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Ao abrir o século XIX, Portugal parecia escapar aos ventos do Liberalismo que sopravam
fortemente na França revolucionária e dela irradiavam para o resto do continente.
Na verdade, o príncipe D. João, que o estado de loucura de sua mãe, D. Maria, fizera
regente, governava um país profundamente enraizado ao Antigo Regime. As atividades
primárias predominavam. Pesadas obrigações senhoriais condenavam o campesinato à
miséria.
O absolutismo estava para durar, quanto mais se escudava na ação repressiva da Inquisição,
da Real Mesa Censória e da Intendência-Geral da Polícia.
No entanto, nos principais centros urbanos, uma burguesia comercial, ligada aos tráficos
com o Brasil, ansiava pela mudança. O mesmo se podia dizer de uma franja de intelectuais
frequentadores de cafés e botequins. Uns e outros constituíam terreno fértil para a
propagação dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, provenientes de França.
(As revoluções francesas tiveram um grande impacto em Portugal, porque foram elas que
serviram de inspiração e motivação para os portugueses defenderem os seus direitos e tudo
mais, por outras palavras, foram as revoluções francesas que deram as ferramentas
necessárias aos portugueses para se dar uma grande mudança).
A partida da família real para o Brasil, que de colónia passou a sede de Governo, permitiu a
Portugal manter a independência do Estado.
(Com estas invasões a família real viu-se “obrigada” a partir para o Brasil, transferindo a sede do
poder para lá, deixando o nosso país entregue a um governante inglês, o Beresford).
O preço a pagar revelou-se bem alto, não só pela devastação e destruição causada, mas,
especialmente, pelo domínio político e económico que Inglaterra exerceu entre nós.
Quatro anos de guerra com França deixaram o país na miséria. A agricultura, o comércio e a
indústria foram profundamente afetados e o património nacional sofreu importantes
perdas.
Ä Corte ausente, ingleses presentes
D. João teimava em permanecer no Brasil, proclamado reino em 1815, para grande
descontentamento dos Portugueses, que sofriam a humilhação da presença inglesa.
O marechal Beresford encarregue de restruturar o exército e organizar a defesa do reino
contra os Franceses, tornou-se generalíssimo e comandante chefe das tropas portuguesas,
nas quais os britânicos ocupavam as mais altas patentes.
Beresford exerceu um rigoroso controlo sobre o funcionalismo e a economia, reativou a
Inquisição e encheu as prisões de suspeitos de jacobinismo. (esta repressão atingiu
particular crueldade em 1817, quando o general Gomes Freire de Andrade e mais 11 oficiais
foram executados).
Entretanto, a situação económica e financeira assumia contornos de elevada gravidade. (A
situação económica e financeira de Portugal cada vez estava pior).
• As despesas ultrapassavam as receitas, a agricultura definhava (decaí-a) e o comércio
decrescia. Para esta situação muito contribuíram a abertura dos portos do Brasil, em 1808,
ao comércio internacional, assim como o tratado de comércio de 1810 com a Grã-
Bretanha.
Este tratado é considerado uma espécie de confirmação do Tratado de Methuen, porque
em troca de liberdade de comércio e navegação, as mercadorias britânicas (nomeadamente
as manufaturas) entravam com grandes facilidades em Portugal e seus domínios.
Além disto, a perda do exclusivo comercial com o Brasil revelou-se desfavorável para a
economia portuguesa. Isto, porque o Brasil, a colónia mais importante de Portugal, deixava
de nos fornecer matérias-primas e alimentos a baixos preços. Ao abrigo do pacto colonial, a
grande colónia brasileira constituía: um mercado garantido de escoamento para a produção
manufatureira nacional.
Privada de importantes tráficos, a burguesia portuguesa sofreu, naturalmente, sérios
prejuízos.