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FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO
Introdução ............................................................................................................................................ 3
1.1. Formação....................................................................................................................................... 4
Conclusão........................................................................................................................................... 12
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Introdução
Metodologia
Quanto a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de obras
bibliográficas e pesquisas feita na internet, que consistiu na recolha, critica e interpretação dos
dados cujas referências estão citadas dentro do trabalho e na referência bibliográfica.
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1. Mercado comum Mercosul
1.1. Formação
O MERCOSUL é um tratado de cooperação formado por quatro Estados da América do Sul sendo a
República Argentina, República Federativa do Brasil, República do Paraguai e República Oriental
do Uruguai. É um Tratado de integração regional, onde há a execução de objectivos e interesses em
comum, possuindo uma TEC e visa ser um Mercado Comum.
A integração, segundo LACERDA (2004, p. 19), “preserva as identidades das regiões e enseja que
o Estado nacional adquira maior potencialidade na comunidade internacional”.
Autores atribuem o início desse processo de integração para antes da década de 1990.
Para estes, o começo das discussões situam-se na década de 1950, onde as estratégias de
desenvolvimento da região latino-americana eram definidas através da Comissão Económica para
América Latina e Caribe (CEPAL), onde, também, se desenvolveram políticas que promoveriam a
integração económica regional, evitando, dessa forma, que as economias estudadas não tivessem
seu crescimento interrompido pelo que foi definido como dependência dos países. (PINTO, 2010, p.
52).
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Portanto, para atender às ideias propostas pela CEPAL, em Fevereiro de 1960 foi assinado o
Tratado de Montevidéu onde Argentina, Brasil, Chile e Uruguai participaram da criação da
Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC). Este era um mecanismo embrionário
que buscava a fomentação de uma zona de livre comércio na região.
Outra tentativa de integração se deu após a substituição da ALALC, pela Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI), que entrou em vigor após a assinatura do novo Tratado de
Montevidéu, em agosto de 1980. LACERDA, (2004), explica o objectivo mais geral era o de
compatibilizar a tendência anterior a acordos bilaterais ou sub-regionais, em um processo de
integração económica “por convergência”
Em Novembro de 1985, durante a inauguração da Ponte Tancredo Neves, na divisa entre Brasil e
Argentina, foi estabelecida a Declaração do Iguaçu onde se criou uma Comissão Mista de Alto
Nível para Cooperação e Integração Económica Bilateral encarregada de propor programas e
projectos que contribuiriam para a integração regional entre os dois países.
Desta Comissão Mista de Alto Nível foi estabelecido o Programa de Integração e Cooperação
Económica (PICE) disposto na Ata para Integração Brasileiro – Argentina, assinada em Buenos
Aires, em 1986 e que deu início ao processo de aproximação entre os dois países. Futuramente tal
processo seria consolidado através do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento
(1988), estabelecido por esses dois países.
Dentre os processos apresentados, o PICE é o que estabelece uma relação mais próxima à criação
do MERCOSUL. Através deste tratado de 1988 ficou estabelecida uma Área de Livre Comércio
entre Brasil e Argentina e, posteriormente, através da Ata de Buenos Aries (1990) ficou
estabelecido que a forma de integração entre os dois países se daria através de um Mercado
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Comum. Contudo, todas as tentativas anteriores ao MERCOSUL contribuíram, algumas de forma
mais intensas e outras de cunho apenas normativo, para dar início ao maior projecto de integração
da América do Sul.
A vontade do Estados da América do Sul de buscarem soluções para problemas comuns entre estes,
como ampliação de seus mercados, aumento de sua produtividade, inserção no mercado
internacional, endividamento externo e desemprego, por exemplo, já existia antes da formação do
MERCOSUL.
ACCIOLY (2002), afirma que em 1985 o presidente do Brasil Tancredo Neves visitou Raúl
Alfonsín, presidente da Argentina, e acordaram levar adiante uma aproximação comercial e política
entre os dois Estados. A morte de Tancredo, mesmo antes de assumir a presidência, não afectou os
planos de ambos. No dia 30 de Novembro do mesmo ano, Raúl Afonsín e José Sarney firmaram a
Declaração do Iguaçu. A República Argentina e a República Federativa do Brasil tinham objectivos
de aproximação comercial e política para benefício de ambos os Estados.
Ainda de acordo com ACCIOLY (2002), em julho de 1986 foi assinado a Ata para Integração
Brasil-Argentina, criando o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE) e em 1988, a
assinatura do Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento (TICD), prevendo formação
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de um espaço econômico em dez anos, com eliminação de barreiras alfandegárias e não-
alfandegárias. Em julho de 1990, foi atingido o auge do processo com a assinatura da Ata de
Buenos Aires, por Carlos Meném e Fernando Collor de Mello, estipulando a criação de um
Mercado Comum num prazo de quatro anos e meio.
A assinatura da Ata de Buenos Aires trouxe a inserção de mais dois Estados no processo de
integração, o Paraguai e o Uruguai. A criação da PICE estabeleceu integração de sectores
específicos da economia, com o objectivo de abrir os mercados nacionais e estimular a economia da
Argentina e Brasil.
A assinatura desses acordos entre Argentina e Brasil propiciou condições favoráveis para que
Carlos Meném e Fernando Collor de Mello, respectivamente presidentes da Argentina e do Brasil,
pudessem constituir um acordo regional. Em 26 de Março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e
Uruguai, assinaram o Tratado de Assunção, criando o MERCOSUL. É um tratado que visa a
constituição de um Mercado Comum entre os Estados-membros.
Com a TEC os Estados não têm mais a autonomia de aplicar tarifas de importação diferentes sobre
produtos importados e todos devem obedecer as regras e tarifas previstas pela TEC na negociação
com terceiros Estados. Com a aprovação da TEC, foi implantado uma Nomenclatura Comum do
MERCOSUL (NCM), que classifica as mercadorias a serem importadas ou exportadas, baseado em
uma estrutura de códigos, facilitando a comercialização de mercadorias.
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1.3. O tratado de assunção e os principais protocolos
O Tratado de Assunção constitui um texto simples, com vinte e quatro artigos, divididos em seis
capítulos, além de contar com cinco anexos que dão tratamento a alguns pontos definidos no texto
base.
Em seu texto, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, chamados de “países-membros”, acordam com
a constituição do MERCOSUL onde este tem como objectivo a livre circulação de bens, serviços e
factores produtivos entre os Estados-Membros, além da restrição das barreiras alfandegárias e
tributárias. É estabelecida, também, uma tarifa externa comum e a adopção de uma política
comercial e alfandegária comum entre os países para com países terceiros ao bloco.
BAPTISTA, (1996), explica que apenas duas instituições foram estabelecidas, a saber: a) Conselho
do Mercado Comum (CMC); e b) Grupo do Mercado Comum (GMC). Cabe ressaltar que estas
instituições não são consideradas supranacionais. Conforme explica Baptista (1996), tais
instituições foram criadas no sentido da teoria institucional de Hauriou ou a de Santi Romano e não
na tentativa de se criar organismos supranacionais, como na experiência europeia
Mais à frente, detalharemos as funções e os objectivos destas instituições, assim como suas
transformações causadas pelo Protocolo de Ouro Preto, cujas funções e instituições foram por este
protocolo. A primeira necessidade encontrada, após a assinatura do Tratado em 1991, foi a criação
de regras que solucionassem as controvérsias oriundas da interpretação, aplicação ou não
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cumprimento dos artigos dispostos do documento de fundação, sendo assim, no mesmo ano, em
Brasília, no dia 17 de Dezembro, foi assinado, o denominado Protocolo de Brasília para a Solução
de Controvérsias. O protocolo esteve em vigência até 18 de Fevereiro de 2002, quando foi assinado
o Protocolo de Olivos, com o objectivo de dar maior segurança nas regras utilizadas na resolução
das controvérsias.
Foi através desde protocolo que foi criado o Tribunal Permanente de Revisão (TPR), o que seria um
embrião para a criação de uma corte permanente para solução dos conflitos ocasionalmente
gerados. Cada país-membro ficou encarregado de designar um árbitro, tendo hoje um total de cinco
membros. No mesmo documento são estabelecidos os procedimentos que deverão ser seguidos
pelos reclamantes e pelos árbitros na solução das controvérsias.
No entanto, o TPR não foi a única instituição criada através de protocolo. Considerado por alguns
autores como o ato que propiciou a efectiva formação do MERCOSUL, em 17 de Dezembro de
1994, foi assinado o Protocolo de Ouro Preto (POP) que criou definitivamente a base institucional
do MERCOSUL, atribuindo assim uma personalidade jurídica para o bloco, o que possibilitou as
negociações intra e extrabloco.
Segundo BAPTISTA, (1996). Ao contrário do Tratado de Assunção, ato rígido em sua estrutura, o
POP traz uma estrutura flexível apresentando uma estrutura administrativa com a qual seria
possível a condução da integração entre os países, conforme proposto no Tratado. Além de trazer
atribuições para as instituições existentes o Protocolo cria novas instituições e define suas
atribuições.
O Protocolo de Ouro Preto adicionou à estrutura existente mais quatro instituições a saber: 1)
Conselho do Mercado Comum (CMC); 1) Grupo Mercado Comum (GMC); 3) Comissão de
Comércio do MERCOSUL (CCM); 4) Comissão Parlamentar Conjunta (CPC); 5) Foro Consultivo
Económico-social (FCES); e 6) Secretaria Administrativa do MERCOSUL (SAM).
A partir de então, o Conselho, estabelecido no topo da hierarquia, passou a ser designado como o
órgão superior do MERCOSUL com a função da condução política do processo de integração
(MERCOSUL, 1994). No mesmo protocolo, ficou clara a importância do estabelecimento de uma
União Aduaneira como uma etapa necessária para se alcançar o Mercado Comum ficando, então, o
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CMC encarregado da condução do processo de integração através das novas diretrizes
estabelecidas. Com sua estrutura institucional estabelecida, alguns protocolos adicionais se fizeram
necessários a fim de cobrir áreas específicas como é o caso do Protocolo de Ushuaia, de 24 de julho
de 1988, onde se estabeleceu a chamada Cláusula Democrática, que afirma: “A plena vigência das
instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento dos processos de integração
entre os países-membros do presente Protocolo.” (MERCOSUL, 1998, p. 1).
Neste protocolo ficou determinado que toda a ruptura da ordem democrática ocorrida em qualquer
país-membro do presente protocolo será passível de sanções no que diz respeito a suspensão do
direito de participar do processo de integração e das benesses oriundas do MERCOSUL. Cabe
destaque, no entanto, que em 19 de Dezembro de 2011 foi assinado o Protocolo de Montevidéu sob
o título de Compromisso com a Democracia no MERCOSUL, mais conhecido como USHUAIA II,
com a finalidade de reforçar a Cláusula Democrática.
Almejada desde a assinatura do Tratado de Assunção, onde sua criação consta dos objectivos
citados no primeiro artigo, a TEC é a ferramenta central para o estabelecimento de uma União
Aduaneira entre os países-membros, conforme proposto no Protocolo de Ouro Preto. Instituída
através da Decisão nº 22/94 do CMC, a Tarifa Externa Comum é baseada na Nomenclatura Comum
do MERCOSUL (NCM) que é um sistema que classifica de forma pormenorizada, comercializada
entre os país-membros e entre o Resto do Mundo.
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O processo de negociação da TEC constituiu uma das primeiras barreiras a serem superadas pelos
países-membros. BAUMANN (2001) explica que: O processo de negociação dessa tarifa teve início
em meados de 1993, sem que estivesse clara a metodologia a ser utilizada.
[...] Ao final de 1993, a TEC já estava definida para a maioria dos produtos, embora
o exercício só viesse a se completar em fins de 1994. [...] A definição da TEC
contém as seguintes características: a) uma tarífa média de aproximadamente 11%;
b) as alíquotas incidentes sobre insumos estão situadas entre 6% e 12%; e c) os
produtos de consumo final têm tarifas da ordem de 18-20% (BAUMANN, 2001, p.
29).
É importante registrar que a estrutura das alíquotas da TEC sofreu diversas mudanças ao longo
desses anos, principalmente para atender os interesses do bloco, mas sempre mantendo suas
diretrizes e suas características principais. De acordo com as directrizes traçadas desde 1992 a TEC
possui como intuito: Incentivar a competitividade dos países-membros e seus níveis tarifários
devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado.
Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de
alíquotas; b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efectiva
(exportações) e de protecção efectiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam
definidas as alíquotas era de seis dígitos.
As excepções de aplicação de grupos de produtos, que são adoptadas pelos países desde a estrutura
da TEC de 1994, chamada de Lista de Excepção Nacional, onde cada país define as restrições de
acordo com suas necessidades, sejam elas dotadas de motivos
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Conclusão
Alguns pontos no que diz respeito à formação do MERCOSUL merecem destaque. O primeiro é
que a ausência de coordenação de políticas macroeconómicas, principalmente em relação à política
cambial, dificulta o processo de integração do bloco, o que vai de encontro com o próprio objectivo
do bloco, que é o de formar um Mercado Comum.
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Referência bibliográfica
ACCIOLY, Elizabeth. (2002). MERCOSUL e União Europeia: Estrutura Jurídico Institucional. (2ª
ed). Curitiba: Juruá
GIAMBIAGI, Fábio. (1997). Uma proposta de unificação monetária dos países do MERCOSUL.
Revista Economia Política. Vol. 17, n. 4. São Paulo
LACERDA, Antônio Corrêa de. (2004). Globalização e investimento estrangeiro no Brasil. (2ª ed).
São Paulo: Saraiva
OLIVEIRA, Celso Maran de. (2003). Mercosul: Livre Circulação de Mercadorias. Curitiba: Juruá,
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