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Racionalidade argumentativa e filosofia

e a dimensão discursiva do trabalho


filosófico

DISCIPLINA: FILOSOFIA 10º ANO Autoria: Susana Dias/ Powerpoint Novos Contextos
Porquê analisar o texto filosófico?

O texto filosófico é essencial para a construção


do conhecimento filosófico;
Cada filósofo expressa-se com um discurso,
método e estilo próprios;
Apesar de todo o texto filosófico ser único, a
Filosofia assenta num discurso validado
racionalmente.
A compreensão do texto filosófico depende, em grande medida, da
apreensão da sua estrutura lógica e argumentativa.

Para que interpretes


o texto, deves ser
capaz de:

 Identificar do tema.
 Identificar o problema abordado.
 Compreender a estrutura argumentativa.
 Apreender a(s) tese(s) central(ais) apresentada(s).
 Identificar os argumentos que suportam a tese.
A definição de lógica
LÓGICA

Disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumentos corretos (ou válidos) e
incorretos (ou inválidos), mediante a identificação das condições necessárias à operação
que conduz da verdade de certas crenças à verdade de outras.

Estudo das leis, princípios e regras a que devem obedecer o


pensamento e o discurso para serem válidos.

Lógica formal

Analisa a validade
dos argumentos
dedutivos.
Os elementos lógicos do
pensamento
Os elementos lógicos do
pensamento

A Filosofia tem uma dimensão discursiva


que utiliza os mesmos instrumentos lógicos
que o discurso em geral:

 O conceito  Termo
 O juízo  Proposição
 O raciocínio  Argumento
 O conceito

Conceito = ideia/
representação mental
( conceptualizar)

Termo =
MAÇÃ verbalização
do conceito
 A proposição

PROPOSIÇÕES FRASES

Nem todas as frases expressam proposições.

Só as frases declarativas

Afirmam, negam,
atribuem, declaram Podem ser
ou constatam alguma consideradas
coisa. verdadeiras ou falsas
 A proposição

Pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso,


expresso por uma frase declarativa.

 Uma ordem: Vai-te embora!


 Uma interjeição: Que dor!
a
m :
é u ição
o s
N ã op o
pr
APLICA O QUE SABES

Exercício 1
Do seguinte conjunto de frases, identifica quais são
proposições:

a) Há pessoas que questionam a sua existência

b) Tens a certeza que Astana é a capital do


Cazaquistão?
c) Vai-te embora!
d) Os morcegos são mamíferos.
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS

QUALIDADE QUANTIDADE

AFIRMATIVAS NEGATIVAS UNIVERSAIS PARTICULARES

Uma proposição é
negativa quando ela
Uma proposição é nos indica – nuns
Uma proposição é Uma proposição é
afirmativa quando ela casos através da
considerada universal considerada particular
nos indica – através da cópula, noutros
quando o sujeito é quando o sujeito é
cópula – que o através de
tomado em toda a sua tomado apenas numa
predicado convém ao quantificadores como
extensão. parte da sua extensão.
sujeito. «Nenhum» – que o
predicado não
convém ao sujeito.

Exemplo: Exemplo: Exemplo: Exemplo:


Qualquer deus é Há animais que não Todos os cães são Alguns insetos
imortal. são mortais. vertebrados. perturbam.

NOTA: as proposições singulares – aquelas em que um predicado/atributo é afirmado ou negado de


um único sujeito – serão consideradas proposições universais.
Da combinação da qualidade e da quantidade,
resultam os seguintes tipos de proposição:

Tipos de proposições Forma lógica

Tipo A Universal afirmativa Todo o S é P.

Tipo E Universal negativa Nenhum S é P

Tipo I Particular afirmativa Algum S é P

Tipo O Particular negativa Alguns S não são P


Proposições categóricas na sua forma-padrão ou forma
canónica e outras expressões das mesmas

Tipo A Universais afirmativas

O predicado é afirmado de todos os elementos da classe que o sujeito representa.

Forma-padrão Outras expressões

Qualquer filósofo é crítico.


Ser filósofo é ser crítico.
Todo o S é P Os filósofos são críticos.
  O filósofo é crítico.
Todos os filósofos são críticos. Quem é filósofo é crítico.
Não há filósofos que não sejam críticos.
Só há filósofos críticos.
Tipo E Universais negativas

O predicado é negado de todos os elementos da classe que o sujeito representa.

Forma-padrão Outras expressões

Os animais não são perigosos.


O animal não é perigoso.
Nenhum S é P
Ser perigoso não é uma característica dos animais.
 
Não há animal que seja perigoso.
Nenhum animal é perigoso.
Só existem animais não perigosos.
Todos os animais não são perigosos.
Tipo I Particulares afirmativas
O predicado é afirmado apenas de uma parte dos elementos da classe que o sujeito
representa.
Forma-padrão Outras expressões

Certos dias são belos.


Algum S é P
Há dias belos.
 
Existem dias belos.
Alguns dias são belos.
Existe pelo menos um dia que é belo.
Tipo O Particulares negativas
O predicado é negado apenas de uma parte dos elementos da classe que o sujeito
representa.
Forma-padrão Outras expressões

Certos caminhos não são transitáveis.


Algum S não é P Há caminhos não transitáveis.
  Existem caminhos não transitáveis.
Alguns caminhos não são Existe pelo menos um caminho que não é
transitáveis. transitável.
Nem todos os caminhos são transitáveis.
APLICA O QUE SABES

Exercício 2
1: Identifica o tipo das seguintes proposições:

a) Certos homens são dogmáticos


b) Não há canções de amor
c) Não há um único artista que não seja criativo
d) Sócrates era um inquietador de mentes
adormecidas
e) Nem todas as mulheres são feministas
O argumento
 Argumentos

Conjunto variável de proposições ( ou


afirmações) articuladas entre si, com o intuito de
uma delas ser apoiada pelas outras.

Constituído

Conclusão= tese:
Premissas: proposição que se
proposições que pretende apoiar e que
apoiam a conclusão resulta da relação entre as
premissas

Todos os mamíferos são inteligentes.


Exemplo Todos os seres humanos são mamíferos.
Logo, todos os seres humanos são
inteligentes.
Como Sim! Com
o
reconhecer identifica
ra
um tese e as
argumento? premissa
s?
Indicadores de premissa e de conclusão
– exemplo

Exemplo
Proposição 1 – O Universo não é infinito.
O Universo não é infinito. Com Proposição 2 – Se o Universo fosse infinito, a
força da gravidade não existiria.
efeito, se o Universo fosse infinito,
Proposição 3 – A força da gravidade existe.
a força da gravidade não existiria.
Ora, a força da gravidade existe.
Se o Universo fosse infinito, a força da gravidade

não existiria.
Indicadores de premissa
A força da gravidade existe.

Logo, o Universo não é infinito.

Indicador de conclusão
Indicadores de Ora; porque; uma vez que; pois; visto que;
premissa como; em virtude de; considerando que; por
causa de; supondo que; atendendo a que; já
que; (...)

Por isso; assim; daí que; portanto; segue-se


Indicadores de
conclusão que; infere-se que; logo; por conseguinte; por
consequência; assim sendo; por isso; (...)
APLICA O QUE SABES

Exercício 3
Tendo em conta os indicadores de premissa e de conclusão,
coloca os seguintes argumento na sua forma- padrão.

a) Infere-se que a madeira é um mau condutor de


electricidade sabendo que a madeira é um isolante
e os isolantes são maus condutores.

b) Uma vez que a generalidade dos trabalhos de


escrita é difícil, segue-se que os preguiçosos não
gostam do trabalho de escrita.
Distinção entre validade e verdade
Distinção entre validade e verdade

Validade Verdade

Forma Conteúdo

Argumentos Proposições
Validade  Diz respeito à estrutura formal
do argumento, ou seja, ao
modo como o raciocínio é
construído,
independentemente de as
premissas que o compõem
serem verdadeiras ou falsas.
 Os argumentos são válidos ou
inválidos
 A validade diz unicamente
respeito à forma lógica do
argumento.
• A verdade, pelo contrário, é
Verdade uma propriedade
exclusivamente relacionada
com o conteúdo ou matéria
das proposições.
• Refere-se à relação que as
proposições que compõem o
argumento estabelecem com a
realidade.
ARGUMENTOS DEDUTIVOS

A sua validade depende apenas da forma lógica.

Se as premissas
forem verdadeiras e
Num argumento dedutivo válido é logicamente impossível que as
a conclusão falsa,
premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.
então o argumento
é inválido.

Os argumentos dedutivos válidos são especialmente


apreciados pelos filósofos.

Estes argumentos preservam


a verdade.
Exemplo Exemplo

Todos os alunos são sensatos. Todos os alunos são sensatos.


Todos os jovens de dezasseis anos são alunos. Todos os jovens de dezasseis anos são sensatos.
Logo, todos os jovens de dezasseis anos são sensatos. Logo, todos os jovens de dezasseis anos são alunos.

Argumento válido Argumento inválido

É logicamente impossível as duas premissas A verdade da conclusão não é garantida pela


serem verdadeiras e a conclusão falsa. verdade das premissas.

Todos os A são B. Importância da Todos os A são B.


Todos os C são A. forma lógica do Todos os C são B.
Logo, todos os C são B. argumento. Logo, todos os C são A.

Forma válida Forma inválida


Pode haver argumentos dedutivos válidos com premissas e conclusão falsas.

Todos os portugueses são pintores.


Bertrand Russell é português.
Logo, Bertrand Russell é pintor.

Pode haver argumentos dedutivos inválidos com premissas e conclusão verdadeiras.

Todos os naturais de Lisboa são portugueses.


Fernando Pessoa é português.
Logo, Fernando Pessoa é natural de Lisboa.
Argumentos
dedutivos

Argumento dedutivo válido Argumento dedutivo inválido

Argumento que tem uma forma lógica tal


que a verdade das premissas garante Argumento que tem uma forma lógica tal
sempre a verdade da conclusão, sendo que a verdade das premissas não garante
impossível que as premissas sejam a verdade da conclusão.
verdadeiras e a conclusão falsa.

Premissas Argumento Conclusão


Verdadeira
Válido
Verdadeiras É impossível ser falsa
Verdadeira
Inválido
Falsa
Verdadeira
Válido
Falsa
Falsas
Verdadeira
Inválido
Falsa
Argumentos sólidos: argumentos válidos constituídos por proposições verdadeiras.
ARGUMENTOS NÃO
DEDUTIVOS

A sua validade depende de aspetos que vão para lá da forma


lógica do argumento.

Num argumento não dedutivo, a verdade das premissas


apenas sugere a plausibilidade da conclusão ou a
probabilidade de ela ser também verdadeira.

Um argumento não dedutivo é válido quando é improvável,


mas não propriamente impossível, ter premissas verdadeiras
e conclusão falsa.
ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS

INDUTIVOS OUTROS

A indução conduz-nos a conclusões que não derivam necessariamente das


premissas.

Alguns estudantes copiam nos testes. Até hoje, todos os cavalos nasceram quadrúpedes.
Logo, todos os estudantes copiam nos testes. Logo, o próximo cavalo a nascer será quadrúpede.

Argumento indutivo – por Argumento Argumento indutivo – por Argumento


generalização- inválido fraco previsão- válido forte

A verdade das premissas não A verdade das premissas fornece


fornece fortes razões para pensar fortes razões para pensar que a
que a conclusão é verdadeira. conclusão é verdadeira.
O QUADRADO LÓGICO OU QUADRADO DE
OPOSIÇÃO

Inferências imediatas: a partir de uma proposição podemos


inferir outras alterando só a qualidade (afirmativa/negativa), a
quantidade (particular/universal) ou ambas.

O quadrado de oposição permite-nos representar quatro relações lógicas


entre as proposições:

1.Contradição (contraditórias)
2.Contrariedade (contrárias)
3.Subcontrariedade (subcontrárias)
4.Subalternidade (subalternas).
Tipo de relação Descrição da relação Implicações Observações
Contrariedade Duas Contrárias não podem A verdade de uma implica a Podem ser ambas falsas e, por
ser ambas verdadeiras falsidade de outra, mas a isso, não são a negação uma
falsidade de uma não implica da outra.
a verdade de outra.

Contraditoriedade Duas Contraditórias não A verdade de uma implica a São a negação uma da outra.
podem ter o mesmo valor de falsidade de outra, e vice-
verdade. versa.

Subcontrariedade Duas subcontrárias não A falsidade de uma implica a Podem ser ambas verdadeiras
podem ambas falsas. verdade da outra, mas a e, por isso, não são a
verdade de uma não implica a negação uma da outra nem
falsidade da outra. há entre elas uma relação de
oposição.
Subalternidade Duas subalternas podem ser Se a universal é verdadeira,
ambas falsas ou ambas também o é a particular. Se a
verdadeiras particular é falsa, a universal
também.
APLICA O QUE SABES

Exercício 4
Partindo do princípio de que a proposição “Nem todas as
moscas são insectos” é verdadeira, apresenta, pela ordem
indicada, as proposições opostas e avalia o seu valor de
verdade:

a) Contrária;
b) Subalterna;
c) Contraditória;
d) Subcontrária.
LÓGICA PROPOSICIONAL
Formas de inferência válida

Teoria lógica que trata dos argumentos


que resultam do uso de conectivas.
Um operador de formação de frases é uma palavra ou sequência de
palavras que não é uma frase , mas que, apropriadamente concatenado
com uma ou mais frases indicativas, gera uma frase indicativa portuguesa.
Outros exemplos de operadores de formação de frases são os seguintes:
não é verdade que; ou; se…; então…; é possível que(…); porque.
Considere-se a frase complexa” Icabod gosta de cabelos compridos e
Icabod está apaixonado”. Se eu lhe dissesse o valor de verdade das frases
que foram concatenadas com “e” de maneira a dar esta frase complexa, o
leitor poderia facilmente determinar o valor de verdade da frase complexa.
Se ambas forem verdadeiras, a frase complexa será verdadeira: se
qualquer uma delas for falsa, ou ambas, a frase complexa será falsa.

W.H.Newton- Smith, Lógica: um curso introdutório

Operadores
verofuncionais:
Dados os avlores
de veradde
Proposições Exemplos
Simples Categóricas Afirmam ou • Todos os rios correm.
( ou atómicas) negam sem • Os poetas não são
restrições nem arquitetos.
condições.
Complexas Condicionais Afirmam ou • Se viajo, então
(Compostas ou negam sob aprendo.
moléculares) determinadas • Se não fores, então
condições vou eu.
Disjuntivas Afirmam ou • Disjunção exclusiva:
negam em Ou és sábio ou és
forma de ignorante.
alternativas que
se excluem • Disjunção inclusiva:
(disjunção • És inteligente ou boa
exclusiva) ou pessoa.
não (disjunção
inclusiva).
À Lógica proposicional interessam apenas as proposições complexas.

Formam-se com o
recurso a
operadores de
5 conectivas formação de frases
- conectivas
Negação – ( “não”) ( única que não liga proposições)
Conjunção – ( “e”)
A verdade ou falsidade das
Disjunção – ( “ Ou”) proposições complexas
formadas pelas conectivas
Condicional – ( “ se”) são totalmente
determinadas pelo valor de
Bicondicional – ( “se e só se”) verdade das proposições
simples utilizadas
APLICA O QUE SABES

Exercício 7
Das seguintes proposições, indica quais as simples e quais
as complexas.

a) És pintor ou és mecânico
b) Descartes é filósofo.
c) A vida não é uma realidade misteriosa.
d) O João é estudante ou cantor.
e) Se chover, então a rua fica molhada.
OPERADORES VEROFUNCIONAIS( operadores lógicos/ conectivas
proposicionais)
Designação Símbolo/ Leitura Forma lógica Exemplo
variáveis
proposicionais)
Negação  Não P P Não é verdade que
os homens são
maus
Conjunção  PeQ PQ Os homens são
maus e o Luís é
homem
Disjunção inclusiva  P ou Q PQ Sartre é um
filósofo ou Bolt é
um atleta
Disjunção Ṿ Ou P ou Q PṾQ Ou João foi
exclusiva trabalhador ou foi
sempre
desmpregado
Condicional → Se P..., então Q P→ Q Se estudar, então
terá boas notas
Bicondicional ↔ P se e só se Q P↔Q O Porto ganhará o
campeonato se e
só o Benfica
perder

Operador singular, unário ou Aplica-se apenas a uma «Não».


monádico proposição.
Operador binário ou diádico Aplica-se a duas proposições. «E», «ou», «se..., então», «se,
e só se».
APLICA O QUE SABES

Exercício 6
Sendo dadas as seguintes letras proposicionais e as
proposições que elas simbolizam:

P: O ser humano é livre.


Q: A natureza é determinada.

Converte em linguagem corrente:

a) P ᴧ Q
b) P Q
c) P V Q
APLICA O QUE SABES

Exercício 7

Converte em linguagem simbólica :

a) O ser humano não é livre.


b) Se a natureza é determinada, então o ser humano é
livre.
c) A natureza é determinada e o ser humano não é
livre.
Tabela de verdade

Tabela que apresenta as diversas condições de


verdade de uma forma proposicional específica,
permitindo determinar de modo mecânico a sua
verdade ou falsidade.

A tabela de verdade exibe os valores de verdade


possíveis da(s) proposição(ões) e os valores de
verdade resultantes das operações efetuadas.
CONECTIVAS
NEGAÇÃO

Tabela de verdade da
P: Portugal é um país asiático. negação

P P
 P (Não P)
Coluna de V F
Portugal não é um país asiático. referência F V
Expressões Primeira parte Segunda parte
alternativas Sendo o operador da negação o único operador
unário, só haverá duas filas na tabela.
Não é verdade que Portugal é um país asiático.
É falso que Portugal seja um país asiático.
É errado afirmar que Portugal é um país asiático.

A negação é uma proposição com a


forma «Não P», representando-se por
« P». Se P é verdadeira,  P é falsa;  A negação de uma frase tem o
se P é falsa,  P é verdadeira. valor de verdade oposto ao da
frase de partida
A negação de uma negação (ou dupla
negação) – que se representa por «  P»
– equivale a uma afirmação.
APLICA O QUE SABES

Exercício 8
Considera a proposição:

É falso que a pena de morte tenha sido abolida em todos os


países europeus.

a) Se a proposição for falsa, qual o valor de verdade da proposição: “A pena de


morte foi abolida em todos os países europeus.”
b) Se a proposição for verdadeira, qual o valor de verdade da proposição: “A
pena de morte foi abolida em todos os países europeus.”
c) Apresenta a negação da proposição: “ É verdade que chove”
CONJUNÇÃO Tabela de verdade da conjunção

P Q PQ
P: A vida é enigmática.
Q: A morte é enigmática. V V V
V F F
P  Q (P e Q) F V F
A vida é enigmática e a morte é F F F
enigmática.
Sendo o operador da conjunção, à semelhança dos
que estudaremos a seguir, um operador binário,
Expressões haverá na tabela quatro condições de verdade.
alternativas
A vida é enigmática e a morte também o é. A conjunção:
A vida e a morte são enigmáticas.  será uma proposição verdadeira
A vida é enigmática, mas a morte é-o igualmente.
se as proposições conectadas
Quer a vida quer a morte são enigmáticas..
forem verdadeiras
 será falsa desde que pelo menos
uma dessas proposições seja
falsa.
APLICA O QUE SABES

Exercício 9
Considera a seguinte conjunção:

O mundo é ilusório e o eu é fictício.


:

Refere qual o valor de verdade desta conjunção se se


admitir que:
a) …é falso que o “ o mundo é ilusório”
b) …falso que “o eu é fictício”
c) …ambas as proposições simples são verdadeiras.
Tabela de verdade da
P: Descartes era racionalista.

Disjuntas
Disjunção disjunção inclusiva
inclusiva Q: Locke era empirista.
P Q PQ
P  Q (P ou Q) V V V
Descartes era racionalista ou V F V
Locke era empirista. F V V
F F F
A disjunção inclusiva é uma proposição com a forma «P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual será
sempre verdadeira, exceto quando P e Q forem simultaneamente falsas.

Tabela de verdade da
Disjunção P: Vou ao cinema. disjunção exclusiva
exclusiva Q: Fico em casa. P Q PQ
V V F
P  Q (Ou P ou Q)
V F V
Ou vou ao cinema ou fico em F V V
casa. F F F
A disjunção exclusiva é uma proposição com a forma «Ou P ou Q», simbolizando-se por «P  Q», a qual é
verdadeira se P e Q possuem valores lógicos distintos e falsa se P e Q possuem o mesmo valor lógico.
APLICA O QUE SABES

Exercício 10
Refere quais das seguintes disjunções são inclusivas e
quais são exclusivas.
:

a) Ou há justiça ou temos direito a fazer o que


queremos;
b) A beleza existe no mundo natural ou no mundo
cultural;
c) Platão nasceu em França ou no Egipto;
d) Ou concordas comigo ou gostas de errar.
APLICA O QUE SABES

Exercício 10
Considera a seguinte disjunção:
A reencarnação é um facto ou existe o Paraíso.

Refere qual valor de verdade desta disjunção se se admtir


que é verdade que:

a) …”a reencarnação é um facto” e que “existe o


Paraíso”
b) …“existe o Paraíso”, mas não sabemos se “a
reencarnação é um facto”.
c) …”a reencarnação não é um facto nem existe o
Paraíso”
APLICA O QUE SABES

Exercício 11
Considera a seguinte disjunção:
Ou o sentido da vida é alcançável ou estamos
desorientados.

Refere qual valor de verdade desta disjunção se se admitir


que é verdade que:

a) …é falso que o” sentido da vida é alcançável”, mas é


verdadeiro que “estamos desorientados”
b) …é falso que “estamos desorientados” e que “ o
sentido da vida é alcançável”
Condicional (implicação material)
Tabela de verdade da
P: Marco golos. condicional
Q: Sou desportista.
P Q P→Q
P → Q (Se P, então Q) V V V
Se marco golos, então sou V F F
desportista. F V V
F F V
Expressões
Antecedente É uma condição suficiente
alternativas
(P) para o consequente.
Sou desportista, se marco golos.
Sou desportista, caso marque golos. Consequente É uma condição necessária
Desde que eu marque golos, sou desportista. (Q) para o antecedente.
Ser desportista é condição necessária para eu
marcar golos. A condicional é uma proposição
Marcar golos é condição suficiente para eu ser composta com a forma «Se P, então
desportista. Q», simbolizando-se por «P → Q», a
Se marco golos, sou desportista. qual só é falsa se P – o antecedente –
Não sou desportista, a menos que marque golos. é verdadeira e Q – o consequente – é
  falsa. Em todas as restantes situações,
a nova proposição é verdadeira.
APLICA O QUE SABES

Exercício 12
Considera a seguinte afirmação:
Os brincos são muito caros se forem de ouro.

a) Atribui uma letra precisa ( proposicional) a cada uma


das proposições simples.
b) Escreve a proposição complexa em linguagem
simbólica.
c) Que valor de verdade deve ser atribuído a Q→P,
sendo ‫ﬢ‬Q falsa e P falsa?
Bicondicional (equivalência material)
Tabela de verdade da
P: Sou escritor. bicondicional
Q: Publico livros.
P Q P↔Q
P ↔ Q (Se, e só se)
V V V
Sou escritor se, e só se, publico V F F
livros. F V F
F F V

Expressões
alternativas

Sou escritor se, e somente se, publico livros. A bicondicional é uma proposição
Sou escritor se, e apenas se, publico livros. composta com a forma «P se, e só se,
Publicar livros é condição necessária e suficiente Q», simbolizando-se por «P ↔ Q», a
para eu ser escritor. qual é verdadeira se ambas as
Se sou escritor, publico livros e vice-versa. proposições tiverem o mesmo valor
lógico e falsa se as proposições
  tiverem valores lógicos distintos.
APLICA O QUE SABES

Exercício 13
Adoptando o dicionário:
P: “Recebemos salário” e Q: “ Temos emprego”

a) Escreve em linguagem simbólica a proposição


supra.
b) Que valor ou valores de verdade pode assumir a
proposição complexa se for verdade q eu
recebemos salário?
c) Que valor ou valores de verdade pode assumir a
proposição complexa se tanto P como Q forem
falsas?
EM Síntese:

Formas proposicionais e operadores verofuncionais


Proposições
Disjunção
simples
Negação Conjunção Condicional Bicondicional
inclusiva exclusiva

P Q P Q PQ PQ PQ P→Q P↔Q


V V F F V V F V V
V F F V F V V F F
F V V F F V V V F
F F V V F F F V V
O método das tabelas de verdade permite
estabelecer se uma proposição complexa é
uma

Tautologia Contradição Contingência

Fórmulas em que a proposição Fórmulas em que a


complexa é verdadeira para proposição composta é Fórmulas que tenham o valor
todas as circunstâncias V em, pelo menos uma
falsa para todas e cada circunstância e,
possíveis, independentemente uma das circunstâncias
do valor de verdade atribuído às simultaneamente, o valor F
possíveis, em pelo menos uma
frases simples.
independentemente do circunstância..
valor de verdade atribuído
às frases simples.
Âmbito dos operadores P: Eu sonho.
Q: Eu estudo.

Operador principal:  Eu sonho e não estudo. PQ

Uma conjunção e uma negação que incide sobre a proposição Q.

Operador principal:  É falso afirmar que eu sonho e não estudo.  (P   Q)

Uma negação que incide sobre a conjunção de P e de  Q.

Âmbito de um operador: refere-se à proposição (ou proposições)


sobre a qual (ou sobre as quais) esse operador incide.

No segundo exemplo, o operador da negação (enquanto operador principal) apresenta


um âmbito diferente do do outro operador da negação.
Formalizar proposições complexas

Isolar as proposições simples


que as constituem e atribuir
Colocar as proposições na variáveis proposicionais a
forma canónica, identificando cada uma. A isto se chama Simbolizar ou formalizar a
os operadores verofuncionais «construir o dicionário» proposição complexa.
envolvidos. dessas proposições ou
proceder à sua
«interpretação».

Exemplo: Não sou bom aluno a Filosofia, a não ser que estude lógica.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Se estudo lógica, então sou P: Estudo lógica.


P→Q
bom aluno a Filosofia. Q: Sou bom aluno a Filosofia.
Exemplo: Não sou rico se, e só se, não tenho dinheiro.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Não sou rico se, e só se, não P: Sou rico.


P↔Q
tenho dinheiro. Q: Tenho dinheiro.

Exemplo: O ser humano não é feliz, a não ser que o dizer-se que Deus não existe e a
vida é absurda constitua uma falsidade.

Expressão canónica Interpretação (dicionário) Formalização

Se é falso que Deus não existe P: Deus existe.


e que a vida é absurda, então Q: A vida é absurda.  ( P  Q) → R
o ser humano é feliz. R: O ser humano é feliz.
O método das tabelas de verdade

Expressão canónica Interpretação Formalização

Não é verdade que se está sol P: Está sol.


 (P → Q))
então está bom tempo. Q: Está bom tempo.

1. P Q  (P → Q) 2. P Q  (P → Q)
Desenhar a tabela, Colocar na tabela
colocando aí as os valores de V V
verdade das
letras
proposições
V F
proposicionais e a
proposição simples, esgotando F V
complexa. as possibilidades.
F F

3. P Q  (P → Q) 4. P Q  (P → Q)
Calcular os valores
de verdade das V V V Calcular os valores V V F V
proposições, de verdade da
excetuando os
V F F proposição relativa
V F V F
daquela que é F V V ao operador F V F V
relativa ao principal.
operador principal. F F V F F F V
 
Para duas variáveis, são necessárias quatro filas; para
três, oito; para quatro, dezasseis, etc.

P Q R [R  (P  Q)] ↔ (R  Q)
Determinamos primeiro os valores
V V V V V V V de verdade da conjunção «P  Q» e
V V F V V V V da disjunção «R  Q» (a ordem neste
V F V V F V V caso é irrelevante). De seguida,
V F F F F V F determinamos os valores da
F V V V F V V disjunção «R  (P  Q)». Por fim,
determinamos os valores da
F V F F F F V
bicondicional a partir dos valores
F F V V F V V obtidos para as duas disjunções.
F F F F F V F
Regras de inferência válida
Silogismo condicional

Silogismo cuja premissa maior é uma


proposição condicional

Antecedente Consequente

Exemplo
Premissa maior Se há vida após a morte, então a existência tem sentido.
Premissa menor Há vida após a morte.
Conclusão Logo, a existência tem sentido.
Silogismo condicional

Modos válidos

Modo afirmativo Modo negativo

Modus ponens Modus tollens

Há uma relação necessária entre as


premissas e a conclusão.
Modus ponens

Modo que consiste em afirmar o antecedente na premissa menor e


em afirmar, de seguida, o consequente na conclusão.

Forma lógica Exemplos


Se P, então Q.
P. Se compro a casa, então gasto muito dinheiro.
Logo, Q. Compro a casa.
Logo, gasto muito dinheiro.
A B  
Se não gasto dinheiro, então faço uma boa poupança.
A
Não gasto dinheiro.
Logo, B Logo, faço uma boa poupança.
Modus tollens

Modo que consiste em negar o consequente na premissa menor e


em negar depois o antecedente na conclusão.

Forma lógica Exemplos

Se P, então Q.
Se compro a casa, então gasto muito dinheiro.
Não Q.
Não gasto muito dinheiro.
Logo, não P. Logo, não compro a casa.

P Q Se estiver sol, então não fico em casa.


‫ ﬢ‬Q Fico em casa.
Logo, ‫ ﬢ‬A Logo, não está sol.
Silogismo condicional:
falácias

Falácia da afirmação do consequente: Falácia da negação do antecedente


( Modus ponens) afirma-se o consequente ( Modus tollens):
na premissa menor e o antecedente na nega-se o antecedente na premissa menor
conclusão. e o consequente na conclusão.
Se P, então Q.
Se P, então Q.
Forma lógica Q.
Forma lógica Não P.
Logo, P.
Logo, não Q.
Exemplos Exemplos

Se chove, então fico em casa. Se chove, então fico em casa.


Fico em casa. Não chove.
Logo, chove. Logo, não fico em casa.

Se não chove, então não fico em casa. Se não chove, então não fico em casa.
Não fico em casa. Chove.
Logo, não chove. Logo, fico em casa.
Silogismo disjuntivo

Silogismo cuja premissa maior é uma proposição


disjuntiva (que pode ser exclusiva ou inclusiva).

A premissa menor afirma ou nega uma


das alternativas. A conclusão, por sua
vez, afirma ou nega a outra, em função
do que se passar na premissa menor.

Exemplo
Premissa maior Deus existe ou a vida é absurda. PVQ
Premissa menor Ora, Deus não existe. ¬P
Conclusão Logo, a vida é absurda. logo: Q
Silogismo
hipotético

Exemplo Formalização

Se viajar, então aprendo novas coisas. P→Q


Se aprendo novas coisas, então torno-me
melhor pessoa.
Q→R
Logo, se viajar, então torno-me melhor pessoa. P → R

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