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1.1 - Comunidade e não sociedade. É aceite porém em linguagem corrente que os dois
conceitos sejam sinónimos. Mas perante uma abordagem jurídica e rigorosa, ambos
conceitos possuem diferenças. As duas formas de agregados humanos são
caracterizadas da seguinte maneira:
- Para as relações de tipo societário é "cada um por sim e quando necessário juntam-
se" (Marcello Caetano). No modelo de sociedade os membros possuem autonomia e
cooperam entre si para evitar o caos, existem assim relações de interdependência e
cooperação na esfera de decisão. Os Estados permanecem separados apesar de tudo
aquilo que os une. Quanto à institucionalização de tipo societário funciona com base
em critérios de mera coordenação e autoridade (Estados de coordenação de
soberanias). As normas internacionais deste tipo de relações traduzem apenas a
vontade dos Estados.
elemento subjectivo já não está limitado a um direito dos Estados e para Estados.
Engloba então as relações da comunidade internacional, comunidade formada por
várias entidades (Estados, organizações internacionais, outras realidades colectivas e
indivíduos).
- Estados assumem obrigação de prestar contas pelo exercício das suas competências
perante órgão de controlo político, judicial ou administrativo.
- Universal, é o ordenamento jurídico que tem por base o conjunto dos Estados,
evolução de Direito Internacional quanto à sua configuração normativa de uma
supralegalidade (sob forma de direito cogente ou Ius Cogens e obrigações gerais erga
omnes) impondo a todos os Estados deveres em relação á comunidade internacional
no seu conjunto. Valores Comuns e universais (Paz e Dignidade da Pessoa Humana).
regiões (exemplo: o nível de garantia dos direitos das mulheres na Europa com o que
se passa em África, Ásia ou, em particular, no Mundo Árabe).
A reter que as três perspectivas são complementares. DIP não pode ser recortado a
uma análise pura de recorte jurídico. Neste caso a história não pode ser afastada, pois
é da história que se retira o progresso humano, num contexto mais seguro e justo.
Existe uma relação ambivalente entre norma e facto, entre norma e valores.
5º Momento - Por volta do séc. XV, marcado pelo progressivo declínio do Papado e
do Império, coincidiu com a afirmação dos Estados no sentido moderno, Estado
soberano. Movimento da Reforma Protestante, marcado pela Guerra dos Trinta Anos
em 1648, com a chamada Paz de Vestefália. Mencionando o extraordinário
desenvolvimento dos estudos jurídicos que estão na génese do Direito Internacional
Público, distinta do direito interno. Isto devido a:
A) Movimento dos Descobrimentos e a querela em torno do mare clausum versus
mare liberum (Grócio). Fenómeno de Globalização como fonte de novas situações
jurídicas de âmbito internacional que necessitavam de ser resolvidas.
Para Francisco Vitória, a comunidade internacional tinha por base, como a comunidade
política interna, o Direito Natural. Comunidade Internacional designada por orbis,
formada pelo conjunto de povos, nações e Estados (respublica). A comunidade
Internacional possuía um carácter próprio à qual se aplicava o Direito Natural de
sociedade e de comunicação que regulava as relações (Direito entre as gentes).
A reter ainda, a distinção entre Direito Natural (direito necessário e imutável) e Direito
das Gentes (direito positivo, evolutivo e contingente, pois resulta do juízo dos povos
sobre o que deve ser conteúdo de direito aplicável). Francisco Suarez afirma que o
Direito das Gentes não deve contrariar o Direito Natural, postulando assim a
subordinação dos Estados ao Direito Natural. Esta visão de Suarez é, mais tarde,
aprofundada por Grócio, na medida em que o Direito Natural está ligado ao Direito
Voluntário (resultante da vontade de nações sobre a forma de acordos), ligadas pela
obrigatoriedade da palavra dada (pacta sunt servanda).
Jean Bodin afirma que um Estado (respublica) deve deter e exercer força soberana,
caracterizada como poder supremo na ordem jurídica interna e independente, igual na
ordem jurídica internacional. Bodin traça o conceito de soberania do Estado, tanto nas
relações internas (com os poderes intraestaduais, sendo una, indivisível, perpétua e
suprema) como nas relações com outros Estados, em relações externas (soberania
pressupõe um estatuto de independência, nos dias de hoje definida como "igualdade
soberana" na Carta das Nações Unidas). A soberania é defendida como atributo
absoluto de poder, mas o Estado está obrigado a respeitar o Direito Natural e o Direito
das Gentes.
Nicolau Maquiavel, defende que se deve exercer e manter poder político em situações
de conflito entre lei e a moral. Com o objectivo maior de preservar o Estado contra
alianças e ataques de inimigos externos, justifica-se o recurso a meios mas eficazes,
mesmo contrários à lei ou juízos morais - "Razão de Estado".
- Uso da força sobre um Estado infractor que inicie uma guerra sem justa causa, ou que
contrarie o Direito.
Este período foi marcado pelo desenvolvimento da linguagem normativa das relações
internacionais:
A reter que a Sociedade das Nações, embora tenha sido um "falhanço", teve uma
função de prevenção de alguns conflitos sobre o estatuto de minorias nacionais.
Período marcado pelo "respeito dos direitos do homem e das liberdades fundamentais
para todos" (art. 1º nº3, Carta das Nações Unidas), traduzindo o "reconhecimento da
dignidade humana a todos os membros da familia humana". Direito Internacional é,
não só, direito dos Estados e entre Estados, mas também o direito que define e
protege os direitos das pessoas, baseados em princípios gerais que testemunham a sua
partilha pela comunidade internacional ou que decorrem de convénios internacionais
livremente aceites pelos Estados.
- Muro de Berlim (e a sua queda em 1989), que separava duas partes da cidade e da
Alemanha (do Leste e Ocidental), simbolicamente simbolizava a divisão do mundo na
Era da Guerra Fria. A queda do mundo simbolizou a queda da lógica bipolar de
afiliação de Estados.
Características: (repete-se aqui a ideia do ponto 1.3 dos resumos para fazer
ponte entre a matéria e com a intenção de um melhor entendimento).
- Estados assumem obrigação de prestar contas pelo exercício das suas competências
perante orgão de controlo político, judicial ou administrativo.
- Universal, é o ordenamento jurídico que tem por base o conjunto dos Estados,
evolução de Direito Internacional quanto à sua configuração normativa de uma
supralegalidade (sob forma de direito cogente ou Ius Cogens e obrigações gerais erga
omnes) impondo a todos os Estados deveres em relação á comunidade internacional
no seu conjunto. Valores Comuns e universais (Paz e Dignidade da Pessoa Humana).
6 – Fontes
Importa compreender três sentidos:
A - Fonte em sentido Formal: enquanto modo de formação de normas jurídicas (em
sentido técnico-jurídico)
B - Fonte em sentido Instrumental: fonte como instrumento jurídico em que estão
contidas normas jurídicas (preceitos que por intermédio da interpretação jurídica se
converterão em normas).
Soft Law - figura constituída por actos de obrigatoriedade reduzida. Ideia de "Direito
suave". A sua violação não implicaria responsabilidade Internacional, apenas se fosse
gravosa e sistemática.
Relação entre Costume e Convenção: Maria Luísa Duarte (apontando à primeira tese
referida anteriormente relativo à hierarquia) - A ter em conta o princípio da
equivalência paritária. A norma costumeira não é inderrogável caso esta possua
carácter dispositivo, pode ser substituída ou deixar de vigorar por efeito do desuso.
Mas caso seja uma norma imperativa (Ius cogentis) os Estados estão impedidos de
aplicar normas convencionais contrárias, feridas de nulidade (art. 53 CVDT-I). O seu
eventual afastamento teria de resultar de um processo consuetudinário equivalente de
renovação de ius cogens. Sendo uma norma de carácter dispositivo e podendo ser
substituída, temos de atender a critérios gerais de sucessão de normas: Norma
posterior revoga norma anterior e norma especial revoga norma geral. Sendo assim, a
um costume, pode surgir um regime jurídico imposto por uma convenção
internacional posterior.
Possuem limites: não pode ser contrário ao Ius Cogens(norma imperativa), não pode à
partida gerar obrigações para outros Estados e a declaração não pode ser livremente
revogada pela Estado declarante (por razões de boa fé, o princípio de Estoppel que
implica coerência, consistência e continuidade de modo a não frustrar a confiança ou
expectativa dos outros Estados, isto é, não ser contraditório).
O Princípio de Estoppel trata a matéria de boa fé objectiva dos Estados. Uma limitação
decorrente de uma conduta anterior unilateral e imputável ao Estado. Conhecida esta
figura, assemelha-se à figura do Venire Contra Factum Proprium, por motivos de
protecção e de não frustração da confiança, o Estado não deve ser contraditório, não
deve frustrar a expectativa que gerou na comunidade, nos outros Estados. Postula-se a
boa fé geral. O Princípio de Estoppel destaca-se em duas modalidades:
Conceito: A doutrina define tratado como "o acordo concluído entre dois ou mais
sujeitos de direito internacional, destinado a produzir efeitos jurídicos e regido pelo
direito internacional". A CVDT-I codifica a seguinte definição " designa um acordo
internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional,
quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos
conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular".
A ter em conta:
Concluído por escrito - Mas não proíbe a possibilidade de acordos verbais (art.3 a).
Entre Estados - Com a CVDT-II (1986) foram incluídas as organizações internacionais.
Classificações:
Das reservas, distinguem-se outras figuras afins. Cláusulas opt-out que meramente
têm afinidades substâncias com as reservas. A declaração interpretativa, sendo
próxima da reserva, esta figura visa precisar ou clarificar o sentido ou alcance que o
Estado declarante atribuiu ao tratao ou a algumas das suas disposições. Outra figura, é
a da declaração interpretativa condicional, uma declaração que faz depender o seu
consentimento da aceitação de uma interpretação específica sobre o tratado ou
algumas das suas disposições, esta figura é uma reserva disfarçada ou imperfeita.
Impondo uma celebração de acordo com os ditames da boa fé como vontade genuína
de cumprir as obrigações inerentes ao compromisso pactício [mesmo antes de entrada
em vigor - art. 18 a) CVDT-I]. Trata-se por isso sempre de um acto livre com alguns
casos onde é exigido um dever de ratificação (ex: CRP imposto pelo resultado de
referendo favorável e vinculativo em relação à ratificação de um tratado, não é
abrangido pelo pacta sunt servanda, mas antes por uma fonte constitucional).
4 - A quarta questão por sua vez, diz respeito a terceiros Estados (regra geral
consagrada no art.34 CVDT-I). Trata-se do princípio do efeito relativo dos tratados
equivalente ao do direito civil. É uma exigência da autonomia da vontade. Para Estado
terceiro verificar os efeitos do tratado, é necessário o seu consentimento expresso e
por escrito no caso de obrigações (art.35 CVDT-I) e no caso de direitos, presume-se
aceitação até que este, em algum caso, demonstre que não aceita (logo é possível uma
aceitação tácita relativa a direitos). Falamos aqui num acordo colateral entre as partes
principais e terceiros, numa espécie de relação triangular.
5 - Estado não pode invocar nulidades ou causas de cessação de vigência após ter
tomado conhecimento de : a) aceitou expressamente a validade e vigência dos
tratados (evitando o princípio de estoppel); ou 2) deva, em razão a sua conduta,
Sobre a nulidade. A noção desta significa que o acto jurídico nulo não produz efeitos
jurídicos desde a sua vigência, os tratados nulos carecem portanto de força jurídica
(art.69 nº1). Nenhum Estado pode invocar em seu favor um tratado nulo e tão pouco
pode opor a outros Estados. Importa notar que alguns dos efeitos podem ser mantidos
(art.69 e 71). A nulidade fundamenta o direito de solicitar o restabelecimento da
situação que existiria caso não tivessem sido verificados os actos praticados, estando
esta projecção retroactiva limitada por uma cláusula possível (isto é, tanto quanto
possível) como refere o nº2 c) do artigo 69. As causas de invalidade estão tipificadas na
Convenção de Viena, objectivadas como comportamentos ilícitos contrários aos
princípios e regras de Direito Internacional.
São oito as causas. sete delas relativas ao consentimento( de art.46 a 52) e uma para a
violação de norma substantiva e imperativa de direito internacional geral (ius cogens -
art. 53).
2 - Absoluta - Desde já, o vício não é sanável (art.45 nº1, 51, 52 e 53). Podendo ser
invocado a qualquer altura por qualquer Parte no tratado e inclusive por outros
Estados ou entidades fora do tratado e que não estão vinculados a este. Tratam-se de
violações mais graves. Cabendo também a um tribunal internacional e à sua ex officio.
Tratam-se de casos de divisibilidade do tratado (art.44 nº5) , coação (art. 51 e 52) e
violação de norma de ius cogens (art.53)
Coação sobre um Estado pela ameaça ou emprego da força, sendo nulo o tratado cuja
conclusão foi forçada pela "ameaça ou emprego da força em violação dos princípios de
direito internacional consignados na CNU" (art.52).
Violação de norma imperativa de Direito Internacional Geral (art. 53) culmina com o
valor máximo de nulidade - nulidade originária.
• A alteração fundamental não resulta de uma violação, pela Parte que a invoca,
de obrigação decorrente do tratado ou de qualquer outra obrigação
internacional relativa a outra Parte no tratado.
Cabe aqui a distinção material de tratado (tratado em forma solene) e acordo (acordo
em forma simplificada). É uma questão terminológica, a CRP utiliza a expressão
convenção internacional para qualquer convénio internacional. O critério operativo da
distinção entre tratado e acordo depende do procedimento. A aprovação de tratados
só pode ser feita pela A.R. da mesma maneira que pode aprovar acordos [também
pode o Governo aprovar acordos, consoante a matéria regulada, art. 161 i) e 197 nº1].
A ratificação é exigida para os tratados como acto de vinculação, art.135 b) CRP, já nos
acordos, é apenas necessária a aprovação certificada pela assinatura do P.R e aposta
nas resoluções da A.R ou nos decretos do Governo, art.134 b) CRP. Em matéria de
fiscalização preventiva da constitucionalidade, nos tratados está previsto de modo
expresso que após pronuncia da constitucionalidade, a A.R. possa confirmar por
maioria qualificada, art. 279 nº4 CRP; em relação aos acordos internacionais aprovados
pelo Governo não existe possibilidade de confirmação (estão "condenados" pelo veto
político do P.R.).
Existirá mesmo na CRP um critério material de distinção entre tratado e acordo? Qual
a margem que o Governo possuí? Qual a relação existente entre Governo e
Parlamento?
Uma outra doutrina, na linha de pensamento de Carlos Blanco Morais, José Melo
Alexandrino e Maria Luísa Duarte, aponta para o inverso. Que não existe conflito entre
A.R e Governo, nem tão pouco roubo de poderes, ou receio pelo mesmo. Pois o P.R.
Fases (4):
1 - Negociação. Partimos do art.197 nº1 b) e c) assim como o art. 166 nº5. O Governo
tem competência para negociar e aprovar tratados. Porém são necessários alguns
requisitos como: Informar o P.R. de tudo art. 201 c) consagrando o princípio da
cooperação de orgãos institucionais; terá de comunicar também a A.R e os grupos
parlamentares, art. 180 j); potencialmente, terá de informar as regiões autónomas,
caso seja de especial aplicação nelas ou que envolva os seus interesses e a sua
manifestação de autonomia, art. 227 t). Caso não sejam verificados estes requisitos, o
acto é ferido do inconstitucionalidade formal, mas não se aplica o art. 46. CVDT-I. Logo
não se desvincula o Estado pois não tem relevo internacional, apenas relevo interno.
Competência legislativa e política da A.R: art. 161 i), através de resolução , 166nº 5, é
exigida a maioria relativa, 116 nº3 CRP.
Competência política do Governo: 197 nº1 c), sob forma de decreto, art.197 nº2,
apreciado e votado em Conselho de Ministros, art. 200 nº1 d) CRP.
3 - Ratificação e Assinatura. Cabe ao P.R a ratificação dos tratados solenes, art. 135 b)
CRP e a assinatura das resoluções da A.R e dos decretos do Governo, art. 134 b)CRP. O
P.R pode agora no exercício de uma competência não vinculada, requerer ao T.C a
apreciação preventiva da constitucionalidade, art. 278 nº1 CRP. A fiscalização incide
sobre as normas e não sobre a convenção em si, na totalidade. Agora:
A ter em conta que a remissão para os princípios gerais e objectivos fundamentais que
devem orientar Portugal nas relações externas que correspondem aos fins do art. 7 nº
1,2 e 3, deve ser objecto de uma interpretação actualista, de modo a que o interprete
não fique refém da leitura do texto. O art. 16 em especial para o nº 2, para preceitos
relativos a direitos fundamentais.
Já foi aqui mencionado, mas recapitula-mos: uma norma internacional não tem
estatuto supra constitucional. Os tratados ocupam um estatudo infraconstitucional, o
Estado Português não deve negociar, aprovar, ratificar convenções internacionais
contrárias à constituição. MAS se tal se verificar, o art. 204 exclui a aplicação das
normas que infrinjam o disposto no texto constitucional. A fiscalização pode operar
antes ou depois da entrada em vigor da convenção internacional, podendo operar a
fiscalização preventiva e a fiscalização sucessiva, consagrando a prevalência
hierárquica da Constituição.
Concluímos então que a maioria da doutrina portuguesa aceita uma tese intermédia.
Em que a norma convencional está um degrau abaixo da Constituição mas um degrau
acima do direito ordinário. Apontamos argumentos como:
4 - outro elemento literal, na leitura do art. 119 CRP, que elenca as convenções
internacionais a seguir às leis constitucionais e antes dos actos legislativos, tal como o
art. 280 nº3.
5 - Seguindo a Lei do Tribunal Constitucional, art. 70 nº1 i) admite recurso para TC "que
recusem a aplicação de norma constante de acto legislativo, com fundamento na sua
contrariedade com uma convenção internacional"
A protecção internacional dos direitos do homem não tornam este num sujeito de
Direito Internacional. É necessário que estes possam agir na vida jurídica internacional.
Não basta a atribuição de direitos para que haja personalidade internacional do
indivíduo, tem ainda de ocorrer a possibilidade de acesso a instâncias internacionais
para realização ou garantia desses direitos.
A personalidade determina que x ente pode ser alvo de direitos e deveres, enquanto
que a capacidade diz respeito à medida de direitos que este pode ter (quando de gozo)
ou que pode exercer directa e livremente (quando de exercício). A reter que pode ser
atribuída personalidade e não uma correlativa capacidade. Assim como acontece em
matéria de Direito interno.
7 – Activos (que são atribuídos direitos e situações activas) vs passivos (sujeitos apenas
adstritos a deveres).
Categorias de Sujeitos
De maior importância, são as categorias de sujeitos. As categorias de sujeitos
apresentam-se da seguinte maneira:
Estados
Devido à importância do primeiro ponto, os Estados, dedicamos uma especial atenção.
O Estado é uma pessoa colectiva, apresenta-se como uma comunidade política
organizada que exerce determinada autoridade sobre um território, é um conjunto de
órgãos que prosseguem diversas actividades. Como formula Marcelo Rebelo de Sousa,
“um povo fixado num determinado território, que institui por vontade própria, dentro
desse território, um poder político relativamente autónomo”.
3 – Direito de “fazer a guerra” – Ius Belli, conceito este que foi revolucionado, tendo
agora o interprete que realizar uma interpretação actualista de acordo com o artigo 2º
nº4 da CNU, sendo então considerado este direito como legítima defesa individual ou
colectiva e só assim é permitido o uso da força. Remetendo para o artigo 51º da
mesma carta.
4 – Direito de reclamação, colocado fora dos três clássicos devido ao facto de ser
recente. Este direito confere um ideia de defesa do interesse dos Estados, podendo
estes impugnar internacionalmente perante órgãos políticos e jurisdicionais
internacionais.
Direitos políticos dos Estados: art. 2º nº1 CNU consagra o princípio da igualdade
jurídica, o nº4 o direito à independência política e integridade territorial. O direitos de
reconhecimento de outros sujeitos internacionais, o direito constituir e participar em
organizações internacionais.
Deveres políticos dos Estados (art 2º CNU): Dever de boa fé (nº2), solução pacífica dos
conflitos (nº3), abstenção do uso da força (nº4), dever de respeitar a independência e
integridade territorial dos outros Estados (nº4). Proibição do Estoppel (art. 103 CNU).
Para quem defende a natureza declarativa: Estado existe desde que reúna as
condições de existência, referidas já aqui anteriormente.
Para a tese da natureza constitutiva: Não basta reunir as condições de existência como
também os outros Estados teriam de o afirmar e tratar como Estado, caso contrário,
toda a consideração do suposto Estado, antes de esse ser reconhecido seria
irrelevante.
autodeterminação dos povos consagrado na CNU, artigo 1º, 73º e 76º. Caso de Angola
para com Portugal, Argélia para com a França (…).
Organizações Internacionais
Elemento material: agrupamento de Estados e de outros sujeitos.
Para lá dos direitos ou poderes, cabe menção aqui a tese da professora Maria Luísa
Duarte, sobre os poderes implícitos das organizações internacionais. Poderes que as
organizações invocam para a prossecução dos seus objectivos. Pois à partida é
impossível prever e regular toda a matéria num tratado, existirão também factos que
são impossíveis de prever e situações novas que emergem e dificultam o âmbito de
prossecução dos fins das organizações, por isso concede-se poderes implícitos a estas.
Poderes que estão ligados aos que estão previstos e que visam atingir determinado
objectivo e fim da organização. Tem-se por exemplo as chamadas “Peace Keeping
Operations” dos conhecidos “capacetes azuis”. Trata-se de proteger toda a vida
humana que está assombrada pelos efeitos nefastos da guerra. Ora se existe o direito
de “fazer a guerra”, o chamado Ius Belli, então por via da regra de quem permite o
mais permite o menos, é permitido também fazer meras campanhas de segurança por
parte de forças militares, não podendo estas provocar a guerra, apenas manter a
segurança das populações que estão assombras e cuja dignidade humana se encontra
ofendida.
Quanto aos órgãos das organizações internacionais, são estes que permitem a
organização agir e formar a sua vontade. Os órgãos formam a vontade colectiva. Cabe
aqui menção para a autonomia das organizações internacionais frente a todos os
Estados, seja no plano de decisões políticas ou num plano de estrutura administrativa.
Correlativa à autonomia, é a independência dos órgãos jurisdicionais, com titulares
individuais e a dependência exclusiva dos agentes dos órgãos competentes da
organização. A autonomia é elevada também a base financeira, devendo esta ser
satisfatória e apenas conseguida com contribuições dos Estados-membros.
A ONU foi investida de poderes jurídicos que permitem atingir todos os problemas
mundiais. Deste modo, a CNU é concebida como o repositório dos grandes princípios
das relações entre todos os Estados e tendo primazia sobre quaisquer outras
obrigações.
Só os Estados podem ser membros das NU, sendo estes categorizados como Estados
“pacíficos” que aceitem as obrigações da Carta e que são capazes de as cumprir e
dispostos a cumpri-las.
Conselho de Segurança
Trata-se de um órgão da ONU, cabe-lhe a responsabilidade principal na manutenção
da paz e da segurança jurídica internacional (art. 24º CNU) e os membros ficam
adstritos à decisão do conselho (art. 25º CNU). São quinze os membros, apenas cinco
são permanentes, a China, EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia. Em torno deste tema é
colocada a questão do duplo veto, pois cabe aos membros permanente deste conselho
a decisão do que são matérias processuais e não processuais, as processuais cabem
aos membros do colectivo, as não processuais aos membros permanentes. Desde já
verificamos aqui um potencial erro ou uma questão controversa. Pois deste modo, o
conselho de segurança pode decidir o que é e o que não é processual, podendo decidir
sobre as matérias que entender. Assim, conseguem modelar as decisões, pois “quem
tem força, decide”. Á letra do art. 25 da CNU, no numero 3, “quaisquer outros
assuntos”. De notar que é concedido um voto a cada membro e um só voto. Notando
que as decisões do conselho devem ser unânimes. Pois basta um veto dos membros
permanentes e não está estabelecido acordo.
Responsabilidade
Em termos abstractos, sempre que um sujeito de Direito viola uma norma ou um dever
a que está adstrito em relação a outro ou outros sujeitos, deve este ficar com um
dever específico para com o lesado. Sempre que um sujeito causa prejuízo a outro e
beneficia com isso, incorre em responsabilidade.
2 – Os Danos variam entre danos físicos e morais, mostrando assim a relevância dos
interesses políticos conexos com a soberania dos Estados.
3 – A ideia de responder por acções ou omissões, quer dos órgãos, quer dos agentes,
de entidades públicas ou meros particulares dentro do seu território.
4 – Complexidade da forma de ressarcir os danos, pode ser feito por vias como a
reparação dos danos, medidas inibitórias e medidas sancionatórias.
7 – Uma ideia de autotutela dos Estados, fez nascer figuras como a da retorsão. A
retorsão é a resposta à violação de interesses do Estado por meio de actos lícitos, uma
ruptura de relações diplomáticas ou de negociações com vista a tratado por exemplo.
Com esta ideia de autotutela surge também a figura de represália, à semelhança da
retorsão, esta é uma reacção através de actos ilícitos (pacíficos ou não pacíficos), varia
desde o confisco de bens, expulsão de pessoas, bombardeamento de alvos militares ou
civis. Uma outra figura é a da contra medida, um acto também ilícito de obrigações
internacionais, exemplos disso são as suspensões, as denuncias ou o simples não
cumprimento temporário de um tratado.
- Legitima defesa.
- Estado de necessidade.
- Consentimento da vítima.
- Força maior
Para um estudo mais aprofundado desta matéria, recomendo uma leitura breve do
estatuto. Com mais atenção ao preambulo e ao vasto elenco do capítulo II. No
entanto, sobressaem-se os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes
de guerra e o crime de agressão (notando que o crime de agressão deve ser
acompanhado da Resolução 14/74 de 29 de Novembro, para um melhor entendimento
do conceito de agressão ).
Smart Sanctions
Trata-se de uma matéria recente no Direito Internacional Público. Surge fruto do uso
de novas tecnologias, tanto por parte de quem comete o ilícito como de quem o
pretende combater. Todavia como o nome indica, em português, sanções inteligentes,
ou seja, sanções alternativas. As ditas smart sanctions são alternativas ao uso da força
e uma “fuga” à utilização de meios de guerra. Evitando dessa maneira qualquer
atentado à paz. Evitando atrocidades e fortes violações aos princípios da dignidade da
pessoa humana e de segurança jurídica internacional.
Certos autores apontam para o artigo 41 da CNU. Constatando que estas se inserem
entre as sanções económicas e sanções não militares.
Alargando esta ideia, o art. 2 nº3 em articulação com o art. 33 impõe a resolução e
conflitos por meios pacíficos, de modo a conservar a ideia de paz, de justiça e de
segurança.
- Negociação.
- Inquérito.
- Mediação.
- Conciliação.
- Arbitragem.
- Via judicial.
O Capítulo VII é residual, significa portanto que esta apenas se aplica quando o elenco
do Capítulo VI não resulta, não consegui produzir os efeitos que pretendia e ocorre um
caso de ameaça de paz, ruptura da mesma ou um acto de agressão. Apenas em caso
de existir um ataque.
O art. 51 relata um direito natural dos Estados, isto é, inerente de legítima defesa
individual ou colectiva, no caso de ocorrer um ataque armado contra um membro das
nações Unidas. A problemática da legítima defesa depara-se com o facto de se tratar
de um conceito multidimensional ou por ter diversos primas.