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Rodrigo F More
INTRODUÇÃO
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________________________________________________Prof. Dr. Rodrigo F More
III - ESTRUTURA.
Estruturalmente, o fenômeno de integração econômica é uma iniciativa estatal,
um resultado do dirigismo do Estado que organiza a atividade econômica através de
medidas administrativas e legislativas. Parte, portanto, do princípio de que as forças de
mercado não são suficientemente fortes para se auto-regular, exigindo, pois, a
intervenção do poder político.
Esta abordagem estrutural, fundada no poder político, permite distinguir:
• Integração nacional, como um processo restrito às fronteiras de um Estado;
• Integração econômica internacional, que se refere à integração em um bloco
regional (regionalização)8;
• Integração econômica mundial, que visualiza o fenômeno em escala mundial, mas
numa perspectiva microeconômica (globalização).
Interessa para este estudo o segundo e o terceiro nível de integração
econômica, aquele, inclusive, abordado por Bela Balassa em sua obra Teoria da
Integração Econômica, de 1962.
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1. Globalização.
O termo globalização, embora comporte diversas conceituações no âmbito da
política econômica, caracteriza-se pelo crescimento da atividade econômica para além
das fronteiras políticas, regionais e nacionais de um Estado, em proporções mundiais,
possibilitando aos diversos atores, em movimentos migratórios, buscar nas trocas e nos
investimentos o lucro pela livre concorrência. É um processo centrífugo e
microeconômico. O primeiro destes aspectos abrange o comportamento e as estratégias
das empresas, com ativos financeiros, com tecnologia e controle de haveres. As forças
microeconômicas, de sua vez, podem ser estimuladas, como se asseverou anteriormente,
pela atuação do poder público, tal como através da desregulação de mercados
financeiros, reforço ou rebaixamento de entraves políticos à concorrência, às trocas, ao
investimento.
Os efeitos da globalização, de modo muito sucinto, podem ser descritos como:
a. redução da distância econômica entre países, regiões e agentes; b. limitação da
soberania dos governos nos planos nacional e internacional; c. perturbação dos
oligopólios existentes, através da mudança das regras de mercado na luta pela vantagem
competitiva entre empresas de um país ou entre países; d. interação das formas
microeconômicas. A resultante destes efeitos é uma "interdependência" internacional, à
luz das intrincadas relações entre os mercados. De modo geral, dentro do espírito de
livre concorrência, o mundo globalizado busca a criação de economias de escala e o
aumento de eficiência econômica das trocas, obviamente, ideais também almejados nos
processos de regionalização.
2. Regionalização.
No movimento de regionalização, um processo macroeconômico e centrípeto,
a concentração de comércio internacional dá-se entre países ou grupo de países com
proximidade geográfica.
No plano de direito, a regionalização toma a forma de um acordo comercial
preferencial ou de união aduaneira, nas formas mais simples, ou união econômica e
monetária, na forma mais complexa. Na base da institucionalização deste processo estão
forças políticas com referencial aos poderes do Estado, que buscam diminuir as
diferenças e os obstáculos intra-regionais para livre circulação de bens, pessoas e
capitais. O enfoque jurídico funda-se na formatação de um fenômeno político-
econômico, com o fito de tornar mais competitivo o respectivo espaço econômico.
No plano fático, a regionalização deriva das mesmas forças microeconômicas
que impulsionam a globalização. Contudo, o fenômeno da regionalização, envolvendo
uma política essencialmente estatal, só se realiza através da iniciativa do próprio Estado,
donde seu caráter macroeconômico.
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V - CONCLUSÕES.
1
PEREIRA, André Gonçalves & QUADROS, Fausto de, "Manual de Direito Internacional Público", 3ª
ed. revista e ampliada, Almedina, Coimbra, 1995.
2
Idem, op. cit., p. 413.
3
Os Professores André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros (op. cit., p. 422) indicam que o fenômeno
da supranacionalidade só se tornou conhecido nas relações internacionais após a II Guerra Mundial,
encontrando, hoje, seu apogeu na integração econômica européia.
4
A questão da “mitigação da soberania”, que naturalmente surge ao se tratar de organizações
internacionais de integração (de caráter supranacional), não será tratada neste estudo. Sobre esta questão
escrevemos monografia intitulada “O moderno conceito de soberania no Direito Internacional Público”,
para a cadeira de Teoria Geral do Direito Internacional Público, do Curso de Pós-graduação da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo, I semestre de 1998. Em linhas gerais, defendemos um novo
conceito de soberania, moldado à realidade dos processos de integração econômica internacional.
Naquele trabalho, asseveramos: “Somente uma composição política, legislativa e jurídica, interna e
externa, pode levar à realização do ideal integracionista. Esta composição é resultado do mais puro
exercício de soberania interna. Donde se conclui que nestes processos, do mais simples modelo (zona de
livre comércio) ao mais avançado (integração econômica total) é impróprio falar-se em mitigação ou
"alienação de soberania". Insistir nesta afirmativa significa retornar no tempo, aos primórdios do
Direito Internacional Clássico, é deter-se somente sob o aspecto interno da soberania que privilegia as
relações internas do Estado, criando barreiras teóricas intransponíveis para a realização dos modernos
processos econômicos”.
5
MEDEIROS, Eduardo Raposo, "Economia Internacional", 5ª ed., revista e atualizada, Instituto Superior
de Ciências Sociais e Políticas, Lisboa, 1996, p. 569.
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Entre os fenômenos econômicos observados no processo de integração, BELA BALASSA (in "Teoria
da Integração Econômica", Livraria Clássica Editora, Lisboa.) assevera que a instituição de direitos afeta
a distribuição de recursos, uma vez que os produtos estrangeiros (de menor custo) tendem a ser
substituídos por produtos internos com custos maiores, ocorrendo a discriminação em relação à fonte de
produção; por outro lado, a demanda se volta para bens internos, discriminando os estrangeiros em razão
de sua natureza. Estes desvios de custos menores para custos maiores provoca a diminuição da produção
em relação ao livre comércio, embora o preço final dos bens internos seja menor que o externo,
aumentando o consumo dos primeiros. Em suma, o processo de integração favorece o livre comércio, ao
passo que aumenta a discriminação.
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As referências às teorias econômicas de HARBELER, MYRDAL e PETER ROBSON foram obtidas a
partir da obra de Eduardo Raposo Medeiros, op. cit. p. 569/570.
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As vantagens de ordem econômica proporcionados pelos acordos de integração são de grande relevância
para a própria sobrevivência do processo. Dentre estas vantagens pode-se destacar, segundo a Teoria das
Relações Econômicas Internacionais: aumentos de produção resultantes de fenômenos de especializações
em conformidade com as vantagens comparativas; aumento de produção derivados de economias de
escala; melhoria das razões de troca da área integrada face ao exterior; aumentos de eficiência baseados
na pressão concorrencial dentro da área; alterações quantitativas e qualitativas de inputs, bem como no
aumento dos fluxos de capital e dos processos tecnológicos.
9
A OCDE é antecessora da Organização Européia de Cooperação Econômica (OECE), esta um fruto
remoto do plano de assistência econômica e política norte-americana denominado Plano Marshal. A
OCDE foi criada por uma convenção de 14 de dezembro de 1960, em substituição à OECE.
10
KOL, Jacob, "Regionalization, Polarization and Blockformation in the World Economy", in Revista
Integração e Especialização, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1996, p. 17.
11
Os dados estatísticos e as referências foram extraídas da obra de Joaquim Ramos Silva, "A
regionalização multiforme da economia mundial, in Revista Integração e Especialização, do Centro de
Estudos Europeus, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1996, p.43.
12
RAMOS SILVA, op. cit., p. 44.
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