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Ao abrir do século XIX Portugal apresenta características do Antigo Regime que sopravam
fortemente na França revolucionária. Príncipe D. João (regente de D. Maria I com estado de
saúde alterado) governava um país:
Nos principais centros urbanos, uma burguesia comercial (ligada aos tráficos com o Brasil) e
uma franja de intelectuais frequentadores de cafés e botequins ansiavam pela mudança.
Alguns constituíam terreno fértil para a propagação dos ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade provenientes da França. Muito também se filiavam em lojas Maçónicas e
pugnavam pelo exercício da liberdade política económica pelo fim dos privilégios sociais, dos
constrangimentos religiosos, do fanatismo e, em suma, da tirania.
Uma conjuntura favorável lançou o país no caminho das transformações liberais, permitindo
materializar as aspirações de mudança.
Contexto:
Napoleão governa na França, com política imperialista (de conquista e expansão) e quer
acabar com o domínio económico da Inglaterra. Monarquia controlada por Napoleão.
Nos finais de 1806, com o objetivo de abater o poder da Inglaterra Bonaparte (imperador
dos Franceses), decretou Bloqueio Continental - impedir que os países europeus façam
comércio com a Inglaterra.
O príncipe regente D.João, adotou uma política ambígua, e não aplicou o bloqueio sendo
fiel à sua aliada Inglaterra porém, também não queria hostilizar os franceses. Esta atitude
custou o país, de 1807 em 1811, as três invasões napoleónicas, assim a família Real
embarcou para o Brasil que de colónia passou a sede de governo, que permitiu a Portugal
manter a independência do Estado.
As Invasões Napoleónicas:
A primeira invasão liderada pelo General Junot 1807- 1808, chega até Lisboa, no entanto,
não conseguiu fazer frente às tropas anglo-portuguesas comandadas pelo General
Wellesley e derrotou os Franceses nas batalhas da roliça e Vimeiro em 1808.
A segunda invasão é liderada pelo Marechal Soult em 1809 e chega até ao Porto por
Espanha, Galiza.
A terceira invasão liderada pelo Marechal Massena, de 1810, em 1811, chega até às linhas
de Torres Vedras. Sofre uma derrota por Wellesley que desenvolveu uma estratégia com
base nas linhas de Torres Vedras.
Consequências:
D. João VI prolongou até 1821 a sua permanência no Brasil (proclamado reino em 1815,
para grandes descontentamento dos portugueses que sofreu a humilhação da presença
inglesa).
Beresford viaja para o Brasil, onde consegue poderes mais alargados, mas com a revolução
de 1820 é demitido das suas funções não lhe sendo permitido desembarcar em Portugal
Continental.
O agravamento da crise
Segundo a Junta Governativa em 1820, as despesas ultrapassavam as receitas, a
agricultura e economia definhava enquanto o comércio decrescia. Para esta situação
contribuíram a abertura dos portos do Brasil (1808), ao comércio internacional (isto
impunha o fim do monopólio colonial), assim como, o tratado de comércio de 1810 com a
grande Grã Bretanha (espécie reedição do Tratado Methuen).
A rebelião em marcha
No Porto, centro da atividade mercantil, Manuel Fernandes Tomás, fundou em 1817 uma
associação secreta - Sinédrio. Com princípios do liberalismos, cujos membros pertenciam
na quase totalidade à Maçonaria. Atento à marcha dos sucessos políticos, na Espanha, o
Sinédrio propunha-se intervir logo que a situação se revelasse propícia, o que veio,
efetivamente, a acontecer em 1820 com a Revolução Liberal na Espanha.
Em janeiro deste ano (1820), na Espanha, uma revolução liberal contra a monarquia
absolutista restaurou a Constituição de 1812 que deixara de vigorar após a reação
absolutista de 1814. A Espanha tornou-se centro de uma vasta rede de agitação política e
Portugal passou a receber muita propaganda política liberal (panfletos, edições traduzidas
da Constituição espanhola).
Em Março de 1820 Beresford embarcou para o Rio de Janeiro a fim de solicitar ao Rei
dinheiro para pagamento das despesas militares e mais amplos poderes para reprimir a
crescente onda de agitação. A ausência do Marechal favoreceu a ação de Sinédrio – 24 de
agosto de 1820.
Manuel Fernandes Tomás redigiu o “Manifesto aos Portugueses” no qual se davam conhecer
os objetivos do movimento:
Respeito pela monarquia (mas não absoluta) e catolicismo: não eram contra a religião,
mas sim os poderes que o Clero detinha.
Apelar à aliança com o Rei, com as forças sociais representadas nas cortes. (algo que
assembleia do absolutismo deixara de reunir)
Pretendiam convocar novas Cortes para redigir uma Constituição para Portugal,
defensora da autoridade régia e dos direitos dos portugueses
Implementação de um Governo justo e eficaz
O novo governo exerceu funções durante 4 meses, conquistando a unanimidade do país até ao
Brasil – orientou politica externa. Teve como principal tarefa a organização de eleições para as
Cortes Constituintes (dezembro de 1820), que iniciaram os trabalhos a 24 de janeiro de 1821.
O vintismo saiu vencedor e fora aceite sem grande resistência, incluindo na Madeira, nos
Açores, nas colónias em África e também no Oriente e no Brasil.
Características gerais:
Muito avançada para a sua época. Monárquicos e religiosos criam uma Constituição mais
moderada e menos radical. Esta ação radical é conhecida por vintismo.
Religião: Os deputados conservadores entendiam que o catolicismo deveria ser a única religião
permitida no Reino, ao mesmo tempo que advogavam uma censura prévia aos escritos sobre a
igreja e a religião. Esta opinião viu-se ultrapassada pelos radicais que fizeram vigorar o
princípio de que a religião católica era a religião oficial dos portugueses e não consentiu à
censura dos escritos eclesiásticos. - Apesar de não estar consagrada na lei a liberdade religiosa
para os portugueses, os estrangeiros podiam realizar livremente os respetivos cultos.
Estrutura das Camâras: Conservadores defenderam o sistema bicameral inglês, uma Câmara
de Deputados do Povo e uma Câmara alta que representaria as classes superiores.
Porem vigorou a solução oposta, uma Câmara única, imposta pelos radicais.
Veto: solucionado a contento dos radicais: quem não concordasse com uma lei o monarca
poderia remetê-lo ao Congresso para efeito de segunda votação, mas esta seria definitiva e de
aceitação obrigatória para o rei.
Reforma dos forais: pretendeu libertar os camponeses dos vínculos de cariz senhorial
procurando solucionar o atraso da agricultura.
Foram tomadas medidas liberais, mas nem sempre de forma uniforme (plena de contradições).
Quanto à atuação socioeconómica, a legislação vintista manifestou-se precária.
A caminho da separação
Logo a seguir, Quádrupla Aliança contou com a participação da Inglaterra e França (apoiantes
de D. Pedro) servia para reprimir vários movimentos nacionalistas.
Apesar dos vintistas terem declarado que não pretendiam subverter as instituições-base do
país (monarquia e religião católica), a nobreza e o clero mais conservadores encetaram a
contrarrevolução absolutista. Descontentes com o radicalismo da Constituição e prejudicados
pela abolição de antigos privilégios senhoriais, encontraram um apoio por parte da Rainha D.
Carlota Joaquina e do seu filho mais novo, o Infante D. Miguel.
A contrarrevolução eclodiu em 1823, quando dois regimentos saem de Lisboa rumo a Vila
Franca, mandados para defender a fronteira de um eventual ataque. Revoltaram-se em Vila
Franca com apoio de D. Miguel, com a intenção de libertar o rei e Nação dos radicais e dotar o
país de uma nova Constituição.
A revolta - Vila Francada - terminou quando o Rei D. João VI intimou o filho para se apresentar
e retomou o comando da situação. Ao mesmo tempo remodelou o Governo, entregando-o a
liberais moderados e propor se alterar a Constituição.
Abrilada: D. Carlota Joaquina e D. Miguel tinha um propósito que o Regime Absoluto fosse
novamente reposto.
No final de 1823 , polícia descobriu uma conspiração planeada pela rainha e filho para forçar
D. João VI a abdicar. A conspiração ficou malograda.
A Carta Constitucional e a tentativa de apaziguamento político-social
A 2 de maio de 1826 abdicou dos seus direitos à coroa portuguesa à sua filha mais velha, D.
Maria da glória. Esta deveria casar (pelo papel) com o seu tio D. Miguel, que ao regressar a
Portugal, juraria o cumprimento da Carta Constitucional e assumiria a Regência do Reino de
Portugal.
Inovações antidemocráticas:
2 câmaras: Câmara dos Deputados eleita por sufrágio indireto, só tinham direito a voto
aqueles que tivessem rendimentos relativamente elevados (100000 réis). Câmara de
Paços, membros incluíam a alta nobreza, o alto clero, o príncipe real, eram nomeados
a título vitalício e hereditário.
O rei tinha o poder moderador. Podia nomear os Pares, convocar as Cortes e dissolver
a Câmara dos Deputados nomear e demitir o Governo, suspender os magistrados,
conceder amnistias e perdões e vetar, a título definitivo, as resoluções das Cortes. Ao
contrário das constituições mais radicais, os direitos do indivíduo eram banidos para o
fim do diploma.
Ao ampliar os poderes do rei e da alta nobreza, com assento vitalício e hereditário nas cortes,
a Carta Constitucional, representa um manifesto retrocesso relativamente à Constituição de
1822.
Assim, D. Miguel é tornado regente, chega a Lisboa 1828 após ter jurado fidelidade à Carta
Constitucional. A sua chegada é acompanhada de manifestações antiliberais organizadas pelos
seus apoiantes. A Igreja continua defensora do absolutismo.
A sua adesão ao liberalismo revelou-se falsa e bateu uma repressão sobre os simpatizantes do
liberalismo.
Milhares de liberais fugiram para França e Inglaterra. Organizaram uma resistência e, a partir
de 1831, contaram com o apoio de D. Pedro, que abandonou o trono brasileiro e veio lutar
para a restituição da filha ao trono português.
Dirigiu-se aos arquipélagos, à Ilha Terceira, que recusava o absolutismo e assumiu a sua chefia
da Regência liberal, disposto a aniquilar a ilegalidade que o seu irmão impusera no país.
Mobilizando influências diplomáticas nas cortes europeias (países liberais como a França e
Inglaterra). D. Pedro conseguiu dinheiro, navios e técnicos com que levantou um pequeno
exército constituído por 7500 homens.
O desembarque das forças liberais deu-se em 1832, no Mindelo, cercada a cidade do Porto
viveu-se o episódio mais dramático da guerra civil entre liberais e absolutistas - o cerco do
Porto. A cidade é cercada por, provocando fome e uma epidemia.
Para aliviar o cerco, D. Pedro organizou uma expedição ao Algarve, destroçaram a esquadra
miguelista e tomaram em 1833 Lisboa, desmoralizados pelas deserções nas suas fileiras, pela
perda do apoio dos populares e pelo conjuntura externa disposta a favorecer a causa liberal na
Península Ibérica. Os absolutistas não encontraram mais força para continuar os combates.
Instala-se o cartismo durante quase 2 anos (1834-1836) até se dar revolução de Setembro, que
restaurou a Constituição de 1822 e cria a nova Constituição de 1838.
Desde que assumiu a regência liberal nos Açores, a 3 de março de 1832, D. Pedro não poupou
esforços para que o cartismo reinasse.
Estas medidas resultam. Ao mesmo tempo que se eliminavam de vez as velhas justiças do foro
privado conseguia se a lei aplicada de forma igual para todos e reconhecia se o direito de
petição.
Mouzinho da Silveira destruiu absolutismo, com a razão das leis, demoliria os particularismos
e privilégios do antigo regime, ajudando a construção do Estado e da sociedade
verdadeiramente modernos.
Outras reformas
A vitória dos Liberais em 1834 não significou a pacificação do país. Após a guerra civil, e vitória
do liberalismo, verificou-se uma rivalidade entre vintistas e cartistas.
A revolução de Setembro reagiu tanto aos excessos de miséria em que a guerra civil.
Mergulhara o país como a atuação do Governo cartista. Este era acusado de corrupção e de
apenas defender os interesses de alta burguesia.
A 9 e 10 de setembro de 1836, com chegada a Lisboa dos deputados eleitos no Norte para as
Cortes. Deu-se uma revolta de apoio ao vintismo.
A perda do mercado brasileiro, levou à exploração colonial em África. Continente, até então
utilizado como reservatório de mão-de-obra escrava.
Durante a vigência dos sete governos setembristas, a sua governativa e a sua obra legislativa
ficaram marcadas por importantes reformas.
Nos domínios fiscal e agrários, não se atreveu a abolir taxas gravosas para os pequenos
agricultores, nem penalizou com impostos os grandes proprietários.
Difundiu-se a energia a vapor, surgiu a Companhia das Obras Públicas de Portugal, tendo como
objetivo a construção e reparação de estradas, levantaram-se algumas pontes, sobretudo no
Norte.
Reformou-se a Saúde sendo proibidos enterramentos nas ilhas: leis da saúde (cemitérios eram
instalados ao lado ou atrás das igrejas, o sepultamento no interior era sinal de prestígio para
os católicos.)
Motivos:
A demissão do Governo e a saída de Costa Cabral (20 de maio), não foram, suficientes para
trazer a acalmia social e política.
A guerra civil reacendeu se com a chamada Patuleia: outubro de 1846 a junho 1847.