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11º Ano
Módulo 5
Unidade 4
A conjuntura ideológico-cultural
Portugal apesar de reprimir as doutrinas liberais, não conseguiu conter a penetração do ideário da
revolução francesa.
O governo Inglês preparou um plano para a retirada da família real e da corte para o Brasil, para
salvar a soberania nacional.
Os Ingleses acorreram para ajudar Portugal durante as invasões, contudo o reino permaneceu
sobre o controlo militar inglês. Os Ingleses assumiram o poder de forma despótica na pessoa do
Marechal Beresford, que foi instituído como presidente da junta governativa e generalismo das
tropas portuguesas.
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A situação financeira do reino nas vésperas de 1820 era de uma crise generalizada:
✓ As invasões napoleónicas deixaram um grande rasto de destruição;
✓ Importantes homens de negócios saíram do pais, levando a sua mentalidade
empreendedora para o Brasil ou Inglaterra;
✓ A abertura dos portos do Brasil ao comércio internacional, causa a falência do comercio
luso-brasileiro devido ao fim do exclusivo colonial.
A conjuntura social
A agitação revolucionária
Em 1817, houve uma tentativa revolucionária levada a cabo pela maçonaria portuguesa contra
Beresford.
A descoberta deste movimento e a sua ligação à maçonaria levou à condenação à morte por
enforcamento do seu líder e dos seus cúmplices.
A repressão, violência, e a condenação do Oficial-general Gomes Freire de Andrade a
enforcamento, contribuiu para o agravamento do descontentamento das forças opositoras à
regência inglesa.
I. A revolução de 1820
A eclosão da revolução
O arranque da revolução teve início do Porto, onde uma associação secreta liberal – Sinédrio – ia
acompanhando os acontecimentos à espera do momento certo para agir.
Este acontecimento precipitou-se em março de 1820, devido a dois fatores favoráveis:
✓ O ânimo que veio de Espanha – onde o movimento liberal tinha triunfado;
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✓ A partida de Beresford para o Brasil – para informar o rei do aumento das despesas
militares e o crescimento da agitação social.
Com o tempo de alguma descompressão política, o sinédrio garante o apoio militar das forças
liberais espanholas e o apoio político dos liberais brasileiros e consegue o apoio das forças
militares nacionalistas.
A 24 de agosto de 1820, o regimento militar do Porto toma a camara municipal e junto das
autoridades civis elege a junta provisional do Governo Supremo do Reino, destinada a governar
em nome do rei.
O governo institucional em Lisboa veio a ceder às pressões do movimento e a 15 de setembro a
autoridade pró-inglesa foi destituída.
Os dois governos revolucionários (porto e lisboa) fundiram-se numa única junta governativa
passando a administrar o pais a partir de Lisboa.
Criou-se a Junta Provisional Preparatória das Cortes com o objetivo de se redigir uma
constituição.
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A constituição de 1822 instituiu em Portugal um período revolucionário que ficou conhecido por
vintismo.
Vintista foi a tendência mais radical do liberalismo português.
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Estes direitos senhoriais (foros), impediam o livre usufruto e alienação da propriedade rural, o que
não favorecia o desenvolvimento da agricultura, pois impedia a burguesia rural de aceder a
grandes propriedades fundiárias.
• A nível político
Embora os votos fossem universais, o eleitor elegível tinha de ser alfabetizado, na pratica excluía
a participação democrática da maioria dos cidadãos. Ou seja, criava uma assembleia legislativa
composta pela elite social do reino.
A igualdade perante a lei não foi cumprida pois acaba por afirmar os interesses da burguesia
rural, pois ocupavam a maioria dos assentos da assembleia.
Em 1822, a lei dos Forais dececionou os pequenos camponeses pois as propriedades passaram
da mão do clero e da aristocracia para uma elite de burgueses.
• A nível económico
Ainda para satisfazer os interesses da burguesia rural, criou-se um protecionismo aduaneiro para
se limitar a entrada de produtos agrícolas no reino.
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de reino, passando a chamar-se Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves.
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Esta atuação antibrasileira das cortes vintistas contrariou a aceitação do movimento liberal
português.
O grito do Ipiranga
A resposta nacionalista foi imediata, que se traduziu no aumento da conspiração contra as lojas
maçónicas, apelando a presença de D. Pedro no Brasil.
A conjuntura interna
Em 1820, a burguesia nacional era um grupo minoritário e muito heterogénea quando a sua
formação ideológica e interesses.
Por outro lado, o radicalismo vintista, ainda que fosse idealista e verbalista, não deixa de provocar
a reação da burguesia mais conversadora e defensora de reformas mais moderadas.
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Os interesses da Burguesia rural e a independência do brasil provocou nas cortes uma sensação
de desleixo para a causa revolucionária.
O radicalismo vintista provocou reações nas camadas populares que levou a engrossar as fileiras
da contrarrevolução.
✓ A prosperidade era adiada pela demora e ineficácia das medidas aprovadas pelas cortes;
✓ As poucas transformações beneficiavam sobretudo os interesses da burguesia;
✓ As autoridades eclesiásticas demonstravam-se favoráveis à revolução pois a população
era profundamente católica;
✓ Os militares e funcionários públicos demonstravam o descontentamento pela não melhoria
da sua condição socioeconómica.
A conjuntura externa
A conjuntura internacional não ajudou a consolidar a revolução portuguesa.
Portugal confrontou-se com a oposição europeia conservadora que realizou bloqueios comerciais,
de forma a provocar um isolamento político do país e assim conseguir apoiar as forças
contrarrevolucionarias que se preparavam para entrar em ação.
As hostilidades às forças militares britânicas não pôs em causa a aliança entre Portugal e
Inglaterra.
A reação conservadora
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O partido realista ou absolutista foi criado em torno da rainha Carlota Joaquina e do príncipe D.
Miguel que se recusaram a jurar a constituição.
• A Vila-Francada
Em 1823, a rebelião levada a cago por D. Miguel, levou dois regimentos dirigirem-se para a
fronteira para defender o reino de uma possível invasão espanhola, devido aos triunfos
absolutistas em Espanha.
A revolta fracassou com a intervenção de D. João VI, que aceitou algumas cedências como:
✓ A suspensão da constituição de 1822, e a redação de uma nova lei fundamental;
✓ Remodelação do governo que passou a integrar liberais moderados;
✓ Nomeou D. Miguel generalíssimo e comandante-chefe do exército português.
• A Abrilada
A crise política e económica do reino e as divisões no seio do movimento vintista, levou o rei a
tomar algumas medidas de feição absolutista. A redação da nova constituição foi suspensa.
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• A Carta Constitucional
✓ Reitera a separação de poderes tripartida mais o poder moderador que era exercido por o
rei;
✓ O poder legislativo continuava a pertencer às cortes e com necessidade de aprovação pelo
rei e passa a ter duas câmaras. Camara baixa – eleita temporariamente (camara dos
deputados), constituída por cidadãos com rendimentos anuais mínimos de 100 mil reis;
Câmara alta – (camara dos pares), membros da alta nobreza e do alto clero, nomeados
pelo rei a título permanente e hereditário;
✓ O poder executivo era exercido pelos ministros do rei;
✓ O poder judicial é independente do poder político e assenta em juízes e jurados;
✓ Os direitos dos cidadãos continuam presentes, no entanto remetidos para o fim do
documento;
A carta constitucional pôs fim à revolução vintista e deu origem a uma nova corrente liberal – o
cartismo
A Guerra Civil
D. Miguel jurou a carta constitucional e a 22 de fevereiro de 1828 é aclamado rei, junto ao rei Tejo
pelos partidários do absolutismo.
Conflitos entre liberais e absolutistas levou ao lançamento de uma violenta guerra civil.
• A deflagração do conflito
Apesar de D. Miguel aceitar a condição de regente e ser fiel a D. Pedro, D. Maria II e à carta
constitucional, demonstrou sinais evidentes que querer exercer segundo princípios do
absolutismo.
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• A reação de D. Pedro IV
Em 1831, D. Pedro abdicou do trono do brasil para o seu filho, e veio para a europa para
organizar um exército para intervir em defesa dos direitos da rainha D. Maria II.
Conseguiu apoio de movimentos liberais – francês e inglês e um grupo de fiéis constitucionalistas.
Em julho de 1832, desembarcou no Porto, sem resistência, pois a maioria das forças absolutistas
encontrava-se em Lisboa.
Para angariar adeptos da sua causa, D. Pedro prometeu à população:
Com a vitória dos liberais em Portugal, entre 1834 e 1836, a carta constitucional vingou e os
liberais cartistas consolidaram as suas propostas políticas.
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A nível socio económico, criou legislação para o combate aos privilégios e obrigações de índole
feudal, que continuavam a existir e atrasavam o desenvolvimento do reino:
• A Constituição de 1838
O governo setembrista suspendeu a carta constitucional e repôs em vigor a constituição de 1822.
Contudo, com os protestos dos cartistas foi redigida uma nova constituição, que ficou conhecida
por Constituição de 1838 e foi jurada pela rainha no mesmo ano.
A constituição embora apresentasse o radicalismo democrática da constituição de 1822,
dispunham o caracter conservador da carta constitucional.
Continuou a haver um sistema Bicamarário, ambas são eleitas por tempo limitado e pelo povo.
Acabou-se com o poder moderador (que pertencia ao rei).
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• O fracasso do Setembrismo
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A revolta da Maria da Fonte de 1846 e a Patuleia nos finais de 1846, foram manifestações do
ambiente de guerra civil.
Em maio de 1851, o segundo governo de Costa Cabral cai, e iniciou-se um período de acalmia
política e de prosperidade económica, sob vigência da carta constitucional.
Unidade 5
O legado do Liberalismo na primeira metade do século XIX
O Estado como garante da ordem liberal
I. A ordem liberal:
Devido às revoluções liberais, no fim do século XVIII (18), o século XIX (19) confirma o fim do
Antigo Regime e a transição para a idade Contemporânea.
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Assim, resulta o fim da sociedade de ordens, e institui-se uma sociedade de classes definida pela
condição económica.
Os três poderes clássicas são o legislativo, o executivo e o judicial e devem ser executados por
diferentes órgãos independentes uns dos outros.
A separação de poderes nem sempre foi bem realizada, as repúblicas parlamentares, o poder
legislativo domina o poder executivo, nas repúblicas presidencialistas, o poder executivo domina
o poder legislativo.
Atualmente o equilíbrio é conseguido através das repúblicas semipresidencialistas.
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A laicização da vida e a desvalorização das virtudes religiosas, abriu caminho para as virtudes
cívicas de um homem livre.
O princípio da liberdade e das leis naturais de regulação de mercado são um privilégio da nova
ordem económica – liberalismo económico.
O progresso económico segundo os liberais depende da liberdade detida pelos indivíduos para
produzir riqueza através do trabalho e consequentemente a multiplicarem através da livre
concorrência e acumulares riqueza sem limitações políticas. Assim a prosperidade do estado será
maior de acordo com o enriquecimento pessoal dos cidadãos.
• A ordem natural
Os pensadores liberais defendem que a economia é dirigida por uma “mão invisível” que
autorregula o sistema económico.
Constitui as ferramentas do mecanismo:
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A liberdade, igualdade e fraternidade foram os princípios que guiaram a burguesia a litar contra o
Antigo regime, contudo:
✓ A igualdade – qualquer um pode ascender pela riqueza, contudo o critério deixa de ser à
nascença, mas fim pela fortuna pessoal como novo critério de diferenciação social;
✓ A liberdade – pensamento e expressão só pode ser usada por quem dispõe de estudos. A
liberdade associativa diz respeito a associações políticas dominadas pela burguesia na
qual dirige o estado em função dos seus interesses;
✓ A convivência fraterna – para estabelecer a ordem e segurança das pessoas, bem como
os seus bens. A ausência de ordem e disciplina provoca agitação social e põe em causa a
ordem burguesa.
Assim verifica-se que a ordem liberal, foi uma ordem liberal burguesa e que o estado foi
condicionado a garantir a democracia burguesa.
O sufrágio não era universal, mas sim censitário, o exercício dos direitos cívicos eram reservados
a quem passassem um imposto ao estado de acordo com a sua fortuna.
A soberania nacional, contudo, não era mais do que a soberania burguesa.
Assim, o estado liberal é dominado pela burguesia proprietária, que garante a ordem social
burguesa, e que institui um círculo vicioso de riqueza e prestígio social.
As posições abolicionistas ganharam força com as doutrinas iluministas. Pois o princípio “os
homens nascem livres e iguais” apresentava-se uma contradição relativa à escravatura.
Às pressões filosóficas juntaram-se os economistas liberais, que negaram o trabalho escravo,
pois a capacidade produtiva era conseguida com homens livres.
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• O triunfo do abolicionismo
Nos Estados Unidos, devido a um antagonismo entre os estados do Sul e os estados do Norte,
deflagrou uma guerra civil, a guerra da sucessão, na qual os estados do Sul defendiam a divisão
do estado americano. A guerra acabou com a confirmação da abolição em 1865.
Em Portugal, foi um dos primeiros promotores do tráfico negreiro, contudo em 1869, durante o
reinado de D. Luís, a escravatura e o tráfico negreiro foram abolidos.
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