível apresentando uma estrutura administrativa com a qual seria
possível a condução da integração entre os países, conforme proposto no Tratado. Além de trazer
atribuições para as instituições existentes o Protocolo cria novas instituições e define suas
atribuições.

O Protocolo de Ouro Preto adicionou à estrutura existente mais quatro instituições a saber: 1)
Conselho do Mercado Comum (CMC); 1) Grupo Mercado Comum (GMC); 3) Comissão de
Comércio do MERCOSUL (CCM); 4) Comissão Parlamentar Conjunta (CPC); 5) Foro Consultivo
Económico-social (FCES); e 6) Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM).

A partir de então, o Conselho, estabelecido no topo da hierarquia, passou a ser designado como o
órgão superior do MERCOSUL com a função da condução política do processo de integração
(MERCOSUL, 1994). No mesmo protocolo, ficou clara a importância do estabelecimento de uma
União Aduaneira como uma etapa necessária para se alcançar o Mercado Comum ficando, então, o

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CMC encarregado da condução do processo de integração através das novas diretrizes
estabelecidas. Com sua estrutura institucional estabelecida, alguns protocolos adicionais se fizeram
necessários a fim de cobrir áreas específicas como é o caso do Protocolo de Ushuaia, de 24 de julho
de 1988, onde se estabeleceu a chamada Cláusula Democrática, que afirma: “A plena vigência das
instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração
entre os países-membros do presente Protocolo.” (MERCOSUL, 1998, p. 1).

Neste protocolo ficou determinado que toda a ruptura da ordem democrática ocorrida em qualquer
país-membro do presente protocolo será passível de sanções no que diz respeito a suspensão do
direito de participar do processo de integração e das benesses oriundas do MERCOSUL. Cabe
destaque, no entanto, que em 19 de Dezembro de 2011 foi assinado o Protocolo de Montevidéu sob
o título de Compromisso com a Democracia no MERCOSUL, mais conhecido como USHUAIA II,
com a finalidade de reforçar a Cláusula Democrática.

Ainda na tentativa de reforçar acordos e dispositivos vigentes no MERCOSUL, foi assinado em 18


de Fevereiro de 2002, o Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias no MERCOSUL. Este
acto substitui o Protocolo de Brasília (1991), e aperfeiçoou o sistema de solução de controvérsias
através da criação do Tribunal Permanente de Revisão no intuito de se consolidar a segurança
jurídica do bloco.

1.4. A tarifa externa comum (tec) do mercosul

Almejada desde a assinatura do Tratado de Assunção, onde sua criação consta dos objectivos
citados no primeiro artigo, a TEC é a ferramenta central para o estabelecimento de uma União
Aduaneira entre os países-membros, conforme proposto no Protocolo de Ouro Preto. Instituída
através da Decisão nº 22/94 do CMC, a Tarifa Externa Comum é baseada na Nomenclatura Comum
do MERCOSUL (NCM) que é um sistema que classifica de forma pormenorizada, comercializada
entre os país-membros e entre o Resto do Mundo.

A manutenção da NCM e da TEC é de responsabilidade do Sector de Assessoria Técnica da


Secretaria do MERCOSUL. A homogeneização da classificação nas transacções no MERCOSUL,
feita através da implementação da NCM, tem fundamental importância na aplicabilidade das tarifas
estabelecidas pela TEC ou por outros acordos firmados pelo bloco.

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O processo de negociação da TEC constituiu uma das primeiras barreiras a serem superadas pelos
países-membros. BAUMANN (2001) explica que: O processo de negociação dessa tarifa teve início
em meados de 1993, sem que estivesse clara a metodologia a ser utilizada.

[...] Ao final de 1993, a TEC já estava definida para a maioria dos produtos, embora
o exercício só viesse a se completar em fins de 1994. [...] A definição da TEC
contém as seguintes características: a) uma tarífa média de aproximadamente 11%;
b) as alíquotas incidentes sobre insumos estão situadas entre 6% e 12%; e c) os
produtos de consumo final têm tarifas da ordem de 18-20% (BAUMANN, 2001, p.
29).

É importante registrar que a estrutura das alíquotas da TEC sofreu diversas mudanças ao longo
desses anos, principalmente para atender os interesses do bloco, mas sempre mantendo suas
diretrizes e suas características principais. De acordo com as directrizes traçadas desde 1992 a TEC
possui como intuito: Incentivar a competitividade dos países-membros e seus níveis tarifários
devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado.

Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de
alíquotas; b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efectiva
(exportações) e de protecção efectiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam
definidas as alíquotas era de seis dígitos.

As excepções de aplicação de grupos de produtos, que são adoptadas pelos países desde a estrutura
da TEC de 1994, chamada de Lista de Excepção Nacional, onde cada país define as restrições de
acordo com suas necessidades, sejam elas dotadas de motivos

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Conclusão

Alguns pontos no que diz respeito à formação do MERCOSUL merecem destaque. O primeiro é
que a ausência de coordenação de políticas macroeconómicas, principalmente em relação à política
cambial, dificulta o processo de integração do bloco, o que vai de encontro com o próprio objectivo
do bloco, que é o de formar um Mercado Comum.

A integração económica só se intensificará com o rompimento da união aduaneira imperfeita5 com


a unificação monetária dos países do MERCOSUL, que se dará através do estabelecimento de uma
área monetária óptima, estabelecida através da unificação da moeda ou da coordenação das diversas
moedas regidas por uma política cambial e monetárias unificadas.

De forma resumida, podemos considerar que o MERCOSUL é resultado de uma série de


acontecimentos históricos e agrupamentos que datam desde a década de 1950. Diversos tratados
foram estabelecidos com o intuito de integrar o continente sul-americano e, inclusive, o latino-
americano. Como resultado dessas interacções entre os países sul-americanos, o Tratado de
Assunção, de 26 de Março de 1991, foi estabelecido com o intuito de promover a uma maior e mais
competitiva inserção dos membros no comércio internacional, através do estímulo às economias de
escala e liberalização comercial.

É importante ressaltar que o MERCOSUL é um processo de integração de países assimétricos que


buscam unir forças e obter vantagens frente a um mercado mundializado. Sua formação é
caracterizada por dois movimentos distintos e antagónicos: uma preocupação com o aprimoramento
de sua estrutura institucional; e uma morosidade na aprovação de seus actos fundacionais.

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Referência bibliográfica

ACCIOLY, Elizabeth. (2002). MERCOSUL e União Europeia: Estrutura Jurídico Institucional. (2ª
ed). Curitiba: Juruá

BAPTISTA, Luis. (2001). Direito Internacional Público e Integração Económica Regional.


Curitiba: Juruá

BAUMANN, Renato. (2001). Avanços e desafios da integração. Brasília: IPEA/CEPAL, 2001.

CAMPOS, A. (1990). Comércio Internacional e Importação. São Paulo: Aduaneiras

GIAMBIAGI, Fábio. (1997). Uma proposta de unificação monetária dos países do MERCOSUL.
Revista Economia Política. Vol. 17, n. 4. São Paulo

LACERDA, Antônio Corrêa de. (2004). Globalização e investimento estrangeiro no Brasil. (2ª ed).
São Paulo: Saraiva

OLIVEIRA, Celso Maran de. (2003). Mercosul: Livre Circulação de Mercadorias. Curitiba: Juruá,

SANTOS, Theotonio dos. (1999). Economia Mundial: Integração regional e desenvolvimento


sustentável. (4ª ed). Petrópolis: Vozes

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