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No inicio do século XIX Portugal era um país típico do Antigo Regime. Governado pelo príncipe D.João, a agricultura
era a principal atividade económica e a sociedade continuava com os antigos privilégios da nobreza e clero.
A inquisição, a Real Mesa Censória e a Intendência-Geral da polícia continuavam com a sua ação repressiva contra
todos os que desejavam ou pretendiam alguma mudança.
Já nos centros urbanos, burgueses e intelectuais, ligados ao comércio com o Brasil e alguns intelectuais discutiam
algumas ideias de mudança. Surge também a maçonaria, que era uma sociedade secreta, cujos membros cultivavam
os princípios da liberdade, igualdade, fraternidade e aperfeiçoamento intelectual. Os maçons estruturaram-se e
organizaram-se em células autónomas, designadas por Lojas, todas iguais em direitos e honras independentes entre
si.
Os anos passaram e D. João, príncipe regente e, a partir de 1816, rei, não mostrava qualquer intenção de regressar,
tendo mesmo promovido o Brasil ao estatuto de reino em 1815, decisão que aumentou ainda mais o mal-estar na
metrópole. O sentimento era, cada vez mais, o de que Portugal trocara de posição com o Brasil, tendo este passado
a ser o centro do Império e aquele decaído à condição de colónia.
Dominação Inglesa
Além de ser agora uma espécie de colónia do Brasil, Portugal era, assim, igualmente, aos olhos de muitos, um
protetorado da Grã-Bretanha.
A situação económica agravava-se cada vez mais: as despesas ultrapassavam as receitas, a agricultava deficitava e o
comércio cada vez mais decrescia. Os fatores contribuintes desta situação foram:
A abertura dos portos Brasileiros ao comércio internacional, em 1808 – fim do monopólio comercial
Tratado de comércio com a Grã-Bretanha – considerado uma espécie de reedição do tratado de Methuen, as
mercadorias britânicas tinham grandes facilidades para serem comercializadas em Portugal.
Formação do Sinédrio
Não espanta que a burguesia tenha ficado encarregue da preparação da rebelião em marcha, com especial destaque
para a que estava radicada no Porto, notável centro da atividade económica e mercantil. Em 1817, Manuel
Fernandes Tomás, funda uma associação secreta - Sinédrio – cujos membros pertenciam maioritariamente á
Maçonaria. Esta associação defendia os princípios do Liberalismo, que mais tarde se propunha a intervir logo que a
situação se revelasse propícia (revolução de 1820).
Em janeiro de 1820, em Espanha, uma Revolução Liberal, restaurou a constituição de 1812, que era liberal, que
deixara de vigorar por causa da reação absolutista de 1814. A Espanha tornou-se um centro de agitação e de
propaganda política liberal.
Mais tarde, o marechal Beresford, que esteve incumbido de reestruturar o exército e organizar a defesa do reino
contra os franceses, que mais tarde acabaria por executar 11 oficiais do exército e o general Gomes Freire de
Andrade, embarcava para o Brasil, solicitando ao rei dinheiro para o pagamento de despesas militares e mais
poderes para reprimir a agitação de Portugal.
Revolução Liberal
No dia 24 de agosto de 1820, no Porto, deu-se um levantamento militar com o apoio da burguesia comercial e até de
alguns proprietários rurais de origem aristocrática. Militares, burguesia comercial e proprietários rurais estavam
unidos contra a dominação inglesa.
À tarde, em reunião na sede da Câmara Municipal do Porto, enquanto lá fora, na Praça Nova, soldados e povo
davam vivas à Revolução, constituiu-se a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, composta por António da
Silveira na presidência, Sebastião Cabreira na vice-presidência, Bernardo Sepúlveda, três secretários (entre eles,
Ferreira Borges e Silva Carvalho) e doze vogais.
A Manuel Fernandes Tomás coube a redação do Manifesto aos portugueses, no qual se davam a conhecer os
objetivos do movimento. Quanto ás razões, aponta a situação catastrófica em que o reino se encontrava e a
incapacidade de governar da Regência. Em relação aos objetivos, defende a convocação de Cortes que aprovassem
uma sábia Constituição, que fosse defensora dos direitos dos portugueses e da autoridade régia.
A revolução encontrou pelo país uma forte adesão. A 15 de setembro, em Lisboa, um grupo de oficiais do exército
expulsaram os regentes e constituíram um governo interino.
Com o Conselho de Regência afastado do poder, durante a segunda metade do mês de setembro, houve
negociações difíceis entre a Junta do Porto e o Governo interino, com o entendimento a surgir no dia 27, graças aos
esforços dos representantes de cada uma das partes, Francisco de São Luís e Hermano Braamcamp do Sobral. A
proposta que permitiu o acordo terá sido da autoria do Governo interino e originou a criação de dois organismos
constituídos de modo misto por elementos da Junta do Porto e do Governo interino: a Junta Provisional do Governo
Supremo do Reino, com funções administrativas, e a Junta Provisional Preparatória das Cortes, dividida em dois
grupos e que teria como responsabilidade a organização das Cortes, tanto ao nível da logística, como da preparação
dos conteúdos que naquelas se discutiriam.
O governo exerceu funções durante 4 meses, e organizou eleições para as cortes constituintes que iniciaram os seus
trabalhos a 24 de janeiro de 1821.
Bibliografia
https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/A-Revolucao-Liberal-1820.aspx
https://pt.slideshare.net/vmsantos/5-04-a-implantao-do-liberalismo-em-portugal