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Perspectiva económica
O direito Económico é um instrumento jurídico que tem em vista dar a segurança às práticas
económicas, garantindo a actuação do Estado e assegurando a ordem económica e social. Trata-
se da direcção da política económica pelo Estado.
Foi na Alemanhã a partir de 1919 onde surgiu a primeira Constituição a tratar do Direito
Económico que foi a Constituição de Weimar. A Constituição de Weimar trouxe como inovação
uma participação do Estado através de políticas públicas e programas de governo.
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A Constituição de Weimar foi a primeira a atribuir sentido jurídico ao tema económico. O Estado
ditaria as regras e os princípios para que o fenómeno económico no mercado encontrasse limites
e garantias para atender a sociedade e assegurar a justiça social.
Ordem Jurídica
Pode ser definido como o conjunto normativo com finalidade de garantir a segurança e a ordem.
Tais normas definem os fins a serem alcançados pela actividade económica e apresentam os
meios para se atingir os fins buscados pela política económica.
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Contudo, o direito económico é constituído por normas jurídicas de direito público, surgindo
como um direito especial da intervenção estadual, na medida em que, a organização privada da
economia só acontece de acordo com a definição, ao nível jurídico mais elevado, do regime
perfilhado. Isto é, há uma conformação das entidades económicas privadas, à ordem jurídico
económica do Estado.
Recenticidade: é um ramo do direito novo, recente, que teve sua génese com o intervencionismo
económico (teoria moderna económica – macroeconomia), com o finalidade de discipliná- lo e
regrá-lo. Portanto, sendo um ramo científico do direito ainda em formação, fica sujeito às
constantes influências e mudanças que ocorrem no dinâmico mercado económico.
Singularidade: é um ramo jurídico próprio para o facto económico característico de cada país,
não havendo, consequentemente, um conjunto de regras para norteá-lo, como ocorre com outros
ramos do direito, tais como o civil e o penal;
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Mutabilidade: suas normas são sujeitas a constantes mudanças de ordem política e económica,
havendo tendência de curta vigência no que se refere a seus diplomas legais. Daí decorre uma
produção normativa abundante e constante, sendo mister não se sujeitar seu disciplinarmente
apenas ao crivo do Poder Legislativo, outorgando-se grande parcela de competência normativa
ao Executivo, ante a especificidade do tema e a celeridade de soluções que seus conflitos
exigem;
Ecletismo: apesar de ser ramo do direito público, o direito económico busca valores e princípios
do direito privado. Isto porque, dentro de um posicionamento estatal regulador da ordem
económica, o Poder Público assume postura mais direccionadora, normatizadora e fiscalizadora
da ordem e dos agentes económicos, procurando abster-se de empreender dentro da actividade
económica. Deste modo, deve orientar sua normatização não somente dentro dos princípios de
direito público, mas também no direito privado, de maneira a viabilizar a actividade económica
do agente privado;
Constituição Económica
A Constituição económica seria vista como a posetivação constitucional de um conjunto de
normas visando a regência equilibrada da actividade económica.
Para alguns autores entendem a Constituição Económica como uma Carta Constitucional que
percebe o dinamismo e mutabilidade do equilíbrio social, do dinamismo surgido entre no conflito
de interesses patrimoniais público e privado, sendo regente deste equilíbrio, que reflecte na
direcção económica. Para os outros a direcção económica é efeito colateral da busca do
equilíbrio do interesse patrimonial público e privado.
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Direito administrativo económico e direito penal económico
Direito Penal Económico: Conjunto de normas penais que sancionam as condutas que atentam
gravemente contra bens jurídicos supra individuais importantes o funcionamento do sistema
económico e para o livre desenvolvimento individual dentro de tal sistema. O Direito Económico
define as condutas lícitas e ilícitas. O Direito Económico relaciona-se com o Direito Penal toda
vez que um ilícito económico for considerado, também, um ilícito penal.
Princípio da economicidade
É oriundo do direito financeiro, a aplicação deste princípio no direito económico deve ser
precedida de um exercício sistemático de hermenêutica constitucional, a ser norteada e permeada
pelo ecletismo de valores do direito privado que caracterizam este ramo jurídico.
Princípio da eficiência
É oriundo do direito administrativo, sendo aplicado no direito económico mediante, livre-
iniciativa e a livre concorrência. Assim, no campo do direito, determina que o Estado, ao
estabelecer suas políticas públicas, deve pautar sua conduta com o fim de viabilizar e maximizar
a produção de resultados da actividade económica, conjugando os interesses privados dos
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agentes económico com os interesses da sociedade, permitindo a obtenção de efeitos que melhor
atendam ao interesse público, garantido, assim, o êxito de sua ordem económica.
Princípio da generalidade
Confere às normas de direito económico alto grau de generalidade e abstracção, ampliando seu
campo de incidência ao máximo possível, a fim de possibilitar sua aplicação em relação à grande
multiplicidade de organismos económicos, à diversidade de regimes jurídicos de intervenção
estatal, bem como às constantes e dinâmicas mudanças que ocorrem no mercado.
Isto porque o ordenamento de direito económico deve ser capaz de se adaptar às alterações
mercados de maneira célere, garantido a eficácia de sua força normativa, como instrumento
disciplinador do facto económico.
A actuação económica do Estado pode, porém, desenvolver ele próprio - como «forma» política
da sociedade - uma actividade de sujeito económico colectivo ou social. Sabemos de sistemas
sociais em que todas as necessidades económicas, em sociedades primitivas ou integralmente
socialistas, são satisfeitas pela própria sociedade política (que terá, para uns, necessidades
próprias, como organismo que e; que apenas «interpreta» necessidades individuais; ou que actua
num e noutro plano).
Em todos os tempos, contudo, zonas da actividade económica, conexas com os fins e as funções
do Estado, foram por este exercidas pois, a prossecução de fins de segurança, justiça e bem-estar
implica a administração de diversos bens raros, a qual, de per si, é actividade económica. Em tais
casos - de actuação económica do Estado - este dispõe de bens económicos, cuja gestão e
disposição lhe esta atribuída, para os afectar as necessidades sociais que lhe cumpre satisfazer.
Segundo (Franco, 2008:5), a economia do Fenómeno Financeiro subdivide-se em:
A Economia Privada é caracterizada pela livre atracção dos agentes económicos; numa
economia de mercado fixam-se os preços de acordo com a oferta e a procura existentes; a
base fundamental para o contrato.
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confrontados com transparência e medidos por referenciais comuns - os preços formados em
mercado.
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CAPÍTULO III ORÇAMENTO
Orçamento do Estado
É o documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar
num determinado exercício económico e tem por objectivo a prossecução da política financeira
do Estado.
Introduz ainda Teodoro Waty que “O orçamento do Estado é uma previsão, em regra anual,
que fixa as despesas a realizar pelo Estado, as receitas para a sua cobertura e incorpora a
autorização e os limites do exercício dos poderes financeiros pela Administração.
O Orçamento é um mundo vasto e complexo. São múltiplas as abordagens que se podem adoptar
ao analisarmos o Orçamento: pode-se enfatizar mais os aspectos teóricos ou práticos, uma óptica
jurídica ou económica, as questões de natureza administrativa ou técnica, as relações
institucionais, os processos históricos, etc. Optámos aqui por nos concentrarmos naquelas áreas
que têm uma maior relevância e, seguimos uma perspectiva multi-disciplinar.
Foi na Inglaterra, em 1217, que surgiu o embrião do Orçamento público, desde então, os
instrumentos para controlar as acções dos governos e dos governantes vêm sendo gradualmente
aperfeiçoados. No século XIX, grande parte dos Orçamentos públicos praticados em todo mundo
apresentava já semelhanças com as formas actuais de controlo, mas foi novamente na Inglaterra
que surgiu como instrumento formalmente acabado, por volta de 1822, quando O Chanceler Do
Erário passou a apresentar anualmente ao parlamento britânico, um documento que fixava a
receita e a despesa de cada exercício. Sua principal função foi possibilitar aos órgãos de
representação um controle político sobre os órgãos executivos.
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Nos países com regimes autoritários e colectivistas, a instituição orçamental assumiu
características diferentes, nomeadamente no que se refere à ausência de aprovação por um órgão
representativo e à concentração de competências orçamentais no Governo e na Administração
Pública.
Teoria do Orçamento
Funções do Orçamento
O autor António de Sousa Franco apresenta três (3) funções do orçamento:
a) Funções económicas;
b) Funções Políticas; e
c) Funções Jurídicas.
Funções Económicas
No domínio Económico o orçamento é uma previsão ou seja um plano económico dentro das
funções económicas duas perspectivas:
Racionalidade económica: orçamento permite uma gestão mais racional e eficiente dos dinheiros
públicos, na medida em que concretiza a relacionação entre receitas e despesas e facilita a
procura de um máximo bem-estar (ou utilidade com um mínimo de gasto (ou custo).
1
TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.
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Eficácia: o orçamento de um ponto de vista económico é sobretudo encarado como um elemento
fundamental para a definição e execução das políticas financeiras, conseguindo-se por meio dele
conhecer a política económica global do Estado.
Funções Políticas
O orçamento é uma autorização que visa conseguir duas ordens de efeito:
Funções Jurídicas
As funções jurídicas do Orçamento decorrem do seu elemento político e consubstanciam-se no
aparecimento de toda uma série de normas destinadas a concretizar os fins de garantia que o
Orçamento visa prosseguir. Ele constitui uma limitação jurídica Administração, diversa e mais
forte que a do Direito Administrativo: os seus poderes financeiros devem ser autorizados
anualmente e por isso são limitados.
2
TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.
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Na sua preparação e execução, o Orçamento do Estado observa, de entre outros, os seguintes
princípios e regras:
Uma vez que os princípios apresentam excepções, nas regras do orçamento, encontramos
excepção nos seguintes princípios:
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a) Por virtude de autonomia administrativa e financeira as receitas tenham de ser afectadas a
determinado fim específico ou a determinada instituição ou instituições;
6. Princípio da Especificação
Constitui excepção ao princípio da especificação a inscrição no Orçamento do Estado de uma
dotação provisiona I, sob gestão do Ministro que superintende a área das Finanças de forma a
permitir a sua afectação, em momento oportuno e atempado, à realização de despesas não
previsíveis e inadiáveis.3
Equilíbrio Orçamental
Ao falar do equilíbrio orçamental, tem-se em princípio a igualdade de receitas e despesas.
"O superávit explica-se pela necessidade de cobrir o risco de sobreavaliação das receitas,
produzindo menos do que o previsto, ou por se pretender com o excesso constituir um fundo para
usar em períodos de deflação.
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Sousa Franco, nos ensina que o equilíbrio pode ser encarado numa perspectiva »ex ante ou ex
post». No primeiro caso fala-se de equilíbrio do orçamento ou equilíbrio de previsão orçamental,
no segundo em equilíbrio da conta ou da execução orçamental. Pode efectivamente, ter-se
registado um equilíbrio na previsão das receitas e despesas, que por qualquer motivo não veio a
encontrar correspondência na execução orçamental, mostrando a conta um desequilíbrio entre
receitas e despesas.
Este critério representa uma revisão da concepção clássica. Considera-se orçamento equilibrado
quando as despesas efectivas e as receitas efectivas estão em pé de igualdade, admitindo-se
apenas o crédito público para apagamento da dívida pública. Salienta ainda que a utilização do
crédito para cobertura de despesas efectivas conduziria a um défice.
Ao abrigo deste critério, um orçamento é equilibrado quando as despesas ordinárias são cobertas
pelas receitas ordinárias, e as despesas extraordinárias podem ser cobertas pelo excedente de
receita ordinária e pelas extraordinárias.
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O Processo Orçamental
O processo orçamental vem evoluindo a muitos anos e esta evolução deve-se, entre outros
factores, às mudanças operadas nos sistemas políticos, nas teorias económicas, as abordagens de
gestão orçamental, os princípios contabilísticos e na conduta da administração pública. O
processo orçamental compreende um conjunto complexo de fazes, que não tem necessariamente
um carácter sequencial.
Nos ensina Teodoro Waty que, o processo orçamental começa com o estabelecimento de
objectivos e metas de natureza económica, social, administrativa e política. Esta constitui a
primeira fase.
A segunda fase é a de desenvolvimento de planos financeiros de curto, médio e longo prazo que
é a de realização de projecções e previsões no tempo e formulação de critérios para a selecção de
programas. Estes programas implicam necessariamente, uma priorização de sectores e áreas, de
acordo com as políticas seleccionadas e as metas e objectivos traçados.
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do ano económico procede-se ao encerramento das contas e que depois são fiscalizadas,
compreendendo assim, a quarta e quinta fase.
Estes dois processos não são independentes entre si, o primeiro engloba o segundo, mas é
também, influenciado por este.
Preparação do Orçamento
"A proposta da lei do orçamento do Estado, é elaborada pelo governo e submetida à Assembleia
da República, e deve conter informação fundamentadora sobre as previsões de receitas, os
limites das despesas, o financiamento do défice e todos os elementos que fundamentam a política
orçamental.
Do artigo acima exposto podemos perceber que no nosso país a elaboração do orçamento é da
competência exclusiva do governo, ou seja, a proposta do orçamento vem do governo, órgão este
que submete a Assembleia da República em forma de proposta de orçamento, para a posterior
aprovação.
Isto quer significar que, o montante e tipo de receitas e despesas a inscrever no orçamento
deverão estar de acordo a política do governo e o momento económico, político e social que se
vive no país.
2 – Uma vez aprovadas pelo órgão competente da instituição proponente, as diferentes propostas
de orçamento são enviadas à Direcção Nacional do Plano e Orçamento (DNPO);
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3 – As diferentes propostas de orçamento são depois analisadas, alteradas e unificadas pelo
Ministério do Plano e Finanças, através da Direcção Nacional do Plano e Orçamento, a luz das
orientações, limites orçamentais e demais instruções.
4 – Depois de elaborada a proposta de lei orçamental para o ano seguinte, esta é apresentada ao
Conselho de Ministros pelo Ministério do Plano e Finanças e depois submete-se à Assembleia da
República para apreciação e aprovação.
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Aprovado, promulgado e publicado o orçamento do Estado, compete ao governo, através do
Ministério do Plano e Finanças, fazer a necessária publicação, através de comunicação a todos os
serviços ou entidades orgânicas do Estado, com responsabilidades em acções programáticas para
que estão mandatados e na execução orçamental, os limites orçamentais que lhes caibam nas
tabelas de receitas e despesas.
Execução do Orçamento
Podemos entender execução como o conjunto de actos e operações materiais de administração
financeira e de tesouraria praticados para cobrar as receitas e realizar as despesas inscritas ou
para prover ao respectivo ajustamento. Assim, uma vez aprovado o orçamento e iniciado o ano
financeiro, começam a cobrar-se receitas e a pagar as despesas inscritas no orçamento
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O princípio da economicidade compreende duas regras, sendo a primeira a da utilização mais
racional possível das dotações orçamentais aprovadas e a segunda a da melhor gestão de
tesouraria.
Com o princípio da legalidade o governo não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no
orçamento uma receita que não esteja autorizada por lei, realizar despesas que, não obstante
tenham base legal, não se encontrem inscritas no orçamento ou não tenham cabimento na
correspondente verba orçamental. Há ainda obrigatoriedade das receitas cobradas e as despesas
efectuadas terem que estar necessariamente inscritas no orçamento – tipicidade orçamental.
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Execução do Orçamento das Despesas
Do mesmo modo quanto a realização do orçamento das receitas, a realização do orçamento das
despesas deverá obedecer ao princípio da legalidade. A execução do orçamento das despesas,
encontra-se plasmado no artigo 30 da lei do SISTAFE
4. Compete ao Governo aprovar, quer os limites máximos para a realização das despesas a que se
refere o número anterior, quer as dotações orçamentais e a este regime sujeitas, quer ainda à
regulamentação sobre a sua concessão, aplicação e prestação de contas.
Assim, as despesas só poderão ser assumidas durante o ano económico para qual estiverem
orçamentadas e deverão sempre respeitar os princípios de economia (minimização dos custos),
eficiência (maximização dos resultados) e eficácia (obtenção de resultados pretendidos).
Para que uma despesa seja executada tem de estar inscrita numa classe e verba prevista no
Orçamento do Estado e tem de ter cabimento orçamental ou seja, tem de haver verba disponível.
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A execução das despesas deverá obedecer à regra dos duodécimos, segundo a qual em cada mês
do ano não poderá ser utilizada uma verba superior a 1/12 da verba global fixada no orçamento,
acrescido dos duodécimos dos meses anteriores vencidos e não pagos.
Alterações Orçamentais
O orçamento, como previsão que é, está sujeito a situações de imprevistos decorrentes de
mudanças de conjuntura, de calamidades ou de quaisquer outros novos condicionalismos.
A alteração orçamental, é definida por lei e sob proposta do governo, sendo que este encontra-se
devidamente autorizado.
De acordo com a lei do SISTAFE o governo pode efectuar reforços de verbas no Orçamento do
Estado, utilizando para efeito, a dotação provisional previstas, desde que as mesmas sejam
devidamente fundamentadas. É ainda da competência do governo a redistribuição das verbas
dentro dos limites estabelecidos pela Assembleia da República.
A transferência de verbas de um órgão ou instituição do Estado para outro deve ser tratado no
orçamento do Estado a crédito daquele e a débito deste.
De acordo com os ensinamentos de Teodoro Waty, as alterações feitas pelo governo podem
consistir em:
1º. Inscrição de uma nova dotação, a qual está condicionada â existência de disponibilidade na
dotação provisional e apenas será autorizada para atender a situações não previstas e inadiáveis;
2º. Reforço de dotações – aumento efectivo dos recursos anteriormente aprovados para fazer face
a situação de carência orçamental, que apenas poderá ter lugar se existir verba correspondente na
dotação provisional; e
3º. Redistribuição de dotações, que apenas poderá ser realizada entre rubricas de despesa ou
projectos distintos do mesmo órgão ou instituição, mantendo-se o respectivo limite orçamental
global inalterado.
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Todas estas alterações deixam intactos os limites globais do Orçamento do Estado e por isso não
carecem de aprovação parlamentar.
Fiscalização do Orçamento
Durante o ano económico faz-se o acompanhamento e controle multifacetado do orçamento do
Estado, por forma a prevenir, detectar ou corrigir, erros e irregularidades.
Pretende-se concretamente que a arrecadação e a afectação de recursos seja feita de acordo com
o que vem estipulado no orçamento do Estado, de forma a evitar-se uma má utilização dos
dinheiros públicos e a ocorrência de desperdícios. Pretende-se ainda que os objectivos que se
pretendem alcançar e vêm definidos no Plano Económico e Social, estejam a ser efectivamente
cumpridos.
Assim, no nosso país "a execução do orçamento do Estado é fiscalizada pelo Tribunal
Administrativo e pela Assembleia da República, a qual, tendo em conta o parecer daquele
Tribunal, aprecia e delibera sobre a Conta Geral do Estado.
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Activos e passivos financeiros e patrimoniais do Estado; e
Adiantamento e suas regularizações.
O governo deve apresentar à Assembleia da República e ao Tribunal Administrativo a Conta
Geral do Estado, até 31 de Maio do ano seguinte àquele a que a referida conda conta respeite. O
relatório e o parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado devem ser
enviados à Assembleia da República até 30 de Novembro do ano seguinte àquele a que a conta
respeite.
A Assembleia da República é o órgão que aprova o orçamento, que lhe é remetido sob proposta
do governo. Em termos constitucionais, o orçamento é fiscalizado pela Assembleia da República
e pelo Tribunal Administrativo.
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Em Moçambique, há uma tendência de aumento das despesas públicas, pois, verificam-se casos
de desvios de fundo por funcionários do Estado, o que faz com que muitas actividades não se
realizarem.
Contudo, o orçamento do Estado moçambicano, tende a melhorar, muito mais pela descoberta de
recursos naturais, o que aumenta de certa forma o Produto Interno Bruto.
Despesa pública
O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da receita pública, pois, não pode mais ser
compreendida apenas vinculada ao conceito económico privado, isto é, de que a despesa deve ser
realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente com as empresas particulares. O
Estado tem como objectivo, no exercício de sua actividade financeira, a realização de seus fins,
pelo que procura ajustar a receita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a
esta. Sousa (2004:10)
Segundo Waty (2004:200), falar de uma despesa pública, é olhar para o conjunto de encargos do
Estado ou ente público para aquisição de bens ou prestação de serviços susceptíveis de satisfazer
necessidades públicas.
Todavia, Franco (2000:11), define despesa pública sob ponto de vista orçamentária e científica:
Sob ponto de vista orçamentário, despesa pública, é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por
parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para
execução de um fim a cargo do governo;
No contexto científico, a despesa pública é vista como a soma de gastos realizados pelo Estado
para a realização de obras e para a prestação de serviços públicos.
Quando se olha na despesa pública, deve-se entender como a forma como o Estado ou o ente
público faz a distribuição de riqueza, objectivando a produção dos serviços reclamados para
satisfação das necessidades públicas e para fazer face a outras exigências da vida pública, as
quais não são chamadas propriamente serviços.
A despesa pública difere-se da nacional, visto que, a pública constitui o processo de distribuição
de rendimentos e altera a repartição do rendimento nacional; a despesa nacional envolve não
apenas o consumo das entidades estatais mais também dos particulares.
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Elementos da Despesa Pública
a) A natureza económica
O dispêndio, incidente em um gasto para os cofres do Estado e em consumo para os
beneficiados; a riqueza pública, bem económico, representado pelo acervo originário das rendas
do domínio privado do Estado e da arrecadação dos tributos;
b) A natureza jurídica
A despesa só pode ser executada com uma autorização legal dada pelo poder competente para a
efectivação da despesa;
c) A natureza política
A finalidade de satisfação da necessidade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do
serviço público, como medida de sua política financeira. A escolha do objectivo da despesa
pública envolve um acto político, referente à determinação das necessidades públicas que
deverão ser satisfeitas pelo processo do serviço público.
4
SCHWANTZ, Giuliani; Caderno de Direito Financeiro Alberto. Santa Cruz do Sul, 2010.
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receber, em substituição ao Estado, a arrecadação de determinado tributo, lucrando com a
diferença entre o que pagou e o que viesse a receber, vigorando tal sistema até o século XIX.
Actualmente, só excepcionalmente é gratuita a prestação do serviço público, como nos casos dos
serviços prestados pelos invocados dos tribunais de Júri, dos serviços eleitorais e dos serviços
dos membros do Conselho Penitenciário.
5
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004
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porque com a citada anexação ocorre igualmente um incremento da receita pública, pois
um maior número de pessoas passará a ser tributado;
Aumento da população de um Estado, vegetativamente ou pela entrada de imigrantes, faz
crescer numericamente a despesa pública, mas, em compensação, haverá um aumento
também da receita pública;
A maior absorção das actividades privadas por parte do Estado em razão dos modernos
conceitos económico-sociais, gerando um aumento de despesa, mas tal crescimento da
despesa será também ilusório porque passando tais actividades para o Estado, este verá
crescer sua receita, bem como o custo do serviço público será menor que a actividade até
então exercida pelo particular, em razão de o Estado não visar ao lucro.
b) Reais
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WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004
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de administração, além de outros erros de pequena monta, embora representem uma
pequena parcela em comparação com as outras causas já enunciadas.
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Tipologias das despesas públicas
a) Quanto à forma
Despesa em espécie - constitui hoje a forma usual de sua execução, embora, admitir-se alguns
serviços públicos que não são remunerados pelo Estado;
Despesa em natureza - forma que predominava na antiguidade mas que hoje está praticamente
abolida, embora ainda ocorra, como no caso de indemnização pela desapropriação de imóvel
rural mediante títulos da dívida pública com cláusula de correcção monetária;
b) Quanto ao aspecto económico
Despesa real ou de serviço é a efectivamente realizada pelo Estado em razão da utilização de
bens e serviços particulares na satisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação
desses bens ou serviços do sector privado em proveito do sector público; corresponde, pois, à
vida dos serviços públicos e à actividade das administrações, caracterizando-se pela
contraprestação que é feita em favor do Estado;7
Despesa de transferência – como a primeira, é também efectivada pelo Estado sem que receba
directamente qualquer contraprestação a seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo,
já que o dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no pagamento de pensões e
de subvenções a actividades ou empresas privadas;
c) Quanto ao ambiente
Despesa interna é a feita para atender às necessidades de ordem interna do país e se realiza em
moeda nacional e dentro do território nacional;
Despesa externa a que se realiza fora do país, em moeda estrangeira e visa a liquidar dívidas
externas;
d) Quanto à duração
Despesa ordinária visa atender às necessidades públicas estáveis, permanentes e periodicamente
previstas no orçamento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como, por exemplo,
a despesa relativa ao pagamento do funcionamento público;
Despesa extraordinária objectiva a satisfazer necessidades públicas acidentais, imprevisíveis e,
portanto, não constantes do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em sua
verificação, e estão mencionadas na Constituição, como sendo as despesas decorrentes de guerra,
7
SCHWANTZ, Giuliani; Caderno de Direito Financeiro Alberto. Santa Cruz do Sul, 2010.
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que por ser urgente e inadiável não se pode esperar o processo prévio da autorização legal;
Despesa especial - tem por finalidade permitir o atendimento de necessidades públicas novas,
surgidas no decorrer do exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento, embora
não apresentem as características de imprevisibilidade e urgência, assim, dependem de prévia Lei
para a sua efectivação, sendo de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a
fazer em decorrência de sentença judicial;
e) Quanto à sua importância
Despesa necessária é aquela intransferível em face da necessidade pública, sendo sua
efectivação provocada pela colectividade;
Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela colectividade e não vise a atender
necessidades públicas prementes, é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade
social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste critério, não se pode falar em
despesa inútil, e mesmo as despesas de guerra podem produzir uma utilidade, como a
independência nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive; esta utilidade ser
de carácter económico, pois o Estado quando evita ou limita uma invasão ao seu território,
impede ou diminui um prejuízo económico.
f) Quanto aos efeitos económicos
Despesa produtiva – esta, para além de satisfazer necessidades públicas, enriquece o património
do Estado ou aumenta a capacidade económica do contribuinte, como as despesas referentes à
construção de portos, estradas de ferro, etc.
Despesa improdutiva - é aquela que não gera um benefício de ordem económica em favor da
colectividade;
h) Quanto à competência
Despesa estadual - atende aos fins e serviços do Estado, estando fixada em seu orçamento;
Despesa municipal - tem por finalidade atender a fins e serviços do Município, sendo
consignada no orçamento municipal;8
i) Quanto ao fim
Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadeira, pois se destina à produção e à
manutenção do serviço público, estando enquadrados nesta categoria os gastos com os
pagamentos dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de riquezas na realização
8
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004
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de obras públicas e emprego de materiais de serviço e à conservação do domínio público;
Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utilização da receita, como a despesa para a
administração do domínio fiscal (fiscalização de terras, de bosques, das minas, manutenção de
fábricas, etc.) e para a administração financeira (arrecadação e fiscalização de receitas tributárias,
serviço de dívida pública, com o pagamento dos juros e amortização dos empréstimos
contraídos).
Receita pública
Os recursos financeiros canalizados para os cofres públicos ostentam, na prática, natureza e
conteúdo bastante diversificados, nem sempre derivam da actividade impositiva do Estado
(tributário), podendo resultar de contratos firmados pela administração com carácter bilateral.
Pode-se afirmar que o crescimento das despesas públicas, resultante do acesso das massas ao
poder político, tornou imprescindível ao Estado lançar mão de outras fontes de obtenção de
recursos financeiros capazes de manter um fluxo regular e permanente de ingressos.
Todavia, IFD (2011:33), define a receita como expressão monetária resultante do poder de
tributar e/ou do agregado de bens e/ou serviço da entidade, validada pelo mercado em um
determinado período de tempo e que provoca um acréscimo concomitante no activo ou uma
redução do passivo, com um acréscimo correspondente no património líquido, abstraindo-se do
esforço de produzir tal receita representado pela redução (despesa) do activo ou acréscimo do
passivo e correspondente redução do património líquido.
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Receitas Publicas são todos os ingressos de carácter não devolutivo auferidas pelo poder público
em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa
forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois, tem como finalidade
atender as despesas públicas. Ibid (2011:34)
A receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Público, incorporado ao
património do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de
investimentos públicos, Schwantz (2010: 33).
A designação receita pública deve ficar reservada, tão-somente, às importâncias arrecadadas pelo
Estado em carácter definitivo, ou seja, não restituíveis. A receita pública embarca as receitas das
empresas estatais, a remuneração dos investimentos do Estado e os juros das dívidas fiscais.
Assim, quando falamos da receita pública temos que ter em conta os seguintes princípios:
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3. Princípio da competência – estabelece as receitas e as despesas devem ser incluídas no
apuramento do resultado do período em que foram geradas, sempre simultaneamente quando se
relacionarem (princípio da confrontação das despesas com as receitas), independentemente de
recebimentos ou pagamento. As receitas são consideradas realizadas quando há o
desaparecimento parcial ou total de um passivo; pela geração natural de novos activos
independentemente da intervenção de terceiros; quando nas vendas a terceiros de bens ou
serviços se efectuar o pagamento ou assumirem o compromisso de efectivá-los.
Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a restituição, ou, por outra, a
importância que integra o património do Estado em carácter definitivo.
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