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INTEGRAÇÃO REGIONAL
1
MENDES, de Sousa Pedro Fernandes. Dicionário de Relações Internacionais, 3ª ed., Edições
Afrontamento, Porto, 2014, P.129.
2
Idem, P.129.
1
Para Tinbergen, a integração é a criação da estrutura
económica internacional mais desejável para suprimir as barreiras artificiais
para uma acção óptima de livre cambismo, introduzindo todas as formas
requeridas de cooperação e de união. Tibergen considera dois tipos de
integração: a negativa, que envolve a remoção das descriminações e
restrições á circulação (nas situações que ancete um processo de
desarmamento pautal ou se aplica uma normalização técnica), e a positiva
que agrega as modificações das instituições e instrumentos, com intuito de
promover objectivos amplos de políticas harmonizadas no espaço integrado3.
Ernest Haas define a integração regional como o processo
pelo qual os agentes de várias áreas nacionais procuram transferir as suas
lealdades, espectativas e actividades políticas para um centro novo e mais
abrangente, cuja as instituições pretendem jurisdições sobre os pré-existentes
Estados.
Para Haas, não se trata de uma organização internacional
intermediária entre os Estados, mas de um novo centro de decisão a cargo de
uma instituição superior aos Esatados.
É um processo que congrega países da mesma região com o
objectivo de dinamizar as suas economias, proporcionando assim o
desenvolvimento esperado pelos diferentes povos com vista a melhoria das
condições socias.
A definição de integração regional não é consensual entre os
vários autores, porém exitem alguns elementos que são comum dentro dos
distintas definições aprentadas que podem permiter a compreensão do
fenómeno.
A integração regional como processo económico e político,
decorre dentro dum período histórico.
3
MENDES, De Sousa Pedro Fernandes. Dicionário de Relações Internacionais, 3ª Ed., Edições
Afrontamento, Porto, 2014, P. 129.
2
1.3. Aspectos históricos de integração regional
Na sequência da Primeira Guerra Mundial foi admitida o
insucesso do isolacionismo, tanto económico como político e a necessidade
de se caminhar com determinação para a criação de condições que tornassem
o comércio mais livre, por meio de instituições internacionais que
promovessem não apenas a abolição de barreiras, assim como um maior
equilíbrio entre os países e multilateralização dos pagamentos internacionais.
O termo integração económica adquiriu maior precisão, segnificando o
processo voluntário de crescente interdependência de economias separadas
em 19504.
O primeiro contributo para análise sistemática da integração
económica internacional é atribuído a Jacob Viner com o seu trabalho em
1950 sobre as uniões aduaneiras, apesar de Haberter (1936) e Gregory (1921)
terem sido os percursores do estudodas uniões aduaneira5.
É apartir do desenvolvimento do trabalho de J. Viner que a
integração económica passa a ser designada como processo voluntário de
crescente interdependência de economias separadas e a sua fusão em regiões
mais largas que corresponde ás fronteiras nacionais dos países cujas
economias se integram6.
A ideia de integração regional nos termos que se conhece
actualmente surgiu com a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço (CECA), em 1951, e seus posteriores desdobramentos na formação da
Comunidade Económica Europeia (CEE) e da Comunidade Europeia de
Energia Atômica (Euratom), por meio do tratado de Roma, em 19577. Desde
4
PINTO, De Sá Messias. A Áreas de Livre Comércio das Américas e os Interesses da União Europeia na
América Latina, Universidade do Ninho Escola de Economia de Gestão (Tese De Doutoramente), Braga
2004, P.12.
5
Idem, P.07.
6
SILVA, A. Neto & REGO, Luís. Teoria e Prática da Integração Económica, Porto Editora, Porto,
1991.P.09.
7
SZUCKO, Saraiva Angélica. A inércia institucional nos processos de integração regional – o método do
Path Dependence aplicado aos casos da União Europeia e do Mercosul Debater A Europa Periódico do
3
então, procurou-se analisar quais os factores que contribuiram para esse
processo de integração regional e de cooperação internacional. Estas
comunidades são as bases da formação da União Europeia8.
Num primeiro momento, o motivo principal da criação destas
comuidades, foi para evitar novos conflitos no continente europeu,
especialmente entre a França e a Alemanhã, e mais tarde estendeu-se a razões
económicas e políticas que justificam a aproximação entre os Estados dentro
de um sistema de interdependência complexa9.
A integração regional quanto a sua evoluição é feita por
distintas etapas, caracterizadas por diferentes aspectos como se pode
constatar na secção asseguir.
1.4. Etapas do Processo de Integração
De acordo com Balassa, a integração económica seria a
eliminação das restrições aos movimentos de mercadorias entre os Estados.
Este processo desenvolveria-se gradualmente, reunindo medidas políticas e
económicas de integração cada vez mais forte.
Deste feita, segundo o autor a integração deve ser realizado
por etapas onde cada uma supera a anterior em alguns aspectos que
intensificam a interligação económicas e políticas entre os Estados-
membros. Segundo Balassa, exitem cinco fases ou etapas da integração: 1ª a
zona de livre comércio; 2ª união aduaneira; 3ª mercado comum; 4ª união
económica e 5ª integração económica total10.
CIEDA e do CEIS20, em parceria com GPE e a RCE, Nº16 jan/jun 2017, Pg.29. Disponível em:
http://www.europe-direct-aveiro.aeva.eu/debatereuropa/ https://doi.org/10.14195/1647-6336_16.
8
A União Europeia, é o exemplo do mais avançado grau de integração regional observado até o momento,
cumpriu, ao largo de seus mais de cinquenta anos de formação, cada um dos estágios reconhecidos pelos
estudiosos do tema.
9
Idem, P. 29.
10
BALASSA, Bela. Teoria da Integração Econômica. Tradução de Maria Filipa Gonçalves e Maria Elsa
Ferreira, Lisboa: Clássica Editora, 1964.
4
1ª A Zona de Livre Comércio
È a forma mais simples de integração económica,
caracterizada apenas pela supressão de restrições ao comércio entre os
Estados-membros, a eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias de
forma a facilitar a circulação de bens e unificar as normas de controle de
qualidade e a padronização dos produtos. Mantendo-se a autonomia dos
Estados-membros para definir suas políticas tarifárias em relação a terceiros
Estados.
2ª União Aduaneira
Anesta fase, lém da eliminação de barreiras tarifárias, os
países- membros de uma União Aduaneira adoptam uma tarifa externa
comum em relação a terceiros países, o que acaba gerando uma
harmonização de determinadas políticas económicas dentro do bloco. Este
facto leva a uma perda da autonomia dos Estados nas negociações
extrabloco, que passam a ser determinadas em conjunto.
A tarifa externa comum é a solução para o problema anterior
de determinação da origem do produto pois permite a livre circulação de
todos os bens dentro da zona independentemente de sua procedência. Ocorre,
assim, a introdução de um poder central que coordena e mantém o equilíbrio
das políticas econômicas do bloco, uma medida positiva para a integração.
3ª Mercado Comum
Esta seria a etapa mais avançada de um processo de
integração, onde, além da livre circulação de mercadorias e da existência de
uma tarifa externa comum, introduz-se a livre circulação também dos fatores
de produção, definidos por trabalho, capitais, iniciativas empresariais,
prestação de serviços, entre outros. Também estabelece um sistema
administrativo de caráter permanente, necessário para coordenar a dinâmica
mais complexa do Mercado Comum, conduzindo a uma harmonização das
condições de desenvolvimento dos Estados-membros.
5
4ª União Económica
A União Económica compreende todas as características do
Mercado Momum e, além disso, prevê a harmonização das legislações
nacionais que tenham relação directa ou indirecta com o sistema económico.
Demanda, portanto, que as políticas económicas, financeiras
e monetárias dos Estados membros sejam coordenadas por uma autoridade
comum. A integração das políticas económicas nacionais dos países-
membros seria uma forma de eliminar as assimetrias intra-bloco,
transformando, por fim, vários mercados independentes em um só.
5ª Integração Económica Total
È a última etapa, onde o processo de integração se caracteriza
em sua forma mais intensa. De acordo com Balassa, “pressupõe a unificação
das políticas monetárias, fiscais, sociais e anticíclicas, e exige o
estabelecimento de uma autoridade supranacional”11. Desta forma, a
Integração Total pretende atingir não apenas o progresso econômico
equilibrado, mas também o desenvolvimento social conjunto dos países-
membros, de forma a eliminar todos os tipos de barreiras e promover a livre
movimentação de bens, serviços e povos.
Portanto, além das etapas referenciadas nesta secção a
integração apresenta alguns aspectos essenciais para sua funcionalidade.
1.5. Principais aspectos da integração regional
Para muitos autores a integração económica pode assumir
vários níveis e tipos.
Quanto aos níves podem ser12:
Nacional, quando há integração económica de várias regiões de um
país;
11
BALASSA, Bela. Teoria da Integração Econômica. Tradução de Maria Filipa Gonçalves e Maria Elsa
Ferreira. Lisboa: Clássica Editora, 1964.
12
SILVA, A. Neto & REGO, Luís , Op. Cit. P. 08.
6
Regional, diz respeito a integração de diferentes países num bloco
económico;
Integração universal, que é a integração de todos os países num único
bloco económico, ou seja, a que respeita á eliminação de todas as
barreiras e descriminação ás trocas internacionais (a organização
mundial do comérico seria uma tentativa dessa integração global)
Quanto aos tipos tendo em atenão aos graus de integração podem assumir
duas formas13:
1) A primeira forma, tida como o grau mais “profundo” da integração
que diz respeito aos tratados que têm como objectivos a livre
circulação de pessoas e harmonizaçao das políticas macroeconómicas,
como é o caso do mercado comum.
2) A segunda forma, designada integração “superficial”, que ocorre com
a formação das áreas de livre comércio, visando apenas á livre
circulação de mercadorias e de capitais.
Uma outra forma presente na literatura, que é mais uma
espécie de cooperação económica do que integração, denominada Acordo
Preferencial de Comércio. O qual segundo Salvatore refere-se da licença,
entre os Estados participantes, da utilização de barreiras comerciais menos
elevadas do que aquelas relativas ao comércio com as nações que não o
são”14.
Lowrence acrescenta ainda a “ Shallow integration”
integração superficial e “deep integration” intergaração profunda para
caracterizar o envolvimento dos países em desenvolvimento no comércio
internacionais nos últimos cinquentas anos15. O grau e tipos da integração
possuem efeitos sobre a economia.
13
MOREIRA, Silva Cássio. A Integração Regional como Resposta Ao Processo de Globalização Gestão
Contemporânea, Porto Alegre, Ano 7, N. 7, P. 215-243, Jan./Jun. 2010 P. 220.
14
SALVATORE, Dominick. Economia Internacional, LTC, Rio de Janeiro, 1998, P. 175.
15
Idem, P. 08.
7
1.5.1. Os Efeitos Económico da Integração Regional
1. Efeitos Estáticos
16
PINTO, De Sá Messias. A Áreas de Livre Comércio das Américas e os Interesses da União Europeia na
América Latina, Universidade do Ninho Escola de Economia de Gestão (Tese De Doutoramente), Braga
2004, P.12.
17
PINTO, De Sá Messias, A Áreas de Livre Comércio das Américas e os Interesses da União Europeia na
América Latina, Universidade do Ninho Escola de Economia de Gestão (Tese De Doutoramente), Braga
2004, P.13.
8
Entretanto, a integração rgional será benefica se a criação do
comércio superar o desvio do comércio.
2. Efeitos Dinámico
A teoria estática analisa os efeitos que a criação de uma união
aduaneira provoca na localização da produção que resultam na eliminação
das barreiras comerciais e os efeitos que ocorrem directa e imediatamente na
localização da produção e no comércio. Esses efeitos respeitam aos ganhos
e perdas de bem-estar de curto prazo em resultado das alterações na eficiente
afectação de recursos dos países-membros, assegurando a sua capacidade
produtiva como um dado18.
Porém, existem outros efeitos de longo prazo, sobre o bem-
estar dos países-membros. Que segundo a análise dinámica podem ser :
a) aumento da concorrência; b) ampliação do mercado consumidor
(economia de escala); c) aumento da oferta; d) redução dos preços aumento
da satisfação dos consumidores; e) Incentivo ao desenvolvimeto tecnológico
e f) aumento dos fluxos de de investimento estrangeiro direicto.
18
PINTO, De Sá Messias. A Áreas de Livre Comércio das Américas e os Interesses da União Europeia na
América Latina, Universidade do Ninho Escola de Economia de Gestão (Tese De Doutoramente), Braga
2004, P.15.
9
Teoria Federalista
Teoria Funcionalista
19
Em geral, o federalismo fica à margem das teorias utilizadas para estudar os processos de integração dado
seu caráter altamente normativo, em função da proposta de formação de uma federação de Estados, e o fato
de que é uma abordagem que não traz hipóteses para validar como e por que motivo o processo de
integração se constrói, mas, sim, um modelo de integração a ser implementado.
20
SAURUGER, Sabine. Théories et concepts de l’integration européenne. Paris. Presses de Sciences Paris,
2009, Pp. 134-135.
21
ZECA, Emilio Jovando. Relações Internacionais: Natureza, Paradigmas e Sassuntos Transversais. 2ª ed.
Luanda, Plural Editora, Luanda, 2013, P.193.
10
destes autores a forma mais segura e efeitiva a integração e assegurar a paz
universal, seria a cooperação ao nível de certas tarefas funcionais, tanto de
natureza técnica tal como económica, ao invés da criação de novas
estrututuras institucionais no plano político22.
22
SAPALO, Félix Buendende Silliveli. A Integração Económica da Comunidade De Desenvolvimento Da
África Austral (SADC). A Industrialização de Angola como Condição para Á Zona de Livre Comercio da
SADC. de 2008 á 2017, Instituto Superior de Relações Internacionais Venâncio da Silva De Maoura,
Luanda, 2016, P.06.
23
DUTSCH, Karl Wolfgang. A Nalise Das Relações Internacionais, 2ª Ed. UNB, Brasília, 1982, Pg.233.
24
DOS SANTOS, Victor Marques: Teoria das Relações Internacionais, 1ª Ed.Europress, Lda, Lisboa, s/n
P.140.
11
requeridas e oportunamente sentiriam as vantagens da cooperação
pacífica, reduzindo a importância das fronteiras políticas.
Teoria Neofuncionalista
25
DOS SANTOS, Victor Marques. Teoria das Relações Internacionais, 1ª Ed.Europress, Lda, Lisboa,
s/n, P.234.
26
HAAS, apud MARIANO, Karina Lilia Pasquariello MARIANO, Marcelo Pasini. As Teorias de
Integração Regional e os Estados Subnacionais. Impulso (Piracicaba), Piracicaba, v. 13, n.31, p. 47-69,
2002.
27
FERNANDES, António José. Introdução a Ciências Políticas: Teorias, Métodos e Temáticas, 1ª ed.,
Porto Editora, Porto P.40.
12
A teoria neofuncionalista, destingue-se da teoria
funcionalista pelo facto da segunda entender que não se justifica a separação
entre os aspectos políticos e os técnicos, tendo em conta que os países se
interagem em virtude de suas caracteristas semelhantes e objecticos
comuns28.
28
DA ROCHA, Manuel José. Introdução á Económia Internacional e a Integração Regional, Offset, Lda,
Luanda, 2008, P.231.
29
DE OLIVEIRA, Odete Maria. Unão Europeia. Processo de Integração e Mutação, Jurua, Curitiba,1990,
P. 51-52.
30
JAMINE; Elísio Benedito. Migração e Integração Regional: OMC e SADC: O Processo De Integração
Regional Na SADC. Academica Editora, Maputo, S/N, P. 53.
13
Teoria Intergovernamentalista
31
MARIANO, Karina Lilia Pasquariello MARIANO, Marcelo Pasini. As Teorias de Integração Regional
e os Estados Subnacionais. Impulso (Piracicaba), Piracicaba, v. 13, n.31, p. 47-69, 2002.
32
Idem.
14
Em suma, a integração regional é o processo pelo qual os
agentes de várias áreas nacionais procuram transferir as suas lealdades,
espectativas e actividades políticas para um centro novo e mais abrangente,
cuja as instituições pretendem jurisdições sobre os pré-existentes dos
Estados. Bela Balassa considera a integração como um processo e como
estádio.
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