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20/07/2016 11:54
complexidade das relações sociais são, em grande parte, responsáveis pelo surgimento de
novos espaços de intervenção, repletos de conflitos próprios que não apenas os caracterizam,
senão os distinguem dos problemas sobre os quais até então se tinha debruçado o Direito
Penal clássico (MASI, 2014). Surgem assim, novos âmbitos de regulação, com pretensão de
Nesse sentido, o Direito Penal econômico passa a ser visto como um ramo do Direito
Penal geral que, com relativa autonomia, estuda, regula e aplica os dispositivos legais aos
esparsas – v. g. Leis 7.492/86, 8.078/90, 8.137/90, 9.613/98, 8.429/92, etc. – que tratam de
supraindividual. A matéria abrange desde o estudo dos delitos contra a ordem econômica,
o sigilo das operações de Instituições Financeiras, contra as finanças públicas, contra a ordem
Inicialmente, pensava-se que a criação de novos tipos penais para o Direito Penal
mercado. Seu papel passou a ser o de evitar abusos, introduzindo fortes restrições no mundo
Entretanto, a finalidade e a função do Direito Penal Econômico não é outra coisa que
apresenta, com frequência excessiva, mais como prima ratio do que como ultima ratio, em
resto muitas vezes só põe em evidência o descompasso com a verdadeira missão do Direito
patrimônio e fé contratual.
a totalidade dos causados pelo resto da criminalidade. ANDRÉ LUIS CALLEGARI (2003, p.
25) adverte:
quando se esgotam as possibilidades legais de luta. Nesta situação, quem primeiro delinque
acaba pressionando o resto à comissão de novos fatos delitivos (efeito de ressaca), e cada
participante se converte assim no centro de uma nova ressaca (efeito de espiral). Este efeito
O delito econômico latu sensu pode ser conceituado como aquela infração que,
afetando um bem jurídico patrimonial individual, lesiona ou põe a perigo, em segundo termo,
econômico stricto sensu é a infração jurídico-penal que lesiona ou coloca em perigo a ordem
economia de um país.
uma vez que as infrações dessa natureza causam danos a bens ou interesses supraindividuais
e consumo de riqueza (BETTI, 2000). Nesse sentido, ocorre crime econômico nas situações
em que fins de lucro, prestígio ou progresso são procurados por meios ilegítimos.
RAÚL CERVINI (2005, p. 55.l) afirma que é possível delimitar esse ramo a partir da
identificação do bem jurídico que se busca tutelar. Sua função não é somente a proteção da
ordem econômica dirigida diretamente pelo Estado, conceito que o delimita exageradamente
Um critério racional para delimitar o âmbito do Direito Penal Econômico passa pela
distinção entre bens jurídicos individuais e supraindividuais, como, por exemplo o crédito, o
material para definir um delito econômico, necessariamente gira em torno do conceito de bem
Conclui que se verifica uma acelerada expansão de seus conteúdos tanto na legislação
uma deliberada distorção do conceito de bem jurídico. No processo de seleção das condutas
De uma maneira geral, o Direito Penal Econômico alimenta-se das sequelas das crises
149).
definir, com relativa autonomia, quais são os interesses dignos de tutela e quais as penas que
irão desemprenhar tal proteção, ao contrário do que ocorre com o núcleo rígido do Direito
Penal, cujo objeto da tutela encontra-se previamente dado em termos ético-culturais. Trata-se,
portanto, de um “Direito Penal secundário”, que sanciona com penas violações próprias do
Nada obstante, ao mesmo tempo em que se corre o risco de o Direito Penal ser
dessa forma de tutela penal parece inquestionável, pelo menos enquanto a solidez da
2006, p. 150).
penal (CALLEGARI, 2003, p. 20), para o qual deve ser utilizado outros tipos e instrumentos
penais, que não os clássicos, no sentido de combater a forte criminalização que vai contra as
mais complexos, passam a ser utilizados, demonstrando que esta seara do Direito Penal, cada
vez mais candente no Brasil, demanda uma grande especialização do operador do Direito.
[Sobrenome] 7
REFERÊNCIAS
visión garantista: metodología, criterios de imputación y tutela del patrimonio social. Buenos
Aires: B de F, 2005.
à luz da função da pena e da política criminal. In: D’ÁVILA, Fábio Roberto; SOUZA, Paulo
Vinícius Sporleder (Coord.). Direito penal secundário: estudos sobre crimes econômicos,
ambientais, informáticos e outras questões. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
Vinícius Sporleder (Coord.). Direito penal secundário: estudos sobre crimes econômicos,
ambientais, informáticos e outras questões. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
[Sobrenome] 8
jurídicos no direito penal contemporâneo. In: GAUER, Ruth Maria Chittó. Criminologia e
por uma relegitimação da atuação do Ministério Público: uma investigação à luz dos valores
tutela penal do sistema financeiro nacional na perspectiva da política cambial brasileira. Rio
consumo, sistema financeiro, ordem tributária, sistema previdenciário. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004.