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O liberalismo em Portugal

Antecedentes:

O reinado de D. João VI era caraterizado pela tradição do antigo regime, ou seja,


persistia a como principal atividade a agricultura e o sobre o 3º estado recaíam pesadas
obrigações senhoriais.

Começa a emergir dentro das elites da burguesia urbana um desejo de implementar


em Portugal os ideais da revolução francesa.

As invasões francesas:

 Devido à oposição de Inglaterra às ambições Napoleónicas, Napoleão


declara um bloqueio continental com Inglaterra, ou seja, nenhum país da
Europa continental poderia comercializar com Inglaterra (1806).
 Portugal tenta atrasar a sua decisão, mas visto à sua recusa em cumprir com
o exigido, o país sofre 3 invasões entre 1807 e 1811.
 A família real vai para o Brasil (algo inédito) de modo a se salvaguardar-se e
à independência do país.

O domínio inglês e a família real no Brasil:

 Quem ajuda na defesa de Portugal é Inglaterra e o general que fica ao


encargo das tropas é o general Beresford.
 Domínio inglês – origina um descontentamento interno – governo muito
autoritário.
 A família real permanece no Brasil sem intenções de voltar:
o O Brasil adquire certas regalias que antigamente se destinavam a
Lisboa (Portugal)
o 1808 – os portos do Brasil são abertos a todos os países
o 1810 – Tratado do Comércio com Inglaterra
 A situação financeira e política do reino agrava-se os indícios de rebelião
começam a surgir.

A Rebelião:

 A situação portuguesa criou o cenário ideal para a alteração de um regime.


 Em 1817, no porto, cria-se o Sinédrio (uma org. secreta que integra membros de
vários estratos sociais). O seu principal objetivo é forçar o retorno do rei a Lisboa.
O segundo objetivo é redigir uma constituição e obrigar Portugal a ser um país
regido por uma monarquia constitucional.
 1820 – Revolução.
 Cria-se a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino.

A Constituição de 1822:

A constituição de 1822:

Começa o trabalho de redigir a constituição em 1821, que é publicada em 1822


publicada que advoga o seguinte:

 Princípio da Soberania “A soberania reside em a Nação”.


o Aqui estabelece-se a transferência da soberania do rei para a Nação, ou
seja, o rei perde poder. Uma ideia que se estende ao longo da
constituição.

 Princípio da separação e independência dos poderes  Fica proibida a


concentração de competências numa só autoridade, as esferas judiciais, legislativa e
executivas não interferem entre si.
Mais aspetos gerais desta constituição:
 Frades e criados não podem votar;
 A autoridade do rei deixa de emanar do espírito divino e passa a originar
diretamente da Nação;
 O rei não está acima da constituição;
 Quem faz as leis é o parlamento, não o rei, ele apenas as sanciona, e não tem poder
de veto.
 O rei apenas pode demitir membros do governo ou nomear comandantes do
exército, mediante aprovação
Em suma, o rei passa a possuir um papel mais simbólico que efetivo.
A constituição Vintista, é inspirada em modelos estrangeiros e é claramente radical
para a sociedade portuguesa da época e é fruto sobretudo de uma pequena fação radical que
rapidamente encontra oposição. Oposição esta que se encontra dentro da própria família
real, nomeadamente, nas figuras de D. Miguel e D. Carlota.

A independência do Brasil e a situação em Portugal:

 Existência de um forte sentimento independentista.


 Descontentamento do povo brasileiro para com as exigências das cortes
portuguesas.
 Recusa em retomar o seu papel enquanto colónia portuguesa.

Todos estes fatores e outros levam a que em 1822 o Brasil se torne independente e
que D. Pedro seja corado como primeiro imperador.

Por outro lado, Portugal encontra-se numa situação muito precária a nível social,
político e económico. Situação que se vai agravar tremendamente após a perda do Brasil.

Os entraves ao regime:

Fatores externos: Oposição das potências absolutistas, que queriam “apagar” o


legado da revolução francesa e fazer a europa retornar ao absolutismo.

Fatores internos: Apoiantes do absolutismo, nomeadamente o príncipe D. Miguel e


a Rainha Carlota Joaquina.

Duas revoltas: Vila-Francada (1823)

 Teve como desfecho o apaziguamento de D. Miguel dos apoiantes, apesar de


este não ter assumido a coroa portuguesa.

Abrilada (1824)
 Teve como consequência o exílio de D. Miguel. Não apagou, contudo, as
tendências absolutistas dentro da sociedade portuguesa.

A MORTE DE D. JOÃO E A GUERRA CIVIL:

 Em março de 1826 D. João morre.


 É criado um vazio de poder em Portugal e a questão da sucessão gera
grandes tensões.

Uma embaixada é enviada ao Brasil e D. Pedro considera-se como o legitimo herdeiro ao


trono português, contudo, vai estabelecer 3 condições:

 Abdica da coroa em função da sua filha, a princesa D. Maria da Glória


(futura D. Maria II);
 Uma vez que na altura ela é menor e não está em idade de exercer o
governo, que ficaria no trono era o seu irmão D. Miguel, sendo que chegada
à idade certa eles os dois deveriam casar;
 Por fim, que D. Miguel jure fidelidade à carta constitucional redigida por D.
Pedro.

D. Miguel acaba por desrespeitar as exigências e rapidamente começa a governar de


acordo com princípios absolutistas. D. Pedro vê-se forçado a intervir e gera-se uma guerra
civil, que se salda pela vitória deste último. Esta guerra civil marca o fim do absolutismo
em Portugal.

A CARTA CONSTITUCIONAL DE 1826:

A carta é um documento que introduz conceitos inovadores em Portugal tais como:


 O sistema de 2 câmaras.
 Aumento do poder régio - poder moderador

As Reformas de Mouzinho da Silveira

Mouzinho da Silveira implementar diversas medidas que incidiam sobre:

 A propriedade/terra – vai disponibilizar para compra uma maior


percentagem de terras.
 O comércio – institui um liberalismo económico.
 A administração do reino – Vai centralizar a administração subdividindo o
território e colocando um funcionário nomeado na chefia de cada um.
 O sistema Judicial – Instaura um sistema hierárquico de justiça que tem à
cabeça o Supremo Tribunal da Justiça.
 A economia – Vai implementar um eficaz sistema de cobrança de impostos
ao nível nacional centralizado – Tribunal do Tesouro Público.

Todas estas medidas vão contribuir para a sedimentação do liberalismo e para a


construção de um estado moderno em Portugal.

A Reforma do Clero:

Estava bastante claro que tanto o vintismo como o cartismo não eram adeptos do
catolicismo. Ambas estas expressões liberais retiraram muito poder e influência aos
membros do clero e sobretudo às ordens religiosas. Assim, se explica em parte, a elevada
adesão desta camada social ao absolutismo e aos golpes empreendidos por D. Miguel.

Esta animosidade para com o clero apenas se acentuou com o avançar do


liberalismo, sendo que D. Pedro consegue de forma eficaz expulsar os jesuítas (acolhidos
por Miguel) e em 1834 emite-se um decreto que extingue as ordens religiosas masculinas,
cujos bens passaram para a posse da Fazenda Nacional.

A Nacionalização e venda de bens:


Muitos destes bens nacionalizados, bem como parte da propriedade
senhorial, agora passível de ser vendida, foram colocadas à venda em hasta pública (1834-
35).

Quem tinha capacidade para comprar os títulos de dívida pública era uma pequena
elite - os Devoristas. Com estes títulos conseguiram comprar muitas propriedades que
tinham sido desamortizadas.

Isto gerou um descontentamento generalizado na sociedade portuguesa.

O Setembrismo:
A situação em Portugal agrava-se e o governo devorista é alvo de diversos ódios,
acentuando a instabilidade política.

 Revolução de Setembro em 1836 Origina o setembrismo  Uma corrente mais


radical do liberalismo português.
 O setembrismo enfrenta diversas oposições, mas conseguiu manter-se no poder
tempo suficiente para empreender uma série de reformas no país, nomeadamente:
o Reformas económicas (medidas protecionistas, exploração das
colónias em África, fiscalidade  sem grande impacto)
o Reformas no ensino (de extrema importância a longo prazo)
o Elaboração da constituição de 1838, cuja principal caraterística era a
redução do poder régio.

O cabralismo:

Cabralismo Regime liberalista regido pela Carta Constitucional, liderado por


Costa Cabral.

 1ª etapa: 1842-46
 2ª etapa: 1849-1851

Regime muito autoritário que vai enfrentar múltiplas oposições das várias vertentes
políticas e sociais.
Medidas:

 Fomento industrial;
 Incentivo ao desenvolvimento das Obras públicas (destaque para as vias de
comunicação);
 Reformas administrativas e fiscais de cariz centralizador;
 Leis da Saúde;

Conceitos importantes: Cartismo; Setembrismo; Cabralismo; Carta Constitucional;


Vintismo; Estado Laico; soberania nacional; sufrágio censitário; Constituição.

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