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21/09:
Em meados do séc. XIX, devido à uma conjuntura multifacetada de fatores externos e internos,
o regime monárquico absolutista português estava perante uma fase de incessável rutura.
A resposta de Napoleão, foi relativamente rápida. Uma ideia de ocupação conjunta fora
explorada por Espanha e França através do Tratado de Fontainebleau, assinado a 27 de
outubro de 1807, dividindo o território em três partes: as terras de Entre-Douro e Minho
(Lusitânia Setentrional) cedidas ao rei da Etrúria pelo mesmo ter cedido a Toscânia como
territórios franceses; o Alentejo, o Algarve e as Índias portuguesas para tutela espanhola; e as
províncias de Trás-os-Montes, Beiras e Estremadura integrando territórios franceses.
As invasões dos franceses em território português era agora uma realidade cada vez mais
próxima, a insegurança e o medo instalado comprova-se pela acelerada saída das altas
camadas da sociedade, de elementos da alta burguesia e nobreza para Inglaterra e para o
Brasil, temendo as invasões. O mesmo se seguiu pouco tempo depois, “Portugal europeu não
era a mais importante parte da monarquia”, como expressou o secretário de Estado D. Rodrigo
de Sousa Coutinho, e a 29 de novembro de 1807, D. João VI, príncipe regente partiu com a
corte para o Brasil, algo que já estaria a ser negociado com os ingleses desde 1801 e que seria
agora concretizado efetivamente. A corte portuguesa escaparia assim à primeira invasão
francesa, que chegou a Lisboa no dia seguinte, liderada pelo general Junot.
A situação política portuguesa ficava assim nebulosamente resolvida, com a constituição de um
governo sobre responsabilidade de um Conselho de Regência, composto por nove
personalidades representativas da nobreza, clero e magistratura.
Até 1808, houve um estado de ambiguidade entre quem tomava decisões, já que as forças
francesas não aboliram as forças políticas instituídas. A partir de 1 de fevereiro de 1808, é
formalmente anexado Portugal ao império francês e a administração pública começa a utilizar
os modos franceses. Durante este primeiro período, Junot procurou manter uma imagem e
opinião positiva pelos portugueses.
Este seria elevado à categoria de reino e o Rio de Janeiro passaria a ser a capital do “Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves” em 1815.
Em 1810 o Pacto Colonial seria alterado com a abertura dos portos Brasileiros ao comércio
internacional levando à dinamização das trocas comerciais brasileiras em detrimento das
portuguesas. Havia assim um forte distanciamento face às autoridades políticas que ficaram
em Portugal na regência que tinham maus entendimentos com os políticos ingleses (como o
general Beresford) que permaneciam no reino. A preocupação fundamental dos governadores
de Lisboa era a de alertarem o rei para a necessidade de serem tomadas medidas para
contrariarem o estado de pobreza, miséria e ruína agrícola e industrial em que o país se
encontrava solicitando o regresso do mesmo.
Outro fator era o descontentamento face às políticas do general Beresford, que em 1815
planeava um novo regulamento para o exército português que acarretaria uma despesa
extraordinária, inclusive, preferia os ingleses nos cargos militares mais elevados em detrimento
dos portugueses.
No entanto, a posição dos governadores portugueses foi ambígua, tendo exercido uma ação de
repressão sobre as tentativos revolucionárias:
As Sociedades Secretas
O Mártires da Liberdade
Em Lisboa no ano de 1817 foi criado o Supremo Concelho Regenerador de Portugal, Brasil e
Algarves que se pensou numa conspiração com o objetivo de afastar o controle inglês dos
postos militares e promover políticas que fortalecessem a independência nacional. Os
conspiradores na sua “Proclamação aos Portugueses” apelava à união de todos, muitos dos
seus membros eram da maçonaria, e estiveram em serviço no exército napoleónico.
Na manhã do dia, no Campo de Santo Ovídio no Porto as tropas lideradas pelo coronel Cabreira
ouviram ler as proclamações proferidas pelo movimento, das quais:
- a salvação da pátria
Face à revolução, a regência de Lisboa organizou um corpo militar liderado pelo conde de
Barbaceno para os combater, mas que fracassou e em 15 de setembro de 1820 ocorreu um
movimento revolucionário semelhante ao do Porto que expulsou os membros da regência e
constituiu um governo interino sob a presidência de Freire de Andrade.
A 1 de outubro de 1820 as Juntas Provisionais do Porto e Lisboa uniram-se dando lugar à Junta
Provisional do Governo Supremo do Reino (presidida pelo brigadeiro general António da
Silveira até 28 de setembro de 1820 e depois por Freire de Andrade até 27 de janeiro de 1821).
- Tomar conta da Regência do país, nomeada por D. João VI, ainda no Brasil (que pediam que
regressasse ao país);
A “Martinhada”
Apesar de tudo o movimento revolucionário estava longe de ser homogéneo, por um lado
havia os liberais moderados como juristas e civis e os militares subdivididos entre os
conservadores (com os principais chefes militares que defendia apenas a saída dos britânicos e
o regresso do rei, querendo manter apenas as suas regalias) e os mais revolucionários radicais
(militares que queria mais mudanças estruturais e além das mudanças ideológicas entendiam
que a força militar devia se sobrepor à foça civil), o que unia estas fações era a vontade de
contrariar a crise profunda que o país passava. Assim que a revolução foi bem sucedida
criaram-se as condições para que em 11 de novembro de 1820 ocorresse a Martinhada (dado
ter sido no dia de São Martinho), foi uma concentração de vários corpos militares no Rossio, e
aí de seguindo o Juiz da Casa dos Vinte e Quatro decidem adotar as bases da Constituição
Espanhola, a nomeação de novos membros para o governo e o afastamento de outros e a
chefia militar de Gaspar Teixeira.
O novo governo interino fês pouco mais que organizar eleições para as cortes, em janeiro de
1821 e após ter sido solicitado pelas cortes de dezembro de 1820, a Junta Provisional teve o
seu fim e exigiu o regresso imperativo do Rei do Brasil. O rei apenas regressou em julho de
1821 só depois de ter jurdo previamente as bases da futura constituição.
Fim da Junta Provisional- Novo governo (janeiro de 1821)- As Cortes elegeram um novo
governo e uma nova regência (presidia pelo Conde de Sampaio) para governar Portugal na
ausência de D. João VI e até que o rei regressasse ao país (julho de 1821).
As Cortes Vintistas
25/09:
Em 1820, denota-se um clima de instabilidade política e de insatisfação generalizada pela
metrópole portuguesa. D. João VI retorna à metrópole, após o exacerbar de um clima de
instabilidade que se sentia. Em julho de 1821, jura a nova ordem Constitucional
A 4 de julho, o rei dirige-se ao Convento das Necessidades, e constitui um novo governo. Este
momento é marcante pois sinaliza o início prático da Monarquia Constitucional em Portugal.
O sufrágio era não universal, sendo excluídas mulheres, analfabetos e menores de 25 anos.
Foi de difícil implantação. Por vários fatores. Oposição das elites da nobreza e clero, além dos
membros da família real. Movimentos restauracionistas pela Europa, que levaram à
instauração do absolutismo em Espanha
Em novembro de 1822, após forte contestação e recusa a jurar a Carta Constitucional de 1822,
foi obrigada a exilar-se pelo governo. No entanto, por motivos médicos, acabou em prisão
domiciliária no Quinta do Ramalhão, para
Vila Francada. A 27 de março de 1823, ocorre uma insurreição militar em Vila Franca de Xira.
A 5 de junho de 1823, o rei D. João VI, a rainha e o infante, são recebidos em Vila Franca de
Xira de forma triunfal, ao que consta por 40 militares desatrelaram os animais que puxavam o
coche e disposeram-se eles próprios a movê-lo.
D. Pedro IV (D. Pedro I do Império do Brasil), vai abdicar do trono português, deixando-o à sua
filha, D. Maria da Glória. D. Miguel, irmão de D. Pedro ficaria como regente até a sua sobrinha
atingisse a maioridade, caso jurasse a nova Carta Constitucional.
A Carta Constitucional de 1826, outorgada por D. Pedro IV, instituía a divisão do governo em 4
poderes. O poder legislativo, o poder judicial, o poder executivo, e o poder moderador.
O poder moderador, acentuava o papel do monarca que pode ser definido como a chave de
toda a organização política cabendo ao rei sancionar, votar e decidir as decisões e leis do poder
legislativo, tinha o poder de dissolver a câmara de deputados e nomear a câmara dos pares
(podendo colocar pessoas da sua confiança), poder de convocar as Cortes. Colocava o rei no
centro da questão política, apesar de os poderes continuarem divididos.
A carta de 1826 não é insensível aos direitos individuais considerados importantes à época,
colocando como último artigo.
Era uma carta de caráter mais conservador, mais próxima do passado absolutista, com algumas
características liberais. Um equilíbrio nas duas forças, uma moderação entre as duas maiores
fações políticas do reino à época.
27/09
Restauração do Absolutismo
O período seguinte à aclamação de D. Miguel I como rei, foi marcado por uma forte repressão
política, o chamado “terror miguelista”. Entre outras medidas, foram constituídos tribunais
próprios, “alçadas”, compostos especialmente para tratar de crimes políticos ou crimes de lesa-
magestade, resultando em milhares de presos (mais de 14000) e exilados (mais de 13000), 39
executados. Nunca houve semelhante repressão e perseguição política em Portugal,
demonstrando estas estatísticas a expressão do liberalismo.
O impacto internacional da aclamação de D. Miguel I como rei absoluto foi grande. Havia
discussão sobre a questão portuguesa, sobre a sua legitimidade ou se se trataria de usurpação
do trono. E o reconhecimento da legitimidade não veio de imediato, Espanha em 1829, o
Vaticano em 1831, e os Estados Unidos. A França, a Inglaterra, países de tradição liberal,
juntamente com a Rússia e a Áustria nunca chegaram a reconhecer D. Miguel I como rei.
D. Maria da Glória é enviada para Inglaterra. Mais tarde acabaria por ir para o Brasil.
Dos Açores parte para o Norte do país. As forças miguelistas fortemente concentradas que o
esperavam em Lisboa, permitiu a D. Pedro e as suas forças liberais desembarcarem
calmamente no Mindelo a 8 de julho de 1832, para no dia seguinte ocupar o Porto, sem
resistência. Em consequência, os miguelistas cercam o Porto, durando de julho de 1832 a
agosto de 1833, culminando na derrota liberal devido à proliferação da fome e insalubridade,
mas por outro lado, a atenção dada ao cerco do Porto, gerou uma oportunidade de enviar uma
pequena expedição para ocupar o Algarve enviada por mar a 21 de julho de 1833.
Conde de Vila Flor, António Noronha, Duque da Terceira. Consegue a ocupação inteira do
arquipélago dos Açores.
3 de março de 1832. Chega à Ilha Terceira. Proclama que apenas ocuparia o trono como
regente até que a sua filha não atingisse a maioridade. Primeiro governo liberal composto por
personalidades moderadas. Agostinho José Freire, Pasta da Guerra e Marinha. Marquês de
Palmela. Pasta/Ministério Estrangeiros e do Reino. José Xavier Mouzinho da Silveira, Pasta da
Fazenda, responsável por um vasto e importante pacote de reformas (extinção de conventos
nos Açores, restringe os morgadios, reduz os direitos senhoriais, etc), pretendendo
circunscrever o domínio espiritual à Igreja.
Apesar da vitória da fação liberal na Guerra Civil, o liberalismo não se implantou de forma
sólida em Portugal. O período que se seguiu, de 1834 a 1851, foi marcado por instabilidade
sociopolítica por ressurgimento de conflitos e polaridades entre vintistas e cartistas.
D. Maria nomeou o Duque de Palmela para formar governo. Entre 1834-1836, Duque de
Saldanha, Duque de Palmela, etc, governam entre vários governos.
Leis liberais.
Decreto de 30 de maio de 1834. Extinção das ordens religiosas masculinas e nacionalização dos
bens através da venda. Flop financeiro, por falta de logística e burocracia efetiva.
O fracasso económico da nacionalização das ordens religiosas, levou também a serem tomadas
medidas do ponto de vista burocrático-logístico, com o intuito de modificar o modo de venda
de bens nacionais, de modo a aumentar os lucros para a Fazenda do Estado.
Para reduzir a dependência financeira externa, deu-se primazia a empréstimos internos, ou
pelo menos, empréstimos mistos.
As medidas de Passos Manuel foram muito contestadas e controversas. Apesar das suas
medidas benéficas, nem sempre foram aprovadas. Acabaria por abandonar o cargo a 1 de julho
de 1837, após pedir a exoneração do cargo à rainha D. Maria II.