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Autonomia do Direito Internacional Económico

Modernamente, concebe-se o direito (internacional) económico como um direito da organização


da economia internacional, seja por intervenção, impulso ou exercício de poderes públicos ou
privados, emparceirando o poder estadual com o poder das organizações supra e interestaduais e
não estaduais, sejam empresariais ou de fins desinteressados.

A tese que questiona a existência do tópico como uma matéria distinta de estudo, perde valor
logo que se aceite que a área de estudo (o direito económico), tem objecto próprio e identidade,
em suma, que tem capacidade para gerar conceitos próprios de direito. É este o caminho que
agora empreendemos. A delimitação do objecto e da noção de ‘direito económico’ é tarefa difícil
que se repete sempre que o legislador ou o jurista procura capturar, para a ciência jurídica,
conceitos económicos.

No que tange a sua autonomização, pode resultar da adopção de um ou mais critérios.

Os critérios mais comuns são os da identidade do objecto, os da autonomia legislativa, os da


autonomia científica (ou melhor, académica). A dificuldade que se antevê, na determinação do
critério(s) delimitador(es) do Direito Internacional Económico, leva-nos a colocar uma questão
preambular. Que interesse haverá em autonomizar um Direito Internacional Económico?

Esta pergunta encontra uma resposta simultaneamente simples e complexa. Com simplicidade,
dir-se-á que a autonomização de um ramo de direito, facilita a determinação do regime aplicável
a uma determinada relação jurídica que, por via de critérios previamente definidos, é qualificada
como integrando aquelas que são abstractamente reguladas por determinado conjunto normativo.
Mais, permite a identificação das normas como atinentes a determinado ramo ou área do direito
e, em consequência, determina os critérios de interpretação das normas, o direito e princípios
subsidiariamente aplicáveis, o carácter excepcional ou especial da norma. Possibilita que a sua
evolução passe pela constituição de um regime processual próprio e foro (tribunal) especializado,
para dirimir os correspectivos litígios. Por outro lado, o domínio do económico na vida actual,
leva a que se tenha tudo (falamos das questões de facto) por económico e, consequentemente,
mesmo perante ramos do direito não económicos estes aspectos serão, senão determinantes, de
elevado relevo. Perde, consequentemente, unidade, seja em que perspectiva for, qualquer
tentativa de estruturação de um ramo de direito que tenha por base a regulamentação global das
questões económicas. Pode, ao invés, falar-se de ramos de direito que regulam parte das relações
económicas, partindo ora de um critério objectivo (o direito comercial como o direito dos actos e
actividades comerciais), ora de um critério subjectivo (o direito das sociedades comerciais,
direito de determinada espécie de comerciantes). É, neste quadro, que se procurará desvendar os
aspectos que concebam um direito, sub-sistema jurídico que, de forma articulada e conjugada,
independentemente da sua heterogeneidade, pode submeter-se a estruturação comum de um
enunciado de princípios. A incapacidade de outros ramos do direito integrarem e estabelecerem
regime adequado para as relações entre os Estados e a comunidade internacional e entre estes e
os profissionais (agentes económicos na cena internacional), bem como a inadequação que se
evidencia na compreensão jurídica de fenómenos económicos como sejam a ‘empresa’ em geral
e a multinacional em particular, os grupos de sociedades de facto e de direito e os movimentos de
concentração, reclamam uma disciplina comum, abrangente e compreensiva da
interdisciplinaridade interna do regime jurídico da economia internacional. A compreensão desta
realidade justifica e dá autonomia ao direito internacional económico.

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