Você está na página 1de 9

Índice

 1A sucessão de D. João VI
 2A nova constituição
 3Descontentamento
 4A Guerra Civil
 5Protesto e Declaração de Génova
 6Batalhas
 7Representações na cultura
 8Ver também
 9Referências
 10Bibliografia
 11Ligações externas

A Guerra Civil Portuguesa, que teve lugar entre 1832 e 1834, esta guerra ficou também
conhecida como Guerras Liberais, Guerra Miguelista ou Guerra dos Dois Irmãos (uma vez
que pôs em confronto dois irmãos, D. Pedro e D. Miguel).

Esta guerra Civil foi travada entre os liberais constitucionalistas e os absolutistas.

Em causa estava a sucessão ao trono português. As partes envolvidas foram o partido


constitucionalista progressista liderado pela rainha D. Maria II de Portugal com o apoio de
seu pai, D. Pedro IV, e o partido absolutista de D. Miguel. O Reino Unido, a França,
a Espanha e a Igreja Católica participaram indiretamente no conflito.

Os Antecedentes - A sucessão de D. João VI


A Guerra Civil tem inicio muito antes, surge com os problemas de sucessão de D. João VI.

No dia 6 de março de 1826, D. João VI de Portugal, nomeou uma regência presidida pela
Infanta Isabel Maria de Bragança, que vigoraria, mesmo com a morte do rei, até que o
legítimo herdeiro e sucessor da Coroa aparecesse. D. João VI morreu dia 10, quatro dias
depois. A sua morte criou uma disputa sobre a sucessão, entre D. Pedro e D. Miguel.

Aquando do reconhecimento da independência do Brasil (29 de agosto de 1825) o filho


mais velho, Pedro, que nessa altura já era Imperador do Brasil, continuava na qualidade
de Príncipe Real de Portugal e Algarves, pelo que implicitamente permanece na linha de
sucessão ao trono português como herdeiro imediato. Em abril de 1826, D. Pedro
aclamou-se Rei de Portugal como Pedro IV de Portugal, reviu a Constituição de 1822, e
como a constituição brasileira de 1824 impedia que governasse ambos os países, abdicou
do trono a favor da filha D. Maria da Glória. Maria da Glória tinha então sete anos, e, numa
combinação comum para a época, D. Pedro acordou com o tio dela e seu segundo
irmão, D. Miguel que quando ela atingisse a idade necessária, casariam. Este casamento
era uma solução de compromisso entre a sua fação e a do irmão. Essa fação (que
rapidamente tomou o nome de "Miguelista", por contraponto à "Pedrista") considerava que
o trono cabia ao segundo irmão, D. Miguel, porque, de acordo com as diretivas
estabelecidas pelas Cortes de Lamego, D. Pedro havia sido deserdado na sequência dos
eventos que levaram à independência do Brasil e o tinham tornado imperador desse país.
Quanto a Miguel, após ter liderado duas insurreições, a Vila-Francada e a Abrilada, tinha
sido deposto do cargo de generalíssimo do exército português e exilado pelo pai, D. João
VI.

Antes de regressar ao Brasil, Pedro nomeou Miguel regente. Ao mesmo tempo que Pedro
regressou ao Brasil, Miguel regressou a Portugal do dito exílio. Maria Isabel foi regente de
Portugal até 26 de fevereiro de 1828. Nessa altura, Miguel assumiu a regência em nome
da sobrinha e noiva Maria da Glória.

D. Miguel convocou Cortes de 1828, e em 23 de Junho de 1828, as Cortes por ele


convocadas consideraram-no legítimo sucessor e aclamaram-no como rei de Portugal.
Invocando o direito monárquico português, nomeadamente as Leis Fundamentais do
Reino, consubstanciadas no documento das já referidas Cortes de Lamego, as Cortes
alegavam que D. Pedro não poderia transmitir o reino à filha porque já tinha sido cortado
da sucessão no momento em que optara pelo Brasil; assim D. Pedro e os seus
descendentes tinham perdido o direito à Coroa a partir do momento em que, por um lado,
aquele príncipe se tornara soberano de um estado estrangeiro (Brasil) e, por outro,
levantara armas contra Portugal.

A nova constituição

Na Carta Constitucional portuguesa de 1826, D. Pedro tentou reconciliar absolutistas e


liberais, permitindo que ambas as fações obtivessem postos no governo. Diferente
da Constituição de 1822, este novo documento estabelecia quatro poderes governativos.
O poder legislativo foi dividido em duas câmaras: uma Câmara alta, a Câmara dos Pares,
com membros escolhidos pelo rei entre as classes nobres ou clericais, e uma câmara
baixa, a Câmara dos Deputados, composta por deputados eleitos por voto indireto em
assembleias locais, para um mandato de 4 anos. As Assembleias locais eram eleitas por
sufrágio limitado aos homens. O poder judicial era exercido pelos tribunais e o poder
executivo por ministros do governo. O rei teria um poder moderador, com direito de veto
sobre qualquer lei.
Descontentamento

D. Pedro IV de Portugal.

Os defensores do partido absolutista, nomeadamente os latifundiários e a Igreja Católica, ,


não ficaram satisfeitos com este compromisso e continuaram a ver D. Miguel como o
legítimo sucessor ao trono, baseando-se no argumento de que ele era um príncipe
português que havia decidido voltar para Portugal, enquanto D. Pedro fora um príncipe que
havia decidido tornar uma ex-colônia independente e se tornado o imperador brasileiro.
Tendo sido um governante estrangeiro que havia declarado guerra a Portugal, D. Pedro e
os seus descendentes teriam alegadamente perdido o direito à Coroa. Alarmados com as
reformas liberais iniciadas em Espanha pelos revolucionários franceses, participaram da
restauração do reinado tradicionalista de Fernando VII de Espanha (1823), que erradicou
todas as inovações políticas napoleónicas.

Em fevereiro de 1828, D. Miguel regressou a Portugal para jurar a Constituição e exercer a


regência. Imediatamente foi nomeado rei pelos portugueses e os seus seguidores mais
próximos pressionaram-no a voltar a reinar baseado nas cortes, no regionalismo e
no municipalismo. Um mês depois de sua chegada dissolveu a Câmara dos Deputados e a
Câmara dos Pares. Em maio, convocou as cortes tradicionais, com a nobreza, o clero, e
os homens livres, para proclamar o seu acesso ao poder tradicional. As cortes de 1828
cumpriram a vontade de D. Miguel, coroando-o como Miguel I de Portugal e anulando a
Constituição.
A Guerra Civil

Caricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel disputando a coroa portuguesa, por Honoré


Daumier, 1833.

Inicialmente os Absolutistas levaram a melhor e a causa pedrista parecia perdida para os


Liberais. D. Miguel procurou obter reconhecimento internacional, mas foi apenas
reconhecido como rei pelos Estados Unidos e pelo Vaticano. As monarquias europeias
mantiveram-se em silêncio. Portugal estava vivendo uma crise financeira estarrecedora,
graças aos vários conflitos internos e externos, com o desmembramento do Império
Português, da Guerra Peninsular, que tinha levado a corte para longe, assim como uma
apropriação cada vez maior das rotas comerciais pelos estrangeiros. Não conformado com
essa situação que lhe era imposta, incapaz de lidar com os problemas do Brasil e de
Portugal ao mesmo tempo, no dia 7 de abril de 1831, o Imperador Pedro I foi forçado a
abdicar da coroa do Brasil para o filho Pedro II e viajou para Portugal para defender o
alegado direito ao trono português por parte de sua filha e lutar contra seu irmão
absolutista. Em 1831, Pedro desembarca as suas tropas nos Açores e toma diversas ilhas,
estabelecendo o arquipélago como base de operações.

Conquistada a fortíssima posição militar e naval de Angra, nos Açores, por essa armada,
D. Pedro partirá depois daí, mais tarde, para invadir o continente português, o que ocorrerá
a norte do Porto, na Praia dos Ladrões, depois rebatizada como Praia da Memória, que
ficou conhecido como Desembarque do Mindelo (8 de Julho de 1832), onde atualmente se
encontra o grande monumento aos mortos da Guerra Civil, em forma de obelisco colocado
junto ao mar onde foi efetuado o desembarque.

Seguidamente, as forças pedristas desembarcadas entrincheiraram-se dentro dos muros


da Cidade Invicta, dando os miguelistas início ao duro e prolongado Cerco do Porto.
Finalmente, conseguindo furar o bloqueio naval da barra do rio Douro, uma frota liberal
fez-se ao mar e seguiu até ao Algarve, onde desembarcou uma divisão do seu Exército,
que avançou para Lisboa rapidamente, protegido pela esquadra inglesa. Lisboa foi
entregue ao comandante-chefe liberal, marechal António José Severim de Noronha, 1.º
Duque da Terceira, sem combate nem resistência, por Nuno Caetano Álvares Pereira de
Melo, 6.º Duque de Cadaval, antigo primeiro-ministro do rei D. Miguel, em 24 de
Julho de 1833.

Evoramonte, a localidade onde foi assinada a Convenção que pôs termo às Guerras Liberais.

Levantado o Cerco do Porto graças à queda da capital nas mãos dos Liberais, a guerra
continuou no entanto a marchas forçadas e dolorosas, em Coimbra, Leiria e
pelo Ribatejo fora. D. Miguel estabelece então a sua corte em Santarém, onde entretanto
morre de peste a infanta D. Maria da Assunção de Bragança, irmã dos dois príncipes
inimigos.

Em 24 de Abril de 1834, pelo Tratado de Londres, a Quádrupla Aliança decide-se pela


intervenção militar contra as forças do rei D. Miguel.

Enquanto o almirante inglês Charles Napier desembarcou, a 8 de maio de 1834, tropas


na Figueira da Foz, avançando depois por Leiria, Ourém e Torres Novas, o general
espanhol José Ramón Rodil y Campillo entrou em Portugal através da Beira e Alto
Alentejo com uma expedição de 15 mil homens. Vai dar-se a definitiva batalha da
Asseiceira, ganha pelos pedristas, finda a qual o que restava do exército miguelista se
retirou para o Alentejo.

A paz assinada na Convenção de Evoramonte determinou o regresso da rainha D. Maria


II à coroa e o exílio de D. Miguel para a Alemanha.

Protesto e Declaração de Génova

Bandeira Nacional usada pelos Miguelistas.


Bandeira Nacional usada pelos Liberais.

Ao desembarcar em Génova, em 20 de Junho, D. Miguel protestou formalmente à face da


Europa contra a violência da Quádrupla Aliança, num documento que ficou conhecido
como o "Protesto e Declaração de Génova",[2] ponto de partida para a luta legitimista que
virá a durar até 1932. Nesse documento, D. Miguel declarava "como nula e de nenhum
valor" a capitulação a que, sob coacção, fora forçado em Évora-Monte. Apesar de vencido
militarmente, D. Miguel não abdicava da sua legitimidade como rei de Portugal. [3] Muitos
miguelistas não depuseram as armas, tendo alguns passado a Espanha, em auxílio
dos Carlistas, enquanto outros se dedicavam a actos de guerrilha contra o Governo em
território nacional (destacando-se, neste contexto, a figura do Remexido, no Algarve).
D. Maria da Glória, a princesa do Grão-Pará, que entretanto se encontrava ao abrigo da
corte de Londres, junto a sua prima, a rainha Vitória, pode finalmente chegar a Portugal,
nesse ano de 1834, e, estando o vencedor da guerra, D. Pedro, tuberculoso e com pouca
esperança de vida, houve que emancipar rapidamente a jovem princesa, de 15 anos de
idade, jurando finalmente a Carta Constitucional, e subindo enfim ao trono de Portugal,
pela declaração da sua maioridade em Cortes, e cessação da regência que em seu nome
o pai exercia. Por ter libertado Portugal do reinado de seu irmão Miguel, Dom Pedro IV foi
aclamado como herói.

Batalhas
 Combate do Pico do Seleiro, ilha Terceira (4 de outubro de 1828)
 Batalha da Praia da Vitória, ilha Terceira (11 de agosto de 1829)
 Recontro da Ladeira do Gato, ilha de São Jorge (abril de 1831)
 Combate da Ladeira da Velha, ilha de São Miguel (3 de agosto de 1831)
 Cerco do Porto (Julho 1832 - Agosto 1833)
 Batalha da Ponte Ferreira, freguesia de Campo, concelho de Valongo (23 de
Julho de 1832)
 Batalha do Cabo de São Vicente (5 de Julho de 1833)
 Batalha da Cova da Piedade (23 de Julho de 1833)
 Batalha de Alcácer do Sal (2 de Novembro de 1833)
 Batalha de Pernes (30 de Janeiro de 1834)
 Batalha de Almoster (18 de Fevereiro de 1834)
 Batalha de Santo Tirso (26 de Março de 1834)
 Batalha de Sant’Ana (24 de Abril de 1834)
 Batalha de Asseiceira (16 de Maio de 1834)
 Combates da Formiga, cidade de Ermesinde, concelho de Valongo (data
desconhecida, embora seja provável ter acontecido poucos dias antes
da Batalha da Ponte Ferreira ou até no mesmo dia)
Bibliografia

 A Guerra Civil de Julho de 1832 a Maio de 1834, O Portal da História, Manuel


Amaral 2000-2010
 Guerra Civil em Portugal (1832-1834), Infopédia (Em linha), Porto: Porto
Editora, 2003-2014 (Consult. 2014-03-26).
 Lutas Liberais, Infopédia (Em linha), Porto: Porto Editora, 2003-2014 (Consult.
2014-03-26).
 A Guerra Civil de Julho de 1832 a Maio de 1834 - cronologia do liberlismo,
Portal da História, Manuel Amaral, 2000-2010

Guerra Civil em Portugal (1832-1834)

A revolta de 1820, que implantou o liberalismo em Portugal, após essa revolta


o país conheceu um longo período de instabilidade política, ditado pela
oposição entre as fações liberais e as absolutistas e conservadoras. A
monarquia constitucional teve dificuldades em implantar-se, em parte devido
às mentalidades enraizadas, e que se opunham às mudanças necessárias à
instituição de uma nova ordem social, política e económica. Apesar de se
verificarem mudanças nas posições sociais, a mentalidade continuava presa
aos antigos moldes.

Mesmo enfraquecida, a nobreza era regenerada a partir do exterior, através


dos burgueses recém-titulados que perpetuavam a velha ordem. As camadas
populares, em particular as rurais, em nome das quais havia sido feita a
revolução, continuavam empobrecidas e fracas, conformadas com o seu
destino. Este estado de coisas ajuda a esclarecer o tipo de reações às medidas
impostas pela legislação liberal, como a obrigatoriedade dos enterramentos em
cemitérios ou a abolição dos dízimos, e também o eco que o ideário
absolutista monárquico tinha numa grande parte da população portuguesa.

D. Miguel, em 1823 (Vila-Francada), reprimido de forma pouco decidida por


D. João VI (1767-1826). Tal facto levou a uma nova conspiração em abril de
1824 (Abrilada), em que o príncipe D. Miguel, apoiado na rainha D. Carlota
Joaquina, sua mãe, pretendeu restaurar a monarquia absolutista. O golpe
terminou com o exílio do príncipe, mas as sementes da discórdia estavam
lançadas. A atitude pouco enérgica do rei, por um lado, e as contradições
políticas e sociais do liberalismo, por outro, deixam espaço para dúvidas que
vão resultar numa guerra civil após a morte do monarca, em 1826.

D. Miguel, regressado do exílio, decide assumir o poder em nome de D. Maria


da Glória (futura D. Maria II), filha de D. Pedro IV, chegando ao país em
1828, sendo entusiasticamente recebido pela população. Poucos meses depois
faz-se proclamar rei absoluto, desrespeitando o que havia prometido ao
imperador brasileiro.

A guerra civil iniciou-se em julho de 1832, com o desembarque das tropas


liberais de D. Pedro IV em Matosinhos (atual praia da Memória), às quais se
juntaram muitos liberais, que conspiravam no país e no estrangeiro. Após dois
anos de lutas intensas, em que as tropas miguelistas revelam as suas fraquezas,
a guerra civil termina no Alentejo com a assinatura da Convenção de Évora
Monte (26/5/1834).

A morte de D. João VI criou um problema na sucessão


dinástica, com dois príncipes candidatos ao trono, mas
com visões de poder diferentes. As tentativas de
mediação falharam e o país caiu numa guerra civil que
opôs absolutistas a liberais.

Para assumir a coroa portuguesa alinham-se os irmãos D. Pedro e D.


Miguel. Um tem uma visão liberal de governação e outro está
apostado em manter os direitos absolutos da monarquia, razões para
cada um reunir um conjunto de seguidores prontos a dirimir
argumentos recorrendo ao uso de armas.
D. Pedro, então imperador do Brasil, país que tinha reclamado a sua
independência anos antes, não pode assumir a coroa portuguesa, mas
endossa o trono à sua filha mais nova. Numa tentativa de apaziguar
ambas as partes propõe-se que a futura D. Maria II case com o tio, D.
Miguel. Este último, afastado do país pelo pai, acede à proposta, mas
depois de regressar a Lisboa renega o acordo e implementa as suas
ideias absolutistas.

Os liberais respondem e, com a liderança de D. Pedro, invadem


Portugal através do Norte. Durante os dois anos seguintes a guerra
civil vai ceifar milhares de vidas até que o exército liberal derrota
decisivamente os absolutistas, exilando D. Miguel que vai perder o seu
estatuto real e a pretensão ao trono.

e um lado, o progressista D. Pedro, liberal, adepto do constitucionalismo, defendia o direito


à vida, à liberdade e à felicidade. Do outro, o tradicionalista D. Miguel, absolutista,
considerava que o monarca deveria ser o centro do poder numa sociedade orgânica
estratificada (nobreza, clero, burguesia e povo). Dois irmãos com ideias bem distintas para
os destinos de Portugal, que atravessava, em pleno século XVII, uma crise sucessória,
após a morte de D. João VI.

Você também pode gostar