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Unidade: A regulação jurídica da Ordem Econômica
Internacional e Regional
Bons estudos!
1
CARREAU, Dominique, JUILLARD, Patrick, FLORY, Thiébaut. Droit International Économique. 2. ed.
Paris:LGDI, 1980. p. 40..
2
Ver E.-U. PETERSMANN, “International Economic Order”, in Encyclopedia of Public International Law,
p.1129 (adiante PETERSMANN, “International Economic Order”); E.-U. PETERSMANN, “International
Economic Theory and International Economic Law: On the Tasks of a Legal Theory of International
Economic Order”, in St.J.McDONALD, D.M. JOHNSTON, The Structure and Process of International Law,
Haia, 1983, p. 258; E.-U. PETERSMANN, Constitutional Functions and Constitutional Problems of
International Economic Law, Friburgo, 1991.
1
- Acepção jurídica: OEI designa o conjunto de princípios jurídicos, regras
e instituições que moldam a OEI factual e que, ao promover a segurança
jurídica e ao reduzir os custos de transacção internacionais, contribuem
para uma afectação de recursos eficiente;
- Acepção normativa (dever-ser): OEI traduz ordens ideais ou teorias de
uma economia internacional que funcione satisfatoriamente e possa
permitir melhorias das OEI factuais e jurídicas, de modo a construir um
sistema coerente capaz de atingir os objectivos acordados (ou pelo
menos geralmente aceites) de forma ordenada.
O século XIX apresentou uma perspectiva de ordem econômica
internacional privada, decorrente justamente dos cànones do liberalismo
econômico, que atribuía aos indivíduos a atividade econômica, enquanto
permanecia como atribuição do Estado a atividade política.
Entretanto, a partir do século XX três fenômenos vieram mostrar a
necessidade de o Estado voltar o seu olhar novamente ao campo econômico: a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a crise do capitalismo (1930) e a
Segunda Grande Guerra (1939-1945).
3
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Direito Econômico. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 111.
4
ARON, Raymond. Paz e guerra entre as nações. Brasília: UNB, 1979. p. 672.
2
elaboram as políticas econômicas que são destinadas ao desenvolvimento e
melhoramento das relações internacionais econômicas.
Nesse diapasão, caberá então ao Direito Econômico Internacional
articular as diferentes ordens jurídicas buscando uma harmonização nos planos
nacional e internacional.
O Direito Econômico Internacional surge como um ramo novo e
autônomo: um direito que articularia as diferentes ordens jurídicas, a
internacional e a nacional, e que enquadraria as relações econômicas. Ou
ainda, como explica Fonseca:
“O Direito Econômico Internacional surge com a finalidade
precípua de estabelecer o enquadramento para a adoção, por
todos os sujeitos internacinais, de políticas econômicas
destinadas a aum aprimoramento constante do nível de
5
desenvolvimento”.
5
FONSECA, João Bosco Leopoldino da. Op. cit. p. 112.
6
CARREAU, Dominique, JUILLARD, Patrick, FLORY, Thiébaut. Op. cit. p. 11.
7
Idem. p. 23.
3
Tomando essa realidade, percebe-se a dificuldade da normatização do
Direito Econômico Internacional, um direito mutável, onde as relações jurídico-
econômicas estão em constante transformação. Talvez essa seja uma das
maiores dificuldades encontradas pela doutrina e para os próprios operadores
do direito.
As normas, bem como as sanções que norteiam as relações econômicas
internacionais, giram em torno de um panorama onde se buscam formas de
solucionar as transgressões a elas, com condições que possibilitem a
continuidade da interdependência econômica pacífica.
De modo geral, o que se cultua é a busca de uma forma de solucionar
os litígios sem que se faça necessário um rigoroso trâmite processual, assim,
tornando o Direito Econômico Internacional mais dinâmico, moldando-se à
particularidade dos diversos conflitos de interesse que o norteiam.
Quais seriam então quais as regras jurídicas que constituem o objeto do
Direito Econômico internacional? É possível encontrar na doutrina três
correntes distintas. Vamos verificá-las.
A primeira procura enquadrar as regras aplicáveis às relações
4
De um ponto de vista dogmático, colocar regras que se dirigem ao
comportamento de particulares a par de normas que visam a conduta de
Estados soberanos parece forçar demasiado qualquer visão realista dos
interesses em jogo, equiparando interesse privado e interesse público.
A generalidade da doutrina tem procurado uma delimitação mais
rigorosa do Direito Internacional Econômico, atendendo, sobretudo, ao risco de
querer abarcar realidades demasiado heterogêneas com uma noção
amplíssima de Direito Internacional Económico, a exemplo das críticas dirigidas
à concepção do Direito Transnacional desenvolvida por Jessup.9
A segunda grande corrente doutrinal a considerar procura integrar o
Direito Internacional Econômico no âmbito do Direito Internacional público,
constituindo aquele um simples ramo substantivo deste último. Para Weil, “no
plano científico, o direito internacional económico não constitui senão um
capítulo entre outros do direito internacional geral”.10
A terceira corrente que podemos identificar defende a autonomia do
Direito Internacional Econômico face ao Direito Internacional Público,
invocando um conjunto de características que o tornariam distinto deste Para
9
Ver Philip JESSUP, Transnational Law. New Haven: Yale Univ. Press, 1956.
10
PROSPER WEIL. “Le droit international économique: Mythe ou réalité?”, Aspects du droit international
économique. Paris: Pédone, 1972. p. 34.
11
JACKSON, John H. “Global Economics and International Economic Law”, Journal of International
Economic Law, vol. 1, nº 1, 1998. p. 1.
5
também da fonte e natureza dessas regras, limitando o seu âmbito ao direito
aplicável aos sujeitos de Direito Internacional Público, ainda que estas digam
igualmente respeito aos particulares, mesmo sem os subjectivarem enquanto
destinatários directos das normas emanadas da ordem jurídica internacional; a
terceira posição procura transcender a ordem jurídica, mantendo-se, todavia,
no lado público da regulação das relações econômicas internacionais: o Direito
Internacional Económico seria então um direito autónomo que articularia as
diferentes ordens jurídicas, a internacional e as nacionais, que enquadram
aquelas relações económicas.
Independentemente da posição que se adote, das diferentes definições
é possível extrair um núcleo indiscutível que integra o Direito Internacional
Econômico: as regras de Direito Internacional Público que têm por objeto as
relações econômicas internacionais.
6
A Carta das Nações Unidas já aporta condições de uma copperação
mais concreta, no plano econômico, com a finalidade de promover o progresso
econômico e social, de tal sorte a propiciar a todos melhores condições de
vida, como se aduz dos seguintes tópicos:
“Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos:
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra,que por duas
vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à
humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem,
na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos
homens e das mulheres, assim como das nações grandes e
pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o
respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do
direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso
social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.
E para tais fins,
praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons
vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança
internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição
dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no
interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para
7
humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de
raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a
consecução desses objetivos comuns.”
Para que se dê concreture a tais objetivos, a Assembléia-Geral deverá
fomentar a cooperação internacional no domínio econômico, social, cultural,
educacional e da saúde e favorecer o pleno gozo dos direitos do homem e das
liberdades fundamentais, por parte de todos os povos, sem distinção de raça,
sexo, língua ou religião, consoante o artigo 13. E o artigo 55 estabelece as
metas a serem alcançadas:
“Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar,
necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações,
baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da
autodeterminação dos povos, as Nações Unidas favorecerão:
a) níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de
progresso e desenvolvimento econômico e social;
b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais,
sanitários e conexos; a cooperação internacional, de caráter cultural e
educacional; e
8
O objetivo básico é o de promover o comércio internacional para
acelerar o desenvolvimento, preconizando-se um Sistema Geral de
Preferências (SGP), pelo qual os países desenvolvidos devem assegurar um
tratamento preferencial para os produtos manufaturados importados pelos
países em desenvolvimento, a fum de reduzir a proteção efetiva e elevada que
esses produtos padecem, visando-se romper com o imperialismo de muitos
países desenvolvidos.
Nesse diapasão, é possível afirmar que o Direito Econômico
Internacional surgido depois da Segunda Guerra Mundial foi um direito
codificador porque se limitou a cristalizar as concepções até então
predominantes. Já o Direito Internacional surgido com a Nova Ordem
Econômica Internacional é um direito reformador ou transformador, porque
pretende estabelecer critérios concretizadores de um desenvolvimento
satisfatório para todas as nações, eliminando o grave hiato que as separa.12
Em 1974 foi aprovada a Resolução 3.281 (XXIX) na ONU, que adotou e
proclamou a Carta de Direitos e Deveres Econômicos dos Estados. Essa Carta
se baseia em 15 princípios fundamentais:
12
CARREAU, Dominique, JUILLARD, Patrick, FLORY, Thiébaut. Op. cit. p. 87.
9
Livre acesso ao mar e desde o mar para países sem litoral dentro do
marco dos princípios acima enunciados.
10
particular, todos os Estados devem evitar prejudicar os interesses dos demais
países. Em particular, todos os Estados devem evitar os interesses dos países
em desenvolvimento”.
11
O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos
países membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar
desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, o FMI planeja e
monitora programas de ajustes estruturais e oferece assistência técnica e
treinamento para os países membros.
Dessa feita, podemos dizer que os objetivos do FMI são:
Promover a cooperação monetária internacional, fornecendo um
mecanismo de consulta e colaboração na resolução dos problemas
financeiros;
Favorecer a expansão equilibrada do comércio, proporcionando
níveis elevados de emprego e trazendo desenvolvimento dos
recursos produtivos;
Oferecer ajuda financeira aos países membros em dificuldades
econômicas, emprestando recursos com prazos limitados;
Contribuir para a instituição de um sistema multilateral de
pagamentos e promover a estabilidade dos câmbios.
O ativo financeiro do FMI é o Direito Especial de Saque. Substitui o ouro
12
O Fundo pode propor um aumento nas cotas de determinado país, mas
é necessária a aprovação por 85 % dos votos para qualquer modificação. Os
membros que queiram aumentar sua cota devem pagar ao Fundo a mesma
quantia em DES correspondente ao aumento.
Os cinco maiores acionistas são: Estados Unidos, Alemanha, Japão,
França e Reino Unido. Cada país pode sacar 25 % de sua cota
correspondente.
Acima deste percentual, é preciso assinar um termo (carta de intenções,
atrelada geralmente a um memorando técnico de entendimento) onde se
compromete a reduzir o déficit fiscal e promover a estabilização monetária. A
partir de 1980, o FMI passa a funcionar como supervisor da dívida externa.
Recentemente, o combate à pobreza mundial vem-se tornando uma
preocupação central.
13
Em 1950, visando impulsionar a liberalização comercial, combater
práticas protecionistas adotadas desde a década de 30, 23 países,
posteriormente denominados fundadores, iniciaram negociações tarifárias.
Essa primeira rodada de negociações resultou em 45.000 concessões e o
conjunto de normas e concessões tarifárias estabelecido passou a ser
denominado Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT.
Os membros fundadores, juntamente com outros países, formaram um
grupo que elaborou o projeto de criação da OIC, sendo os Estados Unidos um
dos países mais atuantes no convencimento da ideia do liberalismo comercial
regulamentado em bases multilaterais.
O fórum de discussões, que se estendeu de Novembro de 1947 a Março
de 1948, ocorreu em Havana, Cuba, e culminou com a assinatura da Carta de
Havana, na qual constava a criação da OIC. O projeto de criação da OIC era
ambicioso pois, além de estabelecer disciplinas para o comércio de bens,
continha normas sobre emprego, práticas comerciais restritivas, investimentos
estrangeiros e serviços.
Apesar do papel preponderante desempenhado pelos Estados Unidos
14
solução de controvérsias, medidas antidumping, medidas de salvaguarda,
medidas compensatórias, valoração aduaneira, licenciamento, procedimentos,
etc. Por fim, a Ata da Rodada Uruguai também contém o acordo constitutivo da
Organização Mundial de Comércio (OMC), encarregada de efetivar e garantir a
aplicação dos acordos citados.
Em suma, o GATT foi um órgão criado a fim de harmonizar a política
aduaneira entre países, mas no início não tinha o poder de punir, julgar e
fiscalizar países infratores. Entretanto, em uma reunião da OMC em 2003, com
a liderança de Brasil, África do Sul e Índia, foi criado o G20 (países em
desenvolvimento); a partir daí o GATT teve o poder de fiscalizar, julgar e punir
países infratores.
15
servir de fórum para comércio internacional (firmar acordos
internacionais)
supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes
acordos pelos membros da organização(verificar as políticas
comerciais nacionais).
Outra função muito importante na OMC é o Sistema de resolução de
Controvérsias da OMC, o que a destaca entre outras instituições internacionais.
Este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação
dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros da OMC.
As negociações na OMC são feitas em Rodadas, hoje, ocorre a Rodada
de Doha (Agenda de Desenvolvimento de Doha - Doha Development Agenda)
iniciada em 2001.
Além disso, a OMC realiza Conferências Ministeriais a cada dois anos.
Existe um Conselho Geral que implementa as decisões alcançadas na
Conferência e é responsável pela administração diária. A Conferência
Ministerial escolhe um diretor geral com o mandato de quatro anos, atualmente
o Diretor geral é Pascal Lamy, que tomou posse em 1 de Setembro de 2005.
16
sobre o Acordo TRIPs (em inglês) , TRIMS Acordo Geral de Tarifas e
Comércio, Barreiras Técnicas e SPS.
17
objetivo, tentou-se criar a Organização Internacional do Comércio (ITO-
International Trade Organization). Um Comitê Preparatório teve início
em fevereiro de 1946 e trabalhou até novembro de 1947. Em Março de
1948 as negociações quanto à Carta da OIT não foram completadas
com sucesso em Havana. Esta Carta tentava estabelecer efetivamente a
OIT e designar as principais regras para o comércio internacional e
outros assuntos econômicos. Esta Carta nunca entrou em vigor, foi
submetida inúmeras vezes ao Congresso Norte Americano que nunca a
aprovou.
18
OMC negociarem e decidirem sobre a diminuição das tarifas de
importação e a abertura dos mercados, por exemplo. No GATT (1947 a
1994) ocorreram 8 Rodadas de Negociação e na OMC em 2001 iniciou-
se a Rodada de Doha ainda em curso. O resumo das Rodadas de
Negociação na história do sistema multilateral de comércio:
19
6. União Européia
6.1. História
A União Europeia foi criada com o objectivo de pôr termo às frequentes
guerras sangrentas entre países vizinhos, que culminaram na Segunda Guerra
Mundial.
A partir de 1950, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço começa a
unir económica e politicamente os países europeus, tendo em vista assegurar
uma paz duradoura. Os seis países fundadores são a Alemanha, a Bélgica, a
França, a Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos.
Os anos 50 são dominados pela guerra fria entre o bloco de Leste e o
Ocidente. Em 1956, o movimento de protesto contra o regime comunista na
Hungria é reprimido pelos tanques soviéticos. No ano seguinte, em 1957, a
20
A Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido aderem à União Europeia em 1
de Janeiro de 1973, elevando assim o número dos Estados-Membros para
nove. Na sequência do breve, mas violento, conflito israelo-árabe em Outubro
de 1973, a Europa debate-se com uma crise energética e problemas
económicos.
A queda do regime de Salazar em Portugal, em 1974, e a morte do
General Franco em Espanha, em 1975, põem fim às últimas ditaduras de
direita na Europa.
No âmbito da política regional da União Europeia, começam a ser
atribuídas elevadas verbas para fomentar a criação de empregos e de infra-
estruturas nas regiões mais pobres. O Parlamento Europeu aumenta a sua
influência na UE e, em 1979, os cidadãos passam, pela primeira vez, a poder
eleger directamente os seus deputados.
O sindicato polaco Solidarność e o seu dirigente Lech Walesa tornam-se
muito conhecidos não só na Europa como no mundo inteiro na sequência do
movimento grevista dos trabalhadores do estaleiro de Gdansk durante o Verão
de 1980.
21
protecção do ambiente e com a forma como os europeus poderão colaborar
entre si em matéria de defesa e segurança.
Em 1995, a União Europeia passa a incluir três novos Estados-
Membros, a Áustria, a Finlândia e a Suécia. Uma pequena localidade
luxemburguesa dá o seu nome aos acordos de “Schengen”, que gradualmente
permitirão às pessoas viajar sem que os seus passaportes sejam objecto de
controlo nas fronteiras. Milhões de jovens estudam noutros países com o apoio
da UE. A comunicação é facilitada à medida que cada vez mais pessoas
começam a utilizar o telemóvel e a Internet.
O euro é a nova moeda de muitos europeus. O 11 de Setembro de 2001
torna-se sinónimo de “Guerra contra o terrorismo” depois de terem sido
desviados aviões para embaterem em edifícios de Nova Iorque e Washington.
Os Estados-Membros da União Europeia começam a trabalhar cada vez
mais em conjunto para lutar contra a criminalidade. As divisões políticas entre a
Europa Ocidental e a Europa Oriental são finalmente declaradas sanadas
quando dez novos países aderem à União Europeia em 2004. Muitos
consideram que é altura de a Europa ter uma constituição. Mas a questão de
6.2. O Euro
22
Estes países formam a área do euro. Os micro-estados da Cidade do
Vaticano, Mónaco e São Marino também utilizam o euro ao abrigo de um
acordo formal com a Comunidade Europeia. Andorra, o Kosovo e o
Montenegro utilizam igualmente o euro, mas sem um acordo formal.
As notas (e moedas) de euro circulam amplamente na área do euro,
sobretudo devido ao turismo, às viagens de negócios e às compras
transfronteiras. Antes da introdução do euro, as notas nacionais também
“circulavam” a nível transfronteiras, ainda que de forma bastante mais limitada,
e tinham de ser depois “repatriadas” para o banco central emissor, sobretudo
através do sistema bancário comercial.
Com o euro, estas devoluções tornaram-se desnecessárias. Todavia,
uma vez que grandes quantidades de notas de euro não permanecem no país
emissor, sendo antes utilizadas para efetuar pagamentos em outros países da
área do euro, os bancos centrais têm de voltar a distribuí-las, de modo a evitar
o défice de notas num país e excedentes em outros. Essas transferências são
coordenadas a nível central e financiadas pelo BCE.
O numerário é apenas uma das múltiplas formas de pagamento e
23
está “ao alcance de todos”, dado que permite a realização de
pagamentos por indivíduos que não dispõem de contas bancárias,
que têm acesso limitado a elas ou que não têm a possibilidade de
utilizar instrumentos de pagamento electrónicos;
permite aos clientes controlarem melhor as suas despesas; e
tem demonstrado ser um instrumento seguro em termos de
resistência à fraude/contrafacção.
Legalmente, tanto o BCE como os bancos centrais nacionais (BCN) dos
países da área do euro têm o direito de emitir notas de euro. Na prática,
apenas os BCN têm a capacidade para emitir e retirar de circulação notas (e
moedas) de euro.
O BCE não dispõe de serviços de caixa e não realiza operações em
numerário. Quanto às moedas de euro, os emissores legais são os países da
área do euro. A Comissão Europeia coordena todos os aspectos referentes às
moedas ao nível da área do euro. Para mais informações, consultar o sítio da
Comissão Européia.
O BCE é responsável pela supervisão das actividades dos BCN e toma
24
reagir aos desafios económicos e financeiros mundiais de forma coordenada,
reforça a sua resistência aos choques vindos do exterior e possibilita um
tratamento mais eficaz dos problemas económicos e financeiros.
A UE adoptou uma resposta coordenada face à actual crise económica e
financeira desde o seu início em Outubro de 2008. Os governos nacionais, o
Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia têm colaborado para
proteger as poupanças, manter o fluxo de crédito acessível para as empresas e
os particulares e instaurar um melhor sistema de governança financeira à
escala mundial. O objectivo não é apenas restaurar a estabilidade mas também
criar condições para relançar o crescimento e a criação de emprego.
Até agora, os governos da UE afectaram mais de dois biliões de euros
ao esforço de recuperação económica. Os dirigentes da UE coordenaram as
suas intervenções, apoiando os bancos e proporcionando garantias para os
empréstimos interbancários. A UE também aumentou para 50 000 euros o
valor mínimo das garantias das contas de poupança nacionais dos particulares.
Ter o euro como moeda comum numa grande parte da UE foi muito útil
durante a crise. Facilitou uma resposta coordenada da UE à crise mundial do
25
O euro deverá ser usado por todos os países da UE, mas apenas
quando as suas economias estiverem prontas para tal. Os países que aderiram
à UE em 2004 e 2007 estão assim a entrar gradualmente na zona euro.
Por sua vez, a Dinamarca e o Reino Unido escolheram não usar o euro
ao abrigo de acordos políticos especiais. Para entrar na zona euro, um país
tem de manter estável durante dois anos a taxa de câmbio da sua moeda
nacional e satisfazer outros critérios relacionados com as taxas de juro, o
défice orçamental, a taxa de inflação e o nível da dívida pública.
O BCE tem por missão não só manter os preços estáveis, mas também
assegurar pagamentos transfronteiras tão baratos quanto possível para os
bancos e os consumidores.
É precisamente isto que se propõe fazer o sistema de pagamento em
tempo real conhecido por sistema TARGET que é utilizado pelo BCE e pelos
bancos nacionais para pagamentos de grandes montantes e que, no futuro,
oferecerá vantagens semelhantes para as operações sobre títulos.
O BCE e a Comissão Europeia colaboram na criação de um Espaço
Único de Pagamentos em Euros (SEPA - Single Euro Payments Area) tendo
26
1991 o Tratado de Assunção, com vistas a criar o Mercado Comum do Sul -
MERCOSUL.
Os quatro Estados Partes que constituem o MERCOSUL partilham
valores que se exprimem em suas sociedades democráticas, pluralistas,
defensoras das liberdades fundamentais, dos direitos humanos, da proteção do
meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, e partilham, ainda, seu
compromisso com a consolidação da democracia, com a segurança jurídica,
com o combate à pobreza e com o desenvolvimento econômico e social com
equidade.
Com essa base fundamental de coincidências, os parceiros buscaram a
ampliação das dimensões dos respectivos mercados nacionais por meio da
integração, que é uma condição fundamental para acelerar seus processos de
desenvolvimento econômico com justiça social.
Portanto, o objetivo primordial do Tratado de Assunção é a integração
dos quatro Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e
fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC),
da adoção de uma política comercial comum, da coordenação de políticas
27
7.2. O Mercosul Político
O MERCOSUL assenta os alicerces que enquadram as relações entre
os Estados Partes e representa, acima de tudo, um Acordo Político.O
MERCOSUL é um fator de estabilidade na região, pois gera uma trama de
interesses e relações que torna mais profundas as ligações, tanto econômicas
quanto políticas, e neutraliza as tendências à fragmentação.
Os responsáveis políticos, as burocracias estatais, os trabalhadores e os
empresários têm no MERCOSUL um âmbito de discussão, de múltiplas e
complexas facetas, onde podem ser abordados assuntos de interesse comum.
Nesse contexto, os quatro Estados Partes do MERCOSUL, junto com a
Bolívia e o Chile, constituíram o "Mecanismo de Consulta e Concertação
Política" por meio do qual são consensualizadas posições em matérias de
alcance regional que vão além do estritamente econômico e comercial.
Na X Reunião do Conselho do Mercado Comum (San Luis, 25 de Junho
de 1996) foi assinada a "Declaração Presidencial sobre Compromisso
Democrático no MERCOSUL", bem como o Protocolo de Adesão da Bolívia e
do Chile a essa Declaração, instrumento que traduz a plena vigência das
28
países manifestam que a paz é um elemento essencial para a continuidade e
para o desenvolvimento do processo de integração regional.
A esse respeito, os seis governos acordaram, dentre outros pontos,
fortalecer os mecanismos de consulta e de cooperação sobre temas de
segurança e de defesa existentes entre seus países e promover sua
progressiva coordenação, e fazer esforços conjuntos nos foros pertinentes para
avançar na consolidação de acordos internacionais focados na consecução do
objetivo da não-proliferação e do desarmamento nuclear em todos seus
aspectos.
Levando em conta o compromisso do MERCOSUL com o
aprofundamento do processo de integração regional e a importância de
desenvolver e intensificar as relações com os Países-Membros da ALADI com
os quais o MERCOSUL assinou Acordos de Livre-Comércio para atingir aquele
objetivo, o Conselho do Mercado Comum aprovou a Decisão CMC Nº 18/04,
que estabelece as condições para a associação dos Países-Membros da
ALADI ao MERCOSUL e regulamenta sua participação nas reuniões dos
órgãos da estrutura institucional do bloco.
29
Assunção, que admite a adesão dos demais Países-Membros da Associação
Latino-Americana de Integração (ALADI) ao bloco.
A esse respeito, os Estados Partes do MERCOSUL reafirmaram a
importância da adesão da República Bolivariana da Venezuela ao MERCOSUL
para a consolidação do processo de integração da América do Sul no contexto
da integração latino-americana.
No ano de 2005 foi aprovada a Decisão CMC Nº 28/05, que regulamenta
as condições necessárias para a adesão de um novo Estado Parte ao
MERCOSUL, à luz dos objetivos e dos princípios estabelecidos no Tratado de
Assunção.
Nesse âmbito, em 4 de julho de 2006 foi aprovado o Protocolo de
Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao MERCOSUL, que
estabelece as condições e os prazos previstos para a plena incorporação da
Venezuela ao bloco. Conforme estabelecido no Protocolo, a República
Bolivariana da Venezuela desenvolverá sua integração ao MERCOSUL de
acordo com os compromissos dele derivados e seguindo os princípios de
gradualidade, flexibilidade e equilíbrio, de reconhecimento das assimetrias, e
30
as normas para o desempenho de suas funções, e desenvolver atividades e
estudos ligados à consolidação da democracia na região.
31
Por isso, em 2000, os Estados Partes do MERCOSUL resolveram iniciar
uma nova etapa do processo de integração regional, cujo objetivo fundamental
foi consolidar o caminho para a União Aduaneira, tanto no âmbito sub-regional
quanto no externo.
Nesse contexto, os Governos dos Estados Partes do MERCOSUL
reconhecem o papel central da convergência e da coordenação
macroeconômica no aprofundamento do processo de integração.
A partir desse momento, os Estados Partes resolveram priorizar o tratamento
dos seguintes temas:
1) agilização dos trâmites nas fronteiras,
2) convergência da tarifa externa comum e eliminação de sua dupla
cobrança,
3) adoção de critérios para a distribuição da renda aduaneira dos Estados
Partes do MERCOSUL,
4) fortalecimento institucional e,
5) relacionamento externo do bloco com outros blocos ou países.
Quanto à eliminação da dupla cobrança da TEC, o primeiro avanço
32
processos de produção. Com vistas a permitir a implementação do que
estabelece o Artigo 1° da Decisão CMC Nº 54/04, previu-se:
a) A adoção do Código Aduaneiro do MERCOSUL;
b) A interconexão on-line dos sistemas informáticos de gestão aduaneira
existentes nos Estados Partes do MERCOSUL;
c) Um mecanismo para a distribuição da renda, com a definição de
modalidades e procedimentos.
A partir desse momento, progrediu-se na interconexão on-line das
Aduanas dos quatro Estados Partes, atualmente operante e disponível o
Sistema de Intercâmbio de Informações dos Registros Aduaneiros (Sistema
INDIRA) em cada uma das Aduanas dos países do MERCOSUL.
Foram aprovadas, ainda, normas tendentes ao estabelecimento de
mecanismos para facilitar e simplificar o comércio intrazona, tais como a
Resolução GMC Nº 21/05, “Mecanismo para a Facilitação do Comércio
Intrazona” e a Resolução GMC Nº 02/09, “Procedimento Simplificado de
Despacho Aduaneiro Intra-MERCOSUL”.
O Conselho do Mercado Comum aprovou, no ano 2007, o “Sistema de
33
Referências
BAGNOLI, Vicente. Direito Econômico. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 139-
141.
BAPTISTA, Luiz Olavo e JUNIOR, Umberto Celli e Yanovick, Alan. Dez anos
de OMC: uma análise do Sistema de Solução de Controvérsias e Perspectivas.
São Paulo: Aduaneiras, 2007.
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