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01 de Abril de 2018
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1.1. A dimensão económica e a dimensão jurídica da economia – Da
análise económica do direito à regulação do mercado.
O direito é assim um produto cultural por excelência, surge como uma instância
reguladora dotada de uma racionalidade que não se reduz à pura racionalidade
económica. No entanto essa autonomia é relativa. A evolução económica e
tecnológica influencia profundamente o direito, obrigando-o a um processo de
contínua adaptação.
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atendendo a acepção que aí lhes é dada (por ex.: sector básico da economia,
pequena grande e média empresa, concorrência, balanço económico, etc).
Mas como se disse isto não implica sair do campo do direito. Os critérios utilizados
na criação, interpretação e aplicação do Direito Económico a ser critérios
exclusivamente jurídicos. Através de técnicas mais adaptadas à consideração da
realidade e objectivos económicos, o direito procura simultaneamente conformar-se
a realidade económica e conformar essa mesma realidade.
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compreender alguns fenómenos jurídicos como responsabilidade civil, do produtor
ou na formação de contratos, sem antes ter uma compreensão razoável de ideias
como eficiência (que não mesmo que eficácia…(!!!) ou assimetria de informação, de
fenómenos como a economia do risco e dos seguros, etc.
Daí que se perceba que por exemplo “forma societária” não é sobretudo um
instrumento para organizar a produção, ma sim para acumular capital, ou mesmo
que produção, mas sim para acumular capital, ou mesmo que produção, mas sim
para acumular, ou mesmo que produção significa combinar e recombinar factores
de produção com o objectivo de gerar riqueza, que riqueza pode significar utilidade
ou “valor monetário”, etc.
Por outro lado, a produção de normas de direito, bem como a resolução de litígios
por meio de processos judiciais – aspectos predominantemente jurídicos – contém
também eles dimensões económicas. Daí que hoje. Frequentemente, se fale,
nomeadamente na doutrina anglo-saxónica, de uma análise económica do direito,
que procura, segundo uma óptica neo- clássica, explicar e modificar os sistema
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jurídico actual, em particular a regulação jurídica da economia, com base em
critérios e objectivos económicos.
Quanto a este aspecto vale aqui recordar que a questão de saber qual o objecto de
uma outra que é a de saber se ela corresponde ou não a um ramo de direito
autónomo, isto é, se estamos ou não perante um conjunto de normas referentes a
uma matéria ou área institucionalizada da vida da vida social susceptível de
constituir um subconjunto normativo organizado em torno de princípios comuns e
técnicas regulamentadora.
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Origens e desenvolvimento
Uma criação do século XX, posterior á primeira guerra mundial (antes: direito
dos mercados e das concessões)
Welfare State na passagem do capitalismo organizado»: a expansão da
intervenção pública na economia
Da intervenção à re-regulação: a relativa privatização do direito económico
A internalização das economias nacionais e os processos regionais de
integração económica: um novo ímpeto à regulação
Alguns autores consideram o Direito Económico como sendo uma criação do século
XX, nomeadamente após a Primeira Guerra, em que as condições das economias
mais significativas eram bastante precárias, tendo sido necessária a criação de
alternativas para contornar a instabilidade financeira e recessão por que se
passava.
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O Direito Económico, como ramo autónomo tem como conteúdo específico as
actividades económicas que ocorrem no mercado, sejam elas proveniente do sector
privado ou do sector público.
Alem disso, é somente através do Direito Económico que se aplicam normas própria
a essas várias situações situações económicas, muitas vezes abordadas pelos
demais ramos do Direito. Estas normas encontram-se em estrita conformidade com
sua regras exclusivas, a partir de uma regulamentação jurídica da politica
económica. E esta política económica é definida com base na ideologia existente na
Constituição.
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nacionais, internacionais e comunitários, bem como os titulares de direito difuso e
colectivos. Nota-se que a gama de sujeitos é bastante ampla. Dessa forma, o Direito
Económico actua no sentido de conciliar os interesses económicos de todos eles
por meio da política económica elaborada.
Muitas vezes, a solução mais vantajosa para a situação não se trata daquela mais
vantajosa em termos financeiros, capitalistas. Tudo dependerá da finalidade que se
pretende atingir. Se se almeja, por exemplo, o alcance de uma instalação telefónica
em meios rurais de difícil acesso, apesar de ser uma extremamente cara e de pouco
retorno financeiro, concretizando-se tal meta, o objectivo social terá sido realizado,
embora não sejam auferidos lucros em matéria de rendas e sim em matéria de
benefícios para a população.
O direito económico surgiu num momento em que o Estado, na maioria dos países
capitalistas, foi forçado a intervir na vida económica da sociedade. Pode afirmar-se
que embora a ordenação jurídica da economia seja bem mais antiga, o Direito
Económico, como ramo específico de direito, é uma criação do século XX, posterior
à primeira guerra mundial. O papel activo que o Estado veio a assumir na regulação
das economias de mercado, no sentido de disciplinar e orientar, directa ou
indirectamente, o exercício de actividade económica, é correntemente apontado
entre os principais factores explicativos, do desenvolvimento deste novo ramo de
direito. Grande parte da regulação das economias de mercado, operada por forma
mais intervencionista de Estado e com repercussões em outros ramos de direito,
teve a sua origem na transformação do sistema capitalista e, mais propriamente, na
passagem do capitalismo concorrencial ao capitalismo organizado.
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O fenómeno da concentração de empresas, da emergência de verdadeiros poderes
económicos privados, e da inerente limitação da concorrência, é uma das principais
expressões desta evolução. O Estado procurou seguir este processo, proibindo
certas formas de concentração, tolerando ou incentivando outras, contrabalançando
aqui e ali os seus efeitos perversos. Para tal, adaptou técnicas e instrumentos
jurídicos antigos e criou outros novos.
Por fim cabe referir que estas dificuldades se levantam em virtude das naturais
proximidades que existem entre os objectos regulados, mesmo quando distintos,
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pelos diversos ramos de Direito que se ocupam das questões económicas, como
acontecem, por exemplo, entre o Direito económico e o Direito comercial, o Direito
das obrigações, etc.
Conceito e Função dos Princípios do Direito: A Visão Pós- Positivista dos Princípios
do Direito.
Superados que estão hoje estes dois sistema, surgiu em fins da década de
cinquenta do século passado, pós-positivismo que se elevou como escola teórico-
dogmatico, tendo vislumbrado a impossibilidade de se abdicar da normatividade dos
princípios, construído a partir do conceito de sistema jurídico aberto e não
apoteótico, como o defendido pelo juspositivismo, orientado por principios gerais do
direito. Com efeitos segundo Kant, o sistema é uma “(…) unidade sob uma ideia de
conhecimentos variados (…) ou como o definiria Eister, referindo- se ao sistema
lógico: uma multiplicidade de conhecimento, unicada e perseguida atraves de um
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principio, para um conhecimento ou para uma estrutura explicativa agrupada em si a
unificada em termos interiores lógicos, como o correspondente, o mais fiel possível,
de um sistema real de coisas, isto é, de um conjunto de relações das coisas entre si,
que nós procuramos, o processo cientifico, reconstruir de modo aproximativo.
Para esta escola, sendo o direito uma das manifestações da cultura humana (ao
lado de língua, da ciência, da religião, da politica etc). ele é conhecido como um
sistema de normas composto por regras e principio, já que o conceito de sistema
lógico, em si mesmo, exige a presença dos princípios para unir os vários elementos
que o conformam, sendo que estes fluem do próprio modo de produção da
sociedade em que é em que é inserido o direito; isto é, os princípios encontram sua
fonte de origem nos valores agregados no correr das gerações de uma dada cultura,
conformando a sua compreensão sobre aquilo é justo e/ou injusto. Ora , se os
princípios a unidade do sistema jurídico, dando-lhe um vector finalístico (as
conhecidas características unidade e ordem), como se não reconhecer a
normatividade dos mesmos? Ou dito de outro modo, não seria uma incongruência
conferir aos principios o papel de liame lógico entre regras sem que sejam, ao
mesmo tempo, normas?
Resposta a esta questão só poderia ser positiva. Da mesma forma que um vegetal
não pode gerar animal, o que não é norma poder gerar, muito menos fundamentar,
uma outra norma.
Para RONALDO DWORKLI, o termo principio diz respeito a um tipo de norma cuja
observação é um requisito de justiça ou equidade, alguma outra dimensão moral. Ao
fundir pretensão juridicas e morais, o texto de norma faz com que a validade de um
direito dependa não de uma determinada regra positiva, mas de complexas
questões de ordem moral e da necessidade de um sensível a estas questões, por
natureza não redutível à regra positiva (DWORKIN).
Esta divisão encontra a sua razão de ser, para alguns, no interesse preponderante
veiculado pela norma, segundo a doutrina preconizada por RUDOLF VON IHERING
e os sectários da jurisprudência dos interesses, para os quais. “ Os conceitos não
poderiam ser causais em relação às soluções que, pretensamente, lhe são
imputadas: a causalidade das saídas jurídicas deveria ser procurada nos interesses
em presença “.
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a-2) se pelo contrario o interesse
imediato e prevalecente é particular, o
Direito é privado.
b) Quanto à forma da relação b-1) Se a relação é de coordenação,
trata-se geralmente, de Direito Privado.
b-2) Se a relação é de subordinação,
trata-se, geralmente, de Direito Público.
Neste sentido, ensina o mestre GUSTAV RADBRUCH: “ Mas o que vem a ser
direito público, o que é direito privado? Contentemo-nos com esta constatação:
quando uma obrigação é fundamentada na ordem de um terceiro, ela é
regularmente direito público, ao passo que obrigações de direito privado surgem
regularmente da auto- sujeição das parte: pagar impostos e prestar serviços como
jurado, é se obrigado a fazer, quer se queira, quer se não queira; pagar objectos
comprados e desempenhar determinadas tarefas só se ter assumido as
consequências decorrentes de um contrato de compra e venda ou de trabalho. As
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relações jurídicas entre pessoas que se encontram em situação de supremacia e
sujeição, em outras palavras, relações jurídicas entre soberano e súbdito, são
objecto do direito público; o direito privado somente se ocupa de relações jurídicas
entre juridicamente iguais”.
Assim, o vero fundamento da dicotomia que ora se trata não se prende, na verdade,
numa dúplice natureza do direito, mas antes na necessidade de se criar condições
ao pleno desenvolvimento da economia e da indústria que então nascia, o que
demandava, em último grau, uma intervenção mínima do Estado no plano
económico.
A divisão surgiu, então, como um projecto ideológico, como no-lo informa HANS
KELSEN:
“ Uma análise crítica mostra, no entanto, que esta distinção não tem qualquer
fundamento no Direito positivo pelo menos na medida em que não se limita a
afirmar que a actividade dos órgãos legislativos e administrativos é em geral
vinculada pelas leis num grau menor do que actividade dos tribunais, que a estes é
pelo Direito positivo quase sempre conferida uma menor margem de livre
apreciação do que àqueles, mas pretende significar algo mais. Esta doutrina de uma
essencial distinção entre Direito público e privado enreda-se, além disso, na
necessidade de afirmar a liberdade (desvinculação) perante o Direito que reclama
para o domínio do Direito público enquanto domínio da vida do Estado como
principio de Direito, como a característica especifica de Direito público. Eis porque
ela somente poderia falar, quando muito, de dois domínios jurídicos configurados de
maneira tecnicamente diversa, mas não de uma oposição essencial, absoluta, entre
Estado e Direito. Este dualismo de todo logicamente insustentável não tem, porém,
qualquer teórico, mas apenas ideológico.
Contudo, não se pode perder de vista que tal ideologia sedimentou-se na cultura de
índole romano-germanico. Com efeito, desde que o homem se reúne em sociedade,
não pode deixar de reconhecer que é preciso que esta goze de segurança de
ordem, de meios para seu progresso, e que ele deve concorrer para a felicidade da
comunidade social de que faz parte, esse é o interior geral.
Entretanto, quando se associa, o homem não renuncia às suas liberdades, aos seus
direitos individuais, não se destina, resigna, ou sacrificar a ser uma maquina, a viver
ou trabalhar só para o serviço social, nem isso é necessário ao Estado, reserva a
sua inteligência e faculdade, o direito de sua relações privadas o arbítrio supremos
de seus negócios, dos meios naturalmente lícitos de procurar o seu bem estar: esse
é os interesses ou seu direito particular e para garantir o gozo dele é que o homem
se associa.
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A razão e a ciência de todos os países civilizados procuram distinguir e separar as
relaçoes, em que o interesse individual poderia contrariar direito ou indirectamente o
interesse público, e em que por isso mesmo deveria ceder o passo a este, e aquelas
em que por não afectá-lo, ou somente afectar mediata ou secundariamente, deveria
ser independente livre, entregue à inteligência e vontade do indivíduo.
Dizer que de tal facto resulta uma superação da clássica distinção entre direito
público e privado é, porém, excessivo. Afirmam que se trata de um ramo de direito
híbrido, sem ser inexacto, é porventura pouco profícuo.
Complexidade e diversificação
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A perda do monopólio dos poderes públicos na produção de normas jurídicas
A emergência de uma ordem negociada entre poderes públicos e privados (o
direito de concertação económica)
Auto- regulação por devolução pública.
Tipos de fontes
Fontes internas
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A diversidade (de meios, de poderes, de jurisdições) e mobilidade
(souplesse);
A ampliação do âmbito das fontes tradicionais e relativo declínio da
sua importância;
Uso de certa privacidade;
O declínio da coercibilidade.
CAPÍTULO II
A CONSTITUIÇAO ECONOMICA
Aspectos gerais
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Estado um conjunto de instrumentos que lhe permitem regular o processo
económico e definir os objectivos a que essa regulação deve obedecer.
Neste sentido a constituição traduziria uma decisão global sobre a ordem da vida
económica de uma sociedade, reconduzindo-se a uma opção por uma das formas
globais de organização da vida económica: ou economia de mercado ou economia
planificada centralmente.
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económica é muito mais extensa do que a Constituição económica, pois só algumas
normas possuem carácter fundamental e se inserem, pois, no corpo da
Constituição.
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determinado país, pois é possível reconhecê-lo através da integração dos princípios
constitucionais.
Sem prejuízo do valor teórico de cada uma destas posições, parece-nos preferível a
primeira posição, também perfilhada por MENEZES CORDEIRO, desde logo por pôr
em evidencia um aspecto que parece ter sido ignorado pelas demais correntes, que
é o facto de demonstrar claramente que a C.E. se afirmou a partir da realidade
jurídica económica, havendo, contudo, áreas de interferência material entre
constituição politica e constituição económica, que segundo o prof. SOUSA
FRANCO, se situam em três planos:
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O âmbito C.E.
O âmbito da C.E. deve, quanto a nós, ser precisado com recurso a critérios
jurídicos. Trata-se com efeito de conhecer os princípios fundamentais do Direito
Económico. A C.E. tanto no seu delinear como no seu preenchimento não pode
abdicar do conhecimento e da ponderação das soluções a que conduz. A realidade
económica está presente, mas isso deve-se ao facto de haver direito e não por estar
em causa a matéria económica.
O sentido da C.E.
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Um ultimo ponto sobre o qual valerá a pena de termo-nos a propósito da C.E.
prende-se com o sentido da C.E., o que implica naturalmente a definição do sistema
económico que a enquadra e determina.
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O modelo de economia mista, é figurado por vários autores,
sendo portanto bastante divulgado. Trata-se de uma
construção particularmente apta para exprimir seja
compromissos de em sentido próprio, seja convergência de
base. No fundo o que se prende aqui é enquadrar uma
economia de mercado e uma intervenção alargada do
Estado, num cenário, mais ou menos harmónico e
funcional. A integração de elementos, em princípio
antagónicos, não é aqui entendida no quadro de uma
relação regra excepção, mas em termos caleidoscópicos,
no sentido de que a economia livre e a direcção estadual
surgiram lado a lado, nos diversos sectores, em termos
dinâmicos e evolutivos, sem que nenhum deles fosse posto
em crise.
O sentido da C.E., nunca poderá ser totalmente neutra, antes apontando, em termos
valorativos, para certos modelos jurídico-económico, mais ou menos puros. A
simples existência de um direito de economia, devidamente estruturado e dotado de
princípios gerais salientes portanto, de uma constituição económica reforça o
sentido global que tende a transcendê-lo. Ou seja, o direito da economia possibilita
uma constituição económica que em vez de apurada, ganha autonomia e exerce
influência sobre todo o conjunto.
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A Evoluçao da Ordem económica no Direito Constitucional
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A constituição de 1911, na continuidade do anterior, manteve a regra da não
interveçao do Estado na economia. Contudo, sob a sua vigência, foram instituídos
regimes restritivos. Nalguns domínios à autonomia privada. Assim sucedeu no
campo do arrendamento urbano e das casas económicas.
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O texto originário da Constituição Angolana.
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A parte económica da Constituição sofreu consideráveis alterações no período que
vai de 1978, 1992 à 2010.
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12/88- Lei da Planificação;
13/- Lei dos investimentos estrangeiros.
Uma nota importante que ressalta neste processo, é facto de todo este conjunto
de leis ter sido aprovado sem que ao menos se tivesse revisto a Constituição
aprovada em 1978, contrariando grosseiramente, o espírito e a letra daquela
Constituição, pondo mesmo em causa o regime económico vigente na altura.
Levanta-se então a questão de saber se aquele conjunto de leis deveria ou não ser
considerado inconstitucional.
O pensamento perfilhado nesta altura era o que se estava perante uma ampla e
profunda abertura material da Constituição a Constituição da 1978 integrava-se (ou
integra-se) no tipo da Constituição flexível que se caracterizam por serem
constituições materialmente abertas dotadas de grande mobilidade, e que a luz do
pensamento sistemático teológico, tais leis seriam, portanto, plenamente valido.
Contudo, uma boa parte da doutrina considera hoje aquelas leis inconstitucionais,
desde logo, porque por um lado, procederam a uma certa neutralização ideologia de
vários preceitos constitucionais, com esbatimento de normas programáticas de
índole socialista e por outra a uma relativa flexibilização do sistema, mediante a
atenuação da intervenção pública na economia e maior consideração conferida à
iniciativa privada. Acresce ainda o facto de não se ter tido em conta, as garantias
das primitivas transformações operadas no sistema económico, nomeadamente em
matéria de nacionalizações permitindo-se a privatização de bens de domínio,
consolidando assim, com carácter definitivo e não apenas transtornos, um sistema
de economia mista.
Não vamos aqui entrar no debate doutrinal acerca da teoria da inconstitucional mas
não só convocar algumas posições doutrinais para expressar aquela que é a nossa
própria opinião sobre a problemática que se nos apresenta.
A Inconstitucionalidade
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Conceito de Inconstitucionalidade
DARCY AZAMBUJA diz que “ toda a lei ordinária que, no todo ou em parte,
contrarie ou transgrida um preceito da Constituição, diz-se inconstitucional.
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A inconstitucionalidade ou a constitucionalidade são aferidas sempre entre dois
termos, a norma ou a ausência dela omissão, valoração actualizada e a
Constituição, isto é, um valor constitutivo. São, portanto, antes de mais nada uma
relação, aquela contraria, esta coincidente, entre valores inseridos no mundo
jurídico.
Tal noção pode ser encontrada dita de modo expresso na obra de JORGE
MIRANDA, a qual constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de
relação:
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moderno; por valores, deve-se entender aqueles eleitos pela autoridade ou
órgão competente para produzir normas (legislador).
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A incostitucionalidade perante as normas programáticas supraprogramaticas,
imediatamente preceptivas e de eficácia diferida.
Utilizando aqui a exposição feita pelo Professor Paulo bonavides diríamos que as
normas constitucionais são programáticas, imediatamente preceptivas ou de
eficácia diferida. As normas programáticas, são aquelas que estabelecem para o
legislador um programa de acção, poderiam ainda ser entendidas em sentido amplo,
como norma-principios, subordinantes do ordenamento jurídico. Essas normas
gerais de eficácia imediata, que não são quaisquer princípios, mas os princípios
máximos, designar-se-ão normas, supraprogramaticas que fixam princípios que
fixam princípios menores.
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Ora, por via da aprovação do denominado pacote S.E.F., a Constituição sofreu
modificações tão profundas, que se pode falar numa verdadeira metamorfose ou
numa autentica transfiguração do sentido primitivo do texto constitucional.
A opção por cada uma concepção, passa pela análise do quadro jurídico concreto e
das coordenadas histórico-culturais, não podendo abdicar, tanto no seu delinear
como no seu preenchimento, do conhecimento e da ponderação das soluções a que
cada uma delas conduz.
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Muito se tem discutido a respeito do sistema e modelo económico adoptados pela
Constituiçao de 1992. Pode-se falar mesmo de uma disparidade de entendimentos
doutrinais em relação ao sentido assumido pela nossa ordem económica
constitucional.
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Constitucional de 1992, aponta para a estruturação de um sistema económico
descentralizado ao declarar que a ordem económica é fundada na valorização do
trabalho e na livre iniciativa, consagrando os princípios da propriedade privada ainda
que compreendida na sua função social, e de livre concorrência art.10.º da L.C.
No entanto, como bem lembra ELIVAL DA SILVA RAMOS, para que seja possível
alcançar os objectivos fundamentais previstos na Lei Constitucional de 1992
construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização; e reduzir as desigualdades sociais e
regionais, instrumentalizados, em parte pela efectivação dos direitos sociais
previstos a Constituição, há a necessidade de uma ampla e coordenada actuação
do Estado, na ordem económica, a qual efectivamente é consagrada nos artigos
11.º da Lei Constitucional.
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poderia para alguns, representar tão-somente uma tentativa infrutífera de
conciliação de projectos e objectivos opostos, cuja maior consequência seria
apenas a de gerar uma situação de conflito entre os muitos interesses dos grupos e
classes que compõem a estrutura social, mas que contrariamente, expressa
variedade de interesses e posturas ideológicas que estiveram presentes no
processo constituinte para possibilitar uma consolidação normativa útil, formadora
de uma única ordem económica.
JOSE AFONSO DA SILVA, por sua vez, ao tratar da ordem económica, ressalta que
são os elementos sócio-ideologicos que revelam o carácter do compromisso das
constituições modernas entre Estado liberal que consagra uma declaração de direito
do homem com a finalidade de proteger o individuo contra a usurpação e abusos do
poder e o Estado social intervencionista que procura suavizar as injustiças e
opressões económicas e sociais. Do confronto entre estas duas ideologias, surgem,
nos textos constitucionais, princípios de direitos económicos e sociais, formado o
chamado conteúdo social das constituições. No entanto para este autor, “ apesar da
aparente contradição entre princípios constitucional de carácter liberal e princípios
de uma economia centralizada, não significa a adopção de outro sistema económico
que não o posto que no Brasil a ordem económica está apoiada inteiramente na
apropriação privada dos meios de produção e na iniciativa privada artigo 170, o que
caracteriza o modo de produção capitalista, que não deixa de ser tal por eventual
ingerência do Estado na economia nem por circunstancial exploração directa de
actividade económica pelo Estado e possível monopolização de alguma área
económica, porque essa actuação estatal ainda se insere no principio básico do
capitalismo que e a apropriação exclusiva por uma classe dos meios de produção, e
essa mesma classe que domina o aparelho estatal, a participação deste na
economia atende a interesses da classe dominante.
De acordo com esse ponto de vista, a actuação do Estado mais não seria do que
uma tentativa de pôr ordem na vida económica e social de arrumar a desordem que
provinha do liberalismo através da imposição de condicionalismos à actividade
económica, não sendo por isso, correcto afirmar-se que com esta actuação o
Estado tem em vista interesses colectivos, uma vez que a função do Estado
consiste em racionalizar a vida económica criando condições de expansão do
capitalismo se é que tudo já não seja efeito deste.
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mesmo tempo em que estabelece e mantém um sector monopolizado pelo Estado
art.12.º, decorre do choque entre as tendências ideológicas que contribuíram para
elaboração da Lei Constitucional de 1992 e aponta para a necessidade de
alterações que segundo CELSO RIBEIRO BASTOS, vão ajustando os seus
preceitos aos fins maiores preconizados pelo Texto Constitucional, contribuindo não
sõ para a permanência como um todo sistémico, mas conferindo mais racionalidade
ao próprio entendimento da sua teleologia, fundamento de uma ordem jurídica
homogénea.
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Estado de uma actividade conformadora e panificadora das estruturas sócio-
economicas.
L.C: de 1992, adoptou alguns dos institutos básicos de uma economia de mercado,
designadamente, a propriedade privada, a livre iniciativa e a livre concorrência,
como também formas de intervenção directa e indirecta do Estado na economia.
Esse facto não descaracteriza o sistema de economia de mercado, ao contrário,
atende aos seus interesses, na medida em que tem como finalidade corrigir as
falhas do mercado formação de monopólios, concorrência desleal, etc, mantendo o
equilíbrio entre a livre iniciativa e a livre concorrência. A Constituição trata, ainda, e
com grande ênfase da ordem social, fundamentada na subjectivaçao dos direitos
sociais, na valorização do trabalho, no comportamento com o bem-estar e justiça
sociais e no desenvolvimento nacional.
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poder económica ao poder politico, na pluralidade de sectores de actividade
económica e forma de iniciativa (privada, pública e cooperativa), na apropriação
colectiva dos meios de produção, solos e recursos naturais de acordo com o
interesse público, na planificação democracia de economia e na protecção dos
trabalhadores e consumidores.
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Na Constituição eles são reconhecidos ora como direitos, garantias ora como
direitos e deveres económico. Embora não seja sempre nítida a distinção entre uma
categoria e outra, pode dizer-se que na primeira incluem-se a maioria dos direitos
que definem a posição jurídica dos indivíduos face ao Estado, delimitando
negativamente a sua esfera de interferência, enquanto no segundo grupo
encontramos sobretudo os direitos a prestações por parte do Estado.
Propriedade, iniciativa e livre concorrência, são assim, três princípios básicos para o
funcionamento da economia. A propriedade garante a fruição e a disposição dos
bens e a iniciativa, a possibilidade da sua livre composição e utilização produtiva.
A propriedade privada
Noção e conteúdo
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função social da propriedade abuso de direito , com razoes de utilidade pública ou
com a necessidade de se conferir eficácia a outros princípios ou normas
constitucionais, incluindo outros direitos económicos ou sociais e as disposições da
organização económica, tal qual ela é conformada na Constituição.
Restrições
Existem também variadas restrições quer negativas quer positivas que atingem o
direito de fruição e uso, algumas decorrentes da própria Constituição e outras
constantes da lei. Para além de um dever geral de uso relativo aos meios de
produção, podem considerar-se por exemplo, os diversos condicionamentos por
razoes ambientais ou de ordenamento do território.
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preferência atribuído em certos casos, aos proprietários confinantes ou os direitos
de herdeiros legitimarios, etc.
A iniciativa privada
Noção e conteúdo
O direito de iniciativa privada, segunda parte do artigo 10.º n.3 artigo 11.º, é
considerado, simultaneamente um direito económico e como e como um principio de
organização económica. Trata-se de um direito independente do direito de
propriedade, pesem embora as naturais conexões entre ambos, mas que goza de
idêntica protecção.
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Ele traduz a possibilidade de exercer uma actividade económica privada,
nomeadamente através da liberdade de criação de empresas e a sua gestão.
Compreende como componentes a liberdade de investimento ou de acesso, que
produz no direito de escolha da actividade económica a desenvolver, a liberdade de
organização, ou seja, a liberdade de determinação do modo como a actividade vai
ser desenvolvida incluindo a forma, qualidade e preço dos produtos ou serviços e a
liberdade de contratação ou liberdade negocial, que compreende a liberdade de
estabelecer relações jurídicas e de fixar por acordo o seu conteúdo.
Restrições
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quanto ao direito ao investimento. De acordo com o número 4 do artigo 11.º, o
Estado protege o investimento estrangeiro e a propriedade de estrangeiro nos
termos da lei, o que significa dizer que a lei deverá disciplinar o investimento
estrangeiro com o objectivo de o adequar ao desenvolvimento do país e defender os
interesses dos trabalhadores.
Por sua vez a liberdade de organização não impede que a lei configure os tipos que
as empresas podem assumir, quando sob forma de sociedades comerciais. Existem
regras obrigatórias sobre o modo como devem ser internamente organizadas as
empresas, relativas aos órgãos sociais, etc. o mesmo acontece quanto à relação
com o meio exterior, como por exemplo, a integração urbano, protecção do
ambiente, etc. Neste domínio são cada vez mais significativas as restrições que
visam a protecção de valores ambientais ou ecológicos, acolhidos nos sistemas de
licenciamento industrial. Acresce ainda o facto de se proibir legalmente a criação de
monopólios privados, de se permitir, ainda que o título transitório, a intervenção do
Estado na gestão de empresa privadas, mediante previa decisão judicial. A
intervenção na gestão pode também ser feita pelos credores no âmbito do processo
especial de recuperação de empresas.
A livre concorrência
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O direito de defesa da concorrência
Deste modo torna-se fundamental que o Estado exerça o devido controle sobre os
actos, potencialmente prejudiciais ao bom funcionamento do mercado. Como em
todo o campo do conhecimento jurídico, para a correcta aplicação da lei e dos
institutos relativos ao direito da concorrência, é necessário num primeiro momento
que se conheça os alicerces que os sustentam e servem de fundamento à
delimitação do seu alcance, é necessário, portanto ter um conjunto de princípios
com base nos quais se há-de determinar o conteúdo das normas relativas à defesa
da concorrência.
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Este ramo de direito, afim ao próprio Direito Económico, possui as suas raízes na
Lei Constitucional de 1992, que logo no seu primeiro capítulo consagra princípios
gerais que subsidiam a norma ordinária, e os demais princípios aplicáveis. Vale
salientar, a interdisciplinaridade do direito da concorrência por se tratar de um
fenómeno relacionado com as ciências económica.
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da vontade, a liberdade contratual encontra-se fundada na garantia liberdade de
iniciativa económica e no principio da força obrigatória dos contratos.
San Tiago Dantas apontou duas causas que influenciaram a evolução da teoria dos
contratos: o sentido solidarista, que prepondera na politica contemporânea dos
Estados democráticos, e a crescente intervenção do Estado nas relações
económicas. A diminuição da intensidade da autonomia privada, diante do dirigismo
estatal e da prática cada vez mais frequente dos contratos de adesão, causou um
enfraquecimento da ideologia do contrato como fruto da liberdade individual.
Embora já se tenha afirmado o declínio e até mesmo a morte do contrato, na
realidade o que há é uma transformação para atender as novas realidades e
desafios vividos pela sociedade.
Nos dizeres de RIPERT, o contrato já não é ordem estável, mas um eterno vir a ser.
A noção de liberdade contratual foi construída como projecção da liberdade
individual, ao mesmo tempo em que se atribuía à vontade o papel de criar direitos e
obrigações. A força obrigatória do contrato era imposta como corolário da noção de
direito subjectivo do poder conferido ao credor o mesmo poder, o direito subjectivo
sobre limites ao seu exercício e não compete aos contratantes, com exclusividade, a
autodeterminação da lex inter partes, que sofre a intervenção do legislador e pode
submeter-se à revisão pelo juiz .
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Não é pois sem razão que alguns autores, reflectindo sobre a imperiosa
necessidade de revisão da teoria do contrato, afirmaram a tarefa de fazer deste não
apenas uma expressão da liberdade, mas também um instrumento de liberdade: de
homens e de povos.
A autonomia privada, antes vista como garantia da liberdade dos cidadãos em face
do Estado, é relativizada em prol da justiça substancial, deslocando-se o eixo da
relação contratual da tutela subjectiva da vontade à tutela objectiva da confiança.
Um claro cenário produz-se em torno da confiança: o repensar das relações
jurídicas baseadas em torno da pessoa e a sua revalorização como centro das
preocupações do ordenamento civil. O tema da tutela da confiança não pode ser
confiado a um incidente de retorno devido ao voluntarismo do século passado, nem
é apenas um legado da pandetística e dos postulados clássicos do Direito Privado.
Pode estar além da formulação inicial dessa temática se for posta num plano
diferenciado de recuperação epistemológica.
A discussão sobre contrato no século XIX, pendia em larga medida sob acordo de
vontades, sob a averiguação da conformidade entre vontade, declaração e os vícios
do consentimento se exprimia, e sobretudo se era livre.
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social. O fenómeno da contratação passa por uma crise que causou a modificação
da função do contrato: deixou de ser mero instrumento do poder de
autodeterminação privada, para se tornar um instrumento que deve realizar também
interesses da colectividade.
Esse novo modelo é amparado, dentre outros factores, no campo das relações
contratuais, em que proliferam os contratos de adesão, pela busca de equilíbrio
concreto entre as partes contratantes, pela disciplina das cláusulas contratuais
gerais, pela resolução por onerosidade excessiva e também pela garantia de
direitos mínimos ao contratante vulnerável. Além disso, a boa-fé objectiva, podendo
ser entendido como fundamento unitário das obrigações, fornece não apenas
critérios interpretativos, mas ainda é fonte de deveres e de limitação de direitos para
as partes.
É preciso, contudo, formular um raciocínio que confira maior peso aos argumentos
relativos à hipossuficiência de uma das partes, qualquer que seja a sua posição na
relação jurídica.
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além do mero contrato individual (nível institucional); 3- o nível da inter-relação entre
os grandes subsistemas sociais, como politica, economia e direito (nível social).
Acrescenta o autor que estes níveis devem ser entendidos não como patamares
hierárquico, mas antes como modos distintos de desenvolvimento do sistema
tornados gradualmente independentes uns dos outros, que encontram no contrato, a
que todos estão ligados, uma espécie de ponto comum.
Noção de cláusula geral pode ser entendida como a formulação de uma hipótese
legal que, em termos de grande generalidade, abrange e submete a tratamento
jurídico todo um domínio de casos. Conceptualmente, contrapõe-se a uma
elaboração casuística das hipóteses legais, que circunscreve particulares grupos de
casos na sua especificidade própria. A grande vantagem da cláusula geral sobre o
casuísmo está em graças à sua generalidade e abertura, tornar possível regular um
vasto número de situações, que talvez sequer pudessem ser já previstas ao tempo
da publicação0 da respectiva lei, enquanto a técnica casuística pressupõe o risco de
uma regulação fragmentária e provisória da matéria abrangida.
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3. Princípio da igualdade
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aplicada, é que se pode aferir critérios de maior objectividade ao alcance de norma
concorrência.
6. Princípio da eficiência
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a Constituição de 1975 adoptou como princípio estruturante do sistema económico o
princípio da direcção centralizada e planificada da economia, que funcionava na
base de um plano geral e obrigatório, que deveria ser executado por todos os
agentes económicos. A entidade que elabora o plano, determina a necessidade dos
sujeitos, a sua prioridade, fixa os níveis de produção e opera a distribuição dos bens
produzidos de tal modo que não se poderia falar de concorrência uma vez que esta
apenas se compreende por referência ao mercado.
Com efeito, a Lei Constitucional estabelece que a ordem económica deve ser
organizada pelo Estado, cabendo a garantia da liberdade de actuação económica
no mercado, atendendo aos princípios da justiça e interesse de desenvolvimento
económico nacional artigo 9.º e 10.º da L.C. Consta também ainda que só de forma
implícita, que cabe ao Estado coordenar os factores de produção de maneira a
evitar ou resolver os seus conflitos e introduzir no jogo das competições individuais
o interesse nacional.
Como sucedâneo neste dispositivo constitucional vigente, foi promulgada a lei das
infracções contra a economia conduta tendentes a, entre outras, prejudicar o
mecanismo da concorrência.
Não obstante tais disposições, a referida lei não teve a repercussão esperada, no
que à concorrência diz respeito, agindo mais na regulamentação de preços e
fraudes no comércio. Certamente a falta de um órgão especifico de controle e
julgamento administrativo de casos, contribuiu de forma acentuada para a reduzida
aplicabilidade da Lei 6/99, em termos de concorrência.
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Diante deste panorama legislativo, temos que a protecção da concorrência, em
conjunto com a livre iniciativa, atinge dois espectros diversos: a concorrência
desleal; e o abuso de poder económico (infracção à ordem económica).
É certo que a fusão e incorporação trazem efeitos benéficos, tanto na esfera das
pares envolvidas quanto frente à terceiros e à co0lectividade, todavia, ao mesmo
tempo, quanto a estes dois últimos, pode também originar efeitos perversos que por
vezes se sobrepõem ao efeito benéfico. Surge então a necessidade de o Estado
acautelar estas operações, bem como os efeitos decorrentes em relação a terceiros.
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consequente imposição de preços arbitrários. E neste contexto, consequência óbvia
do capitalismo, termos que não é interesse de uma dada colectividade a ocorrência
destes monopólios que geram um grave custo socio-económico, uma vez que se
pratica de um preço justo, a geração0 de novos empregos, etc. Enfim, o mercado
não se situa diante do desejável equilíbrio natural da justa composição entre a oferta
e a procura, e ao livre comportamento dos agentes económicos.
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Neste sentido, é que se busca situar conceptualmente o que é, para o direito da
concorrência, o mercado relevante, o exercício de forma abusiva de posição
dominante, dentre outras previsões legais que são pontos nevrálgicos ao
entendimento e busca do equilíbrio económico e jurídico entre a livre iniciativa e
disciplina da concorrência.
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Monopólio indica uma estrutura de mercado, em que ou alguns produtores ou
fornecedores exercem o controle de preços, e em que não é possível, por
obstáculos naturais ou artificiais, a entrada de novas empresas, fazendo oferta dos
mesmos produtos ou de sucedâneos;
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Segundo LABINI, o oligopólio diferenciado encontra-se em muitas industrias
produtoras de bens de consumo e em numerosas actividade comerciais, a
descontinuidade dos métodos de organização pode determinar situações em
que a diferença entre uma grande empresa e uma pequena é apenas em
termos de quantidade, com maior turn ver no comércio para os grandes
revendedores, enquanto esses mesmos produtos na pequena têm as
mesmas características, portanto, o poder de monopólio nas grandes
empresas é bem maior do que nas pequenas, pois, isto cria dificuldades no
processo de acumulação das pequenas e favorecem aos grandes com o seu
poder de aliciamento.
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A repressão ao abuso de poder económico pressupõe ainda:
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1. Na necessidade de análise, contextual e conjuntural da economia, em que se
celebrou o ajuste ou acordo restritivo da concorrência, e que teve como
resultado danos à economia e ao mercado;
2. Do ponto de vista do agente económico:
a) O seu poder econ´mico só, pode ser analisado adequadamente para fins
de efectivação da regra da razão se o mercado sob análise sw enquadrar
no conceito de mercado relevante no âmbito do caso concreto. A
indisponobilidade desta condição justifica-se pela constatação de que
toda concretização de um fenómeno de poder económico se dá no âmbito
de um mercado de bens ou serviços juridicamente individualizado; e
b) Na sua posição relevante em que actua.
3.Na verificação:
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a) Prejuízos à livre concorrência;
b) Domínio do mercado relevante, de bens de serviço;
c) Aumento arbitrário dos lucros;
d) Desencorajamento à concorrência;
e) Impedimento ao ao desenvolvimento de empresas do sector, com
consquente concentração do mercado;
f) Violação da autonomia de vendedores e distribuidores em função de acordos
firmado entre produtor e consumidor (prática vertical).
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O carácter de actuação do Estado, deve caracterizar-se por:
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consumidor tenha opções diferenciadas de escolha, em termos do serviço
prestado e do preço praticado.
Publicitação e transparência
A produção de bens e/ou serviços, quer por empresa privadas, quer por empresas
públicas ou cooperativas destina-se a ser consumida. Uma parte dos consumidores
são outras empresas, tratando-se nesse caso de consumo intermédio, visto que se
integra no valor de outros bens e serviços. O objectivo último de toda a produção é,
contudo a satisfação das necessidades do consumidor final, que por isso é o
principal destinatário das normas constitucionais de protecção do consumidor.
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justificando-se assim, o alargamento dos seus direitos e garantias e o reforço e
simplificação dos meios de as efectivar.
Para além de serem direitos a prestações por parte do Estado são também direitos
a prestações ou acções dos agentes económicos. São além disso no caso do direito
a reparação de danos verdadeiros direitos subjectivos.
Finalmente para a protecção do consumidor a lei define o modo como pode ser
disciplinada a publicidade, proibindo a publicidade enganosa, que resulta do direito
dos consumidores a uma correcta informação sobre os diversos bens e/ou serviços
potenciais objectos de consumo.
b) Os Direitos ao trabalho
c) Direitos ao Ambiente
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custos de produção, existindo mesmo, em alguns ordenamentos jurídicos, o
princípio do poluidor-pagador.
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CAPITULO III
A Organização Económica
Sector público
Propriedade e gestão públicas
Sector privado
Propriedade e/ou gestão privadas
Sector cooperativo e social
Posse e gestão cooperativa/posse e gestão por entidades sociais
Sector privado
Sector público
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Assim sendo, fazem parte do sector público os meios de produção públicos geridos
directamente pela Administração Pública, ou por outras entidades públicas, que
poderão assumir a forma de institutos públicos, empresas públicas, sociedades de
capitais púlbicos e sociedades de capitais misto quando controladas pelo Estado.
As funções do Estado
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Constituição monetária – financeira
Constituição orçamental
Constituição tributária
Constituição creditícia
Tendências
Algumas distinções:
Processo de regulação
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1. Regulação e contexto cultural
2. Âmbito da regulação
a) De um ponto de vista territorial ou geográfico
Mundial
Regional
Nacional
Local
3. Tipos de regulação
4. Procedimentos da regulação
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4.2.1 Os contratos económicos
Os contratos- programa
Os contratos de desenvolvimento em geral
Os contratos fiscais
Dificuldades
Tendências na regulação
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Participação e pluralidade de meios, formas e instâncias.
SECÃO I
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Disciplinar interna – possibilidade de aplicação definitiva de sanções
disciplinares ao seu pessoal.
Normativa – possibilidade de emissão de regulamentos autónomos com
eficácia externa.
Sancionatória – capacidade de aplicação de sanções administrativas.
De orientação ou autodeterminação – capacidade de definir a orientação da
sua acção administrativa sem dependência de orientação alheia, dentro dos
limites da lei (principio da legalidade da administração).
Organizatória ou estatutária- capacidade de definição do seu estatuto, quanto
à organização dos seus orgaos e organização dos serviços
Autogoverno – Governo mediante orgaos próprios, representativos,
escolhidos mediante eleição e não nomeados por ente alheio à pessoa
colectiva.
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