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Testes: 27/10
04/12 – aula prática
22 de Setembro de 2017
Matéria a estudar:
1º O que é?
2º Evolução histórica
3º Fontes de Direito Internacional
4º Relações do Direito Internacional e do Direito Interno
5º Sujeitos de Direito Internacional
6º Métodos de solução pacífica internacionais
Bibliografia:
- Direito Internacional Público, Coimbra editora, 2ªedição – Francisco Ferreira de Almeida
- Coletânea de textos de Direito Internacional (legislação internacional)
- Constituição da República Portuguesa
Nação ≠ Estado
conjunto de pessoas organização política
com características e jurídica de uma de-
comuns, que mani- terminada comunida-
festam vontade de de.
viver em conjunto.
→ O Direito Internacional não regula apenas relações entre estados ou nações. Há mais
sujeitos de Direito Internacional (organizações internacionais; cidadãos; sociedades
transnacionais; organizações não governamentais).
Direito Internacional
Comunidade ≠ Sociedade
Algo espontâneo. Algo artificial
Prevalece a união
solidária.
É mais certo falar em comunidade, pois a generalidade dos países demonstram uma vontade
de se unirem, mesmo tendo de se submeter a várias regras.
29 de Setembro de 2017
Quando é que surge o Direito Internacional?
O Direito Internacional surge aquando do aparecimento dos Estados.
Funções do Estado:
• convivência
• cooperação
Nota:
Sujeitos de Direito Internacional
Entidades titulares de Direitos e Obrigações (com personalidade jurídica internacional)
O Direito Interno Clássico é um Direito não hierarquizado, não havia hierarquia de fontes nem
de normas.
● No que toca à responsabilidade Internacional por atos ilícitos (quando um estado não
cumpre algo ele está a incorrer), no Direito Internacional Clássico haviam 3 características:
- assunto privado entre os Estados diretamente envolvidos ( ou seja, entre o Estado que
pratica o ato ilícito e o Estado vítima/ lesado nos seus Direitos);
- responsabilidade coletiva (porque incidia sempre na responsabilidade do Estado enquanto
entidade coletiva. Os indivíduos não podiam ser responsabilizados porque só o Estado era
sujeito de Direito Internacional);
- reparatória (nunca sancionatória ou punitiva, porque a finalidade era apenas de reparação
dos danos ao Estado Vítima).
6 de Outubro de 2017
Fontes formais e materiais do Direito Internacional
Fontes formais
● Local onde brotam as normas;
● Mecanismos (processos técnicos de criação de normas jurídicas internacionais).
Fontes materiais
● Fatores de caráter social, moral, politico, etc, que explicam o surgimento das normas.
Artigo 308.º → Fontes de Direito Internacional às quais os juízes do tribunal podem recorrer
para julgar os casos submetidos.
Indica 3 fontes formais:
→ convenções internacionais;
→ costumes internacionais;
→ princípios gerais de Direito.
Vêm também indicadas 2 fontes auxiliares:
→ jurisprudência
→ doutrina
1ª Conclusão
Não estão indicadas todas as fontes formais, falta os atos jurídicos unilaterais. Isto acontece
porque quando foi elaborado o estatuto internacional não tinham a importância de hoje.
2ª Conclusão
Não há relações de hierarquia entre fontes formais (ou seja, não há umas mais importantes
que outras).
Não havendo hierarquia entre as fontes, a ordem pela qual estão indicadas não é por acaso.
Os juízes devem recorrer em 1º lugar às convenções internacionais, depois ao costume e se
não se conseguir resolver, recorrer aos princípios gerais de Direito. Existe, pois, uma ordem
sucessiva de utilização.
3ª Conclusão
Vêm indicadas as formas mas não vêm definidas porquê? Porque a noção é-nos revelada por
via consuetudinária (já resultava de um costume).
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O que são Convenções Internacionais?
Essencialmente são acordos de vontade entre sujeitos de Direito Internacional destinados a
criar vínculos jurídicos entre as partes e regulados pelo Direito Internacional mas também
quanto a certos aspetos do seu regime, pelo Direito Interno dos Estados.
Constituem o instrumento mais antigo do relacionamento entre os Estados.
Quem são os sujeitos? Normalmente Estados mas também podem ser entre Estados e
Convenções Internacionais.
gerais/abertas restritas/fechadas
nº elevado de nº de partes relativamente
partes; reduzido;
designadas por não são convenções
convenções uni- universais;
versais; nem todos os Estados
qualquer Estado podem aderir (Ex: Acordo
pode aderir. Ortográfico).
- As Convenções dividem-se em:
● Tratados Solenes
● Acordos em forma simplificada
→ As Convenções Internacionais necessitam de ser ratificadas enquanto que os Acordos não. 6
→ Atualmente verifica-se uma maior afluência de Acordos em detrimento dos Tratados, visto
que os Acordos são mais rápidos e menos embaraçosos.
- Quanto à forma
● Escrita
● Oral
→ Normalmente são escritas.
13 de Outubro de 2017
→ As Convenções podem ser acordos ou tratados.
Exemplos práticos:
→ 1º Caso
Suponhamos que Portugal concluiu com a Espanha um tratado destinado a regular a utilização
conjunta dos rios internacionais Douro, Tejo, Guadiana. Em Portugal o tratado foi negociado
pelo Governo, aprovado pela Assembleia República sobe a forma de lei e ratificado pelo Chefe
de Estado (Presidente da República).
Questão: Quid Iuris encontram nesta situação alguma irregularidade ou não?
Resposta:
É um tratado solene. Há uma irregularidade. Há uma ratificação imperfeita. Os tratados devem 8
ser aprovados na Assembleia da República através de resolução. Temos uma ratificação
imperfeita, o tratado foi aprovado por lei.
A consequência desta ratificação imperfeita no plano internacional não vai ser nenhuma.
→ 2º Caso (excecional)
Suponhamos que Portugal conclui com Espanha, França e Itália um tratado destinado à criação
de uma organização internacional de defesa militar conjunta dos 4 Estados. O tratado foi
negociado e autenticado pelo governo e depois ratificado pelo chefe de Estado.
Questão: Quid Iuris encontram nesta situação alguma irregularidade na conclusão deste
tratado?
Resposta:
Falta um ato importante, o presidente da República vai ratificar um tratado que não foi
aprovado.
A convenção de Viena faz depender a conclusão do tratado por dois requisitos. A violação é
manifesta, certamente que os outros países teriam verificado que o tratado não teria sido
aprovado. Por outro lado diz respeito a uma norma interna de importância fundamental, está
em jogo uma repartição de competência entre órgãos de soberania. Desaparecer aqui a
intervenção do órgão parlamentar é um vicio grave. Portugal poderia invocar esta invalidade
para se desvincular do tratado.
Então mas é possível o Presidente da República ratificar um tratado que não está aprovado?
O tratado da CPLP é um exemplo disso em Portugal.
Aplicação Das convenções internacionais a Estados Terceiros ou estados não partes
● Há um principio geral previsto no artigo 34.º da convenção de Viena que é o Princípio da
Relatividade dos efeitos das Convenções Internacionais ou princípio da eficácia relativa das
convenções internacionais. Este princípio significa que uma convenção internacional em regra
não produz efeitos para terceiros sem o seu consentimento. A eficácia de um convenção
internacional normalmente restringe-se às partes.
● Há situações em que as convenções internacionais produzem efeitos para terceiros, embora
mediante o conhecimento deles e há também casos em que produzem efeitos para terceiros
independentemente do seu conhecimento. Não havendo conhecimentos desses terceiros há
exceções ao principio da relatividade.
→ Vamos analisar convenções internacionais que produzam efeitos para terceiros, embora
mediante o conhecimento desses terceiros.
Existem 3 mecanismos a considerar:
● Acordo colateral
Está previsto no artigo 35.º da Convenção de Viena.
É um mecanismo que serve para criar obrigação para um Estado não parte.
A B
C
Temos um tratado inicial concluído entre A e B. Estes dois Estados pretendem impor uma
obrigação a um estado 3º (C). Essa obrigação só passará a vinculá-lo caso C aceite
expressamente por escrito essa obrigação. É feito através de um 2ª acordo concluído entre C e
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as partes do tratado inicial que se designa por acordo colateral. A obrigação não vai vincular o
Estado C por causa só do tratado A-B, é necessário um 2ºtratado. Não há exceção ao princípio
da relatividade.
● Estipulação em favor de outrem
Está previsto no artigo 36.º da convenção de Viena.
É um mecanismo destinado a atribuir um direito a um estado 3º.
A B
C
Neste caso, A e B pretendem atribuir um direito a C. o consentimento de C continua a ser
necessário, mas agora esse consentimento é presumido, não é preciso ser de forma expressa e
escrita. No caso de C não querer esse direito terá de dize-lo expressamente. Não há exceção
ao princípio da relatividade.
● Cláusula da nação mais favorecida
A B ou A B
C C
Objeto lícito
● Significa que o objetivo da convenções internacionais não podem infringir os princípios
fundamentais do Direito Internacional.
● Se o objeto da convenção não for lícito estaremos perante uma nulidade absoluta da
convenção internacional.
20 de Outubro de 2017
Matéria para o teste:
● Página 9 até 19
● Página 29 até 55
● Página 93 até 101 e 102 – à exceção das classificações matérias não estudar
● Página 102 até 114
● Página 125 até 150
Exemplos práticos:
→ 3º Caso
Suponhamos que o Estado A concluiu um tratado com o Estado B em 2015 destinado à
retificação do traçado da fronteira noroeste de ambos os Estados.
Em 2016 A pretende invalidar esse tratado alegando que durante as respetivas negociações o
seu representante oficial interpretou mal um mapa que lhes serviu de base.
(Retificar = corrigir, alterar)
Questão: Quid Iuris?
Resposta:
Está em causa um vício substancial. Existem 3 requisitos de validade, são eles: capacidade das
partes; objeto da convenção (lícito) e o consentimento dos Estados.
Quanto à capacidade das partes não se suscita nenhum problema, o objeto da convenção
também é licito, o problema reside no consentimento de um dos Estados. Este vício de
consentimento é um erro. O erro está previsto no artigo 48.º da Convenção de Viena. O erro
só tem relevância enquanto vício, e só dará origem à nulidade relativa da convenção se
preencher dois requisitos: é preciso que seja um erro essencial ou determinante; segundo
tem de ser um erro desculpável.
O erro é essencial ou determinante se se demonstrar que se não fosse esse erro o Estado em
causa não teria chegado a concluir a convenção ou tê-la-ia concluído noutro sentido, dito de
outra forma, o erro para ser relevante tem de incidir sobre a base do consentimento do
Estado ou obrigar-se. Mas o erro tem de ser também desculpável. O erro é desculpável se o 12
Estado não contribuiu para ele através de um comportamento descuidado, negligente,
pouco cauteloso. Dito de outra maneira, o erro será desculpável se não era exigível ao Estado
que se tivesse apercebido dele.
Mas o erro em si mesmo em que consiste? O erro é uma representação da realidade que não é
exata, é inexata. Mas para que isso conduza à invalidade do tratado é necessário que se
preencham estes dois requisitos simultaneamente.
Com base nestes pressupostos, concluímos que esse erro é um erro essencial e determinante,
porque há neste caso um indício que aponta para o caráter do erro, diz-se que o erro ocorreu
na interpretação de um mapa que serviu de base, logo era um documento crucial para a sua
interpretação, logo, se não fosse esse erro o Estado A não teria concluído o tratado. O erro
incidiu na base do consentimento do Estado a obrigar-se.
Mas não basta isto para o tratado ser invalidado, o erro tem de ser desculpável, logo o Estado
não pode ter sido negligente. O erro não é desculpável quando o Estado se apercebeu dele ou
em face das circunstâncias deveria ter apercebido. Neste caso este erro não é desculpável, o
Estado deveria estar preparado para interpretar esse erro.
Concluindo que se trata de um erro essencial mas não desculpável, então o tratado não
seria invalidado.
→ 4º Caso
Suponhamos um caso em que há um erro numa convenção internacional, mas partimos do
principio de que o erro é determinante e desculpável.
Se o tratado foi concluindo em janeiro de 2015. O estado vitima apercebeu-se do erro em
março de 2015 e pretende invalidar o tratado apenas em 2017.
Questão: Quid Iuris, será admissível?
Resposta:
Apercebendo-se do erro em março, deveria ter solicitado a sua invalidade nessa altura.
Quando isto acontece podemos concluir que em resultado da sua conduta o Estado sanou o
vício. O Estado tornar são significa aceitar que o tratado continue em vigor apesar do vício
que afetava a sua validade.
Esta possibilidade de sanação só existe nas nulidades relativas e não nas absolutas. As
nulidades relativas são sanáveis e as absolutas são insanáveis.
A sanação pode ser feita expressamente ou tacitamente. Será expressa se o Estado fizer uma
declaração, dizendo expressamente que pretende sanar o vicio, ou seja, aceita que o tratado
continua a vigorar apesar desse vício (erro), trata-se de uma convalidação. É tácita quando,
olhando ao comportamento do Estado, seja legitimo concluir que ele aceitou que o tratado
continuasse a sua vigência apesar do vício, não diz expressamente que pretende sanar, isso
resulta do seu comportamento.
Tendo em conta que se trata de um erro que determinante e desculpável, porque o Estado
apercebe-se do erro 2 meses depois e só pretende concluir a invalidade do tratado 2 anos
depois, houve aqui uma sanação tácita, perdendo o estado o direito de invocar a nulidade,
porque pedir a nulidade em 2017 significa estar a ter um comportamento contraditório com a
sua conduta anterior. Não pode contraditoriamente anuir a invalidade, isto seria uma conduta
contrária ao principio da boa fé, previsto no artigo 45.º da convenção de Viena.
→ 5º Caso
Suponhamos que Portugal concluiu com os Estados Unidos um tratado destinado à aquisição
de maquinaria de aplicação industrial.
Mais tarde verifica-se que as referidas máquinas não são afinal adequadas para a produção 13
tida em vista mas apenas para a de um produto já obsoleto.
Questão: Quid Iuris, sabendo que a aquisição das máquinas foi vivamente aconselhada ao
Estado português por uma equipa de peritos presente nas negociações do tratado?
Resposta:
Neste caso vamos partir do principio que os peritos eram americanos.
À luz da Convenção de Viena seria uma situação de dolo (previsto no artigo 49.º da Convenção
de Viena).
O dolo, enquanto vício do consentimento, trata-se de um erro provocado/induzido pela outra
parte (contraparte do tratado). Mas só há verdadeiramente dolo e portanto só há
invalidação do tratado se demonstrar que houve intenção e consciência de prejudicar o
outro Estado. O dolo pressupõe a utilização de certos artifícios para levar a outra parte a
concluir o tratado num certo sentido, pressupõe má fé e consciência/ intenção de prejudicar.
Se a equipa de peritos soubesse que as máquinas já estavam ultrapassadas e se aconselhou a
sua compra ao Estado português, temos uma situação de dolo. A consequência do dolo é
invalidade relativa.
A 1ª característica da invalidade relativa é que só pode ser invocada pela parte vítima, neste
caso o Estado português. A 2ª característica da invalidade relativa é que é um vício suscetível
de sanação, portanto o Estado português, nos termos do artigo 45.º da Convenção de Viena
ou expressa ou tacitamente poderia sanar o vício. Quando há uma nulidade absoluta todo o
tratado é nulo, desaparece da ordem jurídica, mas nas nulidades relativas, se se verificarem
determinados requisitos ( previstos no artigo 44.º nº3 da Convenção de Viena) pode haver
divisibilidade extintiva. Ou seja, vamos supor que temos uma convenção com 5 cláusulas, e
por exemplo o dolo incide sobre a cláusula e) apenas, então, se se verificarem no artigo 44.º
nº3 é possível invalidar apenas a cláusula e) mantendo-se o resto do tratado em vigor
(aproveita-se a parte não viciada do tratado e anula-se as disposições viciadas).
→ 6º Caso
Suponhamos que o Estado A conclui com B um tratado, aceitando os termos da cláusula x
respetiva (largamente desvantajosa para si próprio) porque durante as negociações o
representante oficial de B ofereceu ao seu homólogo (representante de A) uma valiosa
moradia numa ilha tropical.
Questão: Quid Iuris?
Resposta:
Está em causa o vício da corrupção. A coação aplica sempre uma ameaça, a corrupção não (é
uma oferta que se faz). Só há corrupção se se provar um nexo de causalidade, é preciso
demonstrar que há um representante do estado que prejudica o seu estado em troca de uma
oferta de caráter pessoal. Do ponto de vista das suas consequências a corrupção é
exatamente igual ao dolo – essa consequência é a invalidade relativa.
A corrupção está prevista no artigo 50.º da Convenção de Viena.
→ 7º Caso
Suponhamos que A pretende anular o tratado concluído com B alegando que o representante 14
oficial deste ultimo ameaçou o representante de A durante as negociações com a revelação de
pormenores comprometedores da sua vida privada suscetíveis de pôr em causa a sua carreira
de diplomata.
Questão: Quid Iuris?
Resposta:
Estamos perante uma situação de coação.
A Convenção De Viena prevê dois tipos de coação: Coação sobre um representante de um
Estado; Coação dirigida ao próprio Estado.
Seja qualquer uma destas a consequência é idêntica, é a nulidade absoluta (artigos 51.º e 52.º
da Convenção de Viena).
Tratando-se de uma nulidade absoluta, qualquer das partes pode invocar o vício (exceto o que
coagiu), segundo é um vicio que não pode ser sanado e em 3º lugar não há possibilidade de
divisibilidade do tratado.
As nulidades absolutas têm na sua origem vícios mais graves, em que está em causa interesses
gerais da comunidade internacional, por isso o seu regime é mais severo do que o da nulidade
relativa.
Para o teste:
1 ou 2 questões de definição sucinta
1 pergunta de desenvolvimento
1 caso prático sobre o vício das convenções internacionais.
É fundamental identificar bem o vício; explicar o vício e as suas consequências; quem pode
invocar; se é sanável; se há ou não divisibilidade.
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