Você está na página 1de 253

ANÁLISE ECONÔMICA

DO DIREITO
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS. ORIGEM HISTÓRICA. ESCOLAS.

Prof. Me. Amanda Rodrigues


Aspectos introdutórios
• Análise econômica x Direito Econômico
- Não se trata de Direito Econômico (intervenção do Estado na economia), no
sentido que se dá à expressão que reúne áreas como a regulação das atividades
econômicas, em sentido tradicional: bancos e moeda, concorrência, controle do
comércio exterior, regulamentação das profissões, regime de direito público.
- O Direito Econômico faz da Economia OBJETO do Direito  Estudo da
ordenação (ou regulação) jurídica específica da organização e direção da
atividade econômica pelos poderes públicos e/ou pelo setor privado, quando
dotado de capacidade normativa;
- AED parte da premissa que os mesmos instrumentos de análise que são
utilizados para compreender o Direito Econômico podem ser utilizados em
outros ramos do direito.
Aspectos introdutórios
• Análise econômica x análise custo-benefício
- Não se trata de priorizar o emprego da relação custo-benefício presente nas
decisões judiciais ou administrativas. Ao revés, pretende explicitar a lógica
subjacente aos institutos jurídicos (nem sempre consciente a quem decide).
- AED toma como ponto de partida a “análise de custo-benefício”, vendo os
indivíduos como focados no seu auto-interesse em um ambiente de escassez de
recursos;
• Análise econômica x realismo jurídico
- Sua matriz é o REALISMO JURÍDICO norte americano, de característica anti -
formalista, que, no início do Sec. XX, insurgiu se contra a abstração do Direito,
que considerava “meta jurídico ” o que estava para além da NORMA
• Análise econômica x eficiência
O que é, afinal, Análise Econômica do
Direito?
• A AED nada mais é do que a aplicação da teoria
microeconômica ao Direito; ou seja, a aplicação
do ferramental analítico da Economia ao Direito.

“Pode-se conceituar a disciplina de Direito e Economia como um corpo teórico


fundado na aplicação da Economia às normas e instituições jurídico-políticas”
– Bruno Salama

“a aplicação das teorias e métodos empíricos da Economia para as instituições


centrais do sistema jurídico” – Richard Posner
O que é, afinal, Análise Econômica do
Direito?
“A Análise Econômica do Direito é o campo do conhecimento que tem por objetivo
empregar os variados ferramentais teóricos e empíricos econômicos e das ciências
afins para expandir a compreensão e o alcance do direito e aperfeiçoar o
desenvolvimento, a aplicação e a avaliação de normas jurídicas, principalmente
com relação às suas consequências” - Ivo Gico Jr.
O que é, afinal, Análise Econômica do
Direito?
• Por ser a ciência “instrumental por excelência”, a Economia é uma
poderosa ferramenta para analisar um vasto conjunto de temas.
• Sua interface, até pouco tempo atrás, estava restrita às matérias de
antitruste, regulação de mercados e cálculo de danos monetários.
• A originalidade da disciplina de Direito e Economia esteve em estender
o ferramental analítico da Economia às mais diversas áreas do
conhecimento jurídico, inclusive direitos de propriedade, contratos,
responsabilização civil, responsabilização penal, direito societário,
dentre muitas outras.
Direito e Economia: origens da disciplina
A disciplina de Direito e Economia origina-se a partir de duas tradições
intelectuais:
a) economia política;
b) realismo jurídico.

• A tradição da economia política constitui a espinha dorsal daquilo que posteriormente se convencionou
chamar de “ciência econômica”. Essa tradição encontrou espaço nas faculdades de Direito principalmente
através da disciplina de Direito Econômico, que se ocupa da regulação e intervenção do Estado nos
mercados”;
• O realismo jurídico, surge nas faculdades de direito norte-americanas e escandinavas na primeira metade
do século XX. O projeto acadêmico dos realistas jurídicos era o de estudar as leis como elas de fato
funcionavam, ao invés das leis conforme previstas nos código e livros. Do realismo jurídico advém a
tradição de aplicar as ciências sociais ao Direito, de modo a procurar entender as motivações dos diversos
entes e indivíduos envolvidos na prestação jurisdicional e os fatores que de fato condicionam a formulação
e aplicação do Direito
Análise econômica do Direito
• Ao trazer o raciocínio econômico para o estudo do Direito, a AED toma como ponto de partida a
“análise de custo-benefício”, vendo os indivíduos como focados no seu auto-interesse em um
ambiente de escassez de recursos.
• A “análise de custo-benefício” sugere que a tomada de decisões se faz a partir de três
perspectivas: PROPOSTAS, CONSEQUÊNCIAS e IDEIAIS
Quem é encarregado de decidir elabora PROPOSTAS (“alternativas de decisão”),que, necessariamente, deverão
considerar as CONSEQUÊNCIAS de cada uma delas, tendo em conta os IDEIAIS (fins, objetivos) buscados.
• Do ponto de vista jurídico, a elaboração de PROPOSTAS se coloca no campo da interpretação e
aplicação das normas (dimensão normativa do Direito), estimando CONSEQUÊNCIAS que estarão
relacionadas com a sua efetividade (dimensão sociológica do Direito), considerando os IDEAIS
(valores, dimensão axiológica do Direito) a serem atingidos.

Daí porque a AED pode ser considerada “agnóstica” quanto aos valores, que são considerados
DADOS EXTERNOS, produzidos no campo da MORAL ou da POLÍTICA
Análise Econômica do Direito

A AED situa-se no campo das abordagens


“consequencialistas”, em oposição às abordagens
essencialistas ” do Direito
Origem histórica
• Dois momentos distintos
• Séc. XIX na Europa continental – método de análise legal presente na
Alemanha e países de tradição germânica.
- Das Recht des Schadensersatzes vom Standpunkter der Nationalökonomie (Victor
Mantaja) – O Direito da Responsabilidade Civil sobre o ponto de vista da Economia
Política efeito dos incentivos gerados pela responsabilidade civil;
- Popularidade caiu drasticamente até o período de 1930 e seus últimos resquícios foram
eliminados pelo regime nazista, junto com outros movimentos interdisciplinares;
- Muitas universidades, principalmente na Alemanha, mantinham-se fortemente ligadas à
tradição da Escola Histórica, que via o estudo do Direito como uma disciplina
hermenêutica, cujo foco se mantinha na interpretação coerente das normas, baseando-
se na consistência do sistema; conservando a política, sociologia e economia afastadas.
Origem histórica
• Dois momentos distintos
• Década 1950 – EUA – Pós 2ª Guerra Mundial – em razão da criação do Journal of
Law and Economics pela Universidade de Chicago.
- Lançamento entre os economistas (1957 – 1972) – No final dos anos 50, muitos economistas passaram
a aplicar seus conceitos e métodos para explicar fenômenos fora de seu campo de atuação (democracia,
economia da discriminação, ação coletiva, greve etc.)
- 1958 – Publicada revista Journal of Law and Economics pela Universidade de Chicago, que se tornará o
veículo para difundir as incursões dos economistas na área do Direito.
- 1960 – artigo de Ronald Coase sobre o custo social – prêmio Nobel de Economia (1991).

- O paradigma aceito pelo Direito (1972-1980) - Organização de seminários para professores de


Direito tomarem contato com essas novas ideias e os fundamentos da microeconomia. Aparecem os
primeiros esforços de síntese. Inúmeros artigos são publicados e nota-se uma aceitação do paradigma
- Publicação Economic analysis of law – Richard Posner – Coloca a matéria de forma acessível e abrangente
aos estudantes de Direito. Foi o primeiro autor a submeter a maior parte dos ramos do Direito a uma
análise sistemática sob a perspectiva econômica
Origem histórica
• Dois momentos distintos
- Debate sobre os fundamentos (1980 - 1982) – Colóquios para determinar, de maneira crítica,
qual é, efetivamente, a contribuição da análise econômica do Direito. Crítica à perspectiva
utilitarista .
- Principal debate: “A atribuição dos direitos pode ser deduzida de considerações de eficácia ou se é
necessários, para precisar a noção de eficácia, fixar previamente, ao menos, certos direitos
fundamentais?”
- O movimento ampliado (após 1982) - Surgimento de novas escolas de pensamento a respeito
da análise econômica do Direito. Os debates críticos do final dos anos de 1970 deram lugar à
ampliação das bases e, dessa forma, do potencial da análise econômica do Direito.

- Guido Calabresi, Henri Manne e Richard Posner foram os principais responsáveis pela
popularização desse movimento nas universidades americanas.
AED NO BRASIL
- O desenvolvimento da disciplina da AED no Brasil iniciou-se nas duas
ultimas décadas, por meio da incorporação do campo da Análise
Econômica aos trabalhos acadêmicos (e menos por meio de tribunais e
aplicação prática da disciplina);
- Trabalhos pioneiros no Brasil:
- ANTUNES, J. Pinto – A produção sob o regime da empresa: economia e
direito São Paulo, 1954.
- COUTO E SILVA, Clóvis do – A ordem jurídica e a Economia. Revista do
Serviço Público. V. 39, n. 2, p.91-100, 1982;
- FARIA, Guiomar T. Estrella – Interpretação Econômica do Direito. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 1994;  obra que trouxe maior visibilidade para
AED no Basil
AED NO BRASIL
• A partir da década de 1990 – Surgimento de cursos de mestrado e/ou
doutorado com linhas de pesquisa que de alguma forma tratam da
temática
• Resolução MEC/CNE/CES nº 9/2004 (que versa sobre as diretrizes
curriculares nacionais) determina como eixo de formação
fundamental do bacharel em Direito o estudo – dentre outras áreas
– da Economia;
• No entanto, as cadeiras existentes nos cursos de graduação relativas ao tema
pouco representam o diálogo contemporâneo proposto pela AED;
• Diversos profissionais desconhecem a amplitude das implicações teóricas e
práticas da Economia no campo jurídico;
AED NO BRASIL
• A partir de 2005 – Primeiro programa de pesquisa sobre o tema –“Diálogos
FEA & Largo São Francisco” uma parceria entre as faculdades de direito e
economia da Universidade de São Paulo;
• Primeira associação estadual de Direito e Economia (IDERS – Instituto de
Direito e Economia do Rio Grande do Sul)
• Lançamentos de coletâneas de textos sobre análise econômica do Direito
(TIMM, Luciano. Direito e Economia 1ª ed. São Paulo: IOB/Thompson,
2005);
• 2007 – ABDE (Associação Brasileira de Direito e Economia)
• 2010 – Primeiro periódico brasileiro dedicado ao tema – Economic Analysis
of Law Review;
AED NO BRASIL
• Apesar das recentes iniciativas, o crescimento dos estudos da AED ainda não
representa parcela expressiva do que é produzido pelos centros de pesquisa no país.
• Há muita confusão sobre o tema, que, às vezes, é entendido sob o contexto do Direito
Econômico;
• É possível, no entanto, verificar uma tendência crescente na disseminação do campo
da AED entre acadêmicos e profissionais do Direito
• 64 livros produzidos por autores brasileiros que tem a AED e o conceito de eficiência como foco
principal;
• Temas mais recorrentes: Direito Contratual (8 obras); Direito Societário ou Empresarial, Direito
e Desenvolvimento e Direito Concorrencial ( 6 obras cada); Direito Processual, Direito Tributário
e Direito de Família (4 obras cada); Responsabilidade Civil e Regulação (3 obras cada); Direito
Penal, Arbitragem e Direito Previdenciário (2 obras cada); Direito Ambiental e Direito do
Trabalho (1 obra cada);
AED NO BRASIL
• Observa-se um aumento gradual na elaboração de obras sobre AED, tendo o
ano de 2014 sua maior produção. Em razão desse cenário, podemos considerar
que há um indicativo de que esse movimento tende a continuar a se expandir
no campo jurídico
ESCOLAS DE AED
CHICAGO LAW AND ECONOMICS
Ronald Coase/ Richard Posner
• Maximização racional da satisfação
• Regras legais como preços
• Eficiência - Teorema de Coase
• A eficiência do CommonLaw
PUBLIC CHOICE THEORY
James Buchanan
• Análise econômica da decisão “fora do mercado”;
• Decisões individuais como parte de uma interação complexa que gera resultados políticos;
• Aplicação da análise econômica às decisões políticas, incluindo teorias sobre o Estado, estudo das
regras sobre votação e comportamento de eleitores, partidos políticos, acordos políticos, burocracia
e regulação;
INSTITUTIONAL LAW AND ECONOMICS
Thorstein Veblen, Karl Llewellyn, Henry Carter
Adams, Wesley Mitchell
• Centraliza a análise no estudo das instituições do sistema econômico;
• Instituição é entendida como uma ação coletiva voltada a restringir, liberar e expandir a ação
individual (John Commons);
• O comportamento econômico está condicionado pelo ambiente institucional, e,
simultaneamente, a economia afeta este mesmo ambiente;
• A interação mútua entre as instituições e o comportamento dos atores econômicos é um processo
evolutivo, determinando a necessidade de uma “abordagem evolutiva” da economia;
• É necessário canalizar os conflitos inerentes às relações econômicas para instituições estruturadas
para estabelecer um sistema de controle social sobre a atividade econômica
THE NEW INSTITUTIONAL ECONOMICS
Ronald Coase, Harold Demsetz, Steven Cheung, Eirik
Furubotn e Svetozar Pejovitch (Chicago, estudo dos direitos de propriedade)
Douglass North, Robert Thomas (historiadores econômicos que buscam identificar as relações
entre a evolução nas instituições legais e o crescimento econômico);

• As instituições têm um papel fundamental para a determinação das estruturas econômicas, e os


elementos determinantes das instituições podem ser explicados e entendidos usando as ferramentas
da teoria econômica;
• A estrutura das instituições afeta o desempenho econômico de forma sistemática e previsível;
• Os indivíduos fazem as suas escolhas, racionalmente, baseados no seu próprio interesse, sujeitos a
restrições; Estas restrições, entretanto, são mais numerosas e variadas do que a teoria econômica
neoclássica propõe;
• Foco na maximização da riqueza –a busca por estruturas institucionais que estimulem a capacidade
da sociedade de produzir riqueza
NEW HAVEN
Guido Calabresi, Bruce Ackermann, Steven
Shavell
• Estudo do “Estado Social”, no seu aspecto regulatório, com fundamentos na análise das políticas
públicas e na teoria da escolha social;
• A análise econômica do direito é usada para definir a justificativa econômica das ações públicas;
MODERN CIVIC REPUBLICANISM
Kathryn Abrams
• “Antítese” da teoria da escolha pública;
• Atribui grande valor a vida política comunal e à um diálogo coletivo, deliberativo que articula e forma
valores compartilhados;
• Permite um esquema normativo alternativo ao liberalismo moderno;
• Visão alternativa da tomada de decisões pública, uma versão de uma auto-governança democrática
combinada com uma aspiração por tomada de decisões coletiva;
SOCIAL NORMS AND LAW AND
ECONOMICS
Robert Ellickson, Eric Posner
• A inclusão de normas sociais nos modelos da análise econômica do direito permite
explicações mais robustas sobre o comportamento e previsões mais adequadas sobre os
efeitos das mudanças legais;
BEHAVIORAL LAW AND ECONOMICS
Cass Sustein; Daniel Kahenamann
• A economia clássica propõe que os indivíduos (a) maximizam suas utilidades (b) a partir
de um conjunto estável de preferências e (c) acumulam uma quantidade ótima de
informações em uma variedade de mercados;
• Os indivíduos, no mundo real, padecem de uma racionalidade e de um poder de escolha
limitados;
• Os modelos de análise econômica devem incluir variáveis psicológicas, inclusive em
relação ao Direito;
TEORIA MICROECONÔMICA
E O DIREITO
Conceitos econômicos introdutórios

Profa. Amanda Rodrigues


ECONOMIA

 A raiz etimológica da expressão “Economia” se refere à “administração da


casa” – indicando situações que reclamem compromissos e escolhas, seja no
estabelecimento de prioridades quanto às necessidades, distribuição de
tarefas, ponderação dos meios mais eficientes e coordenação para a
satisfação das necessidades que são geradas por esforços de produção.
 As escolhas de que trata a Economia são aquelas ditadas pela escassez de
bens e recursos disponíveis, para que a satisfação das necessidades possa ser
alcançada.
TEORIA MICROECONÔMICA
A perspectiva teórica da AED tem por base os métodos da teoria microeconômica.
“TEORIA MICROECONÔMICA – Segundo tal teoria, antes de tomar uma decisão os
agentes econômicos comparam os custos e os benefícios das diferentes alternativas,
sejam elas de natureza estritamente econômica, seja de natureza social ou cultural”
 Um agente racional pode classificar alternativas segundo suas preferências;
 Dadas as suas preferências, um agente racional procurará MAXIMIZAR a satisfação, até o
limite das suas restrições;
 Decisões individuais (aceitar uma oferta de emprego; fazer uma compra; trocar de carro;
comprar ou alugar uma casa; escolher uma faculdade) implicam escolhas em face de
alternativas, tendo em vista que não dispomos de recursos infinitos;
ESCASSEZ
 Oposto da abundância
 A ESCASSEZ não é determinada historicamente
 “As coisas não são raras de forma absoluta, mas sempre em relação a preferências daqueles
que delas fazem uso, tendo em vista os usos que conhecem ou imaginam” (p.ex. Petróleo);
 A ESCASSEZ é subjetiva, na medida em que o uso de uma coisa depende do que cada
pessoa saiba o que fazer com ela (p.ex. post-it)
 O comércio e as trocas em uma sociedade são baseadas na ideia de que, para o adquirente, a
coisa comprada é mais rara para ele do que para o vendedor. (As duas partes não valorizam o
bem da mesma forma. Essa é, justamente, a razão do interesse na transação);
 A escassez de uma coisa se dá em função dos usos que se possa imaginar
ESCASSEZ
 Corolários da escassez:
 Se não fosse a escassez, as escolhas de que trata a Economia seriam irrelevantes (uma opção
errada, poderia sempre ser remediada, lançando-se mão de alternativas ilimitadas);
 A escassez se verifica globalmente, no sentido de que o total dos meios disponíveis é
insuficiente para o total das necessidades;
 Algumas necessidades básicas de sobrevivência, como a alimentação, por exemplo, são
recorrentes, sendo que a sua plena satisfação em dado momento não impede o seu
ressurgimento;
 A escassez é eminentemente gradual e relativa, visto que a intensidade como que ela se
verifica depende da própria intensidade com que as necessidades são sentidas.
ESCASSEZ

 É a escassez que leva à criação de instituições para enfrentá-las;


 As instituições visam, especialmente, permitir que cada um se sirva do bem escasso
segundo suas necessidades (não desperdiçar) ou adapte suas necessidades à escassez e
estimulem o espírito empreendedor;
ESCASSEZ
 Quando uma coisa se torna escassa e não há mais quantidade suficiente para todos que a
deseja obtê-la surge concorrência sobre seus usos, o que é fonte de DISPUTAS e CONFLITOS;
 A partir daí, a sociedade coloca REGRAS para determinar quais usos concorrentes devem ser
aceitos;
 Violência;
 Decisão discricionária do soberano
 Critérios de mérito, beleza, relação pessoal com o príncipe, família, nação, sorteio etc;
 Ao determinar, de qualquer modo, que o uso de uma coisa deve ter precedência sobre
outras, define-se um direito que retira a coisa do domínio público. Esse direito introduz
uma distinção que confere ao titular prioridade sobre seu uso em relação a outras pessoas.
 O estabelecimento de direitos é uma resposta à escassez que permite a criação de uma
sociedade baseada em outra coisa além da posse material e violência. Aspecto distintivo
das sociedades baseadas no Estado de Direito (rule of law) é a forma de conferir direitos.
RACIONALIDADE

 A ESCASSEZ impõe escolhas – na medida em que o ambiente é modificado (escassez), o


ser humano adapta seu comportamento (faz escolhas), de forma a tirar proveito das
mudanças;
 Ao reagir à mudança das circunstâncias, o ser humano tenta extrair aquilo que, a seus
olhos, pareça o melhor.
 People respond to incentives – os indivídiuos são sensíveis a incentivos e provocações.
RACIONALIDADE
 MODELO DE ESCOLHA RACIONAL (Riker) – em um cenário de escassez - os agentes vão
optar por condutas que maximizem seus benefícios.
 Segundo MODELO ECONÔMICO NEOCLÁSSICO, o indivíduo vai se comportar de maneira a
maximizar utilidade do seu comportamento
 O modelo de escolha racional permite generalizações quanto ao comportamento humano,
atribuindo aos humanos uma linha de conduta previsível e por isso serve de alicerce para as
discussões sobre um conjunto diversos de decisões tomadas pelos indivíduos.
INCERTEZA

 A ESCASSEZ nos força a utilizar as coisas à nossa disposição melhor e a imaginar novas
formas ou meios de fazê-lo.
 A natureza põe os serem humanos diante de mudanças imprevistas que alteram as previsões
feitas através das nossas escolhas e nos obrigam a nos adaptar, encontrar novas maneiras de
fazer;
 A incerteza ou ignorância relativa a circunstâncias que afetam nossa vida e o elemento-
surpresa resultante são aspectos inafastáveis da condição humana;
 Lógica do Cisne Negro – Nassim Taleb
 Desenvolvemos meios de fazer e pensar que nos permitem absorver essa incerteza sem
desfazer-se da vida social (ex.: seguros, sociedades, economias)
INDIVIDUALISMO METODOLÓGICO

 Metodologia: As escolhas coletivas de uma sociedade são analisadas como resultantes da


composição de escolhas individuais
 O “Estado”, o “governo”, o “povo”, o “sindicato” não pensam, não decidem; é o agregado
de indivíduos que agem em seu nome que tomam decisões, segundo critérios de decisão
eventualmente aplicáveis  indivíduo metodológico
 Opõe-se a concepção que admite que fenômenos coletivos possam ter vida autônoma e
mesmo “determinar” o comportamento dos indivíduos.
UTILIDADE
 A avaliação de custo-benefício faz-se a partir de um contexto determinado de
preferências, que se traduz em um nível de bem-estar dos agentes e é
medido pela utilidade que retira da sua decisões.
 Utilidade – reflete não só os bens materiais ou de consumo, mas também o
grau de altruísmo que um indivíduo com terceiros, incluindo bens imateriais
(amor, alegria, felicidade etc.)
 Não há uma medida exata da utilidade de algo para os indivíduos, mas um
conjunto axiomático (de valores) que estabelece uma ordem ou
hierarquização das escolhas.
EQUILÍBRIO
 É virtualmente impossível atingirmos a saciedade de todas as necessidades
que experimentamos, no entanto, podemos estar em situações de equilíbrio
ou de superabundância em relação ao uso de algum recurso;
 EQUILÍBRIO: Padrão de interação que persiste, a menos que seja afetado por
forças externas.
 O comportamento maximizador dos indivíduos os conduz até um ponto de
repouso (equilíbrio)
BEM ESTAR SOCIAL
 O bem estar social mede-se pela agregação do bem-estar dos indivíduos.
 Diversas concepções de como medir o bem estar social:
 UTILITARISMO – soma simples das utilidades individuais. O critério utilitarista
prefere a eficiência à igualdade distributiva (a rigor, é neutro em relação à
distribuição.
R$ 3.000,00 R$7.000,00 R$ 10.000,00

+ R$ 5.000,00
 IGUALDADE DISTRIBUTIVA (RAWLS) – Para Rawls, a maximização do bem estar
consiste na maximização do bem-estar do indivíduo que se encontre na pior
situação de uma sociedade.
R$ 3.000,00 R$7.000,00 R$ 10.000,00

R$ 4.500,00 R$ 500,00
BEM ESTAR SOCIAL
 A escolha da medida de bem-estar social obedece essencialmente a dois
critérios: a eficiência e a hierarquização entre as utilidades.
 Geralmente, no entanto, não é possível obter mais eficiência sem aumentar a
assimetria distributiva;
 A perspectiva econômica vê o Direito como uma instituição que deve
promover a eficiência, contribuindo, dessa forma, para melhorar o bem-estar
social.
 No longo prazo, podemos dizer que o direito deve tender a ser eficiente.
EFICIÊNCIA E BEM ESTAR SOCIAL
 Na análise econômica, a medida de valor usualmente utilizada é a “fórmula
do bem estar social”.
 A fórmula do bem estar social é uma medida de agregação do nível de
utilidade aferido por cada membro de uma determinada sociedade em face
das consequências resultantes de determinada escolha política, jurídica ou
social
 É a medida de agregação dos níveis de utilidade atribuída por todos os indivíduos
de uma sociedade. A forma mais utilizada é somatório simples
 BEM ESTAR SOCIAL = Utilidade de A + Utilidade de B + Utilidade de C
 Desta maneira, o conceito de eficiência está associado à maximização da
fórmula do bem estar social. Será eficiente toda medida que gerar a maior
satisfação do maior número de indivíduos de uma sociedade. Esta ideia é a
base da filosofia utilitarista
EFICIÊNCIA
 Eficiência – otimização de alguma medida de valor (regra de maximização)
 Face à escassez de recursos, podemos ser levados a preferir opções que extraem do
uso dos fatores de produção o rendimento máximo.
 Se elegemos um valor proteção do meio ambiente, podemos buscar as opções que
geram a maximização desse valor
 Determinadas normas jurídicas podem gerar resultados ineficientes e, outras,
resultados eficientes. Dessa forma, usamos a eficiência como um critério
geral para aferir se uma norma é adequada, desejável ou não.
 Assim, uma escolha eficiente é aquela que maximiza alguma medida de valor.
 E qual é essa medida de valor?
CRITÉRIOS DE EFICIÊNCIA
 CRITÉRIO DE PARETO (EFICIÊNCIA DE PARETO) - Uma alternativa ao uso dos
recursos será sempre desejável se ao menos um dos agentes envolvidos
obtiver uma condição de melhoria, sem que haja perda por qualquer dos
outros;
 Situação em que não é possível melhorar a situação de alguém, sem prejudicar a
situação de outrem;

 CRITÉRIO DE KALDOR-HICKS – uma alternativa ao uso dos recursos será


sempre desejável se os benefícios decorrentes desta realocação, para alguns
dos agentes envolvidos, forem maiores do que as perdas sofridas pelos outros;
MAXIMIZAÇÃO DE RIQUEZA vs
MAXIMIZAÇÃO DE UTILIDADE
 A fórmula do bem-estar social é definida a partir da ideia de utilidade, sendo esta
a medida da satisfação pessoal dos indivíduos da sociedade. No entanto, não
existe uma forma objetiva de medir a utilidade;
 Na prática, não podemos aferir objetivamente o nível de satisfação de uma
determinado agente. Em razão disso, utiliza-se o dinheiro como uma escala de
valor;
Assim: podemos analisar melhor o efeito que uma norma X aumenta o bem estar
social de uma determinada sociedade

R$ 100.000,00 R$50.000,00 R$ 40.000,00


R$190.000,00

Norma X
R$ 150.000,00 R$50.000,00 R$ 20.000,00

R$ 220.000,00
MAXIMIZAÇÃO DE RIQUEZA vs
MAXIMIZAÇÃO DE UTILIDADE
 Do ponto de vista dos critérios de eficiência, podemos dizer que a norma é
eficiente, segundo o critério de KALDOR-HICKS, porque a medida aumenta a
fórmula do bem estar social e os benefícios decorrentes desta realocação,
para alguns dos agentes envolvidos, forem maiores do que as perdas sofridas
pelos outros.
 No entanto, não é eficiente segundo o critério de PARETO, que exige que a
melhora da situação de uma parte não pode piorar a de ninguém.

R$ 100.000,00 R$50.000,00 R$ 40.000,00


R$190.000,00

Norma X
R$ 150.000,00 R$50.000,00 R$ 20.000,00

R$ 220.000,00
CRÍTICA AO MODELO DA ESCOLHA RACIONAL
 O desenvolvimento do tema da análise econômica do Direito tem incorporado
as lições da chamada “economia comportamental”.
 Diante da constatação da limitação da racionalidade dos agentes econômicos,
há uma atualização do modelo da escolha racional, incorporando outros
elementos psicológicos ao processo decisório.
 As teorias neoclássicas, as quais se baseiam na premissa da racionalidade do
comportamento, são questionadas, colocando dúvidas determinados conceitos
fundamentais e a própria capacidade preditiva do comportamento humano;
 A perspectiva da economia neoclássica – argumentam os autores de economia
comportamental – pode ser revigorada ao se reestabelecer o paradigma da
racionalidade econômica com nuances do comportamento humano, através
da compreensão da psicologia, sociologia e outras ciências do comportamento
CRÍTICA AO MODELO DA ESCOLHA RACIONAL
 SIMON - Os primeiros estudos apontando para racionalidade limitada dos
agentes econômicos, foram desenvolvidos por Herbert A. Simon, no sentido
de que a suposta consistência da escolha humana nem sempre é evidenciada
na realidade, e que a suposição de maximização de utilidade não se verifica
de forma consistente sobre o tomador de decisão.
 Diante da capacidade humana limitada em avaliar suas preferências, essa
perspectiva teórica busca identificar (na teoria e no comportamento real) os
procedimentos de escolha que são computacionalmente mais simples e que
podem explicar as inconsistências observadas nos padrões de escolha humana
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Como desenvolvimento dessa perspectiva, diversos estudos no campo da
psicologia vêm complementar o pressuposto tradicional da escolha racional.
 Apesar da economia comportamental ainda não ter apresentado uma teoria
completa e abrangente que substitua a teoria da escolha racional, mas apenas
uma lista de desvios comportamentais chamados de heurísticas e vieses ou
limitações cognitivas, que se manifestem principalmente quando o agente
está decidindo sob incerteza seus conceitos e pressupostos refinam a
compreensão da decisão dos agentes segundo o modelo de escolha racional.
 Evidências empíricas apresentadas pelos teóricos da economia
comportamental, demonstram desvios sistemáticos do comportamento
humano, demonstrando que as pessoas exibem além da racionalidade
limitada, auto interesse limitado e força de vontade limitada.
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Isso significa que as pessoas decidem sem a completa racionalidade (bounded
rationality), exibem força de vontade limitada (bounded willpower), significando
que realizam ações que sabem estar em conflito com seus interesses de longo
prazo e tem auto interesse limitado, uma vez que, muitas vezes, as pessoas se
comportam de acordo com considerações de justiça, mesmo quando isso vai
contra seus próprios interesses
 Em face da racionalidade limitada, as pessoas valem-se de método ou técnicas
para resolver satisfatoriamente um problema, segundo os quais parte da
informação é ignorada ou um referencial é utilizado para tornar a escolha mais
rápida e fácil, e, portanto, viável ou satisfatória.
 Elas utilizam uma regra de ouro (rule of thumb) para a tomada de decisões, as
chamadas heurísticas
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
QUESTÕES DE AUTOESTUDO
1) O que significa dizer que a escassez não é historicamente determinada e que é subjetiva?
2) Como a ideia de que o homem racional (modelo da escolha racional) vem sendo criticada e
que impacto isso tem sobre os pressupostos da economia neoclássica?
FALHAS DE MERCADO

CONCORRÊNCIA e COMPETIÇÃO IMPERFEITA.


EXTERNALIDADES. BENS PÚBLICOS. MONOPÓLIO
NATURAL. ASSIMETRIA DE INFORMAÇÕES Profa. Amanda Rodrigues
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O que é uma troca ? Como as trocas geram ganhos ?
 Uma troca é a transferência de um bem ou um serviço mediante contrapartida
semelhante, ou em moeda;
 Por que troca ? A resposta está nos ganhos que ela permite obter em relação às sociedades
autossuficientes, em que cada um provê, integralmente, suas próprias necessidades.
 Como as trocas geram ganhos?
 Advogado
 Gasta 30min para analisar as questões jurídicas de uma empresa
 Gasta 1h para preparar uma refeição
 Dono de restaurante
Gasta 2h para cuidar das questões jurídicas de sua empresa
Gasta 15 min para preparar uma refeição
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O que é uma troca ? Como as trocas geram ganhos ?
 Uma troca é a transferência de um bem ou um serviço mediante contrapartida semelhante, ou
em moeda;
 Por que troca ? A resposta está nos ganhos que ela permite obter em relação às sociedades
autossuficientes, em que cada um provê, integralmente, suas próprias necessidades.
 Como as trocas geram ganhos?
 Advogado = 1h 30
 Gasta 30min para analisar as questões jurídicas de uma empresa
 Gasta 1h para preparar uma refeição
 Dono de restaurante = 2h15
Gasta 2h para cuidar das questões jurídicas de sua empresa
Gasta 15 min para preparar uma refeição
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O que é uma troca ? Como as trocas geram ganhos ?
 Uma troca é a transferência de um bem ou um serviço mediante contrapartida semelhante, ou
em moeda;
 Por que troca ? A resposta está nos ganhos que ela permite obter em relação às sociedades
autossuficientes, em que cada um provê, integralmente, suas próprias necessidades.
 Como as trocas geram ganhos?
 Advogado = 1h (+ 30min)
 Gasta 30min para analisar as questões jurídicas de uma empresa
 Gastar 30 minutos para cuidar das questões jurídicas da empresa do Dono do Restaurante
 Dono de restaurante = 30 min (+ 1h 45min)
Gasta 15 min para preparar a refeição do advogado
Gasta 15 min para preparar uma refeição
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
O que explica o resultado é que os dois agentes não tem a mesma eficiência relativa no
desenvolvimento das atividades mencionadas.
 O advogado tem vantagem comparativa no trato com as questões jurídicas empresariais e o dono do
restaurante uma vantagem comparativa no preparo de refeições.

 A troca é baseada nessa diferença e permite cada um especializar-se na atividade em que


tenham vantagem comparativa.
 As vantagens comparativas são a fonte de ganhos do livre comércio entre os países,
mesmo com diferentes graus ou níveis de desenvolvimento
MERCADO
O que é um mercado?
“Mercado” é qualquer situação em que as pessoas que têm bens ou serviços para oferecem
procuram apresentar-se frente a pessoas interessadas em obtê-los, ou, ainda, aquela em que
muitos compradores potenciais buscam se apresentar frente à pessoa ou pessoas que tenham
bens ou serviços a oferecer, podendo, portanto, os dois fenômenos ocorrerem
simultaneamente;
Por que os mercados são mais interessantes do que as trocas bilaterais? O encontro de
múltiplos ofertantes e adquirentes tem, para cada um, a vantagem de reduzir o custo de
encontrar parceiros para fazer a troca.
 Ofertante = tem acesso a múltiplos compradores, o que pode justificar a produção em maior
quantidade (ganhos de escala) e diminuição de riscos
 Adquirentes = diminuição dos custos de encontrar parceiros para troca
MERCADO
O que é um mercado eficiente?
Várias condições devem ser atendidas para que os mercados funcionem eficientemente. As
condições típicas para um mercado eficiente incluem um
(i) grande número de compradores e vencedores que agem de forma independente de
acordo com o próprio interesse;
(ii)informações perfeitas sobre o que está sendo negociado e
(iii) liberdade de entrada e saída no mercado.
MERCADO
Grande número de participantes em um mercado assegura que nenhum
comprador ou vendedor tenha muita influência sobre o preço ou a
quantidade negociada.
Informações perfeitas implicam que tanto o comprador, quanto o
vendedor têm acesso completo aos custos de produção e perfeito
conhecimento do produto, e não existem oportunidades para comprar a
preço mais baixo e vender a preço mais alto em outro;
A liberdade de entrada e saída em um mercado também aumenta a
eficiência do mercado, pois permite a participação do maior número
possível de compradores e vendedores; A exigência de licenciamento são
um exemplo de barreiras à entrada (menos concorrência e preços mais
elevados)
FALHAS DE MERCADO
 Falhas de mercado - referem-se a circunstâncias específicas que
levam um sistema de livre mercado à alocação ineficiente de bens e
serviços.
As imperfeições refletem desvios de condições ideais de um sistema
competitivo: indivíduos e organizações, que buscam maximizar seus
interesses próprios, passam a agir em dissonância com o interesse
social;
 Podem ser vistas como situações em que a atuação em busca de seu
puro auto interesse leva a resultados não eficientes.
FALHAS DE MERCADO
 Falhas de mercado são frequentemente associadas a:
 Estruturas não competitivas em um mercado
 Externalidades
 Problemas de monopólio natural
 Bens públicos

 A existência de falhas de mercado é a justificativa para a


intervenção governamental em um mercado.
LIVRE INICIATIVA
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
COMPETIÇÃO IMPERFEITA
A teoria da competição perfeita descreve mercados nos quais não há
nenhum participante grande o suficiente para ter o poder de definir o
preço de um produto;
Os agente econômicos seriam meros tomadores de preço, tendo em
vista que não são capazes de influenciar o preço do mercado, mas
apenas definir as quantidades que desejam produzir e adquirir;
A concorrência perfeita serve como um benchmark (referência)
para medir os mercados da vida real
CONCORRÊNCIA
IMPERFEITA
Formas típicas de concorrência imperfeita:
1. Monopólios – há somente um vendedor para uma mercadoria;
2. Oligopólios – há poucos vendedores para uma mercadoria;
3. Concorrência monopolística – há muitos vendedores que produzem bens
altamente diferenciados;
4. Monopsônio – há apenas um comprador de um bem ofertado por vários
vendedores;
5. Oligopsônio – há poucos compradores de um bem e inúmeros vendedores;
EXTERNALIDADES
 São custos ou benefícios que não são internalizados pelo indivíduo
ou pela empresa em suas ações e que impõem diretamente custos e
benefícios a terceiros
 É o impacto da ação de um agente sobre um terceiro que dela não
participou;
 Fumaça da fábrica; Uso do carro; Demandas frívolas; Instalação de um shopping; Efeito
das vacinas;
EXTERNALIDADES
Externalidades negativas – impacto negativo que uma ação
pode ter sobre terceiros;
 Externalidades positivas – impacto positivo que uma ação
pode ter sobre terceiros; trata-se de ações que geram benefícios
indiretos a terceiros
EXTERNALIDADES
 Diante da existência de externalidades, o interesse da sociedade em
um resultado de mercado não fica adstrito ao bem-estar dos
compradores e vendedores incluídos nesse mercado e passa a incluir
também o interesse de terceiros afetados indiretamente pelas
externalidades;

 O equilíbrio de mercado é atingido sem que a externalidade,


representada pelo custo/valor social, componha a sua equação, o que
faz com que o mercado aloque os recursos de maneira ineficiente.
BENS PÚBLICOS
Bem público para economia são aqueles que são, simultaneamente,
“não rivais” e “não excludentes”
Não rival  seu consumo por um indivíduo não reduz sua disponibilidade
para o consumo de outros (ex.: assistir uma partida de futebol)
 Não excludentes  não posso (não tenho como) excluir pessoas de seu uso;
(ex.: ar sem poluição)

 Bem público para o Direito está ligado a titularidade do bem


(Poder Público) ou à disponibilidade de sua utilização para a
coletividade de forma livre (praias, praças ou ruas)
BENS PÚBLICOS
BEM PRIVADO PARA BEM PÚBLICO PARA
ECONOMIA ECONOMIA

BEM PRIVADO PARA O Habitação, carro Segurança privada;


DIREITO

BEM PÚBLICO PARA O Educação, saúde Defesa nacional; Segurança


DIREITO Pública;
BENS PÚBLICOS
 O problema dos bens públicos está ligado a existência de free
riders, ou “caronas” – indivíduos que se valem de determinado bem
ou serviço sem arcar com os custos de sua produção, aproveitando-se
do fato de que outros agentes suportam tais custos;

Torna-se difícil garantir o financiamento de setores que lidam com


bens públicos, o que pode exigir uma intervenção do Estado para
assegurar a remuneração adequada do setor pelos usuários do bem –
por meio do pagamento de impostos, por exemplo.
MONOPÓLIO NATURAL
 É a condição sobre o custo de tecnologia de uma indústria, que resulta
na eficiência da produção monopolística;

Em certos mercados, é mais eficiente para a produção (se


considerarmos as vantagens no médio e longo prazo) estar
concentrada em um único processo produtivo;

 Isso tende a ocorrer nas indústrias nas quais predominam os custos de


capital, criando economias de escala que são grandes em relação ao
tamanho do mercado e, portanto, elevadas barreiras à entrada de outros
concorrentes;
MONOPÓLIO NATURAL
 Tipicamente, monopólios naturais são entendidos como falhas de
mercado que suscitam a intervenção estatal para regular preço,
quantidade e qualidade dos bens ou serviços prestados;

 Para dar conta desses monopólios, na tentativa de regular esta


falha de mercado, surgem regras para a atuação da empresa
monopolista;
Essential facilities/ infraestrutura essencial
ASSIMETRIA DE
INFORMAÇÃO
 Assimetria de informação consiste no fato de que os contratantes, no
momento em que celebram o contrato, não deterem todas as informações
necessárias para o entendimento pleno da transação.

Apenas uma das partes conta com tais dados, criando um desequilíbrio
do poder que pode levar a problemas de alocação de recursos;
 RISCO MORAL - situação nas quais a conduta de um dos agentes envolvidos em uma relação
econômica não pode ser verificada pela outra parte, embora seja fundamental para consecução do
negócio. (ex.: agentes de investimentos) – conduta egoísta do agente gera somente danos ao principal
SELEÇÃO ADVERSA – Ao estipular o preço médio de mercado, haverá uma tendência de atrair
somente maus consumidores, que se utilizariam muito de seus serviços; Assim, o vendedor seria
forçado a subir muito os seus serviços e geraria um incentivo para que somente os maus
permaneçam no mercado (ex.: seguro)
ASSIMETRIA DE
INFORMAÇÃO
 O problema da seleção adversa e do risco moral decorrem de uma
assimetria de informações entre as partes: uma das partes dispõe de
informações relevantes para o contrato que a outra não é capaz de
obter.
ANTITRUSTE
 As falhas de mercado podem ser corrigidas ou diminuídas a partir da atuação de
instituições (regulação, fomento e fiscalização).
 CADE – Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência - autarquia
federal vinculada ao Ministério da Justiça que tem como função principal fiscalizar
a ação dos agentes no mercado, prevenindo e reprimindo práticas comerciais
contrárias à livre concorrência;
 SBDC – Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei 12.529/2011) - Lei
estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC e dispõe sobre a
prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos
ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social
da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder
econômico.
MERCADOS PERFEITOS EXISTEM?

CONCORRÊNCIA PERFEITA EXISTE?


QUESTÕES

a) Cite e explique exemplos de externalidades positivas e negativas.


Em seguida, descreva meios de internalizá-las.
QUESTÕES

a) Cite e explique exemplos de externalidades positivas e negativas. Em seguida,


descreva meios de internalizá-las.

Um exemplo de externalidade negativa seria uma festa muito barulhenta, que gera um
prejuízo ao sossego dos vizinhos. Uma forma de internalizá-la seria impor multas aos
condôminos que ultrapassassem determinado horário com som alto. Um exemplo de
externalidade positiva é a educação, pois pessoas educadas, além de terem um futuro
melhor, também contribuem para uma maior geração de riqueza para a sociedade.

Uma forma de internalizar essa externalidade seria criar subsídios governamentais


para a educação, ou isenção de impostos para escolas privadas
QUESTÕES

b) Defina o termo free rider e sua relação com bens públicos. Em


seguida, aponte suas causas e consequências.
QUESTÕES

b) Defina o termo free rider e sua relação com bens públicos. Em


seguida, aponte suas causas e consequências.

Comentário: O free rider é aquele que se aproveita de determinado bem


público sem pagar pela sua manutenção. A causa é a dificuldade de
encontrar-se o verdadeiro agente que suporta os custos desses bens, logos
os free riders aproveitam-se disso, sem arcar com os custos.
A consequência é a dificuldade de se financiar setores que trabalham com
bens públicos, sem que o Estado intervenha para garantir remuneração
adequada do setor.
QUESTÕES

c) Qual a diferença do conceito de “bem público” para o direito e para a


economia? Cite exemplos que poderiam ser considerados públicos para
o direito, mas não para a economia.
QUESTÕES

c) Qual a diferença do conceito de “bem público” para o direito e para a


economia? Cite exemplos que poderiam ser considerados públicos para o direito,
mas não para a economia.

Comentário: Para a economia, bens públicos são todos aqueles que são não rivais
e não excludentes, ou seja, cujo uso não impede o uso por parte dos demais nem
reduz sua disponibilidade. Já para o Direito, bens públicos são todos aqueles bens
regidos pelo direito público e para o uso indireto ou direto da coletividade ou uso
direto do Estado. Para o Direito, a Saúde e a Educação são bens públicos, para a
economia, no entanto são bens privados, uma vez cada vaga em uma escola ou
em um leito de hospital impede a presença de outra pessoa em seu lugar.
TEORIA DOS JOGOS
APLICAÇÕES. DILEMA DO PRISIONEIRO. EQUILÍBRIO DE NASH

Prof. Amanda Rodrigues


Conceito e aplicações

 Teoria dos jogos é um conjunto teórico que busca explicar ou melhor


compreender como os agentes racionais tomam ou deveriam tomar uma
decisão ao longo das interações humanas;
 Busca fornecer ferramentas para melhor compreender o processo de tomada de decisão
por parte dos agentes que interagem entre si, considerando a lógica observada no
contexto em que estão inseridos e as consequências de cada escolha decisória
possível;
 As teorias dos jogos têm papel extremamente relevante na compreensão das
ações em contextos de interação, de modo geral;
Conceito e aplicações
 Teoria dos jogos deriva de um campo da matemática e da economia que surgiu
nos anos 1940 e 1950;
 Durante a Guerra Fria, as forças armadas norte-americanas financiaram pesquisas em
áreas úteis à segurança nacional, e a teoria dos jogos foi uma delas. Muitos teóricos
trabalharam para a RAND Corporation, uma organização de pesquisa militar;
 O matemático John von Neumann (1903-1957) foi um dos fundadores da teoria dos jogos
que trabalhou para a RAND Corporation e se tornou conselheiro em estratégias de defesa.
 Em 1950, um matemático chamado John Nash (1928-2015) concebeu uma teoria segundo
a qual definia que “ o resultado de um jogo – seu equilíbrio – é aquele em que cada
jogador faz o que é melhor para si mesmo considerando o que o outro jogador faz.
Quando todos estão agindo dessa forma, ninguém tem motivo para mudar o que está
fazendo, de modo que esse é o equilíbrio do jogo.
 A teoriados jogos examina como países, empresas e pessoas se comportam em
situações nas quais as ações de um lado têm consequências para outro.
Teoria da escolha racional
 Um conceito fundamental para a compreensão das teoria dos jogos é a
teoria da escolha racional, que constitui premissa básica para análise das
situações de jogos estratégicos.
 A teoria parte do pressuposto de que esses jogadores são atores racionais e
possuem preferências que norteiam a análise e produção das decisões;
 Ou seja, há uma pressuposição de que os jogadores necessariamente irão optar pela
estratégia que lhes proporcionará os melhores resultados, em comparação com a
gama de escolhas disponível.
JOGO
 Um jogo é qualquer situação em que os agentes, ou jogadores,
tomam decisões estratégicas em um cenário de
interdependência, ou seja, “decisões que levam em conta as
atitudes e respostas dos outros”.
 Situação de tomada de decisão em contextos de interação;
 Situaçõesem que a escolha de um agente afetará a recompensa obtida
pelo outro e vice-versa.
JOGO
 Elementos do jogo:
(i) Jogadores
(ii) Estratégias
(iii)Payoffs
JOGO
 Elementos do jogo:
(i) Jogadores - são agentes capazes de tomar as decisões que
potencialmente irão afetar os demais; agentes capazes de tomar decisões;
- Podem ser indivíduos, empresas, instituições, organizações,
associações, países, desde que sejam capazes de tomar decisões em
conjunto, como um único agente;
JOGO
 Elementos do jogo:
(ii) Estratégias – Ações possíveis dentro do campo de decisão de cada
jogador;
- Em cada tomada de decisão, os agentes confrontam-se com “x” opções
dentre as quais devem escolher; nos jogos, as referidas opções são chamadas
estratégias
- É um plano de ação que especifica a decisão a ser tomada em cada possível
situação;
 Em um contexto de jogo, toda estratégia parte de um pressuposto sobre
o curso de ação a ser tomado pelo outro jogador
JOGO
 Elementos do jogo:
(iii) Payoffs – representam os possíveis benefícios – ou prejuízos – para
uma dada estratégia. São as recompensas de cada jogador por sua ação,
a depender da estratégia escolhida por seu oponente.
- São representadas por valores numéricos, que podem ser positivos ou
negativos, dependendo do resultado possível
JOGO
 Representação gráfica do jogo

Jogador 2
Estratégia 1 Estratégia 2
Estratégia A Payoff A, Payoff 1 Payoff A, Payoff 2
Jogador 1
Estratégia B Payoff b, Payoff 1 Payoff b, Payoff 2
JOGO
 Jogos de Puro Conflito x Jogos de Simples Coordenação

Jogos de Puro Conflito = não há espaço para entendimento entre os


jogadores

Jogos de Simples Coordenação = cada jogador, para evitar o conflito,


busca a estratégia compatível com a dos outros
JOGO
 Jogos Não Repetidos x Jogos Repetidos Jogos Simultâneos x Jogos
Sequenciais;

Jogos Não Repetidos = interação ocorre apenas uma vez


Jogos Simultâneos = cada jogador desconhece as ações dos outros
jogadores (“jogos de informação imperfeita” ou “jogos de conhecimento
imperfeito”);
DILEMA DO PRISIONEIRO

 https://www.youtube.com/watch?v=3PY4LdkCyZM&t=259s
DILEMA DO PRISIONEIRO
 Representação gráfica do jogo

Prisioneiro 2
Cooperar Trair (confessar)
-10, 0
Cooperar -1,-1
Prisioneiro 1
0,-10 -5,-5
Trair (confessar)
EQUILÍBRIO DE NASH
 Nem sempre em situações de jogo é possível identificar as estratégias
dominantes ou dominadas;
 Em diversas ocasiões, os jogadores não terão uma estratégia ótima
independentemente das escolhas dos demais.
 O equilíbrio de Nash é alcançado quando cada jogador faz o que é melhor
para si mesmo considerando o que o outro jogador faz. Quando todos
estão agindo dessa forma, ninguém tem motivo para mudar o que está
fazendo, de modo que esse é o equilíbrio do jogo;
 Para identificar a melhor solução a partir do equilíbrio de Nash, é preciso,
primeiramente identificar qual é a melhor estratégia do seu oponente. Diante disso, o
jogador buscará averiguar qual é a sua melhor estratégia, uma vez que é um agente
racional. Assim, é possível obter a solução do jogo.
JOGO
 Forma estendida ou sequencial
- A forma estendida ou extensiva é utilizada para analisar e compreender os jogos dinâmicos,
entendidos como aqueles que são realizados em mais de uma rodada.
- Diferentemente do que se dá na forma normal, estratégica ou simultânea, na forma
estendida, os jogadores não jogam simultaneamente, de modo que um deles joga primeiro e,
o outro, que o segundo a jogar, teve acesso à decisão tomada pelo outro na etapa anterior;
- Os jogos de etapa sucessivas são traduzidos na chamada “árvore de decisão” constituída por
“nós de decisão” e seus respectivos ramos.
JOGO
 Forma estendida ou sequencial
JOGO
 Forma estendida ou sequencial
JOGO https://rogeraraujo.github.io/trust/

 A EVOLUÇÃO DA CONFIANÇA
QUAIS APLICAÇÕES DA TEORIA
DOS JOGOS PODEM SER
PENSADAS PARA O DIREITO?
Economia comportamental
BEHAVIORAL LAW AND ECONOMICS
ARQUITETURA DE DECISÃO

 EXEMPLOS DE NUDGES
 Doação de órgãos - Países em que as pessoas devem optar pela doação de órgãos possuem, no
máximo, 30% da população registrada para doação. Por outro lado, um países onde as pessoas
são automaticamente incluídas em cadastros de doação, mas podem pedir sua retirada, apenas
10 a 15% se incomodam de solicitar, aumento a quantidade de doadores;
 Efeito vitrine – Em algumas escolas, a disposição dos produtos na cantina foi feita para
destacar comidas mais saudáveis. Em um experimento para comprovar a eficácia dessa
estratégia, percebeu-se que a nova disposição aumentou a venda de produtos saudáveis em 18%.
 Normas sociais – No Reino Unido, pessoas passaram a receber cobranças de seus impostos
com mensagens “9 entre 10 residentes de sua região estão em dia com seus impostos”. Por fazer
com que os cobrados se sentissem marginalizados, o pagamento dos impostos dessas pessoas foi
15% maior em comparação com que não recebeu as mesmas mensagens
INTRODUÇÃO

Economia comportamental propõe um aprimoramento dos modelos neoclássicos (modelo da


escolha racional);

Pressuposto de que nem sempre agimos de maneira perfeitamente racional e, com frequência,
damos ouvidos às nossas intuições e outros impulsos, durante a tomada de decisão em qualquer
nível (pessoal, profisisonal, social etc.)

A economia comportamental se destina a entender esses desvios recorrentes dos pressupostos


da Teoria da Escolha Racional (Rational Choice Theory), a principal teoria sobre a tomada de
decisão humana.
INTRODUÇÃO

 PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA


 2002 – Daniel Kahneman – por introduzir os insights da pesquisa psicológica na ciência
econômica, especialmente no que diz respeito às avaliações e tomada de decisão sob incerteza
 2017 – Richard Thaler – por suas contribuições à econômica comportamental;

 Maiores autores da área NÃO PROPÕEM UMA RUPTURA com o modelo tradicional!
Racionalidade limitada

 Racionalidade limitada – as pessoas buscam soluções que satisfaçam suas aspirações e,


então, simplificam a procura de soluções para um problema decisório, dadas as limitações
de tempo e de trabalho mental humano;
 HERBERT SIMON – diferença entre maximizar (ideal) e “satisfazer
suficientemente”(second best);
 introduziu a ideia do que depois Kahnemann deu nome de heurística
HEURÍSTICAS E VIÉSES
HEURÍSTICAS E VIÉSES

“Essas duas figuras resumem bem a ideia chave que os economistas


comportamentais pegaram emprestado dos psicólogos. Em geral, a
mente humana funciona extraordinariamente bem.
Reconhecemos pessoas que não vemos há anos, compreendemos as
sutilezas da nossa língua nativa e descemos uma escadaria correndo
sem cair. Alguns são capazes de falar doze línguas, aprimorar o
desempenho dos computadores modernos e/ou criar a Teoria da
Relatividade. No entanto, essas mesas poderiam ter enganado até
Einsten”

THALER; SUSTEIN. Nudge: como tomar melhor decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 Como as pessoas podem ser “tão inteligentes e tão burras ao mesmo tempo”?
 Muitos psicólogos e neurocientistas têm concordado cada vez mais quanto a aspectos do
funcionamento do cérebro que nos ajudam a entender essas aparentes contradições;
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 Sistema 1 – opera automática e rapidamente, com pouco ou nenhum esforço e nenhuma


percepção de controle voluntário
 Sistema 2 – aloca atenção às atividades mentais laboriosas que o requisitam. As
operações do Sistema 2 são, muitas vezes associadas com a experiência subjetiva de
atividade, escolha e concentração
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 PENSAMENTO RÁPIDO (SISTEMA 1)


HEURÍSTICAS E VIÉSES

 PENSAMENTO DEVAGAR (SISTEMA 2)

17 X 24
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 O PREGUIÇOSO SISTEMA 2

Um bastão e uma bola custam 1,10 dólar


O bastão custa um dólar a mais que a bola.
Quanto custa a bola?
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 O PREGUIÇOSO SISTEMA 2

Um bastão e uma bola custam 1,10 dólar


O bastão custa um dólar a mais que a bola.
Quanto custa a bola?
A maioria das pessoas responde: 10 centavos.
Se você parar para pesar por um minuto, vai entender que se a bola custasse 0,10 centavos e o taco 1 dólar a mais que a
bola, juntos eles custariam 1,20 dólar, não1,10.
A resposta correta é 0,5 centavos

Pesquisa de Shane Frederick (2005) demonstra que essa é a resposta mais comum, mesmo entre os melhores
estudantes universitários
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 O “homo economicus” nunca toma uma decisão importante sem consultar o Sistema 2. Os
“humanos”, por outro lado, às vezes não param para pensar e dão a primeira resposta que vem à
mente;
 A maioria das pessoas é muito ocupada; nossa vida é complicada e não podemos gastar todo nosso
tempo pensando e analisando tudo. Quando precisamos fazer considerações, como estimar a idade da
Angelina Jolie ou a distância entre Cleveland e Filadélfia, utilizamos regras gerais. Fazemos isso
porque na maioria das vezes essas regras são rápidas e úteis.
 Existe uma boa coleção de regras gerais bastante úteis. No entanto, essas regras gerais podem
nos levar a vieses sistemáticos (TVERSKY & KAHNEMAN, 1974)
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 Heurísticas - São regras de otimização (atalhos resolutivos)


utilizadas por aquele que toma uma decisão, para simplificar
 Kahneman e Tversky apropriaram-se da ideia de heurísticas para explicar vieses no
julgamento. Eles descobriram severos e sistemáticos.

 Dado que as decisões tomadas seriam que, em certas situações, as pessoas faziam
julgamentos inconsistentes com as regras de probabilidade. Apesar de, na maioria das vezes,
tais heurísticas serem bastante úteis, às vezes, elas levam a erros são imperfeitas e
meramente satisfatórias, as heurísticas levam a comportamentos marcados por viéses
cognitivos, ou seja, por desvios sistemáticos e previsíveis da teoria da escolha racional.
HEURÍSTICAS E VIÉSES

 Assim, ao tomar decisões, as pessoas cometem, sistematicamente, de forma repetida e


consistente, pequenos erros, isto porque a nossa percepção da realidade é enviesada e
nosso cérebro opta por atalhos resolutivos para facilitar o processo de tomada de
decisão.
 Esses atalhos, chamados de heurísticas, acabam por conduzir-nos a decisões que não
poderiam ser consideradas as melhores, do ponto de vista da maximização da
utilidade;
 Podemos definir heurística como “um procedimento simples que ajuda a encontrar
respostas adequadas, ainda que geralmente imperfeitas, para perguntas difíceis...”
VIÉS DA ANCORAGEM

 A heurística de ajuste e ancoragem (adjustment and anchoring) diz respeito ao fato de que as pessoas fazem
estimativas a partir de um valor inicial que é ajustado para produzir a resposta final.
 O problema que o ponto de partida pode ser atribuído pela formulação de um problema ou um cálculo parcial, o
que leva a erros sistemáticos de estimativa.
 O que significa que diferentes pontos de partida produzem diferentes estimativas que são enviesadas na direção
dos valores iniciais, o que seja chama de ancoragem
VIÉS DA ANCORAGEM

 No contexto de uma negociação os resultados podem ser influenciados por âncoras


fornecidas por ofertas ou demandas iniciais, limites de danos, aspirações do negociador,
relatos da mídia de outros casos e informações sobre assentamentos privados.
 Consistente com essa expectativa, até mesmo advogados experientes tendem a fazer estimativas
distorcidas das taxas de vitória do reclamante e do tamanho dos julgamentos
Esse processo é conhecido como “ancoragem e ajuste”. Você
começa com um âncora – o valor que conhece – e a partir de
então faz ajustes na direção que considera apropriada.

O viés ocorre porque, em geral, os ajustes são insuficientes


ou as âncoras são aleatórias (ex.: negociadores/ forma de
apresentação dos preços)
VIÉS DA DISPONIBILIDADE

 Para responder a perguntas como essas, a maioria das pessoas usa a heurística da disponibilidade. Elas
avaliam o risco de algo acontecer de acordo com a facilidade com que conseguem pensar na
questão.
VIÉS DA DISPONIBILIDADE

 A heurística da disponibilidade (availability heuristic) é a tendência das pessoas em avaliar a


probabilidade de ocorrência de um evento ou uma categoria de eventos pela facilidade com que
essas situações podem ser trazidas à mente.
 Entretanto, o procedimento estimativo leva a erros sistemáticos, dado a disponibilidade de
determinado evento ser afetada por fatores outros que não a sua frequência e a sua
probabilidade;
 Superestimamos “riscos familiares” e subestimamos riscos “não familiares”
PROSPECT THEORY

 A partir da prospect theory, há um refinamento na abordagem neoclássica da decisão dos agentes em


contexto de incerteza.
 Conforme demonstraram Kahneman e Tversky, as preferências em relação ao risco variam
dependendo se os agentes estão enfrentando um ganho ou uma perda em comparação com um
ponto de referência
 Quando se trata de uma decisão entre opções que apresentam ganhos, as pessoas tendem a ser avessas ao
risco. Mas, ao enfrentar opções que resultam em perdas, as pessoas tendem a buscar riscos.
 Além disso, as perdas tendem a ter um maior impacto do que os ganhos da mesma magnitude, o que é
conhecido como aversão à perda;
PROSPECT THEORY

 Forma como são enquadradas as ofertas de acordo – as partes avaliam as ofertas no contexto de
outras opções que estão, estavam ou poderiam estar sobre a mesa.
 Efeito contraste - Desvalorização de opções significa que as pessoas tendem a achar uma determinada opção
menos atraente quando ela é avaliada no contexto de outras opções. Esse efeito de contraste pode ocorrer
quando uma opção é semelhante, mas inferior a outras opções, e que, caso fosse considerada isoladamente, seria
considerada vantajosa.
 Por outro lado, um efeito inverso ocorre quando a adição de uma opção extrema ao conjunto de opções
em consideração faz com que outras opções pareçam mais moderadas e, portanto, mais atraentes;
VIÉS EXCESSO DE CONFIANÇA

 Em razão do excesso de confiança (viés do otimismo) as partes podem fazer com uma
parte vencida insista no seu caso, mesmo após cientificada das suas baixas
probabilidades de êxito, pois seu caso “seria especial”, pelo menos da sua perspectiva .

 E, ainda, no contexto da relação cliente-advogado, pode impedir que o cliente siga as


orientações técnicas de seu advogado, o que – somada a eventual assimetria
informativa – pode incentivar o litigio ao invés de acordo .
VIÉS CONFIRMATÓRIO (AUTOCONFIRMAÇÃO)

 Em razão do viés da autoconfirmação, há uma tendência das pessoas em lembrar, confirmar


ou pesquisar por informações que reafirmem suas próprias crenças ou hipóteses iniciais.
 Nesse contexto, pessoas tendem a se lembrar apenas do que lhes favorece ou a seu ponto de
vista e a esquecer ou desprezar tudo que lhes favorece.
 Quanto maior a carga emocional ou a crença arraigada na hipótese, mais forte é a tendência à
autoconfirmação.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 https://www.youtube.com/watch?v=wfcro5iM5vw&t=586s
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ANÁLISE ECONÔMICA DA
PROPRIEDADE
Definição jurídica e econômica de propriedade. Tragédia dos comuns. Teorema de Coase.
ANÁLISE ECONÔMICA DA PROPRIEDADE

🠶 Conceito de propriedade para o Direito


A “propriedade” é um “feixe de direitos” (“bundle of rights”),
onde o proprietário (a) é livre para exercer estes direitos sobre a
sua propriedade e outros são proibidos de interferir com este
exercício (b) nos limites dados pelo Direito (“Estado”);

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
ANÁLISE ECONÔMICA DA PROPRIEDADE

 Conceito de propriedade para Economia


A expressão “direitos de propriedade”, sob a perspectiva econômica, não está
restrita à propriedade privada. Engloba todas as formas de domínio (privado,
comum, estatal, limitado, intelectual...), em suas diferentes extensões
 Qualquer tipo de titularidade sobre o uso de um recurso é considerado,
para economia, direito de propriedade;
 Ex.: propriedade coletiva das vias públicas, mares navegáveis, espaço aéreo;
ANÁLISE ECONÔMICA DA
PROPRIEDADE
 Direitos de propriedade: (i)econômico – habilidade de usufruir a propriedade; (ii)
jurídico – é aquilo que o Estado atribui a um indivíduo;
 Pode-se afirmar, nesse sentido, que a possibilidade de desfrutar dos direitos de
propriedade corresponderia à sua função econômica, a atribuição estatal destes
direitos remeteria à sua função jurídica.
ANÁLISE ECONÔMICA DA PROPRIEDADE

 A teoria econômica do direito de propriedade não tenta explicar o que a


propriedade significa, mas busca prever os efeitos das normas relacionadas ao
direito de propriedade;

 A teoria econômica propõe e reivindica a criação de um sistema de direitos de


propriedade que seja claro, capaz de impulsionar as trocas voluntárias e
assegurar que os referidos direitos sejam atribuídos aqueles que os valorizam
mais, ou seja, com aqueles que mais os desejam e têm capacidade de pagamento;

 Ideia central é, portanto, compreender como a definição dos direitos de


propriedade afeta o comportamento dos agentes econômicos;
LIVRE ACESSO – PROPRIEDADE
EXCLSIVA
 Livre acesso e propriedade exclusiva são dois extremos dentro do
espectro das diferentes possibilidades sobre o uso de recursos escassos.
 Em uma forma pura de “livre acesso”, qualquer agente está autorizado a
“apropriar-se” dos recursos, e nenhum grupo ou pessoa podem ser excluídos
dessa titularidade.
 Já na “propriedade comum”, há “direitos de exclusão”.
 “Propriedade exclusi va” - Confere ao proprietário o poder de decidir o que
será feito com o objeto da propriedade, bem como os resultados desta gestão
(frutos e prejuízos)
 EFEITO: Faz com que o proprietário tenha interesse direto na preservação do bem e na sua boa administração.
Estimulá-lo cria, ainda, interesse para que descubra formas novas e mais rentáveis, ou outras vantagens
geradas pela utilização do bem.
TRAGÉDIA DOS COMUNS
 O livre acesso a recursos (finitos) conduz a “superexploração” destes recursos,
gerando o que se convencionou chamar de “tragédia dos comuns” (Garret
HARDIN –1968);
Quando um recurso natural ou econômico está aberto para todos que
desejem desfrutá-lo, o resultado costuma ser implacável: ele será usado
até o seu esgotamento.
Toda vez que um recurso natural é aberto, a competição pelo mesmo leva a um final sinistro: o
seu esgotamento.
A imagem que o autor usa é a de um pasto público. Os donos dos animais que ali se alimentam
têm o interesse comum de preservá-lo. Mas como a entrada é totalmente livre, individualmente,
estão impedidos de barrar os outros. O benefício de cada animal a mais no pasto é do seu dono,
mas o custo que ele gera é dividido por todos.
Assim, todos os usuários do pasto são levados a trazer o maior número de animais possível. E
deixam que comam sem limite, até que o pasto acabe.
TRAGÉDIA DOS COMUNS
🠶 Assim, os “direitos de propriedade” são protegidos pelo Direito para que impulsione
a inovação, as trocas voluntárias e a geração de valor pelas pessoas.
🠶 A ausência de recompensas razoáveis teria como consequência o abandono da preservação da
propriedade;
🠶 A “criação” da propriedade foi feita para encorajar a produção, desencorajar o roubo, e reduzir o
custo de proteção dos bens.
🠶 Quanto mais adequada e precisa for esta delimitação, menores serão os “custos de defesa”, que
repercutem sobre a produção;
A evolução dos direitos de propriedade
A propriedade serve para administrar a escassez. Porém, a escassez evolui ao longo do tempo.
Novos usos tornam escasso um recurso que era, até então, de livre acesso, uma vez que abundante.
A propriedade deve, eventualmente, ser apresentada sob novas formas para reger esses novos
objetos:
- Possibilidade de transmitir sons por meio de ondas, uma corrida para ocupar as frequências
disponíveis.
- Direitos de imagem e de personalidade, surgem depois que meios técnicos modernos
permitiram que terceiros as explorassem em seu proveito;
- Nos aeroportos congestionados os direitos de aterrisagem são, às vezes, estruturados de modo a
constituir mini direitos de propriedade transferíveis.
- A inovação faz-nos tomar consciência da escassez do talento de criadores, que nos propomos a
estimular mediante a propriedade intelectual.
- Uso dos dados pessoais, faz surgir direitos do titular
ANÁLISE ECONÔMICA DA PROPRIEDADE
 A fixação de “direitos de propriedade” não se faz sem CUSTOS:
custos de exclusão / custos de governança interna;
 O Direito, como modo de regulação social que é, deve oferecer as soluções para garantir e limitar
os direitos de propriedade
CUSTOS DE TRANSAÇÃO
🠶 Custos de transação são aqueles envolvidos em um negócio, seja de bens, serviços ou
direitos.
🠶 Transação pode ser desmembrada em três estágios: (i) o primeiro é a localização de um
parceiro que queira negociar; (ii) o segundo é o desenvolvimento e a conclusão da
negociação entre eles, que pode incluir a redação de um acordo; (iii)terceiro estágio é a
necessidade de fazer com que a negociação seja cumprida, o que implica o monitoramento
do desempenho das partes e a punição de violações ao acordo.
🠶 Assim, os custos de transação são: (i) custos de busca; (ii) custos de negociação; (iii)
custos de execução;
CUSTOS DE TRANSAÇÃO
🠶 As partes envolvidas em uma determinada barganha sobre direitos de propriedade estão na
melhor posição para avaliar o bem em disputa. Assim, é preferível a negociação entre elas,
pois assegurará que os direitos fiquem nas mãos da parte que os valoriza mais;
🠶 Custos podem ser exógenos ao sistema jurídico (como tratado) ou mesmo endógenos ao
sistema jurídico, no sentido de que as normas legais podem reduzir ou ampliar os
obstáculos às negociações privadas;
🠶 Ou seja, o Direito pode incentivar ou desincentivar o estabelecimento das negociações ao
diminuir os custos de transação;
🠶 O sistema jurídico pode fazer isso ao definir direitos de propriedade de modo simples e claro.
TEOREMA DE COASE
🠶 The problem of social cost (1960)
🠶 Quando os custos de transação são nulos, um uso eficiente dos recursos resulta da
negociação privada, independentemente da atribuição jurídica dos direitos de
propriedade.
🠶 Teorema de Coase aponta para a importância do direito de propriedade
🠶 Nesse sentido, quando os custos de transação são elevados, a intervenção do sistema
legal é recomendada para a alocação eficiente do direito de propriedade;
🠶 Quando tais custos são suficientemente baixos, os recursos são usados eficientemente,
não importando a alocação inicial dos direitos de propriedade; (melhor deixar o mercado
regular)
TEOREMA DE COASE
🠶 O autor apresenta duas premissas básicas para se chegar uma alocação eficiente de recursos
em casos de negócios sobre a propriedade, quais sejam: (i) definição clara sobre os direitos
de propriedade e (ii) ausência de custos de transação;

🠶 Havendo sempre custos de transação e externalidades no gozo da propriedade, segundo o


autor, do ponto de vista econômico, aquele que tem maiores condições se arcar com a
externalidade (menor custo para absorvê-la) deve assim fazer.
🠶 “A externalidade não deve ser internalizada necessariamente por quem a causou. Ela deve ser
internalizada pela parte que a absorver com menor custo”;
TEOREMA DE COASE
🠶 Pensemos no seguinte exemplo: Harry explora o serviço de transporte de cargas via
ferrovias, do qual retira o lucro de R$ 1.200.000,00. Sua linha atravessa a propriedade de
Ronald, um agricultor que cultiva abóboras, que obtém o lucro de R$ 600.000,00. Todavia,
as locomotivas de Harry, ao passarem pela plantação de Ronald, lançam faíscas e queimam
parte de sua produção, causando-lhe um prejuízo de R$ 300.000,00. Os prejuízos poderiam
ser evitados de duas maneiras.
🠶 Na primeira, Harry instalaria, ao custo de R$ 400.000,00, aparadores de faíscas em suas
locomotivas, anulando o prejuízo de Ronald. Na segunda, Ronald construiria, dispendendo
R$ 200.000,00, barreiras que impediriam a incidência das faíscas em suas aboboreiras.
🠶 Diante desse cenário, há três regras jurídicas possivelmente aplicáveis:
I. Harry tem o direito de continuar com sua atividade, sem qualquer alteração.
II. Ronald tem o direito de ser indenizado integralmente pelos danos causados.
III. Ronald tem o direito de fazer cessar a atividade danosa de Harry.
CASE
🠶 Dois indivíduos são proprietários de terrenos contíguos, se conhecem há muito tempo e
são bons amigos. Todos os dias, ao abrirem as janelas, têm plena visão da propriedade
adjacente.
🠶 Ocorre que, certo dia, um dos proprietários – A – resolve realizar o sonho de suas filhas e
construir uma casa de bonecas naquele que imagina ser seu terreno. O proprietário B, que
estava de férias, ao retornar para casa verifica que a casa já construída invadia parte de
seu terreno;
🠶 O proprietário A entende que a casa de bonecas está na linha limítrofe do terreno , o que
B não concorda. Em razão disso, B decide acionar judicialmente A , em razão da invasão
de seu direito de propriedade;
CASE
🠶 O custo de transação para a resolução da controvérsia é alto ou baixo?
CASE
🠶 O custo de transação para a resolução da controvérsia é alto ou baixo?
🠶 Muito embora, aparentemente, os custos de transação supostamente fossem baixos – baixo custo
de localização, negociação e supervisão – os direitos de propriedade não estavam claramente
definidos.
🠶 Neste caso, o aumento do custo de transação se deu por uma “obscuridade” do direito, tendo em
vista que as partes, verdadeiramente, divergiam quanto à localização correta da linha divisória de
seus terrenos.
🠶 O aumento dos custos de transação se deu, portanto, por uma indefinição do direito
QUESTÕES
QUESTÕES

🠶 Qual a diferença entre a concepção de “propriedade” para o Direito e para a Teoria


Econômica?
QUESTÕES
🠶 Qual a diferença entre a concepção de “propriedade” para o Direito e para a
Teoria Econômica?
🠶 Para o Direito, a propriedade pode ser entendida como um conjunto de direitos que
estabelece o que o sujeito pode ou não fazer com seus recursos (usar, gozar, dispor e
reaver de quem a possui injustamente).
🠶 A teoria econômica sobre o direito de propriedade, a seu turno, não tenta explicar o que
ela significa, mas busca prever os efeitos das normas relacionadas ao direito de
propriedade, especialmente do ponto de vista da eficiência e, quando possível, de sua
distribuição.
🠶 Para teoria econômica, portanto, propriedade é a habilidade de se usufruir de um bem.
Nesse sentido, os Direitos Econômicos de Propriedade constituem o fim almejado pelos
indivíduos, enquanto os Direitos Legais de Propriedade são o meio jurídico para que se
alcance este fim. Os Direitos legais desempenham uma função de suporte e são mais
fáceis de serem analisados do que os Direitos Econômicos de Propriedade.
QUESTÕES
🠶 Por que a não alocação do direito de propriedade pode desencadear um problema
conhecido como “Tragédia dos Comuns”? Explique no que tal problema consiste
QUESTÕES
🠶 Por que a não alocação do direito de propriedade pode desencadear um problema
conhecido como “Tragédia dos Comuns”? Explique no que tal problema consiste.

🠶 A tragédia dos comuns (ou tragédia dos bens comuns) consiste na situação em que
indivíduos, agindo de forma independente e racional, buscando apenas seus próprios
interesses, acabam comportando-se de forma a contrariar o interesse social e a eficiência e
esgotando algum recurso comum.
A ausência de definição de direitos de propriedade (livre acesso) cria incentivos para que
as partes continuem utilizando um bem comum até que ele seja esgotado ou, ao menos,
para que seja utilizado de maneira não ótima (isto é, de forma ineficiente). Isso ocorre
porque, sem a definição de direitos de propriedades não há incentivos suficientes para que
o dono venha a utilizar o bem de forma sustentável, sem esgotá-lo.
QUESTÕES
🠶 O que são custos de transação?
QUESTÕES
🠶 O que são custos de transação?

🠶 São aqueles custos inerentes à realização de qualquer transação. Podemos identificar


seus três estágios como sendo: (i) localização de um parceiro contratual com interesse
contraposto (ex. se você quer vender o bem X, deve encontrar alguém que queira comprar
o referido objeto); (ii) negociação e redação do contrato; (iii) fiscalização da execução do
que aventado e pactuado.
QUESTÕES
🠶 Como o Direito deve se comportar em relação aos custos de transação?
QUESTÕES
🠶 Como o Direito deve se comportar em relação aos custos de transação?
🠶 O Direito deve buscar reduzir os custos de transação no interior dos negócios realizados
pela sociedade, favorecendo a realização de acordos privados.
ANÁLISE
ECONÔMICA DO
CONTRATO
Noção jurídica e econômica de “contrato”

Os “contratos”, do ponto de vista econômico, só merecem atenção em um


ambiente em que trocas de bens e serviços são realizadas por meio de
“promessas”, ou seja, são trocas nas quais o aspecto cronológico é essencial,
sendo indispensável a “promessa” de ao menos uma das partes cumprir alguma
prestação futura.

A realização de promessas diz respeito a trocas diferidas - isto é, transações que


envolvem a passagem do tempo para sua conclusão.

Por exemplo, uma parte paga agora e a outra promete entregar a mercadoria
mais tarde (“pagamento por uma promessa”); uma parte entrega os bens agora e
a outra promete pagar mais tarde (“bens por uma promessa”); ou uma das
partes promete entregar as mercadorias posteriormente e a outra promete pagar
quando as mercadorias forem entregues (“promessa por promessa”)
Noção jurídica e econômica de “contrato”

• As trocas simultâneas de bens e serviços como, por exemplo, compra e venda


à vista em estabelecimento comercial, que, sob a perspectiva jurídica, é
considerado um contrato, não é significativo para a Economia, em termos
contratuais.
• Do ponto de vista econômico, em relações de puro mercado em que as trocas
são feitas de forma instantânea, há pouco espaço para os contratos e o direito
contratual, uma vez que compradores e vendedores exploram todos seus
ganhos nas suas trocas.
• No contexto de puro mercado, o agente econômico tem liberdade em buscar
entre os diversos agentes econômicos aqueles recursos dos quais ele necessita,
e ele faz isso constantemente o que lhe dá bastante flexibilidade. A situação
(puro mercado), no entanto, pode gerar um ambiente de insegurança.
Noção jurídica e econômica de “contrato”

O contrato, sob a perspectiva econômica, está entre


essas duas figuras, mercado e integração. Quando as
partes contratam, elas optam por deixar o mercado e
Para fugir desse ambiente de insegurança, o agente vincular-se uma à outra para o futuro;
econômico tem como alternativa, ele mesmo Será uma alternativa interessante para os agentes,
produzir os insumos que necessita para a sua quando há um elemento temporal na troca
atividade final (INTEGRAÇÃO), o que lhe garantia (“promessa”) ou um fator de insegurança quando ao
maior segurança e previsibilidade. comportamento da contraparte. Na ausência de um
contrato, as partes podem ficar relutantes em confiar
uma na outra para concluir a transação acordada
MERCADO

CONTRATO

INTEGRAÇÃO
• De acordo com a perspectiva de chamada “teoria
TEORIA econômica do contrato”, o fundamento para a
vinculatividade de um contrato é o fato de ele
ECONÔMIC conduzir a uma situação de maior EFICIÊNCIA
A DO econômica.
• A eficiência econômica geralmente requer o
CONTRATO cumprimento de uma promessa se tanto o
promitente quanto o prometido desejavam a
exequibilidade quando ela foi feita.
• A primeira questão do direito contratual,
"Quais promessas devem ser cumpridas?"
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Supondo que primeiro jogador decida colocar um ativo valioso sob o controle do
segundo jogador, em que:
a) o primeiro jogador pode ser um investidor em uma corporação, um consumidor adiantando
fundos para a compra de bens, um depositante em um banco, o comprador de uma apólice de
seguro ou um remetente de bens;
b) A produtividade pode assumir a forma de lucro do investimento, superávit do comércio ou
juros de um empréstimo.
• 1. Em uma primeira hipótese, se o primeiro jogador colocar o ativo sob o controle
do segundo jogador, o segundo jogador deve decidir se coopera ou se apropria-
se do bem. A cooperação é produtiva, enquanto a apropriação é redistributiva.
• Na cooperação, as partes dividem o produto da cooperação entre si, de modo que
ambas se beneficiam. Em contraste, a apropriação é redistribuída do primeiro
jogador para o segundo jogador.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• O primeiro jogador a se mover decide se fará um investimento


de 1. Se nenhum investimento for feito, o jogo termina e os
jogadores não recebem nada.
• Se for feito um investimento, o segundo jogador deve decidir
se coopera ou se apropria.
• A cooperação produz um payoff total de 1. Os jogadores
dividem o payoff total igualmente: o primeiro jogador
recupera o investimento de 1 e também recebe um payoff de
0,5, e o segundo jogador recebe um payoff de 0,5. Assim, os
dois jogadores se beneficiam igualmente do jogo de agência.
• Alternativamente, o segundo jogador pode apropriar-se do
bem. A apropriação permite que o segundo jogador adquira
o investimento do primeiro jogador, sem produzir nada: o
primeiro jogador perde 1, e o segundo jogador ganha 1.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Considere os melhores movimentos para cada jogador fazer na figura.


• Se o primeiro jogador investe, o segundo jogador recebe mais pela
apropriação do que pela cooperação. Consequentemente, o melhor
movimento do segundo jogador é apropriar-se do investimento.
• O primeiro jogador, no entanto, pode antecipar que o segundo jogador irá se
apropriar. Com isso, a melhor jogada do primeiro jogador é "não investir". A
solução para o jogo, nessas bases, seria "não investir”.

• O jogo parte do princípio de que as PARTES NÃO TEM UM ACORDO


vinculante ou que há barreiras para a execução do contrato, tal como um
comportamento reprovável de uma das partes, litígios caros ou maus juízes.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• 2. Um segundo jogo mostra


os payoffs revisados ​quando
o primeiro jogador investe
em troca de uma “promessa
executável” (contrato) do
segundo jogador em
cooperar.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Considere os ganhos para o primeiro jogador. Se o primeiro jogador investe e o


segundo não se apropria, o primeiro recebe um resultado líquido igual a 0,5. Se o
primeiro jogador investir e o segundo jogador se apropriar, o primeiro jogador
receberá uma indenização compensatória.
• Assumimos que os danos compensatórios restauram a recompensa do primeiro
jogador ao nível que ele teria desfrutado se o segundo jogador tivesse investido.
• Se o segundo jogador tivesse atuado, o primeiro teria recuperado o investimento de 1
e recebido um pagamento de 0,5.
• Assim, o primeiro jogador recebe um retorno líquido de 0,5 do investimento,
independentemente do que o segundo jogador faça. Alternativamente, o primeiro
jogador pode receber uma recompensa de 0 por não investir. Diante dessas duas
alternativas, INVESTIR É A MELHOR JOGADA DO PRIMEIRO JOGADOR.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Supondo que o primeiro jogador invista, considere os ganhos para o


segundo jogador. O segundo jogador recebe uma recompensa de 0,5 pelo
desempenho prometido (cooperação). Em contraste, a violação do contrato
(apropriação) rende um payoff de 1 para o segundo jogador, a partir do qual
o segundo jogador deve pagar uma compensação ao primeiro jogador.
• Como compensação, o primeiro jogador deve receber 1 do que investiu e
0,5 do que era esperado nos lucros. Consequentemente, a responsabilidade
de 1,5 deve ser subtraída do pagamento do segundo jogador de 1,
resultando em um pagamento líquido de –0.5 por violação do contrato.
Portanto, a melhor jogada para o segundo jogador é cooperar.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Assim, um contrato executável converte um jogo com uma solução não cooperativa
em um jogo com uma solução cooperativa.
• O primeiro objetivo do direito contratual é permitir que as pessoas cooperem,
convertendo, portanto, jogos com soluções não cooperativas em jogos com soluções
cooperativas.
• “Investir” e “cooperar” são produtivos, enquanto "não investir" não muda nada e a
"apropriação" apenas redistribui o dinheiro do primeiro jogador para o segundo
jogador.
• Diante desses fatos, poderíamos concluir que o primeiro objetivo do direito
contratual é permitir que as pessoas convertam jogos com soluções ineficientes em
jogos com soluções eficientes.
• Aqui está a resposta à primeira pergunta do
direito contratual: uma promessa
geralmente deve ser cumprida se ambas
as partes quiserem que seja cumprida
TEORIA quando for feita.
ECONÔMICA DO • O jogo da agência mostra por que ambas as
partes geralmente desejam a execução do
CONTRATO contrato: para que o agente possa se
comprometer com o desempenho de forma
confiável e o principal tenha confiança
suficiente para colocar um ativo sob o
controle do agente.
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• Nesse sentido que se insere a segunda questão do direito contratual: “Qual deve ser o
remédio para quebras de promessas vinculantes?”
• A proposição da AED sugere que a resposta seja a indenização pelos interesses positivos
(expectation damages).
• Esta seria a resposta para fazer com que as pessoas que fazem promessas assumissem
um nível eficiente de comprometimento para cumpri-las, além de compensar
integralmente as vítimas de violação (tal como delineado no jogo da agência)
TEORIA ECONÔMICA DO CONTRATO

• A indenização pelos interesses positivos (expectation damages) são o remédio mais


comum em caso de descumprimento de contratos nos países de tradição de common
law. Tal meio aparentemente seria o ideal em termos de eficiência, no entanto, na
prática, tal mecanismo fica longe de ser perfeito.
• Danos arbitrados abaixo do nível perfeito fazem com que o promitente viole com muita
frequência o contrato, e danos arbitrados acima do nível perfeito fazem com que o
promitente execute promessas ineficientes.
• Quando se fala em uma quebra de contrato, a solução possível é: a) execução específica
ou b) via indenizatória. Ou seja, indenização por perdas e danos e execução específica
são os dois tipos gerais de remédios judiciais para quebras de contrato.
O escopo do contrato é permitir obter ganhos
recíprocos para as duas partes, um resultado ganha-
ganha (win-win). O direito dos contratos, nessa
medida, deve permitir que as pessoas obtenham o que
desejam.
Papel do
Direito no Este escopo seria, em princípio, mais bem garantido
deixando as pessoas livres para celebrar os contratos
que lhes conviesse, dado o caráter essencialmente
âmbito dos subjetivo dos valores que, no mercado, é muitas vezes
refletido pelo mecanismo de preços .

Contratos No entanto, diante da existência de algumas ineficiências, o


direito contratual entra em cena para: a) minimizar o custo de
modelagem do contrato pelas partes; b) custos de sua
interpretação pelos tribunais e c) dos comportamentos
ineficientes resultantes de contratos mal redigidos ou
incompletos.
FUNCAO ECONÔMICA DOS CONTRATOS

Contrato como mecanismo de coordenação dos agentes envolvidos


• A razão mais direta para usar contratos é coordenar ações independentes em situações de
múltiplos equilíbrios. Os contratos oferecem mais estabilidade para os agentes,
fornecendo registros oficiais permanentes que podem ser usados ​pelas partes ou por
aqueles que precisam delegar desempenho a seus agentes ou sucessores, em caso de
execução imperfeita;
• Serve como um programa de cooperação entre as Partes;
FUNÇÃO ECONÔMICA DO CONTRATO

Implementação de troca ao longo do tempo


• Uma segunda razão para usar contratos é implementar trocas que dependem de eventos
futuros.
• De modo mais geral, alguma forma de compromisso é necessária em qualquer troca em que o
desempenho seja sequencial, porque a parte que executa primeiro está efetivamente
estendendo o crédito à parte que executa o segundo.
• Por exemplo, imagine uma mercearia que faz a entrega regular de uma mercadoria perecível como o
leite aos seus clientes. Os custos de fazer e receber o pagamento geram economias de escala
substanciais se os desembolsos para várias remessas forem combinados em um único pagamento
mensal.
FUNÇÃO ECONÔMICA DO CONTRATO

Diferenças de opinião das partes


• Uma terceira razão para contratos diz respeito a diferenças de opinião das partes sobre
eventos subsequentes.
• Quando ocorrem transações em títulos ou em ativos duráveis, a explicação
frequentemente é, pelo menos em parte, que o comprador e o vendedor têm crenças
diferentes sobre seus preços futuros; quando os acordos ocorrem, a explicação
normalmente é que os dois lados têm crenças diferentes sobre a probabilidade do evento
que elas apostaram.
• Contratos de risco, investimentos etc.
FUNÇÃO ECONÔMICA DO CONTRATO

Realocação ou compartilhamento de riscos


• Por fim, outra razão para a contratação é a realocação ou compartilhamento de riscos
mutuamente benéfico às partes.
• Os contratos de seguro, em que segurados avessos ao risco pagam prêmios e são cobertos
contra o risco por uma seguradora, são um exemplo principal de acordos feitos por este
motivo, e outros exemplos abundam nos quais a alocação de risco é uma característica
primária das contratações, como acordos de parceria, etc.
FUNÇÃO ECONÔMICA DO CONTRATO

Implementação de produção ao longo do tempo


• A produção antecipada normalmente aumenta o excedente disponível da troca, mas requer
investimentos que podem ser irrecuperáveis se a transação não for concluída.
• Em tais circunstâncias, os produtores relutarão em fazer investimentos antecipadamente, a
menos que possam ter certeza de que recuperarão seus custos ex post.
• Na ausência de compromissos de compra antes do investimento, os incentivos dos
fornecedores para investir serão abaixo do ideal, possivelmente a ponto de nenhum
investimento e, portanto, nenhuma negociação ocorrer. Os contratos podem restaurar os
incentivos adequados.
Informações assimétricas e revelação eficiente de
dentro da relação contratual.

• Além disso, os contratos mostram-se como um mecanismo de revelação de informação,


que é ampliado através do desenho contratual.
• A teoria da assimetria de informação consiste no fato de que as partes não detêm todas
as informações necessárias para o entendimento pleno das transações que realizam. Na
maioria das vezes, apenas uma das partes conta com tais dados, criando um
desequilíbrio de poder na alocação dos recursos. Nesse sentido, diz-se que os contratos
também são úteis em situações de informações ocultas.
• Os contratos, nesse sentido, são mecanismos reveladores de informação (sinalização),
assim como os preços são para o mercado, sendo excelente forma de obter informações,
diminuindo as assimetrias.
• Uma ação comum a esse respeito é oferecer uma garantia contra a comprovação de que
o produto está abaixo do padrão. Por outro lado, o comprador pode selecionar a
qualidade oferecendo pagando um valor maior a qualquer vendedor que concorde em
fornecer uma garantia.
CONTRATO “COMPLETO” COMO REFERÊNCIA

• A ideia de um contrato “completo”, nesse sentido é apenas uma referência que não encontra
correspondência na vida real. De fato, no mundo real dos contratos, os riscos são apenas
parcialmente especificados e alocados entre as partes, e a busca de um contrato “completo” é
apenas um problema de otimização é solucionado pelas partes a partir de uma ponderação
custo/benefício.
• De fato, dentre as opções postas, é mais adequado para as partes elaborar um contrato
incompleto considerando um ambiente econômico e jurídico repleto de imperfeiçoes e
incertezas, somado aos custos de extensas negociações contratuais, que podem tornar-se
excessivamente onerosas.
• Haverá, nesse sentido um grau de completude (ou incompletude) contratual ótimo que
maximizará a função de utilidade dos contratantes.
• O contrato de síntese clássica pode ser apenas um ponto de referência, um standard para
auxiliar na interpretação de contratos mais sofisticados, sendo uma espécie de “âncora
doutrinária”, assim como fora a ideia de concorrência perfeita.
Custos de transação ex ante e ex post

• O principal custo ex ante é o do desenho do contrato, ou seja, os custos


relacionados ao estabelecimento de todas as contingências, riscos e peculiaridades
que possam afetar o contrato durante a sua execução. Por óbvio, quanto mais
complexo for o objeto, mais custoso será estipular as cláusulas contratuais.
• Nesse sentido que se observa trade off entre completude contratual e custos.
• A correta mensuração desses custos em face do grau de completude do contrato
repercutirá em toda a execução contratual e também determinará os custos de
repactuação e do inadimplemento.
Custos de transação ex ante e ex post

• Os custos de transação ex post, por outro lado, referem-se às inadaptações do


contrato ao que as partes acordaram, ou seja, são os custos relacionados à
repactuação os contratos ou mesmo gastos com o Judiciário ou arbitragem.
• Inserem-se, nesses custos, as dificuldades de desenhar contratos acabam por
estabelecer comportamentos oportunistas ou subótimos que dificultam a boa
execução contratual.
• Havendo elevados custos de transação ex ante, a melhor solução seria dada por uma
deliberada incompletude contratual, que leve em conta justamente o cotejamento
entre os benefícios e os custos marginais de completar o contrato.
• Tal mecanismo de otimização transferirá para momento ex post (durante a a execução
contratual) a tentativa de minimizar tais custos.
• Finalidades especiais do direito dos contratos
• As normas jurídicas, sejam imperativas ou supletivas, somente se justificam
se gerarem uma vantagem de ganhos de escala em relação às iniciativas
privadas com a mesma finalidade. Os ganhos de escala invocados na
FUNÇÃO literatura sobre análise econômica do direito, são os seguintes:
• Promover a cooperação através da conversão de jogos não-
ECONÔMIC cooperativos em jogos cooperativos;
• Promover a circulação e partilha da informação entre as partes num
A DO contrato;
• Incentivar a vinculação ótima ao contrato
CONTRATO • Incentivar o nível ótimo de confiança
• Diminuir custos de transação através da elaboração de normas
supletivas;
• Fomentar as interdependências duradouras e diminuir a necessidade
de estipulações contratuais explícitas.
• A norma legislativa – e as decisões judiciais – nesse sentido, serão
justificadas se reduzirem o custo do contrato abaixo do que as partes
poderiam fazer. Em suma, a finalidade do direito das obrigações contratuais,
é minimizar os custos de transação associados ao contrato, isto é, o custo
global dos intercorrências na formação e execução do contrato.
ANÁLISE ECONÔMICA E A
RESPONSABILIDADE CIVIL
EXTRACONTRATUAL
AED e Responsabilidade Civil

 Externalidades negativas. A responsabilidade civil pode ser vista como uma forma de
corrigir o problema das externalidades negativas;
 Isso porque ela estabelece “critérios” para a seleção das situações nas quais a ocorrência de
danos deve ser indenizada, bem como define os critérios para a transferência do prejuízo
causado por esses danos.
AED e Responsabilidade Civil
 Custos de transação proibitivos. A análise econômica ressalta a necessidade de
sopesamento do dano de um lado, e dos custos de precaução do outro, para se obter
uma decisão eficiente do ponto de vista global;
 Se os custos de transação fossem zero, a negociação entre as partes sobre os custos de
precaução e danos seria a medida mais eficiente.
 No entanto, a área de aplicação das regras de responsabilidade civil tem custos de
transação proibitivos, que impedem uma solução contratual.
 No caso de responsabilidade civil, as decisões de um agente terão efeitos negativos ou positivos
sobre o outro, em geral, um completo desconhecido com o qual o primeiro não poderia negociar a
adoção de diferentes condutas.
AED e Responsabilidade Civil
 Tradicionalmente, a responsabilidade civil em um ordenamento jurídico pode apresentar quatro
funções:
(i) reparação da vítima que sofreu dano;
(ii) prevenção de danos futuros, criando incentivos para que níveis adequados de precaução sejam adotados;
(iii) punição, ao impor ao autor do dano ônus monetário adicional ao prejuízo efetivamente verificado;
(iv) informação, ao disponibilizar dados sobre riscos e medidas preventivas das atividades, com o objetivo de
conformar comportamentos das partes envolvidas em situações potencialmente danosas;
 Sistemas de responsabilidade civil nos diversos ordenamentos jurídicos suscitam intensos debates
entre os doutrinadores, especialmente em face da diversidade dos casos concretos e o amplo
espaço de discussão sobre a melhor aplicação desses institutos.
AED e Responsabilidade Civil

 A AED se caracteriza como uma abordagem mais simples e objetiva para o tema: uma
regra de responsabilização é desejável se fornece incentivos adequados para que os
agentes adotem níveis ótimos de precaução no exercício de suas atividades.
 Dessa forma, a AED se propõe a responder as seguintes questões:
 “De que forma podemos definir o nível ótimo de precaução para uma determinada atividade?;
 “Quais regras oferecem os incentivos adequados para que os agentes adotem níveis ótimos de
precaução?”
AED e Responsabilidade Civil
 No nosso cotidiano, exercemos níveis de precaução distinto nas atividades que
realizados (ex.: nível de precaução com seu carro, precaução com celular etc.)
 Os custos com medidas de conservação/precaução com a coisa são fatores centrais para decisão.
 Uma avaliação econômica das diferentes providências a serem adotadas para a conservação do
bem, elegeria a providência cujos benefícios se mostrassem superiores aos respectivos custos de
adoção.
 No caso da responsabilidade civil, no entanto, as decisões de um agente sobre precaução
terão efeitos negativos ou positivos sobre outra pessoa, em geral um completo
desconhecido com o qual o primeiro não poderia negociar a adoção de diferentes condutas.
AED e Responsabilidade Civil
 Assim como exercemos diferentes níveis de precaução diferentes no nosso cotidiano,
diversas atividades merecem níveis de precaução distintos;
 Os níveis de precaução em atividades nucleares, por exemplo, devem ser superiores em
atividades com menores riscos lesivos à sociedade. No entanto, como podemos aferir o
nível de precaução apropriado para uma atividade?
 Pode parecer que quaisquer medidas de cuidado que reduzem as chances de ocorrência de
um acidente devem ser adotadas. No entanto, em determinadas circunstâncias, tomar mais
precaução pode ser muito custosa ou não ser eficiente.
 Da mesma forma que deixar de adotar medidas razoáveis de precaução pode levar a
resultados indesejáveis, o emprego de medidas excessivamente onerosas e
injustificadas gera perdas sociais.
A AED ressalta a necessidade de sopesamento do dano de um lado, e
dos custos de precaução do outro, para se obter uma decisão eficiente
do ponto de vista global.

Fórmula de
Learned DANOS

Hand

CUSTOS DE PRECAUÇÃO
Fórmula de Learned Hand
Considere o seguinte exemplo:
 As chances de um entregador de pizza A, ao realizar uma curva, bater no food truck de B,
que se encontrava estacionado na rua, são reduzidas pela metade caso A diminua em 20km/h
a velocidade com a qual conduz sua motocicleta ao passar pela curva.
 A uma dada velocidade inicial, a probabilidade do entregador A causar um dano de R$
20.000,00 a B é de 0,1%.
 Caso A reduza a velocidade ,a probabilidade de ocorrência do dano cai para 0,05%.
 Desta forma, o dano esperado inicial é de R$ 20,00 (R$ 20.000,00 x 0,1%), e é reduzido para
R$ 10,00 (R$ 20.000,00 x 0,05%) com a adoção dessa medida de precaução, o que gera um
benefício marginal de R$ 10,00 para B.
 Caso o custo que A venha a incorrer para adotar essa medida (reduzir a velocidade) seja
inferior a R$ 10,00, digamos R$ 5,00, a medida será eficiente.
Fórmula de Learned Hand
 O exemplo ilustra os critérios de eficiência estabelecidos pela chamada fórmula de Learned
Hand. A referida fórmula, advinda da jurisprudência norte-americana, é um parâmetro para a
caracterização de condutas culposas.
 Segundo a fórmula, o potencial causador A de um dano terá agido com culpa, se não
houver empregado determinada medida de precaução cujos custos marginais de adoção
sejam menores que a consequente redução do dano marginal esperado.
 No exemplo dado, se A deixar de reduzir a velocidade estará agindo de forma culposa, e
violando um dever de precaução, uma vez que os custos em que incorreria para adotar
semelhante medida (R$ 5,00) são inferiores aos benefícios marginais advindos de sua adoção
(redução do dano esperado em R$ 10,00).
 Ou seja, ao deixar de adotar uma medida que lhe custaria apenas R$ 5,00, A gera uma perda esperada
de R$ 10,00 para B, e, portanto, age com culpa.
Fórmula de Learned Hand
 Hans-Bernd Schäfer e Claus Ott consignam que o mérito da formulação original da regra
de Hand consiste em tornar explícita a existência de “uma particular quantidade de
precaução que é economicamente razoável e é dependente da probabilidade ou do risco
de dano. O que de fato está fortemente de acordo com o raciocínio jurídico”
Fórmula de Learned Hand
A medida que exercemos maior
precaução, os custos (MC)
aumentam. A medida que
exercemos mais precaução, os
danos decorrentes de acidentes
(MB) diminuem.
Temos a solução eficiente no nível
de precaução Ca*.

No ponto em que essas variáveis se


igualam atingindo o nível ótimo de
precaução.

Qualquer nível de precaução inferior a Ca* constituirá uma conduta culposa, como podemos aferir da
Fórmula de Hand. Qualquer nível superior de precaução será ineficientemente excessivo;
CASES – DOUTRINA NORTE-

AMERICANA
Adams v. Bullock. Caso de um garoto de 12 anos que, ao atravessar uma ponte que cruzava os
trilhos de uma empresa ferroviária, atirou um fio de metal que atingiu a parte elétrica dos trilhos,
resultando em um choque que causou nele sérios ferimentos. A Corte se colocou ao lado da
empresa ré, por considerar que a probabilidade de ocorrência do acidente semelhante era
excessivamente reduzida, dado o posicionamento dos trilhos, e, ainda, considerou também que
os custos de prevenção por meio do isolamento do material elétrico neste caso eram
excessivamente altos.
 Hendricks v. Peabody Coal Co. Um garoto de 16 anos sofreu um acidente grave ao nadar nas
águas acumuladas em uma mina a céu aberto. Neste caso a Corte se colocou a favor da vítima,
considerando que o corpo d´água poderia ter sido isolado por uma cerca a custo relativamente
baixo, se comparado com o montante do dano, e à sua probabilidade de ocorrência.
TEORIA DOS JOGOS E ANÁLISE DE
EFICIÊNCIA DAS REGRAS DE RESP.
 CIVIL
Em um cenário de ausência de responsabilidade, é fácil notar que o ofensor tende a não
adotar o nível de precaução adequado. A vítima arcaria com o dano esperado e o ofensor,
portanto, não gastaria com custos de precaução.
 Sem uma regra que impute responsabilidade ao causador do dano, ele tem poucos incentivos para
assumir os custos do exercício de precaução.
 No cenário oposto, em que a responsabilidade do ofensor é ilimitada, a vítima passa a não ter
incentivos adequados para exercer precaução. Como o causador do dano arca com o seu valor
integral, a vítima prefere não assumir o custo de precaução. A solução encontrada novamente
não é eficiente, e não minimiza o montante de custos sociais.
TEORIA DOS JOGOS E ANÁLISE DE
EFICIÊNCIA DAS REGRAS DE RESP.
CIVIL
 Responsabilidade civil subjetiva e objetiva - Sob a regra de responsabilidade civil
subjetiva, o ofensor arca com o montante do dano apenas se tiver agido com culpa.
 O causador de dano nesse caso tenderá a exercer precaução. Tanto quando a vítima exerce
precaução, quanto quando ela não o faz, a resposta menos custosa para o ofensor é exercê-
la.
 A regra de responsabilidade civil subjetiva, pode-se dizer, gera incentivos adequados
para que os agentes adotem níveis ótimos de precaução, desde que o critério de culpa
seja definido com base no nível ótimo de precaução estabelecido pela fórmula de
Hand.
DISCUSSÕES
 Seguro – os mercados de seguros são capazes de fornecer aos agentes e aos tribunais,
ainda que implicitamente, informações sobre as probabilidades e magnitudes dos vários
tipos de acidentes, bem como o benefício esperado de várias medidas de precaução, ao
reduzir as probabilidades e magnitude dos danos. Isso ocorre porque os segurados
investem justamente na aquisição deste tipo de informação para elaboração do preço de
suas coberturas.
 Redução do valor do prêmio também serve para gerar incentivos para adoção de uma postura
mais eficiente dos segurados.
 Punitive damages – O propósito do referido instituto é majorar economicamente o
quantum indenizatório de uma condenação cível, conferindo um efeito pretensamente
punitivo e dissuasório, tanto para evitar a reiteração de conduta por parte dos agentes
condenados, como para dissuadir os demais a não propagarem a conduta rechaçada,
criando um ambiente social que desincentive a prática de atos considerados indesejáveis
OUTROS TÓPICOS??
Teoria da Escolha Pública
(“Public Choice Theory”)
Introdução

https://www.youtube.com/watch?v=qecuBjHH_2c
PUBLIC CHOICE THEORY
Análise econômica da decisão “fora do mercado”

• A teoria da escolha pública (public choice) utiliza o instrumental analítico da economia, e sobretudo os
pressupostos de conduta racional maximizadora do homo economicus, aplicado ao objeto de estudo da ciência
política.

• Pode ser definida a doutrina como o estudo econômico de decisões de não mercado, ou simplesmente a
aplicação da economia à ciência política.

• O elemento inovador, introduzido pela abordagem da escolha pública (public choice) é a aplicação de
axiomas econômicos básicos, sobretudo a racionalidade e o comportamento baseado no interesse próprio, à
realidade política;

• Por adotar o individualismo metodológico da teoria econômica, a public choice rejeita a construção de
unidades monolíticas de tomada de decisão, tais como “a sociedade”, as “pessoas” ou a “comunidade”, o
pressuposto é que somente os indivíduos é que fazem escolhas, razão pela qual o comportamento coletivo
deve ser analisado sob a perspectiva individual;
PUBLIC CHOICE THEORY
Análise econômica da decisão “fora do mercado”

• Um dos principais insights da teoria da public choice é que os resultados políticos diferem dos resultados de
mercado, não devido às motivações comportamentais dos indivíduos, mas sim, devido as estruturas
institucionais dentro das quais os atores racionais buscam seu próprio interesse;
• As decisões individuais são vistas como parte de uma interação complexa, que gera resultados políticos
• “O lado não-romântico da democracia”
• Atenção dirigida ao processo de “trocas” (negociações, acordos), com resultados no campo da ciência
política, economia e direito (constitucional e administrativo)
• Aplicação da análise econômica às decisões políticas, incluindo teorias sobre o Estado, estudo das regras
sobre votação e comportamento de eleitores, partidos políticos, acordos políticos, burocracia e regulação
PUBLIC CHOICE THEORY
Análise econômica da decisão “fora do mercado”

• A teoria assume que todos os atores são motivados pelo interesse próprio.
• Presume-se que os legisladores, por exemplo, estejam interessados em maximizar suas perspectivas de
reeleição. Os burocratas não precisam se preocupar com a reeleição, mas têm seus próprios interesses. Um
desses interesses é o futuro emprego lucrativo.
• A análise positiva da teoria da escolha pública pretende explicar como as entidades políticas e burocráticas se
comportam na realidade, assumindo que os atores políticos são maximizadores de seus próprios interesses em
relação a algo que valorizam (votos, orçamentos públicos, benefícios, poder, utilidade etc.).
PUBLIC CHOICE THEORY
Análise econômica da decisão “fora do mercado”

• O estudo da burocracia, como o estudo mais amplo da política, era o domínio quase exclusivo da sociologia e
da ciência política até várias décadas atrás.
• A literatura acadêmica moderna sobre burocracia era dominada pelos escritos de Max Weber, que reconhecia
a burocracia como a forma característica da administração pública de um estado com soberania territorial
ampliada, usando o termo "burocracia" em grande parte como sinônimo de um sistema de relações baseado
na autoridade racional-legal.
• A literatura moderna sobre administração pública foi fortemente influenciada pelos escritos de Weber, com
infusões ocasionais de orientação platônica sobre como um bom burocrata, agora funcionário público, deveria
se comportar.
• Embora a literatura acadêmica geralmente represente a burocracia como forma de administração pública
desejável, ou pelo menos necessária, as atitudes populares que refletem a experiência pessoal são muitas
vezes críticas aos métodos e desempenho da burocracia
PUBLIC CHOICE THEORY
Análise econômica da decisão “fora do mercado”

• Supõe-se que os agentes políticos enfrentam um conjunto de ações possíveis e escolham essa ação dentro do
conjunto possível que ele mais prefere.
• Os economistas, por sua vez, desenvolvem modelos baseados no comportamento intencional dos indivíduos,
não para explicar o comportamento dos indivíduos, mas para gerar hipóteses sobre as consequências
agregadas da interação entre indivíduos em arranjos institucionais específicos
PUBLIC CHOICE THEORY
FUNDAMENTOS

1. A teoria das escolhas públicas, metodologicamente, reconhece o comportamento hedonista dos indivíduos.
2. Cada “agente” é uma entidade racional, maximizador racional de utilidade, com interesses essencialmente
egoístas, que busca benefícios no sistema político.
3. As motivações dos indivíduos na polis, enquanto agentes políticos, são exatamente as mesmas que têm nos
mercados, como agentes econômicos;
4. O “povo” , a “sociedade” não existe, como entidade orgânica, como um ser em si mesmo, capaz de ter
opiniões ou de tomar decisões: quem o faz, eventualmente, em seu nome, são alguns indivíduos, pois só
estes, de fato, sentem, pensam, escolhem e se manifestam;
5. As constituições políticas tem uma importância fundamental: definem quais decisões cabem aos mercados
privados e quais as que pertencem ao domínio dos agentes políticos; quais são as regras de decisões
coletivas; quem pode decidir e apresentar propostas; e quais os momentos e a forma como estas
propostas podem ser apresentadas
ESTRUTURA DO “MERCADO” POLÍTICO
Políticos (legisladores e executivos) – VOTOS
Eleitores – RIQUEZA E RENDA
Burocratas – SEGURANÇA E ORÇAMENTO
“Grupos de Interesse” – RIQUEZA E RENDA (COLETIVOS)

• Cada um destes “atores” da “cena política” age, declaradamente, em nome do “interesse público”, mas, de
fato, racionalmente, buscam a satisfação de seus próprios objetivos
• O ambiente, semelhante ao “mercado”, é de escassez e incerteza
• Em um certo sentido, a constituição política é um substituto para o mercado; em outro, é um complemento
projetado para cumprir tarefas que o mercado é incapaz de satisfazer;
• Cada um dos “atores” controla determinados ativo, e procura maximizar sua utilidade, interagindo com os
outros
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
• BUCHANAN, James. –Politics as Public Choice. Indianapolis: Liberty Fund, 2000. –C hoice, Contract and
Constitutions. Indianapolis: Liberty Fund, 2001.
• TULLOCK, Gordon. The Calculus of Consent. Indianapolis: Liberty Fund, 2004.
• DOWNS, Anthony. Na Economic Theory of Democracy. Boston: Addison-Wesley, 1957.
• FARBER, Daniel A.; FRICKEY, Philip P. Law and Public Choice–A Critical Introduction. Chicago: The University
of Chicago Press, 1991.
• FERNANDES, Abel L. Costa. Economia Pública –Eficiência Económica e Teoria das Escolhas Colectivas, 2ª ed.
Lisboa: Sílabo, 2011.
• MONTEIRO, Jorge Vianna. Como funciona o governo –escolhas públicas na democracia representativa. Rio de
Janeiro: FGV, 2007.
• SIMMONS, Randy. Beyond Politics –The Roots of Government Failure. Oakland: Independent Institute, 2011.
Análise
Econômica
do Direito
Penal
Responsabilidade penal e AED
• Esforço para explicar o comportamento criminoso e os princípios do Direito Penal de um ponto de vista
econômico;

• Considera-se que potenciais criminosos são economicamente racionais. Eles comparam os ganhos de
cometer um crime com o custo esperado, incluindo a probabilidade de punição e o quantum dela, a
possibilidade de estigma social e eventuais custos psicológicos.

• Para a AED, um criminoso é um indivíduo para quem o ganho de cometer um crime mais do que compensa
o custo esperado, quando tal decisão é tomada
Modelo da escolha racional
• A teoria neoclássica assume que os indivíduos respondem significativamente aos incentivos criados pelo
sistema de justiça penal;
• É instrumento útil para pesquisa sobre os incentivos ou desincentivos que determinadas leis, politicas
criminais podem ter sobre o infrator.
• Tem como pressuposto que o agente faz uma ponderação racional dos benefícios que receberá ao
cometer o crime e os custos de fazê-lo (isto é, a possível pena a ser aplicada, multiplicada pela
probabilidade de ser pego)

• Gary Becker (1968) – demonstrou que os criminosos são tomadores de decisões racionais otimizadoras
da utilidade, em condições de risco; tendo explorado a escolha individual sobre cometer ou não uma
infração
Teoria da dissuasão
• O ponto fundamental da teoria da dissuasão é que as taxas de criminalidade respondem às punições aplicadas. A
AED acredita que este fenômeno pode estar relacionado aos custos e benefícios de cometer crimes, de modo
que as pessoas reagem a incentivos de dissuasão.

• A hipótese da dissuasão é uma teoria que compreende que os índices de criminalidade são responsivos ao
risco de punição e aos benefícios do comportamento ilícito.

• Pode ser possível eliminar qualquer ato criminoso, ou quase fazê-lo, mediante a alta probabilidade da
imposição de punições severas sobre os criminosos. No entanto, dissuadir o crime dessa forma pode levar a
dificuldades de dois tipos.
• Primeiro, penalidades muito duras podem violar o senso de justiça prevalecente na sociedade e os direitos
constitucionais.
• Segundo, o custo dessa atuação pode ser elevado. Apreender, processar e punir criminosos pode ser caro.
Criadores de políticas públicas irão contrapesar esses custos, face às vantagens diante da redução da
criminalidade, quando tomarem essas decisões.
Teoria da dissuasão
• Nível ótimo - De modo geral, mesmo havendo uma quantidade ideal de dissuasão, a criminalidade não
é eliminada de uma só vez. Isso ocorre porque erradicá-la é custoso e tem um benefício social
decrescente.

• Os autores de políticas públicas também irão desejar alocar seus limitados recursos de modo a alcançar
qualquer nível de dissuasão mediante o menor custo, isto é, irão buscar alcançar sua meta da maneira mais
eficiente.
Teoria da dissuasão
• Dissuasão financeira O uso de sanções monetárias é especialmente importante no caso dos crimes econômicos e
crimes ambientais.
• Casos como o rompimento da barragem da Vale S.A. em Brumadinho, em janeiro de 2019, pode ser tomado como
exemplo. O caso, que inicialmente foi considerado um acidente, agora é apontado como um dos crimes
ambientais de maior proporção no Brasil. O acontecimento levantou discussões por parte da sociedade civil e na
academia, acerca da real perspectiva de punição de crimes ambientais cometidos por uma grande companhia.
• Fato é que a racionalidade do agente criminoso tem sido muito discutida na academia.
• Há a defesa de que o criminoso comum não tem o hábito de ponderar os custos e benefícios derivados do
cometimento do crime, principalmente por questões socioeconômicas nas quais está inserido .
• Isso, no entanto, não se confirma para as grandes sociedades empresariais. Todas as atividades de uma companhia
são medidas em termos de eficiência, de custos e benefícios, inclusive os crimes. O caso da Vale é emblemático
nesse sentido. Entrou no cálculo da empresa o custo de melhorar a estrutura da barragem de Brumadinho, frente o
custo de uma possível punição, se a barragem estourasse e a empresa fosse processada e condenada. Caso o custo
das melhorias da barragem equivalesse a valor mais alto, a empresa poderia preferir deixar que estourasse.
Teoria da dissuasão
• Princípio multiplicador – Suponhamos que o ganho do criminoso ao praticar determinado crime é de R$ 80,00.
Já o dano causado por esse ato é R$ 100,00. Nesse sentido, o dano causado pelo ato excede os benefícios obtidos
pelo criminoso. Por isso, o governo deve impedi-lo.
• É custoso identificar e punir criminosos, de modo que a probabilidade de punição (aplicação e execução da lei) é
menor que 100%. Se a probabilidade de punição é 50% e a multa R$ 100,00, a multa esperada é R$ 50,00.
Para que um criminoso indiferente ao risco, isto é, que não o leva em consideração, o custo relevante é a sanção
esperada. Portanto, ele irá cometer um ato criminoso que o beneficie com R$ 80,00 e tem um custo esperado de
R$ 50,00.
• Para dissuadir esse indivíduo, o governo deve aplicar uma multa de R$ 200,00. Esse resultado é conhecido
na literatura como princípio multiplicador: a multa deve ser equivalente ao dano, multiplicado pelo inverso
da probabilidade de sua imposição.
Teoria da dissuasão
• Multa = valor do dano à sociedade x 1/probalidade de aplicação da multa

• Probalidade de 50%

• MULTA = R$ 100,00 x 1/0,5 = R$ 200,00

• Probabilidade de 1%

• MULTA = R$ 100,00 x 1/0,01 = R$ 10.000,00


Teoria da dissuasão
• Aspectos críticos - Existem restrições práticas para a imposição de sanções de acordo com o princípio
multiplicador. Isso porque, há resistência em agravar sanções devido a considerações sobre justiça.

• Muitas pessoas acreditam que a sanção deve refletir a gravidade e a característica moral, o que pode
estar pouco – ou nada – relacionado com a probabilidade de condenação. Por exemplo, se a
probabilidade de punição é 1%, a multa deveria ser R$ 10.000,00 para um ato que gerou R$ 100,00 de dano
à sociedade. Muitos, no entanto, dirão que essa multa é excessiva.

• Outra importante limitação prática corresponde à dificuldade para estimar com precisão a probabilidade
de punição.
Eficiência
• A aplicação da análise econômica para a compreensão do direito penal é baseada na premissa de que a
eficiência econômica é útil para examinar e desenvolver regras e instituições.

• Custo social da repreensão penal

• Eficiência de Pareto e Eficiência de Kaldor Hicks


Contribuições da economia comportamental
• Aprofundando as críticas à clássica análise econômica do crime, surge a teoria de análise econômica
comportamental. Ela visa a preencher uma lacuna entre a teoria racional e o real comportamento dos
criminosos e, para tanto, mistura as ferramentas econômicas com teorias oriundas dos campos da
psicologia e da sociologia, propondo novas perspectivas em relação à aplicação da lei e o efeito da
dissuasão.

• Richard McAdams e Thomas Ulen desenvolveram trabalho sobre a aplicação das descobertas da
economia comportamental ao Direito Penal. Em sua análise, os autores estudam as consequências das
sanções para a dissuasão criminosa e para o próprio sistema de aplicação de sanções.

• Na primeira parte do trabalho, focado no desafio comportamental às teorias clássicas de dissuasão,


afirmam existir uma diferença entre a sanção em si e a percepção delas, contrariando a teoria
clássica, que pressupõem agentes bem-informados sobre as possíveis punições, tanto em magnitude
quanto em probabilidade. Isso porque os potenciais ofensores normalmente desconhecem as normas,
originalmente pensadas como instrumentos de dissuasão.
Contribuições da economia comportamental
• Criminosos também estão vulneráveis aos vieses cognitivos. Ou seja, sua racionalidade é imperfeita e, por isso,
cometem erros sistemáticos.

• Entre os principais vieses aplicáveis podemos citar:


(i) excesso de confiança, que leva o infrator a acreditar que suas chances de cometer o crime sem ser pego são
maiores do que a realidade;
(ii) efeito moldura, a forma pela qual uma sanção por um crime X é quantificada, a comparação com outras
sanções pode fazer com que ela pareça menos grave do que realmente é, o que criaria um incentivo para que as
pessoas cometessem um crime porque sua pena parece menor;
(iii) ilusão de controle, pela qual os agentes tendem a confiar mais na sua própria habilidade em comparação
com a média, ou seja, caso um crime tenha, por exemplo, 80% de possibilidade de levar alguém à prisão, o
infrator se sentirá mais inclinado a acreditar que está no grupo dos 20% que não serão pegos, há uma ilusão de
que a situação está sob o seu controle.
Validade empírica
• Considerar se a teoria positiva acerca dos incentivos econômicos para a criminalidade que apresentamos até aqui é
válida depende de sua aderência empírica. Medir a dissuasão (mais precisamente, distingui-la da incapacitação) é
difícil. ;

• O termo “estudos criminométricos” (criminometric studies) tem sido utilizado para caracterizar a pesquisa empírica
sobre o comportamento criminoso. Grande parte deles consiste em uma análise transversal baseada em dados
macro. Séries cronológicas e análises de painéis de dados baseadas em questionários micro são menos numerosas.
• A probabilidade e o rigor das punições (multas, duração da sentença, ou tempo de cumprimento da pena)
têm um efeito negativo sobre a criminalidade.
• A maioria dos estudos de séries cronológicas reitera a hipótese de que a probabilidade da punição tem um
efeito preventivo na criminalidade. Os resultados referentes à severidade da punição são menos conclusivos:
em alguns estudos não é estatisticamente diferente de zero.
Validade empírica
• No Brasil, Vinicius Ribeiro Alves conduziu um experimento realizado em uma região da cidade de Goiânia, onde fez um mapa
extenso em relação ao comportamento criminoso de roubo de veículos.
• A partir dessas estimativas o autor analisou a circulação dos veículos roubados e de suas peças, projetando a rentabilidade dos
criminosos. Comparou tal rentabilidade com os possíveis salários das profissões normalmente desempenhadas pelos criminosos
(seus custos de oportunidade), e conclui que, apesar do risco, as atividades ilícitas seriam mais rentáveis, inclusive porque
haveria um mercado rentável para os veículos roubados e para suas peças. Nesse sentido, a pesquisa apresentou as seguintes
conclusões:

• Esse “mercado” foi responsável pela circulação de, no mínimo, R$ 1.095.480,00 quando analisados todos os roubos de
veículos, levando em consideração os casos de sucesso da perspectiva do criminoso, aqui apresentada.
• Em relação aos criminosos que já foram presos por crimes de roubo de veículo e receptação de carro roubado, foi
certificado que em sua maioria, não ficam reclusos e, quando isso acontece, o período máximo que ficam presos é
de aproximadamente 08 meses;quase 65% dos infratores pesquisados permaneceram na condição de não recluso,
dessa forma, demonstrando uma ineficácia total da lei penal e execução penal brasileira .
• Para o autor, portanto, o fato de o cumprimento da pena ser curto, em combinação com o grande potencial de
lucros, torna muito atraente a prática do roubo de veículos naquela região específica. Com isso, temos um
elemento de comprovação empírica de como a teoria econômica do crime é capaz de explicar os incentivos para o
RIBEIRO ALVES, VITOR. O roubo comportamento delituoso.
de veículo na região sul de Goiânia/GO sob a ótica da racionalidade econômica. Revista Brasileira de Estudos de Segurança Pública. vol. 10, n. 1, 2017, p. 10.
Validade empírica
• Pickett comprovou, a partir de diversos experimentos relativos a vieses cognitivo, que é possível induzir o
comportamento das pessoas ao fornecer informações sobre ações policiais e ao incutir pseudocertezas que mexem
com os vieses da disponibilidade.

• Em seu experimento, os voluntários que assistiram vídeos mostrando indivíduos dirigindo alcoolizados sendo pegos, ou
filmes mostrando como a atuação policial pode ser eficiente mostraram-se mais intimidados, isto é, menos propensos a
praticar a conduta ilegal. Ao final, o autor concluiu que é possível a utilização de descobertas das ciências
comportamentais como instrumento para aumentar o risco percebido pelos cidadãos de serem pegos cometendo um
ilícito, e, dessa forma, desincentivar a prática de condutas criminosas .

• A recíproca dessa ideia, por outro lado, consiste no fato de que experiências subjetivas com o crime ou a convivência com
situações de ilícitos não punidos – em regiões de alta criminalidade, por exemplo – provavelmente reduzirão a confiança
dos indivíduos na eficácia do sistema de justiça criminal e, dessa forma, tendem a aumentar a percepção de impunidade e
também o número de ilícitos efetivamente cometidos.

PICKETT, Justin T. Using behavioral economics to advance deterrence research and improve crime policy: Some illustrative experiments. Crime & Delinquency, v. 64, n. 12, p.
1636-1659, 2018. p. 9-12
Validade empírica
• Outro experimento relevante foi o promovido pela Heineken. A sua ação consistia na fixação de avisos e
cardápios especiais destinados aos motoristas (com drinks não alcoólicos) combinadas ao
oferecimento de benefícios, como descontos e algumas cortesias, em bares e restaurantes, para
aqueles que não consumissem bebida alcóolica caso pretendessem dirigir.

• Segundo medidores da marca de cerveja, sua ação incentivou a modificação de comportamento, no Brasil,
em 25,2% dos motoristas que iriam ingerir bebidas alcoólicas e depois dirigir. A mesma ação foi realizada
em diversos países do mundo, mas todos obtiveram resultados positivos, mostrando uma relação positiva
entre a intervenção da cervejaria e o não consumo de álcool pelos condutores designados como “motoristas
da rodada”.

Vide: BARBOSA, Vanessa. Experimento social da Heineken convence clientes de bar a não beber. Disponível em:
https://exame.abril.com.br/marketing/experimento-social-da-heineken-convence-clientes-de-bar-a-nao-beber/ Acesso em: 28/01/2019; Heineken divulga resultados de experimento que mudou o comportamento de 25%
dos motoristas que iriam beber álcool e dirigir. Disponível em:
http://www.portaldapropaganda.com.br/noticias/17916/heineken-divulga-resultados-de-experimento-que-mudou-o-comportamento-de-25-dos-motoristas-que-iriam-beber-alcool-e-dirigir/
Quais outras aplicações possíveis da
AED no estudo do Direito Penal?
ANÁLISE ECONÔMICA DO
LITÍGIO
MODELO BÁSICO DE LITIGÂNCIA CIVIL. ASSIMETRIA
INFORMATIVA. ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Modelo básico da litigância civil
 O chamado modelo básico de litigância civil tem como base os modelos teóricos
desenvolvidos por Friedman (1969), Landes (1971) e Gould (1973) e mais articulado em
Posner e Shavel (1982) que apresentaram modelos para explicar a decisão sobre litigar dos
demandantes, com base modelo de crenças exógenas ou também chamado, modelo básico
de litigância.
 John Gould (1973) transpôs o modelo de utilidade esperada para análise do comportamento
das partes litigantes, incluindo no modelo o fator “incerteza”, como elemento influenciador no
comportamento das partes na decisão de iniciar um potencial litígio.
 O modelo foi usado para examinar como os indivíduos envolvidos em ações civis se
comportarão e constatou-se que um componente crítico na motivação desses indivíduos é o
acordo sobre as probabilidades da ação do tribunal.
Modelo básico da litigância civil
 Com alicerce no pressuposto da racionalidade econômica, o modelo básico de litigância civil
propõe explicar a decisão dos litigantes segundo a lógica da conduta racional
maximizadora, a qual pressupõe que - em um cenário de escassez - os agentes vão optar
por condutas que maximizem seus benefícios.
 Transpondo essa lógica para o contexto do litígio, pode-se dizer que um demandante
processará quando o custo do processo for menor do que os benefícios esperados do
processo.
Modelo básico da litigância civil
Uma parte ajuizará uma ação judicial sempre que o resultado esperado do processo superar os
custos esperados, ou seja, dependerá dos seus benefícios privados em prosseguir com o caso,
bem como de seus custos privados de busca. Nesse sentido, segundo essa abordagem, é suficiente
assumir simplesmente que existe um benefício esperado do processo.

RESULTADOS ESPERADOS > CUSTOS


Tendo em consideração que as partes geralmente agem de forma racional, podemos dizer que em
uma ambiente sem risco (em que os resultados sejam certos) os agentes escolherão a opção associada
a um melhor resultado. Importa aqui, para a decisão do agente racional, o benefício líquido obtido
com a opção, o resultado (outcome ou payoff) e não o valor bruto pago ou recebido.
A racionalidade dessa decisão certamente vai variar de acordo com a sofisticação da análise do
potencial autor, mas invariavelmente vai passar por uma análise de custo-benefício.
Modelo básico da litigância civil
 RESULTADOS ESPERADOS. Como em um ambiente de litígio a decisão é
afetada pela natural incerteza quanto aos resultados, há uma ligeira alteração
nessa equação, que deverá considerar a probabilidade associada a determinado
resultado.

 Resultado esperado pelo autor corresponde ao valor presente do julgamento, multiplicado


pela probabilidade (como estimado por ele) de sua vitória, menos o valor presente com os
custos para litigar.
 Resultado esperado pelo réu, por sua vez, corresponde ao custo esperado do litígio, mais
os custos com um julgamento adverso, este último multiplicado pela probabilidade estimada
por ele sobre a vitória do autor (a qual é igual a um menos a probabilidade da sua vitória)
Modelo básico da litigância civil
 O custo total esperado, por sua vez, serão:
a) custos administrativos (custos administrativos não reembolsáveis como
honorários advocatícios contratuais, custos com deslocamento,
aborrecimento etc.);
b) custos de litigância (custos reembolsáveis em caso de vitória no processo:
valor de custas judiciais e honorários advocatícios de sucumbência),
ponderado este último pela probabilidade de insucesso;
Modelo básico da litigância civil
Nesse cenário, considerando que o retorno esperado dessa ação pelo autor é dado ponderação do valor
do bem da vida (B) pela probabilidade de sucesso de sua ação (Pa), menos os custos de ajuizamento,
refletido pela equação pa *B – Ca.

Segundo o modelo básico de litigância, caso essa operação resulte em valor maior do que zero, é
esperado que o potencial autor ajuíze a ação judicial, sendo a condição para ajuizamento de uma
ação pode ser resumida da seguinte forma:

Pa . B – Ca > 0
Uma vez atingida a condição de ajuizamento da ação e, portanto, o valor da ação for positivo, temos
uma ação com valor esperado positivo – ação VEP. Quando a condição não é satisfeita e, portanto,
tem valor negativo, temos uma ação com valor esperado negativo – ação VEN.
Modelo básico da litigância civil
 Nesse sentido, a conduta de cada um dos agentes quanto à decisão de litigar ou não, será
regida pelo pressuposto da racionalidade e o curso de ação escolhido por cada um será
aquele que gerar o maior benefício líquido esperado, segundo a percepção subjetiva dos
custos e benefícios de cada opção;
 A partir dessa perspectiva teórica, poderíamos concluir que não seriam ajuizadas ações com
valor esperado negativo, na medida em que o autor incorreria em mais custos do que benefícios.
 Todavia, não é o que se observa na prática e o aprofundamento teórico do tema adiante vai nos
mostrar que pode ser extremamente racional – do ponto de vista individual - ajuizar ações com
valor esperado negativo e – além disso – há diversos elementos que impedem as partes de
saberem se estão diante de uma ação com valor esperado positivo.
A DECISÃO DE ACORDAR OU
LITIGAR: IDENTIFICANDO O
EXCEDENTE COOPERATIVO?
Do ponto de vista dos acordos, o modelo básico de litigância
sugere que estes irão ocorrer se houver uma vantagem em
cooperar, ou seja, se houver um excedente cooperativo. Diante de
uma conduta racional maximizadora dos agentes, para haver
cooperação, devem existir benefícios pelo menos em valor idêntico
aos que existiriam se não houvesse cooperação, senão superiores.
Uma situação de barganha é descrita como uma conjuntura na
qual dois ou mais agentes possuem interesse convergente em
cooperar, mas interesses divergentes quanto a forma como vão
estabelecer a cooperação. Nesse sentido, qualquer situação de
negociação em que dois ou mais agentes tem interesse em
cooperar, mas divergem acerca dos termos do negócio, estamos
diante de uma situação de barganha
Pode-se dizer que o processo de barganha é divido em três passos:
a) estabelecimento dos valores de ameaça, b) a identificação do
excedente cooperativo (zona de acordo) e c) o consenso dar partes
quanto às condições de distribuição do excedente cooperativo
A DECISÃO DE ACORDAR OU LITIGAR:
IDENTIFICANDO O EXCEDENTE
COOPERATIVO?
 A realização de acordo se assemelha à venda do exercício do direito de ação ou do direito de continuar
exercendo o direito de ação no processo, onde o valor desse direito para o autor equivale ao valor esperado
do processo para ele.

 Tratando-se da barganha envolvendo a venda de um veículo, para que o negócio ocorra é preciso que o
comprador valore o veículo mais do que vendedor. Assim, se Paulo é dono de um veículo e confere ao seu
carro o valor/utilidade de R$ 30.000,00 e Pedro quer comprar esse veículo e o valora em R$ 60.000,00,
podemos prever que a venda ocorrerá por algum valor entre R$ 30.000,00 e R$ 60.000,00, a depender do
poder de barganha das partes. De outro lado, se Pedro valora o bem em apenas R$ 25.000,00, certamente não
haverá negócio.

 O mesmo exemplo pode ser utilizado no contexto da barganha envolvendo acordos. Se o autor entende que o
valor esperado de R$30.000,00 e o réu confere que o valor esperado da ação seja de R$ 60.000,00, um acordo
será possível entre R$ 30.000,00 e R$ 60.000,00. Se, todavia, o réu entender que o valor esperado da ação é
de R$25.000,00, certamente, não haverá espaço para acordo.
A DECISÃO DE ACORDAR OU LITIGAR:
IDENTIFICANDO O EXCEDENTE
COOPERATIVO?
 Ao realizar um acordo, as partes adotarão um comportamento estratégico, em que elas tentarão aumentar
sua parte nesse excedente cooperativo. O comportamento provável da negociação cooperativa conduzirá
aos seguintes resultados: 1) as partes dividem (em princípio, em partes iguais) o suplemento por
cooperar ou excedente cooperativo; 2) o valor cooperativo do jogo é (no mínimo) igual aos custos do
acordo; 3) o suplemento por cooperar é, em princípio, positivo.
 Em uma situação ideal, as partes teriam expectativas idênticas quando à probabilidade de vitória do autor
e sabem qual o preço de reserva da outra. Nesse caso, um acordo sempre existirá, pois será mutuamente
benéfico evitar o processo e dividir entre as partes o que pagariam de custos para litigar.
A DECISÃO DE ACORDAR OU LITIGAR:
IDENTIFICANDO O EXCEDENTE
COOPERATIVO?
 Quanto maior a diferença de expectativas quanto ao resultado do processo (incerteza somada ao
otimismo) e menores os custos do processo, menor o incentivo para a realização de acordo, porquanto os
custos para apostar no seu valor de ameaça é baixo.
Enquanto que - quanto menor a diferença de expectativas (mais certeza com relação ao resultado) e
maiores os custos do processo - maior o incentivo para a realização de acordos, uma vez maiores os
custos para apostar no seu valor de ameaça;
 Além da negociação envolvendo o valor de acordo e a divisão do excedente cooperativo, há que se
considerar os custos com o acordo, ou seja, os denominados custos de transação;
De forma resumida, a fim de promover incentivo a um resultado cooperativo, terão de ser cumpridas do
ponto de vista teórico as seguintes premissas:1) as partes têm que ter idênticas expectativas quanto ao
resultado do julgamento; 2) as partes têm que suportar aproximadamente os mesmos custos de
transação para resolver a disputa
A DECISÃO DE ACORDAR OU LITIGAR:
IDENTIFICANDO O EXCEDENTE
COOPERATIVO?
Do ponto de vista das partes, há três fatores que podem influenciar a realização de um acordo mutuamente
benéfico:
A) o custo de litigar;
B) divergência entre as crenças das partes a respeito do resultado do julgamento e;
C) aversão/propensão ao risco.

Pode-se dizer, portanto, que as partes realizam o acordo buscando redução de custos, mitigação de riscos e
maximização de retorno.
ASSIMETRIA INFORMATIVA
 Tal perspectiva teórica é desenvolvida com base no modelo de crenças exógenas e, portanto, não leva
em consideração a assimetria de informações entre as partes.

 O modelo de crenças exógenas sofreu críticas por não ter os fundamentos da teoria dos jogos.

 Os principais pontos da crítica foram: (1) não explicitava o modelo de cada parte, levando em
consideração que a outra parte tinha uma estimativa diferente, mas igualmente válida, do resultado do
estudo, (2) assumia que um acordo seria realizado, se e somente se as expectativas do demandante
estivessem abaixo das expectativas do acusado e (3) não considerava o comportamento estratégico dos
litigantes em que um ou ambos trocariam a probabilidade de um acordo por uma parcela maior do
excedente.

 Em complementação a esse modelo, conforme antes mencionado, incorpora-se a perspectiva da


assimetria informacional existente entre os litigantes.
ASSIMETRIA INFORMATIVA
 Importante mudança nas premissas que foram estudadas envolvem a forma como são realizadas as ofertas por
partes que possuem informações privadas, que variam de sequências de ofertas e contrapartidas e posse de
informações privadas pelo réu e pelo demandante. Um novo elemento surge nos modelos mais complicado: as
partes podem aprender algo sobre as informações de seus oponentes com seu comportamento de barganha;
 Qualquer tipo de informação que um lado não observe e que possa afetar a disposição do outro lado em acordar
tem o mesmo significado que as informações privadas sobre o resultado do julgamento e, em particular, podem
levar ao litígio.
 As informações privadas podem ser sobre os custos de julgamento de uma parte, sua disposição em assumir riscos ou
sua necessidade de recursos.
 Se, por exemplo, o demandante não souber quais serão os custos do julgamento do demandado e achar que eles
provavelmente são altos, quando na verdade são baixos, o demandante poderá pedir demais e poderá resultar em um
julgamento;

 O desenvolvimento dos estudos a partir de um modelo básico de litigância civil passam a considerar a assimetria
informacional entre as partes e propõe modelos mais complexos quanto ao comportamento das partes nesse
cenário de incerteza. A crença a respeito do resultado esperado acerca do litígio resta ponderada diante das
informações privadas que as partes sabem que o adversário detém
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 O desenvolvimento do tema da análise econômica do litígio tem incorporado as lições da chamada
“economia comportamental” e seus pressupostos para a compreensão do comportamento dos litigantes em
um contexto de disputa. Diante da constatação da limitação da racionalidade dos agentes econômicos, há
uma atualização do modelo da escolha racional, incorporando outros elementos psicológicos ao
processo decisório.
 A partir do modelo econômico neoclássico, poderíamos concluir que os agentes tomariam decisões
racionais para maximizar os valores esperados de seus resultados e, ainda sob a perspectiva da abordagem
neoclássica, muitos “erros”, quanto à decisão de litigar, poderiam ser atribuídos a informações incompletas
e decisões estratégicas frustradas de negociação.
 No entanto, deve-se somar a isso uma variedade de fenômenos comportamentais ou psicológicos que
tornam um desafio para os litigantes e seus advogados identificar tomar as melhores decisões
relativamente ao do litígio
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 No contexto do litígio, a dificuldade sinalizada pela perspectiva comportamental sinaliza que as partes
poderão recair em erros sistemáticos quanto as probabilidades de êxito associadas ao seu caso.

 Um trabalho empírico de Kiser, et al demonstrou que as partes frequentemente rejeitam propostas


de acordo que são financeiramente vantajosas. O estudo avaliou quantitativamente a incidência e a
magnitude dos erros cometidos por advogados e seus clientes em negociações mal sucedidas de acordo.

 O estudo analisou 2.054 casos em as partes rejeitaram a proposta de acordo da parte adversária e
procederam à arbitragem ou julgamento. As posições reveladas nas negociações de acordo foram
comparadas com a sentença, revelando uma alta incidência de erros de tomada de decisão tanto pelos
demandantes quanto pelos réus. Os demandantes concluíram erroneamente que o julgamento era uma
melhor opção em 61,2% dos casos, enquanto os réus fizeram uma avaliação errônea em 24,3% desses
casos. A magnitude dos erros, em relação aos valores em disputas, no entanto, foi mais expressiva na
decisão dos réus do que na dos demandantes.
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Viés da disponibilidade – as partes tendem a julgar as probabilidades com referência à facilidade com
que podem trazer à mente exemplos semelhantes, os resultados possíveis que estão mais disponíveis na
memória ou mais fluentemente trazidos à mente são considerados mais prováveis (viés da
disponibilidade);

 Viés da ancoragem - podem os julgamentos acerca da probabilidade de julgamento serem influenciados


por âncoras - números disponíveis que fornecem uma referência saliente (mesmo que não relevante) para
o julgamento. Essa ancoragem pode tanto levar a um excesso de negociação quanto a um aumento no
hiato de expectativas.
 No contexto de uma negociação, igualmente, os resultados podem ser influenciados por âncoras fornecidas por
ofertas ou demandas iniciais, limites das indenizações, aspirações do negociador, relatos da mídia de outros
casos e informações sobre os acordos privados. Consistente com essa expectativa, até mesmo advogados
experientes tendem a fazer estimativas distorcidas das taxas de vitória do reclamante e do tamanho dos
julgamentos;
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Foi observado que o chamado de efeito de enquadramento (“framing effect”), leva a preferências
inconsistentes dos agentes quando a mesma escolha é apresentada de formas diferentes. As partes
avaliam as ofertas no contexto de outras opções que estão, estavam ou poderiam estar sobre a mesa.
Essa desvalorização de opções significa que as pessoas tendem a achar uma determinada opção menos
atraente quando ela é avaliada no contexto de outras opções.
 Além disso, o efeito do enquadramento das ofertas sugere que alterando-se a forma de apresentação da
questão, há uma alteração na percepção das pessoas e, portanto, a sua conduta. Em um contexto de
litígio, podemos imaginar que a forma como as partes percebem um acordo ou a maneira como as
informações lhe são passadas pelo advogado, pode afetar a sua reação e os próximos passos.
 Aversão à perda
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Em razão do excesso de confiança (viés do otimismo) as partes podem fazer com uma parte vencida
insista no seu caso, mesmo após cientificada das suas baixas probabilidades de êxito, pois seu caso “seria
especial”, pelo menos da sua perspectiva; o excessivo otimismo derivado do viés da autoconfirmação
aumenta o preço de reserva do autor e diminui o preço de reserva do réu, o que pode eliminar a “zona de
acordo”

Pa . B – Ca
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Em razão do viés da autoconfirmação, há uma tendência das pessoas em lembrar, confirmar ou pesquisar
por informações que reafirmem suas próprias crenças ou hipóteses iniciais. Nesse contexto, pessoas tendem
a se lembrar apenas do que lhes favorece ou a seu ponto de vista e a esquecer ou desprezar tudo que lhes
favorece.
 A tendência à autoconfirmação pode afetar a atualização de crenças quanto aos resultados do litígio, na
medida em que cada parte pode considerar apenas os novos elementos do processo que fortalecem o seu
argumento e desprezar ou atribuir peso excessivamente baixo às informações que enfraquecem o seu caso;
 Robbennolt, nesse sentido, refere a tendências das partes de terem fazerem previsão com base em
“ilusões positivas”, no sentido de que litigantes e seus advogados tendem a fazer previsões
tendenciosas sobre como um juiz neutro decidiria seus casos - com os reclamantes prevendo
indenizações maiores e os réus prevendo indenizações significativamente menores.
ECONOMIA COMPORTAMENTAL
 Ainda, são descritos incentivos não monetários a serem considerados na interação entre os
litigantes, que podem desejar receber uma explicação ou mesmo um pedido de desculpas, pode haver
uma preocupação com a sua reputação através de um julgamento público. Os litigantes podem ainda
estar interessados em efetuar reformas ou mudanças comportamentais nos adversários, a fim de prevenir
danos futuros ou mesmo podem desejar algum outro resultado simbólico.

 Em última análise, conforme pontua Robbennolt, os litigantes, equilibram suas decisões de acordo
uma gama de objetivos variados e, às vezes, inconsistentes.

 Embora não seja formalmente parte de um cálculo de valor esperado, o litígio pode ser evitado por um
pedido de desculpas. Robbennolt apresenta pesquisas que demonstram que as negociações de um acordo
podem ser influenciadas pelo fato de um pedido de desculpas ser apresentado e a natureza desse pedido
de desculpas, podendo o pedido de desculpas diminuir a probabilidade de que os reclamantes recorram
ao Poder Judiciário após uma lesão, podendo influenciar o curso das negociações de acordo.
OUTRAS APLICAÇÕES PRÁTICAS?
BIBLIOGRAFIA
COOTER, Robert; RUBINFELD, Daniel. Economic analysis of legal disputes and their resolution. Journal of Economic Literature, Nashville, v. 27, p.
1067-1097, set. 1989
GOULD, John P. The economics of legal conflicts. Journal of Legal Studies, Chicago, v. 2, n. 2, p. 279-300, 1973
JOLLS, Chistine; SUNSTEIN, Cass; THALER, Richard. A behavioral approach to law and economics. Yale Law School Legal Scholarship Repository, New
Haven, v. 50, p.1471-1555, maio 1998
KAHNEMAN, Daniel; TVERSKY, Amos. Prospect theory: an analysis of decision under risk. Econometrica, Hoboken, v. 47, n. 2, p. 263-292, mar. 1979.
KAHNEMAN, Daniel; TVERSKY, Amos. Judgment under uncertainty: heuristics and biases. Science, Washington, v. 185, n. 4157, p. 1124-1131, 1974.
KISER, Randall; ASHER, Martin; McSHANE, Blakeley. Let’s not make a deal: an empirical study of decision making in unsuccessful settlement
negotiations. Journal of Legal Studies, Chicago, v. 5, n. 3, p. 551-591, 2008.
PATRÍCIO, Miguel Carlos Teixeira. Análise econômica da litigância. Coimbra: Almedina, 2005.
POLINSKY, Mitchell; SHAVELL, Steven. Handbook of law and economics, v. 1. Oxford: Elsevier, 2007
PORTO, Antônio; GAROUPA, Nuno. Curso de análise econômica do Direito. São Paulo: Atlas, 2020.
ROBBENNOLT, Jennifer. Litigation and settlement. In: ZAMIR, Eyal; TEICHMAN, Doron. The Oxford handbook of behavioral economics and the law.
New York: Oxford University Press, 2014. p. 623- 642
SHAVELL, Steven. Foundations of economic analysis of law. Cambridge: Harvard University Press, 2004
WOLKART, Erik Navarro. Análise econômica do processo civil: como a economia, o direito e a psicologia podem vencer a tragédia da justiça. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019.

Você também pode gostar