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DIREITO INTERNACIONAL

I – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

1. Conceito
O Direito Internacional Público – ou direito das gentes – é o conjunto de princípios
e regras que rege as relações entre Estados soberanos, bem como, dos organismos
internacionais (Ex. Organizações Internacionais intergovernamentais, como as Nações
Unidas) e dos indivíduos (Ex. aspectos da “proteção internacional da pessoa humana”).1
São, portanto, sujeitos do direito internacional os Estados Soberanos, as organizações
internacionais e o homem.2
O Direito Internacional não se confunde com o direito interno dos Estados
soberanos. Como ensina Rezek3, sobre o assunto há duas teorias em confronto:
“Para os autores dualistas – entre os quais se destacaram neste século Carl
Heinrich Triepel, na Alemanha, e Dionísio Anzilotti, na Itália –, o direito internacional e o
direito interno de cada Estado são sistemas rigorosamente independentes e distintos, de tal
modo que a validade jurídica de uma norma interna não se condiciona à sua sintonia com
a ordem internacional. Os autores monistas dividiram-se em duas correntes. Uma sustenta
a unicidade da ordem jurídica sob o primado do direito internacional, a que se ajustariam
todas as ordens internas. Outra apregoa o primado do direito nacional de cada Estado
soberano, sob cuja ótica a adoção dos preceitos do direito internacional reponta como
uma faculdade discricionária.”
E continua, explicando que as teorias a respeito do direito internacional e sua
relação com o direito interno estão sujeitas a críticas. Como obtempera Carlos Roberto
Husek4 “ambos – Direito Internacional e Direito Interno – têm campos de atuação
distintos, sendo, no entanto, difícil, às vezes, demarcar quando começa um e quando o
outro termina. Algumas matérias, como a que discorre sobre a nacionalidade ou a que se
preocupa com os direitos humanos, têm campo quase comum”.

2. Sujeitos do Direito Internacional – breves considerações


São os entes que têm direitos e deveres na comunidade internacional, a saber:
a) Estados: que devem possuir três requisitos – território, povo e governo – para serem
assim considerados;
b) Organismos internacionais: aqueles criados pelos Estados, ou seja,
intergovernamentais;
c) Os indivíduos, embora com um campo mais restrito, atualmente são considerados,
por alguns doutrinadores, como sujeitos de direito internacional, uma vez que podem
tanto agir nas relações internacionais no pólo ativo quanto no pólo passivo (ex.

1
“É certo que a personalidade dos indivíduos, no plano internacional é limitada. Contudo, em certas ocasiões,
principalmente no que diz respeito aos crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, têm os
indivíduos, assim, como os Estados, responsabilidade no plano internacional”. (in MAZZUOLI, Valério de
Oliveria. Direito internacional público. 2 ed. São Paulo: RT, 2005. p. 18).
2
Em sentido contrário, José Francisco Rezek considerando somente como sujeito de direito internacional os
Estados soberanos (in Direito internacional público. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 3).
3
REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 4.
4
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de direito internacional público. 5 ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 30.

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peticionando nos tribunais internacionais, ou respondendo por atos cometidos na


comunidade internacional).
Importante observar que entidades como as ONGs e as empresas multinacionais não
são consideradas sujeitos do direito internacional.

3. Fontes de Direito Internacional


O art. 38 do Estatuto da Corte de Haia (1920) declara que são fontes do Direito
Internacional os tratados, os costumes e os princípios gerais do direito. Tal estatuto alude
também à jurisprudência e doutrina como auxiliares na determinação das regras jurídicas, e
possibilitou, em alguns casos, o emprego da eqüidade.
Os tratados internacionais são a principal fonte do direito internacional público,
uma vez que regulam matérias das mais variadas e importantes na ordem internacional,
sendo elaborados diretamente pelos Estados e pelos organismos internacionais.
Por sua vez, os costumes internacionais, conforme o Estatuto da Corte de Haia,
resultam de “uma prática geral aceita como sendo o direito”, ou seja, a prática ou a omissão
reiterada de determinada conduta pelos Estados, aceita por eles, tácita ou expressamente,
como correta, justa, representa uma regra costumeira. Importante destacar que não há
hierarquia entre tratados e costumes. Observe-se também que aquele que alega o costume
deve apresentar sua prova, “embora se deva supor que um Tribunal conheça o Direito e
possa aplicar o costume mesmo que não tenha sido expressamente argüido”.5
A respeito dos princípios gerais do direito cumpre dizer que são aqueles
reconhecidos pelas nações civilizadas6 e retratam os valores a serem seguidos; representam
normas internacionais com maior grau de generalização que imperam na comunidade
mundial.
Explana Husek7 que são princípios reconhecidos: “a) proibição do uso ou ameaça
de força; b) solução pacífica das controvérsias; c) não-intervenção nos assuntos internos
dos Estados; d) dever de cooperação internacional; e) igualdade de direito e
autodeterminação dos povos; f) igualdade soberana dos Estados; e g) boa-fé no
cumprimento das obrigações internacionais” entre outros8.

4. Tratados Internacionais
São acordos formais, bilaterais ou plurilaterais, firmados entre os Estados ou
organismos internacionais destinados a produzir efeitos jurídicos na ordem internacional.
De acordo com Celso D. de Albuquerque9 a terminologia dos tratados é bastante
imprecisa no âmbito internacional, por exemplo: Tratado é termo utilizado para acordos

5
Idem. p. 36.
6
Nações nas quais existe ordem jurídica, não tem o termo sentido discriminatório ou preconceituoso.
7
Op. cit. p. 37.
8
José Francisco Rezek: “No domínio comum ao direito internacional e às ordens jurídicas domésticas, é
virtualmente unânime o abono à validade de princípios ora de direito material, ora de procedimento, todos
com grande lastro histórico: pacta sunt servanda, lex posterior derogat priori, nemo plus júris transferre
potest ipse habet”. (in Op. cit. 129).
9
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15 ed. Rio de Janeiro: Renovar,
2004. p. 212-213. V.1

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solenes (ex. tratado de paz), enquanto que, Convenção é tratado que cria normas gerais (ex.
convenção sobre mar territorial). Declaração, por sua vez, é tratado para criação de
princípios jurídicos (ex. Declaração de Paris de 1856), Pacto também é terminologia
utilizada para designar um tratado solene, Protocolo tanto pode referir-se a um ato de uma
conferência, quanto a um acordo internacional em que são criadas normas jurídicas. Há,
além dessas, inúmeras variações de nomenclatura, mas a verdade é que isso “não guarda
relação com o teor substancial do tratado, visto que pode ele referir-se a uma gama
imensa de assuntos”, ensina Husek10.

4.1 Classificação
Cuida-se, no presente texto, das classificações mais recorrentes:
Quanto ao número de partes envolvidas: a) Tratado Bilateral: aquele celebrado
entre duas pessoas, que tanto podem ser Estados ou organizações internacionais; b) Tratado
Multilateral (ou plurilateral) é o formalizado entre três ou mais pactuantes.
Quanto à natureza jurídica os tratados podem ser: a) Tratado-lei ou tratado-
normativo: estabelece normas de interesse geral, geralmente celebrado por grande número
de Estados; b) Tratado-contrato: visa compor interesses divergentes, como num verdadeiro
contrato entre as partes; por exemplo, um tratado comercial. Destaque-se que mesmo nesses
existem alguns elementos normatizadores.
Quanto ao procedimento: a) Tratado simplificado: é o que não necessita de
ratificação; b) Tratado solene: necessita de ratificação, tem um procedimento mais extenso.

4.2 Fases de formação dos tratados


Como são atos solenes, os tratados internacionais têm que observar uma série de
formalidades11, a saber: 1) Negociação; 2) Redação; 3) Adoção; 4) Assinatura; 5)
Ratificação ou adesão.
1) Negociação: fase preliminar na qual os Estados negociam. Em regra, desenvolve-
se no território de uma das partes pactuantes quando o tratado é bilateral, ou, se
multilateral, realizar-se-á no Estado que oferecer seu território ou no interior de
organização internacional da qual partiu a iniciativa para o tratado.
2) Redação: fase em que começa a elaboração legislativa.
3) Adoção: definição do texto pelos pactuantes.
4) Assinatura: compromisso do Estado ou organização internacional em cumprir o
texto elaborado, “mas, precipuamente, exteriorizando em definitivo o consentimento das
pessoas jurídicas de direito das gentes que os signatários representam”.12 Tal
compromisso é realizado pelo representante do Estado signatário chamado de
plenipotenciário, que, geralmente, é um embaixador que possui carta de plenos poderes.
Sobre as reservas, que podem ser opostas em alguns tratados, cuidar-se-á no item 4.3 infra.
5) Ratificação: “é ato unilateral com o que o co-partícipe da feitura de um tratado
expressa em definitivo sua vontade de se responsabilizar, nos termos do tratado, perante a
10
Op. cit. p. 59.
11
Quando o tratado é simplificado o seu procedimento se resume à negociação e assinatura.
12
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 46.

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comunidade internacional”.13 Deve ser expressa e se consuma pela comunicação formal à


outra parte ou ao depositário do tratado (tratados multilaterais). Destaque-se que a adesão
tem natureza igual a da ratificação, e acontece quando um Estado que não participou das
negociações iniciais quer aderir ao tratado já implementado.
Convém elucidar, como o faz Rezek14, que “não se pode entender a ratificação
senão como ato internacional, e como ato de governo (...) Parlamentos nacionais não
ratificam tratados (...)”. Há, porém, países, como o Brasil, nos quais é necessária a
aprovação legislativa dos tratados para depois haver ratificação internacional pela
autoridade do governo. Nesse sentido o art. 84, VIII da CF dispõe que compete
privativamente ao Presidente da República, ad referendum do Congresso Nacional, celebrar
tratados internacionais, isto é, ratificá-los. Em outros Estados, entretanto, tal aprovação não
se faz necessária, podendo ser concluídos os tratados exclusivamente pela autoridade do
governo e ratificados internacionalmente.
Impende considerar que não se confundem a ratificação internacional com a
“ratificação em sentido constitucional”, porque esta é ato interno do Estado. Os tratados
para terem validade no âmbito interno dos Estados signatários dependem, normalmente,
não só da vontade do Poder Executivo, mas também da aprovação do Poder Legislativo.
No Brasil, o art. 49, I da Constituição Federal prescreve que é da competência
exclusiva do Congresso Nacional resolver sobre tratados, acordos ou atos internacionais
que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Como ensina Alexandre de Moraes15:
“São, pois, três fases para a incorporação de um ato ou tratado internacional em
nosso ordenamento jurídico interno:
• 1ª fase: compete privativamente ao Presidente da República celebrar todos
os tratados e convenções e atos internacionais (CF, art. 84, VIII);
• 2ª fase: é de competência exclusiva do Congresso Nacional resolver
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional
(CF, art. 49, I). A deliberação do parlamento será realizada através da
aprovação de um decreto legislativo, devidamente promulgado pelo
Presidente do Senado Federal e publicado.
• 3ª fase: edição de um decreto do Presidente da República, promulgando o
ato ou tratado internacional devidamente ratificado pelo Congresso
Nacional. È nesse momento que adquire executoriedade interna a norma
inserida pelo ato ou tratado internacional, podendo inclusive ser objeto de
ação direita de inconstitucionalidade”.
O decreto legislativo, portanto, contém aprovação do Congresso Nacional e,
simultaneamente, autorização para que o Presidente possa ratificar o tratado
internacionalmente.

13
HUSEK, Carlos Roberto. Op. cit. p. 66.
14
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 49.
15
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 616.

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Em regra, os tratados e convenções internacionais ingressam no ordenamento


jurídico brasileiro como lei ordinária (status ordinário), nesse sentido, posicionamento do
STF.
A Emenda Constitucional nº 45/04 introduziu a possibilidade, nos casos de tratados
e convenções internacionais que versem sobre Direitos Humanos, de serem introduzidos
com status constitucional, desde que aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, por
três quintos dos votos dos respectivos membros (serão nesse caso equivalentes às emendas
constitucionais – art. 5º, §3° da CF).
Importante salientar que, antes mesmo da EC nº 45, já havia discussão e
posicionamento doutrinário no sentido de que os tratados que se referem a direitos humanos
ingressariam no ordenamento nacional com status de norma constitucional em virtude do
disposto no § 2° do art. 5º da CF, tendo aplicação imediata após a ratificação em vista do §
1º do mesmo artigo.
Ocorre que, com a promulgação da EC nº 45, a discussão tornou-se mais acirrada.
Há aqueles que mantém o posicionamento, sustentando que todos os tratados que versem
sobre direitos humanos, ainda que ratificados antes da Emenda nº 45, são introduzidos com
status constitucional; para outros, entretanto, somente os novos tratados aprovados de
acordo com o disposto no § 3° do art. 5°, ingressam com esse status, os anteriores
precisariam de nova ratificação, obedecendo ao disposto no parágrafo supracitado.

4.3 Reserva
“A reserva é um qualificativo do consentimento. Define-a a Convenção de Viena
como a declaração unilateral do Estado que consente, visando ‘excluir ou modificar o
efeito jurídico de certas disposições do tratado em relação a esse Estado’”.16
Nas negociações, no âmbito dos tratados plurilaterais ou multilaterais, há
possibilidade de um ou alguns aspectos do compromisso não serem satisfatórios a um dos
Estados signatários. Nesse caso, comportando o tratado reservas (já que há tratados que por
sua natureza não comportam), devem ser essas opostas pela autoridade de governo do
Estado soberano quando da assinatura do pacto.

4.4 Validade, vigência, estrutura e extinção dos tratados


Para que o tratado tenha validade, segundo o disposto na Convenção de Viena de
1969, é preciso que as partes que o celebram (Estados ou organizações internacionais)
sejam capazes (que seus agentes signatários sejam legalmente habilitados por meio de carta
de plenos poderes, a qual será assinada pelo Chefe do Executivo e referendada pelo
Ministro das Relações Exteriores). É necessário ainda que o consentimento dos contraentes
seja sem vícios e o objeto seja lícito, ou seja, não pode objetivar algo materialmente
impossível ou imoral, ou, ainda, contrário aos princípios e normas de direito internacional.
Normalmente, a vigência de um tratado se inicia com o ato da ratificação, no
entanto, há possibilidade do tratado determinar a data do início de sua vigência. Cada
tratado dispõe sobre sua duração; a fixação do termo final do tratado significa que as partes

16
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 66.

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não podem denunciá-lo17, exceto no caso de cláusula expressa em sentido contrário. Não
havendo disposição a respeito vige por tempo indeterminado, havendo possibilidade de ser
modificado por uma nova convenção.
Os tratados constituem-se geralmente de um preâmbulo, o qual elenca as partes e
dispõe sobre as razões do ato; por uma parte dispositiva, essencialmente jurídica, na qual se
ordenam os artigos; e, por fim, quando existem, pelos anexos, que podem ser gráficos,
listas etc.
Extinguem-se os tratados: pela execução integral de seu conteúdo; por ato de
vontade das partes; pelo término de seu prazo de vigência; pela denúncia (vontade
unilateral) e pela impossibilidade de execução.

5. Organizações Internacionais
5.1 Conceito
As Organizações Internacionais intergovernamentais são entes que nascem da
reunião entre Estados e, assim como estes, possuem personalidade jurídica de direito
internacional (personalidade essa distinta da dos Estados que a criaram). São instituídas por
meio de tratados (ato constitutivo). Exemplos: Organização das Nações Unidas (ONU) e
Organizações dos Estados Americanos (OEA).
Ensina Rezek que o mais expressivo elemento indicativo da personalidade jurídica
de uma organização internacional é a sua competência de realizar tratados em seu próprio
nome.18
Distinguem-se as organizações internacionais intergovernamentais, e isso é de suma
importância, das organizações internacionais privadas ou não-governamentais, pois essas
nascem da “vontade de particulares com ou sem intervenção de órgãos públicos”19 e não
têm personalidade jurídica de direito internacional. Exemplos: Anistia Internacional e
Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

5.2 Órgãos essenciais


Há dois órgãos básicos e apontados como indispensáveis na estrutura de uma
organização internacional, independente de sua finalidade e alcance:
a) Assembléia Geral – na qual os Estados-membros têm condições de voz e veto
igualitárias e que configura o “centro de uma possível competência ‘legislativa’
da entidade”.20
b) Secretaria Executiva – é um órgão administrativo.

5.3 Peculiaridades

17
Denúncia é um ato unilateral por meio do qual o Estado manifesta sua vontade de deixar de ser parte do
acordo internacional.
18
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 242.
19
MAZZUOLI, Valério de Oliveira.Op. cit. p. 126.
20
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 242.

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Algumas peculiaridades sobre os organismos internacionais intergovernamentais


devem ser destacadas, entre elas:
a) Cada organização tem um direito próprio que define os elementos de sua
personalidade.
b) As organizações necessitam que um Estado faculte a instalação de seus órgãos
no seu território. Para isso, há sempre um tratado bilateral entre a organização
e o Estado que será sede.
c) Em grande parte das organizações internacionais as decisões são tomadas por
consenso e não simplesmente por maioria absoluta dos participantes.
d) As finanças das organizações, em regra, são cotizadas pelos Estados,
considerada a capacidade contributiva.
e) As organizações podem adotar sanções contra os seus membros, consistindo
essas, geralmente, em embargo econômico; suspensão de participação em
eventos etc.
f) A retirada voluntária do Estado-membro da organização pode dar-se desde
que haja o pré-aviso (um lapso temporal entre a manifestação de vontade do
retirante e o rompimento efetivo do vínculo) e a atualização de contas (o
Estado retirante deve colocar suas obrigações financeiras para com a
organização em dia).

5.4 Espécies
Quanto à finalidade as Organizações podem ser:
a) de vocação política – sem tema específico, são as que, por exemplo, buscam a
preservação da paz e da segurança.
b) de vocação técnica – têm fim específico, voltadas, por exemplo, a uma
finalidade econômica ou financeira.
Quanto ao alcance são denominadas:
a) de alcance universal – aquelas que congregam todos os Estados da comunidade
internacional. Exemplos: ONU (Organização das Nações Unidas) e OIT
(Organização Internacional do Trabalho).
b) de alcance regional – restrita a um número reduzido de Estados. Exemplos:
MERCOSUL (Mercado do Cone Sul) e OEA (Organização dos Estados
Americanos).

6 Direito da Integração
6.1 Conceito
Novo ramo do Direito Internacional que cuida da integração entre regiões, estuda as
suas fases e o direito que as envolve.
A Constituição Federal dispõe a respeito no § único do art. 4º, in verbis – “A
República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural
dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações”. (grifo nosso)

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6.2 Cooperação e Integração


A diferença entre cooperação e integração está na idéia de união entre os Estados
soberanos. O vínculo no caso da integração é maior que na cooperação; nesta um Estado
presta cooperação ao outro na sua relação internacional, é um vínculo de “amizade”; aquela
enseja uma conseqüência jurídica, a integração decorre, geralmente, de um ideal histórico,
exemplo de integração encontramos na Comunidade Européia (o começo dessa união deu-
se em 1957, período após a 2ª Grande Guerra, quando houve, em princípio, uma união
econômica, buscando um mercado comum). Importante observar que foi essa a gênese que
inspirou todas as formas de integração, inclusive o Mercosul.
Destaca-se ainda que, atualmente, como leciona Husek, fala-se em “Direito
Comunitário ou Supranacional” que “cuida exatamente de fase mais aperfeiçoada da
integração porque não está preocupado apenas com a integração econômica, mas com a
integração política e jurídica, já que a integração regional chega a uma intensidade mais
acentuada”.21

6.3 Características da Integração Européia


Consoante já destacado, inicialmente o foco da comunidade foi de ordem
econômica, o primeiro passo foi a criação de uma zona de livre comércio (livre circulação
de mercadorias, sem restrições quantitativas e sem imposições alfandegárias), num segundo
momento, criou-se uma união aduaneira, ou seja, uma tarifa aduaneira comum entre os
Estados da comunidade.
Criou-se, posteriormente, um mercado comum, que possibilitou a livre circulação
dos fatores de produção (capital e trabalho), o que gerou a livre circulação dos
trabalhadores, do estabelecimento de empresas etc. A partir do mercado comum, houve
uma uniformização da legislação no que diz respeito à ordem econômica, financeira e
social dos Estados membros da Comunidade.
Por fim, ocorreu a união monetária, com a criação do EURO, o que causou
divergências e discussões a respeito do conceito tradicional de soberania, surgindo uma
recente teoria fundada na idéia de supranacionalidade (acima citada).

6.4 O Mercosul
Teve início na década de 60, com a idéia de uma simples zona de comércio (livre
circulação de mercadorias, sem bloqueios alfandegários).
Em 26 de março de 1991, foi firmado o Tratado de Assunção que criou o Mercosul,
o qual possui quatro integrantes – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai –, tendo natureza
jurídica de direito internacional público (Tratado de Ouro Preto – 1994).
O Tratado de Ouro Preto fixou alguns critérios a respeito do Mercosul, como por
exemplo, o da negociação direta por meio dos órgãos que o compõem; na impossibilidade
de composição entre os Estados estes se submetem à decisão de árbitros nomeados etc.
(vide tratados relacionados)

21
HUSEK, Carlos Roberto. Op. cit. p. 158.

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7. Homologação de sentença estrangeira e sentenças proferidas por tribunais


internacionais
A sentença estrangeira, antes de produzir efeitos no Brasil, deverá ser apreciada
pela jurisdição local que decidirá se ela poderá, ou não, ser executada no país, tal
processo denomina-se exequatur. O exequatur será, portanto, indispensável para que a
sentença estrangeira produza efeitos no território nacional.
Desse modo, desde que submetidas à homologação do Superior Tribunal de
Justiça, de acordo com o art. 105, I, i da Constituição Federal (antes da EC n° 45/04,
cabia ao STF tal competência), as sentenças alienígenas podem ser executadas no
território nacional. A finalidade dessa homologação é conferir força imperativa ao
veredicto estrangeiro. Todavia, em algumas hipóteses, o Estado poderá opor-se a
execução da sentença em seu território; como aduz o art. 17, da LICC, as sentenças de
outro país que ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes não
terão eficácia no Brasil.
Em relação a sentença proferida por tribunais internacionais, como, por exemplo
pela Corte Internacional de Justiça (Haia) ou pelo Tribunal Penal Internacional (TPI),
não há necessidade de homologação pelo STJ, segundo alguns doutrinadores22, pois
essas sentenças internacionais não se enquadrariam na concepção de sentença
estrangeira, uma vez que emanam de um tribunal que tem jurisdição sobre os Estados.
Porém, há os que entendem que essas sentenças também são sentenças estrangeiras, pois
não são nacionais, devendo, por isso, serem homologadas23.

8. Proteção internacional dos direitos humanos


Até 1945, quando foi fundada a Organização das Nações Unidas, somente alguns
tratados avulsos contemplavam, incidentalmente, a proteção de certas minorias no âmbito
internacional. Não havia uma preocupação sistematizada e consciente sobre os direitos
humanos.
Em 1948 a Assembléia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal
dos Direitos do Homem, que não é um tratado, mas uma resolução, portanto, não constitui
uma obrigação jurídica. Demais disso, as normas da Declaração são de cunho apenas
substantivo, pois não encerram qualquer índole procedimental, mas nela se pautaram todos
os tratados e convenções supervenientes sobre o assunto.
Na sua primeira parte, a Declaração de 1948 se refere aos direitos civis e políticos,
posteriormente, denominados “direitos humanos de primeira geração”; a parte seguinte
trata dos direitos econômicos, sociais e culturais, denominados de “direitos humanos de
segunda geração”. Os chamados “direitos de terceira geração” são de idéia contemporânea,
são os direitos de solidariedade ou fraternidade (ex. o direito a um meio ambiente
equilibrado; direito à paz etc.).
Vieram posteriormente à Declaração tratados relevantes a respeito de Direitos
Humanos, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966; a

22
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito internacional público. 2 ed. São Paulo: RT, 2004. p. 122-123.
23
Idem, ibdem. p. 122.

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Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de descriminação racial


(1966); a Convenção de São José da Costa Rica (1969) entre outros, que trouxeram
disposições não só substantivas, como as da Declaração, mas também procedimentais, ou
seja, instrumentos capazes de garantir a eficácia das normas substantivas adotadas pelos
Estados pactuantes.

9. Responsabilidade Internacional – anotações


Segundo o Direito Internacional, o Estado responsável pela prática de um ilícito que
tenha causado dano deve realizar a reparação adequada, o que se aplica também às
organizações internacionais. É necessário, no entanto, que o ato ilícito praticado seja uma
“afronta a uma norma de direito das gentes: um princípio geral, uma regra costumeira, um
dispositivo de um tratado em vigor, dentre outras espécies”, como ensina Rezek24.
São três os elementos que compõem o instituto da responsabilidade internacional do
Estado, a saber: a) a existência de uma ato ilícito de cunho internacional; b) a presença da
imputabilidade do Estado; e c) a existência de um prejuízo ou um dano a outro Estado.

10. Conflitos internacionais


Conflito ou litígio internacional é, como ensina Rezek25, “‘todo desacordo sobre
certo ponto de direito ou de fato’, toda contradição ou oposição de teses jurídicas ou de
interesses entre dois Estados’”. Convém lembrar que o conflito pode ser protagonizado
também por organizações internacionais.

10.1 Meios de solução pacífica dos conflitos


Os meios políticos implicam na participação de organizações internacionais na
solução de conflitos. Destacam-se nesse meio os órgãos políticos das Nações Unidas
(ONU) – Assembléia Geral e Conselho de Segurança – que têm a função de analisar
controvérsias graves e de difícil solução entre os Estados, com o objetivo de emitir
recomendações ou resoluções para por fim ao litígio.
Mister salientar que os meios políticos de solução de conflitos podem se dar mesmo
sem o conhecimento de uma das partes envolvidas, desde que a outra recorra a esses
órgãos.
Observe que o art. 2º, § 7º da Carta das Nações Unidas frustra a intervenção da
ONU “em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer
Estado”.
Os meios diplomáticos, por sua vez, são aqueles em que os Estados tentam a
conciliação via relação diplomática, compreendem as negociações, os serviços amistosos, a
mediação e os bons ofícios. O entendimento entre os contendores tanto pode dar-se
oralmente quanto por meio de notas entre chancelaria e embaixada.

24
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 263.
25
Idem. p. 327.

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DIREITO INTERNACIONAL

Os meios jurisdicionais constituem-se na arbitragem e na solução judiciária.


Destaque-se que a jurisdição judiciária é mais recente que a arbitragem na solução de
conflitos internacionais.
A instalação, por exemplo, da Corte de Haia – mais antigo e importante entre os
tribunais internacionais – data de 1920. Em sua primeira fase foi denominada Corte
Permanente de Justiça Internacional (CPJI), extinta em 1939, quando eclodiu a segunda
grande guerra. Ressurgiu em 1945, recebendo então o nome oficial de Corte Internacional
de Justiça (CIJ) e, nos termos da Carta das Nações Unidas, constitui um órgão da
organização e tem competência para julgar somente conflitos entre Estados soberanos (não
podem submeter-se a sua jurisdição contenciosa as organizações internacionais e os
particulares).

11. Tribunal Penal Internacional


Criado em 1998, em Roma, o Tribunal Penal Internacional (TPI) tem competência
para conhecimento, análise e julgamento dos delitos internacionais. Seu estatuto foi
aprovado em uma conferência da ONU e contém 128 artigos divididos em 13 partes.
De forma específica, compete ao TPI o julgamento dos crimes de: genocídio; crimes
contra a humanidade; crimes de guerra e crimes de agressão. As principais penas que
podem ser aplicadas são as de prisão perpétua e a prisão por até 30 anos, tendo o confisco
como pena acessória. Não há possibilidade de condenação à pena de morte.
Em princípio, a atividade do Tribunal Internacional no Brasil, em relação a
criminosos brasileiros, encontra barreiras, uma vez que o inciso LI do art. 5º da
Constituição Federal impede que os brasileiros – salvo os naturalizados, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou o de comprovado envolvimento em tráfico de
entorpecentes e drogas afins – sejam extraditados.
Ocorre que, como analisam alguns autores, há uma distinção entre a extradição e o
ato de entrega do criminoso ao TPI, neste último caso, há o que se denomina surrender, que
é a entrega da pessoa à Corte Internacional,e não extradição, que é ato de cooperação entre
Estados soberanos. Por essa razão, haveria possibilidade do TPI desenvolver sua atividade
judicial em relação aos criminosos (internacionais) brasileiros.

12. Domínio Público Internacional


“É da tradição doutrinária que a expressão domínio público internacional designe
aqueles espaços cuja utilização suscita o interesse de mais de um Estado soberano – às
vezes de toda a comunidade interacional –, ainda quando sujeitos à incidência de
determinada soberania”.26
Cuida a matéria do mar, das águas internacionais, do espaço aéreo, do espaço extra-
atmosférico e do continente antártico. Nesse trabalho serão abordados apenas os pontos
fundamentais a respeito do mar e seus setores.

26
REZEK, José Francisco. Op. cit. p. 291.

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DIREITO INTERNACIONAL

12.1 Noções introdutórias


Durante muito tempo, as normas sobre o direito do mar eram unicamente
costumeiras. Em 1958, tais normas foram codificadas em Genebra já sob o pálio das
Nações Unidas. No entanto, as convenções realizadas não foram totalmente aceitas pela
comunidade internacional.
Em 1982, em Montego Bay (Jamaica), foi concluída nova Convenção das Nações
Unidas sobre direito do mar, cujas negociações duraram nove anos. “Entrou em vigor no
dia 16 de novembro de 1994, um ano após a reunião do quorum de sessenta Estados
ratificantes ou aderentes. O Brasil, que ratificou a Convenção em dezembro de 1988,
tratou de ajustar seu direito interno aos preceitos daquela antes mesmo da entrada em
vigor – e, pois, antes de encontrar-se obrigado no plano internacional. A Lei n. 8.617, de 4
de janeiro de 1993, reduz a doze milhas a largura de nosso mar territorial e adota o
conceito de zona econômica exclusiva para as 188 milhas adjacentes”.27

12.2 Águas interiores, mar territorial e zona contígua


Águas interiores são as águas de mar aberto, ou seja, aquelas “situadas aquém da
linha da base do mar territorial, em razão de baías, de portos e ancoradouros, ou de um
litoral caracterizado por ‘recortes profundos e reentrâncias ou em que exista uma franja
de ilhas ao longo da costa na sua proximidade imediata’”.28 Sobre essas águas, o Estado
costeiro exerce soberania ilimitada, não há nelas direito de passagem inocente, ou seja,
navios que ostentem bandeira estrangeira precisam de autorização para entrarem nas águas
interiores.
Mar territorial é uma zona de mar adjacente na qual o Estado costeiro exerce sua
soberania, a qual alcança além das águas, o leito do mar, o respectivo subsolo, e o espaço
aéreo sobrejacente. A Convenção de Montego Bay delimita a área do mar territorial em
doze milhas marítimas (cerca de 22 km), mas considera duzentas milhas a título de zona
econômica exclusiva. A largura da faixa do mar territorial é medida a partir da linha de
base, ou seja, da linha litorânea de maré baixa, alternada com a linha de reserva das águas
interiores quando houver baías ou portos.
Observe-se que, no caso do mar territorial, há direito de passagem inocente
reconhecido em favor dos navios mercantes ou de guerra, por isso, diz-se que em relação a
ele a soberania do Estado costeiro não é absoluta. Frise-se, no entanto, que o Estado
costeiro pode estabelecer certas regras em prol da segurança da navegação, da proteção de
instalações e equipamentos etc, só não pode impor obrigações que impeçam ou frustrem a
passagem inocente. Nesse sentido, por exemplo, o Brasil estabeleceu que navios militares e
submarinos devem, na passagem por seu mar territorial, hastear a bandeira do Estado a que
pertencem e não realizar manobras militares.
Zona contígua – estabelecida para que o Estado costeiro possa exercer controle
aduaneiro, policial, de imigração, de saúde etc – refere-se a uma segunda faixa adjacente ao
mar territorial e não poderá ultrapassar vinte quatro milhas marítimas contadas da mesma
linha de base do mar territorial.

27
Idem. p. 295.
28
Idem, ibidem. p. 296.

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DIREITO INTERNACIONAL

12.3 Zona Econômica Exclusiva


É uma faixa que se sobrepõe à zona contígua, cuja largura máxima é de cento e
oitenta e oito milhas marítimas contadas do limite exterior do mar territorial, totalizando
com isso duzentas milhas a partir da linha base.
Nessa faixa, o Estado costeiro exerce direitos exclusivos de exploração e
aproveitamento, e, ainda, jurisdição em matéria de preservação do meio marinho,
investigação científica e instalação de ilhas artificiais.
Impende considerar, que todos os outros Estados, em relação à zona econômica
exclusiva do Estado costeiro, têm liberdade de navegação, sobrevôo e de colocação de
cabos e dutos submarinos, “além de outros usos compatíveis com o direito do Estado
costeiro. Quando este último, em matéria de exploração econômica, não tiver capacidade
para o pleno aproveitamento racional possível da zona, deverá tornar o excedente
acessível a outros Estados, mediante atos convencionais ”.29

12.4 Plataforma continental


“Cuida-se, geograficamente, daquela parte do leito do mar adjacente à costa, cuja
profundidade não excede duzentos metros, e que, a uma boa distância do litoral, cede
lugar às inclinações abruptas que conduzem aos fundos marinhos”. 30
Nessa faixa o Estado costeiro exerce direitos econômicos exclusivos, não há
possibilidade, como na zona econômica exclusiva de ser compartilhada a exploração
econômica caso o Estado costeiro não o faça.

12.5 Alto Mar


O alto mar é tido como zona comum internacional, ou seja, pertence a todos os
Estados da comunidade internacional. A passagem pelo alto mar é livre e a sua exploração
privilegia os países que detêm maior tecnologia científica.

II – DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

1. Conceito
Ramo da ciência jurídica que define o conjunto de normas e princípios que agem
sobre as relações jurídicas nas quais se encontram elementos internacionais. Destaque-se
que as normas de Direito Internacional Privado são aplicadas desde que haja previsão do
ordenamento jurídico interno, de cada Estado soberano, para fazê-lo.
Assim, como ensina Beat Walter Rechsteiner31,
“todos os ordenamentos jurídicos nacionais estabelecem regras peculiares,
concernentes às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional.
Tais regras dizem respeito, principalmente, ao direito aplicável, que será sempre o
direito nacional ou um determinado direito estrangeiro.

29
Idem. p. 304.
30
Idem. p. 304.
31
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 2-3.

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DIREITO INTERNACIONAL

Atente-se, porém, que essas regras não resolvem a questão jurídica propriamente
dita, indicando, tão-somente, qual direito, dentre aqueles que têm conexão com a lide sub
judice, deverá ser aplicado pelo juiz ao caso concreto.”

2. Fontes do Direito Internacional Privado


São fontes do Direito Internacional Privado: a lei interna; os tratados; o costume, a
doutrina e a jurisprudência.
A Lei é a fonte primária do direito internacional privado. No Brasil, as regras
básicas estão disciplinadas na Lei de Introdução ao Código Civil (Dec-lei nº 4.657/42), que
contém normas de direito intertemporal e de direito internacional privado. Demais disso, a
Constituição Federal traz normas pertinentes à matéria.
Os tratados internacionais, já conceituados, também são fontes do direito
internacional privado – fontes internacionais ou externas. Como anteriormente explicado,
quando um país ratifica um tratado obriga-se internacionalmente, mas “cada país regula,
individualmente, a incorporação do tratado internacional ao sistema jurídico interno e a
sua ordem hierárquica dentro desse sistema”.32 Por isso, como ensina Dolinger “são
freqüentes as situações em que se chocam a fonte interna com a fonte internacional. A lei
interna indica uma solução para determinado conflito e um tratado ou convenção,
ratificado pelo país, indica outra solução”.33 Quando se discorreu sobre tratados, foram
descritas as regras básicas previstas na Constituição Federal a respeito da sua aplicação no
território nacional (cf. item 4.2 do Capítulo I).
Como mencionado, o costume, é fonte do direito internacional privado, verifica-se
pela prática reiterada com convicção de obrigatoriedade. É preciso, no entanto, distinguir o
direito costumeiro interno do direito costumeiro internacional. No direito interno, de acordo
com o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, o costume só se aplica em caso de falta
ou omissão de lei. Por sua vez, no âmbito internacional, o costume tem papel significativo,
pois resolve muitas das questões internacionais, dirimindo as controvérsias surgidas entre
os sujeitos do direito internacional público. Atualmente, entretanto, saliente-se, vem
perdendo espaço devido ao grande número de tratados internacionais, embora não haja
entre eles hierarquia (cf. item 3 do Capítulo I).
A doutrina é outra fonte relevante, mormente, porque propõe um direcionamento
aos legisladores e aplicadores do direito. Assevera Beat Walter Rechsteiner34 que “o grande
mérito da doutrina é o de ter elaborado um sistema de regras jurídicas constitutivas da
parte geral do direito internacional privado. Essas regras raras vezes incorporam-se
diretamente à legislação dos Estados. Em sua grande maioria são compostas por regras
não escritas, e sua aplicação pelos tribunais baseia-se, de imediato, nas fontes
doutrinárias”.
Conhecida como fonte jurídica do direito internacional privado, a jurisprudência
exerce função relevante nos países da Europa, nos quais há intensa atividade territorial
(mudança de um país para o outro), o que desencadeia costumeira postulação perante os

32
Idem. p. 100-101.
33
DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado – parte geral. 7 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p.
91.
34
RECHSTEINER, Beat Walter. Op. cit. p. 109.

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DIREITO INTERNACIONAL

Tribunais ocasionando vasta produção jurisprudencial nessa seara. Ocorre que, no Brasil,
assim como nos diversos países sul-americanos, a atividade internacional é reduzida, “tanto
no campo das relações de família como nas relações contratuais, civis e comerciais. Daí a
escassez da produção jurisprudencial, fenômeno este que faz atribuir à Doutrina um
papel de importância maior do que o prevalecente no continente europeu (grifo nosso). A
Jurisprudência brasileira se limita praticamente a decisões sobre homologação de
sentença e ‘exequatur’ em cartas rogatórias, matérias atinentes ao direito processual
internacional, a processos de expulsão e de extradição, sujeitos ao Estatuto Estrangeiro e
ao direito penal internacional e a decisões no campo fiscal de caráter internacional. Raras
as questões em que nossas cortes têm oportunidade de aplicar direito estrangeiro”.35

3. Normas do Direito Internacional Privado


Classificam-se as normas do direito internacional privado segundo a fonte, natureza
e estrutura.
De acordo com a fonte, a norma pode ser: legislativa, doutrinária ou jurisprudencial;
ou ainda: interna ou internacional.
Quanto a sua natureza podem ser: indiretas ou diretas. Indiretas (ou indicativas)
porque são normas não solucionadoras de questão jurídica em si, mas que indicam qual o
direito interno aplicável à questão, por isso, são denominados como normas sobredireito
(normas instrumentais). Indicam, por exemplo, “em situações conectadas com dois ou mais
sistemas jurídicos qual dentre eles deva ser aplicado. Assim, determinará que ordenamento
jurídico será aplicado para questões de capacidade, para os institutos do direito de família
e do direito das sucessões (...)”.36 Diretas são aquelas que, embora pouco freqüentes
adotam regras materiais uniformes, que dão solução à questão jurídica. Assim, por
exemplo, as regras sobre nacionalidade e sobre condição jurídica do estrangeiro.
Impende considerar que as normas indicativas ou indiretas têm um elemento de
conexão, por meio do qual se determina o direito aplicável. Normalmente, esse elemento se
refere à nacionalidade ou ao domicílio da pessoa, ou seja, o país determina qual direito será
aplicável, levando-se em conta um desses elementos. Assim, explica Dolinger, “o aplicador
da lei seguirá a norma de Direito Internacional Privado como se fora uma seta indicativa
do direito aplicável, e neste, procurará as normas jurídicas que regulam o caso sub
judice”. Por exemplo: A Lei de Introdução ao Código Civil determina em seu artigo 7º,
caput, que é a lei do domicílio da pessoa que determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. Dessa forma, o legislador
brasileiro de Direito Internacional Privado determina que se aplique a lei interna do
domicílio da pessoa – esse é o elemento de conexão da norma indicativa do art. 7º, caput,
da LICC.
Demais disso, tais normas possuem um objeto de conexão que se refere a conceitos
jurídicos. Nas palavras de Beat Walter Rechsteiner37, “o objeto de conexão descreve a
matéria à qual se refere uma norma indicativa ou indireta do direito internacional

35
DOLINGER, Jacob. Op. cit. p. 70.
36
Idem. p. 52.
37
RECHSTEINER, Beat Walter. Op. cit. p. 116.

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DIREITO INTERNACIONAL

privado”. Retome-se o exemplo acima: o objeto de conexão são as regras sobre o começo e
fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Quanto à natureza, as normas podem ser ainda conceituais ou qualificadoras que
apenas definem certos institutos de Direito Internacional Privado.
Em relação à estrutura, as normas podem ser: unilaterais ou bilaterais. As primeiras
declaram uma única ordem jurídica como aplicável; em regra, o direito doméstico.
Exemplo: norma do art. 7º, §1º da LICC. As bilaterais, por sua vez, indicam ou as normas
do direito doméstico ou as do direito estrangeiro como aplicáveis. Exemplo: norma contida
no caput do art. 10 da LICC.

4. Qualificação
“A qualificação é um processo técnico-jurídico sempre presente no direito, pelo
qual se classifica ordenadamente os fatos da vida relativamente às instituições criadas
pela Lei ou pelo Costume, a fim de bem enquadrar as primeiras nas segundas,
encontrando-se assim a solução mais adequada e apropriada para os diversos conflitos
que ocorrerem nas relações humanas”.38
Dessa definição pode-se extrair que a qualificação é o processo pelo qual se delineia
e caracteriza o fato para enquadrá-lo à norma jurídica que também precisa ser classificada
ou caracterizada.
A qualificação é de suma importância no Direito Internacional Privado, “onde se
procura ligar o fato ou ato com um determinado sistema jurídico, e para esta operação é
preciso qualificar a hipótese submetida à apreciação, eis que, dependendo de sua
classificação, saber-se-á se a mesma constitui uma situação inerente ao estatuto pessoal do
agente de direito, se se trata de uma situação de natureza contratual substancial, se versa
sobre uma questão de forma do ato, se estamos diante de um problema sucessório e assim
por diante. Uma vez efetuada a qualificação em uma ou outra dessas categorias, recorrer-
se-á à regra de conexão correspondente e aplicar-se-á o direito de um ou outro sistema
jurídico”.
Dessume-se das linhas transcritas que primeiro deve-se fazer a subsunção do
acontecimento apresentado em juízo, ou seja, verificar, por exemplo, se a questão refere-se
à capacidade da pessoa; para tanto é necessário decidir qual sistema jurídico irá qualificar o
fato ou ato submetido à apreciação, pois é possível que a lei qualificadora seja a do foro
(lex fori), ou, ainda, que seja lei estrangeira (lex causae). Feito isso, recorre-se à regra de
conexão (norma indicativa) para só então saber qual a lei regulará a questão posta em juízo.
Destaque-se, que a qualificação somente atinge o objeto de conexão da norma
indicativa ou indireta e não o seu elemento de conexão (cf. conceitos do item 3 do Capítulo
II).
Três teorias foram elaboradas para a escolha da lei qualificadora do objeto de
conexão:
a) qualificação pela lex fori – o aplicador da lei diante de uma questão jurídica com
conexão internacional, e, verificando que a matéria tem qualificação diferente no direito
interno e no direito estrangeiro, qualifica-a de acordo com seu próprio direito (lei do foro).

38
DOLINGER, Jacob. Op. cit. p. 367.

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DIREITO INTERNACIONAL

Por exemplo: a Lei de Introdução ao Código Civil, em regra, qualifica o objeto de conexão
de acordo com a lei interna (lei brasileira), assim, se houver controvérsia sobre o conceito
de capacidade em uma questão de conexão internacional, será o direito interno brasileiro
que definirá o que vem a ser capacidade para só depois o juiz aplicar a lei do domicílio da
pessoa (cf. o disposto no caput do art. 7º);
b) qualificação pela lex causae – nesse caso, o aplicador do direito recorrerá ao
direito estrangeiro para qualificar o objeto de conexão, ou seja, recorrerá à lei da causa. A
Lei de Introdução ao Código Civil, em dois momentos abre exceção à qualificação pela lei
do foro, imiscuindo-se nessa teoria, quando a matéria versar sobre bens ou contratos. Nesse
sentido, o art. 8º, caput o qual dispõe que “para qualificar os bens e regular as relações a
eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados” e o art. 9º, caput
que prevê que “para qualificar e reger as obrigações,aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem”. Exemplificando: Para saber se o objeto da causa com conexão internacional
é um bem móvel ou imóvel o aplicador do direito tomará como referência as regras da
situação do bem, ou seja, as regras do país onde o bem está situado e não as regras do
Código Civil brasileiro.39
c) qualificação por referência a conceitos autônomos e universais – “o Juiz não deve
ficar preso à qualificação de determinadas leis, seja de foro, seja da causa, mas,utilizando-
se do método comparativo, ir em busca de conceitos autônomos, diferentes dos conceitos
internos e dotados de caráter universal”.40 O Direito Internacional Privado brasileiro não
adota tal teoria.

5. Preceitos básicos
5.1 Ordem Pública
Ao julgar uma relação jurídica de direito privado com elementos internacionais, o
juiz deve atentar para a ordem pública. Dessa forma, não pode aplicar o direito estrangeiro
se esse atentar contra a ordem interna. No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Civil é
expressa nesse sentido no art. 17, o qual preceitua: “As leis, atos e sentenças de outro país,
bem como quaisquer declaração de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes” (grifo nosso). A
essa cláusula de exceção dá-se o nome de reserva de ordem pública, “que se propõe a
corrigir a aplicação do direito estrangeiro, quando este leva, no caso concreto, a um
resultado incompatível com os princípios fundamentais da ordem jurídica interna”.41
Destaque-se que ordem pública é conceito relativo, pois varia no tempo e no espaço,
demais disso, é conceito aberto, uma vez que necessita ser concretizado pelo magistrado,
quando julga causa que envolve direito privado com conexão internacional.

39
“Os artigos 8º e 9º constituem exceções, justificadas, pois mesmo os que adotam a qualificação pela lex
fori admitem que este princípio não se aplica aos bens, uma vez que somente o legislador do local em que os
bens se encontram é competente para classifica-los; no que concerne às obrigações, a opção de nosso
legislador pela aplicação da lei do lugar em que o contrato se constitui é uma decorrência do princípio da
autonomia da vontade, pois há sempre uma vontade tácita de submeter o contrato à lei do local em que este
se realizou. Ora, não se concebe que as partes contratantes escolham determinada lei parcialmente, deixando
de adota-la na sua integralidade”. (DOLINGER, Jacob. Op. cit. p. 377).
40
Idem. p. 374-375.
41
RECHSTEINER, Beat Walter. Op. cit. p. 156.

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DIREITO INTERNACIONAL

Ensina Dolinger que “o princípio da ordem pública é o reflexo da filosofia sócio-


político-jurídica de toda legislação, que representa a moral básica de uma nação e que
protege as necessidades econômicas do Estado. A ordem pública encerra, assim, os planos
filosófico, político, jurídico, moral e econômico de todo Estado constituído”. 42

5.2 Fraude à lei


Dá-se a fraude à lei no Direito Internacional Privado quando o agente altera o
elemento de conexão que indicaria a lei aplicável no caso concreto. Assim, a fraude à lei
constitui uma forma de abuso de direito. Por exemplo, a todos é dado o direito de mudar de
nacionalidade, mas se alguém o faz com o intuito de fugir do rigor da lei pessoal (lei do seu
país) estará abusando do seu direito, e, portanto, usando de um meio para fraudar a lei.
Os pressupostos, em princípio, para caracterizá-la, ensina Beat Walter Rechsteiner,
são: “em primeiro lugar, pretende-se evitar, basicamente, a aplicação de determinadas
normas substantivas ou materiais do direito interno ou, excepcionalmente, também do
direito estrangeiro, cujas conseqüências legais não são desejadas. Em segundo lugar,
planeja-se uma manobra legal extraordinária para obter o resultado desejado. Por final,
na maioria dos casos, o objetivo consiste em evitar a aplicação do direito substantivo ou
material interno, transferindo atividades e praticando atos para e no exterior. Pode
ocorrer ainda, por vezes, a escolha de um foro favorável no estrangeiro com a mesma
intenção”.
As conseqüências dos atos praticados no exterior em fraude à lei de determinado
país apenas serão imponíveis no mesmo. Suponha-se que alguém mude sua nacionalidade
buscando, por exemplo, divorciar-se, o divórcio permitido pela lei da nova nacionalidade
não será reconhecido no país de sua nacionalidade originária, uma vez que não é possível
reconhecer efeitos aos atos praticados em fraude à lei.
Dispunha, por exemplo, a Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro, §6º do art.
7º, na sua redação original (anterior a Lei do Divórcio) que: “Não será reconhecido no
Brasil divórcio se os cônjuges forem brasileiros. Se um deles o for, será reconhecido o
divórcio quanto ao outro, que não poderá, entretanto, casar-se no Brasil”, tudo para evitar
que brasileiros domiciliados no exterior, lá se divorciassem e pleiteassem no Brasil o
reconhecimento do divórcio, buscando com isso fraudar a lei nacional.

5.3 Questão Prévia


Cuida da hipótese na qual uma questão preliminar, submetida a juízo, deve ser
apreciada antes da questão principal. Assim, por exemplo, a justiça do país A, tendo diante
de si uma questão sucessória, que, segundo seu Direito Internacional Privado deve ser
julgada pela lei substantiva do país B, verifica que a sucessão só poderá ser decidida depois
de julgada a filiação do pretenso herdeiro – esta é uma questão prévia.
Mas, pergunta-se, que lei decidirá sobre a questão prévia, a do país A ou do país B?
Qual a lei aplicável à questão prévia, a do Direito do foro que decidiu sobre a lei aplicável à
questão principal ou o próprio direito estrangeiro? Como elucida Beat Walter Rechsteiner43

42
DOLINGER, Jacob. Op. cit. 392.
43
RECHSTEINER, Beat Walter. Op. cit. p. 168-169.

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DIREITO INTERNACIONAL

existem duas possibilidades: “Ou o juiz aplica o mesmo direito, que aplicará à questão
jurídica principal, também à questão prévia, caso em que o direito aplicável à questão
prévia depende do aplicável à questão principal, ou ele determina o direito aplicável à
questão prévia, independente da principal, reconhecendo assim a autonomia da questão
prévia em face da questão jurídica principal”. Solução que depende de lei ou de tratados,
“na falta de uma regra específica (...) o juiz, antes de tomar uma decisão, deve ponderar os
interesses concorrentes no caso”.

5.4 Reenvio
O reenvio verifica-se quando ocorre um conflito negativo entre os sistemas de
Direito Internacional Privado de dois países, isto é, as regras de cada um dos sistemas
apontam como sendo competente para reger a matéria em discussão a lei interna do outro
sistema. Assim, por exemplo, a lei de um país X considera aplicável ao caso concreto as
normas do país Y remetendo-se à lei desse, por sua vez, a lei do país Y considera aplicável
as normas do país X e não a própria, reenviando para a lei desse. Reenvio, portanto,
significa retorno.
No Brasil, o reenvio, de acordo com o art. 16 da Lei de Introdução ao Código Civil
está vedado. Determina a LICC a aplicação do direito estrangeiro ainda que este determine
remissão a qualquer outra lei. Há pouca jurisprudência pátria sobre o assunto e críticas
doutrinárias a respeito do posicionamento da nossa legislação.

III – OBSERVAÇÕES RELEVANTES


Nos tópicos acima se fez breve explanação sobre temas relevantes das matérias de
Direito Internacional Público e Privado. Não se esgotou, no entanto, a temática, sendo
importante anotarmos alguns tópicos que devem ser observados, estudados e aprofundados
pelos concursandos, além da matéria supradescrita, remetemos o leitor a tais tópicos:
1 – Direito Penal Internacional.
2 – Asilo Político.
3 – Agentes Diplomáticos e Imunidade à Jurisdição Estatal.
4 – Proteção Internacional do Meio Ambiente.
5 – Nacionalidade, Condição Jurídica do Estrangeiro e Saída compulsória do
estrangeiro, Lei determinadora do Estatuto Pessoal.
6 – Conflitos de Lei no espaço, de acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil.
7 – Arbitragem como meio de solução pacífica de conflitos internacionais.
8 – Domínio Público Internacional: espaço aéreo, espaço extra-atmosférico etc.
9 – Teoria dos Direito Adquiridos.
10 – Critérios de Determinação da Nacionalidade das Pessoas Jurídicas.
11 – Princípios Gerais de Direito Processual Civil Internacional.
12 – Lei de Introdução ao Código Civil.

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DIREITO INTERNACIONAL

BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Nádia de. Direito internacional privado – teoria e prática brasileira. 2 ed. Rio
de Janeiro: Renovar, 2004.
DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado – parte geral. 7 ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2003.
HUSEK, Carlos Roberto. Curso de direito internacional público. 5 ed. São Paulo: LTr,
2004.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito internacional público. 2 ed. São Paulo: RT,
2004.
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15 ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2004. V. 1
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado. 5 ed. São Paulo: Saraiva,
2002.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

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