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1. Considerações Iniciais
Desse modo, disciplinas que antes pareciam incomunicáveis, podem ser estudas
em conjunto, através da interligação dos seus enunciados e teoremas, contribuindo para
um aprendizado mais dinâmico e diversificado.
A aplicação de teorias ligadas a ordem econômica no campo do Direito, permite
que as normas e decisões jurídicas se aproximem mais da realidade e consequentemente
tenham um melhor aproveitamento social.
A análise Econômica do Direito nos molde em que é conhecida atualmente foi
bastante influenciada pelos estudos desenvolvidos na década de 1960, com destaque
para Ronald Coase e Guido Calabresi, que através de seus artigos “o termo “Law and
Economics” [...] alicerçou o seu domínio nas áreas de propriedade, contratos,
responsabilidade (danos), criminal, processual, família e constitucional” (PORTO,
2013, p.11). Ou seja, a AED passou a ser aplicada a outras áreas do Direito, não se
limitando ao Direito Industrial ou Empresarial, por exemplo.
Nessa mesma linha de raciocínio, notou-se que, também na década de 60, a AED
despertou o interesse de estudiosos e pesquisadores. Sendo, inclusive empregada nos
diversos ramos do Direito. Pois, para Letácio Jansen (p. 2003, p.13):
2. Conceitos e Finalidades
Então, quanto maior o cenário de escassez maiores serão os cuidados para que as
medidas a serem tomadas possam ser potencializadoras de benefícios sociais e que os
eventuais ônus sejam mínimos, já que os recursos são limitados.
Duas teorias acerca da eficiência são imprescindíveis ao estudar a AED, pois
“quando se trata de definir a eficiência, dois importantes critérios sempre são
mencionados: o de Pareto e o de Kaldor-Hicks” (JAKOBI e RIBEIRO, 2014, p. 48). Os
critérios estabelecidos por esses economistas são referência em se tratando de eficiência
econômica.
Para Benjamin Tabak (2014, p. 08) “O conceito de eficiência de Pareto é muito
utilizado pelos economistas para denotar uma situação em que não é possível melhorar a
situação de um agente sem piorar a situação de, pelo menos, outro agente.” Assim, só
seria eficiente uma medida que beneficiasse as pessoas sem trazer prejuízos para outras.
Esse autor também caracterizou a teoria da eficiência de Kaldor-Hicks, para ele
esse critério é mais geral, pois:
Essa teoria leva em conta que é muito difícil alcançar uma situação que beneficie
todas as pessoas. Pois, as medidas sempre geraram custos para uns e melhorias para
outros. De acordo com a eficiência de Kaldor-Hicks, a medida eficiente é aquela em que
os benefícios para a sociedade sejam maiores que os malefícios.
A teoria de Kaldor-Hicks surge após várias críticas à teoria de Pareto. Pois, o
“critério de eficiência de Pareto é mais restritivo que o critério de Kaldor-Hicks. Na
realidade, nem sempre é possível encontrar medidas que melhorem a situação de parte
da sociedade sem prejudicar ninguém, nem sempre é possível encontrar melhorias de
Pareto” (PORTO, 2013, p. 17). E é nesse sentido que Salama (2017, p.37) assevera que:
O critério de Kaldor-Hicks busca superar a restrição imposta pelo
ótimo de Pareto de que mudanças somente são eficientes se nenhum
indivíduo fica em posição pior. Pelo critério de Kaldor-Hicks, o
importante é que os ganhadores possam compensar os perdedores,
mesmo que efetivamente não o façam.
Enquanto a Teoria de Pareto define como medida eficiente aquela que não gere
custos para nenhum indivíduo, mesmo que traga benefícios para outros. A de Kaldor-
Hicks, leva em conta o somatório de benefícios individuais, que sendo maior que os
custos, vai gerar o estado de bem-estar social, pois a situação inicial foi melhorada de
uma forma geral. E os indivíduos que saíram prejudicados poderão ser recompensados.
Aplicar os métodos da Análise Econômica do Direito no momento de criação de
uma norma legal ou ao tomar uma decisão jurídica tem como objetivo proporcionar que
o sujeito alcance um resultado eficiente.
4. Considerações Finais