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CAPÍTULO I DIREITO ECONÓMICO

Perspectiva económica

Conceito de Direito Económico


Direito Económico é o conjunto de normais jurídicas que regulam as relações jurídicas
económicas nomeadamente: a produção, distribuição, circulação e consumo. (Albino de Souza).

O direito económico é um ramo de direito misto que disciplina as formas de interferência do


Estado no processo de geração de rendas e riquezas da nação, com o fim de direccionar e
conduzir a economia à realização e ao alcance de objectivos e metas socialmente desejáveis.

O direito Económico é um instrumento jurídico que tem em vista dar a segurança às práticas
económicas, garantindo a actuação do Estado e assegurando a ordem económica e social. Trata-
se da direcção da política económica pelo Estado.

Somente após a Segunda Guerra Mundial ocorreu a consolidação da importância da actuação


jurídica do Estado na economia. O Estado não podia permitir que a crença na ordem natural da
economia dirigisse os fenómenos económicos.

Surgem, então, normas com a finalidade de conduzir, regrar e disciplinar o fenómeno


económico. O Estado procura por novas formas de combate ao abuso do Poder Económico, bem
como para controlar o Poder Económico.

O surgimento do direito económico


O surgimento do direito económico como ramo do direito é relativamente recente. Isto porque,
durante muito tempo, após a consolidação do modelo de Estado democrático de direito, o ideário
do liberalismo económico prevalecia, facto que dificultava e anulava a legitimação do Poder
Público para interferir no processo de geração de riquezas da nação.

Foi na Alemanhã a partir de 1919 onde surgiu a primeira Constituição a tratar do Direito
Económico que foi a Constituição de Weimar. A Constituição de Weimar trouxe como inovação
uma participação do Estado através de políticas públicas e programas de governo.

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A Constituição de Weimar foi a primeira a atribuir sentido jurídico ao tema económico. O Estado
ditaria as regras e os princípios para que o fenómeno económico no mercado encontrasse limites
e garantias para atender a sociedade e assegurar a justiça social.

A Constituição de Weimar consagra no seu dispositivo legal o princípio o limite à liberdade de


mercado com a finalidade de preservar um nível de existência em atenção à dignidade da pessoa
humana. O ordenamento económico tem como finalidade garantir a todos uma existência digna.

Objecto do direito económico


O Direito Económico tem como objecto o tratamento jurídico da política económica, e os
sujeitos que são os agentes que dela participem.

O Direito Económico é aplicado para alcançar o bem-estar social e, consequentemente, promover


o desenvolvimento social e económico.

Objectivo do direito económico


A intervenção do Estado na ordem económica somente se legitima na realização do interesse
público. Em outras palavras, somente há que se falar em interferência do Poder Público no
processo de geração de riquezas da nação quando esta se der nos interesses do povo, a fim de
garantir a prossecução do bem-estar social.

Ordem Jurídica
Pode ser definido como o conjunto normativo com finalidade de garantir a segurança e a ordem.
Tais normas definem os fins a serem alcançados pela actividade económica e apresentam os
meios para se atingir os fins buscados pela política económica.

Natureza do direito económico


O Direito Económico apresenta, portanto, uma primeira fase de natureza predominantemente
pública, em que surge a sua vertente constitucional, caracterizadora do sistema a partir da atitude
do Estado face ao processo económico; num segundo momento, surge como Direito Privado, em
aspectos específicos respeitantes a institutos jurídicos desta natureza.

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Contudo, o direito económico é constituído por normas jurídicas de direito público, surgindo
como um direito especial da intervenção estadual, na medida em que, a organização privada da
economia só acontece de acordo com a definição, ao nível jurídico mais elevado, do regime
perfilhado. Isto é, há uma conformação das entidades económicas privadas, à ordem jurídico
económica do Estado.

Entretanto, o direito público da intervenção económica não se aplica, frequentemente, na sua


forma “pura”. É necessária uma combinação com elementos do direito privado – a chamada
interpenetração do direito público e do direito privado, que aliás, constituem pressupostos da
execução das normas de direito público.

Direito económico como uma disciplina


O Direito Económico é a disciplina autónoma do Direito, interdisciplinar jurídica e económica,
que se ocupa do tratamento jurídico da política económica do Estado e da relação entre os
indivíduos e os agentes do mercado, para alcançar o bem-estar social e,
consequentemente, promover o desenvolvimento socioeconómico, a partir da utilização
do princípio da economicidade, traduzindo o conceito de eficiência em justiça.

Características do direito económico


O direito económico caracteriza-se, precipuamente, pela influência do Estado nas relações
socioeconómicas, actuando com prevalência sobre a autonomia de vontade das partes para
regular a actividade económica. Podemos, portanto, destacar as seguintes especificidades do
direito económico:

Recenticidade: é um ramo do direito novo, recente, que teve sua génese com o intervencionismo
económico (teoria moderna económica – macroeconomia), com o finalidade de discipliná- lo e
regrá-lo. Portanto, sendo um ramo científico do direito ainda em formação, fica sujeito às
constantes influências e mudanças que ocorrem no dinâmico mercado económico.

Singularidade: é um ramo jurídico próprio para o facto económico característico de cada país,
não havendo, consequentemente, um conjunto de regras para norteá-lo, como ocorre com outros
ramos do direito, tais como o civil e o penal;

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Mutabilidade: suas normas são sujeitas a constantes mudanças de ordem política e económica,
havendo tendência de curta vigência no que se refere a seus diplomas legais. Daí decorre uma
produção normativa abundante e constante, sendo mister não se sujeitar seu disciplinarmente
apenas ao crivo do Poder Legislativo, outorgando-se grande parcela de competência normativa
ao Executivo, ante a especificidade do tema e a celeridade de soluções que seus conflitos
exigem;

Ecletismo: apesar de ser ramo do direito público, o direito económico busca valores e princípios
do direito privado. Isto porque, dentro de um posicionamento estatal regulador da ordem
económica, o Poder Público assume postura mais direccionadora, normatizadora e fiscalizadora
da ordem e dos agentes económicos, procurando abster-se de empreender dentro da actividade
económica. Deste modo, deve orientar sua normatização não somente dentro dos princípios de
direito público, mas também no direito privado, de maneira a viabilizar a actividade económica
do agente privado;

Constituição Económica
A Constituição económica seria vista como a posetivação constitucional de um conjunto de
normas visando a regência equilibrada da actividade económica.

Para alguns autores entendem a Constituição Económica como uma Carta Constitucional que
percebe o dinamismo e mutabilidade do equilíbrio social, do dinamismo surgido entre no conflito
de interesses patrimoniais público e privado, sendo regente deste equilíbrio, que reflecte na
direcção económica. Para os outros a direcção económica é efeito colateral da busca do
equilíbrio do interesse patrimonial público e privado.

O Direito Económico é a disciplina autónoma do Direito, interdisciplinar jurídica e económica,


que se ocupa do tratamento jurídico da política económica do Estado e da relação entre os
indivíduos e os agentes do mercado, para alcançar o bem estar social e,
consequentemente, promover o desenvolvimento socioeconómico, a partir da utilização
do princípio da economicidade, traduzindo o conceito de eficiência em justiça.

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Direito administrativo económico e direito penal económico

Direito Administrativo Económico: conjunto de regras e instituições de direito administrativo


tendentes a promover o desenvolvimento social económico e o bem-estar social, na constante
procura por desenvolvimento sustentável, ordem, paz, segurança e igualdade para todos.
A interface do Direito Administrativo no Direito Económico ocorre no momento da criação das
empresas estatais para actuarem como sujeitos da actividade económica.

O Direito Administrativo Económico não é uma disciplina autónoma do Direito, tampouco um


ramo do Direito Administrativo. Trata-se do estudo teórico da aplicação prática conjunta do
Direito Administrativo com o Direito Económico, partir da intervenção do Estado no regime
jurídico-económico adoptado pela política económica do Estado.

Direito Penal Económico: Conjunto de normas penais que sancionam as condutas que atentam
gravemente contra bens jurídicos supra individuais importantes o funcionamento do sistema
económico e para o livre desenvolvimento individual dentro de tal sistema. O Direito Económico
define as condutas lícitas e ilícitas. O Direito Económico relaciona-se com o Direito Penal toda
vez que um ilícito económico for considerado, também, um ilícito penal.

Os princípios gerais do direito económico são fundados, norteados e permeados,


concomitantemente, em valores de direito público e de direito privado, dado o ecletismo que
caracteriza este ramo jurídico, outorgando aos referidos princípios traços próprios e específicos
que os distinguem de sua aplicação em outros ramos do direito.

Princípio da economicidade
É oriundo do direito financeiro, a aplicação deste princípio no direito económico deve ser
precedida de um exercício sistemático de hermenêutica constitucional, a ser norteada e permeada
pelo ecletismo de valores do direito privado que caracterizam este ramo jurídico.

Princípio da eficiência
É oriundo do direito administrativo, sendo aplicado no direito económico mediante, livre-
iniciativa e a livre concorrência. Assim, no campo do direito, determina que o Estado, ao
estabelecer suas políticas públicas, deve pautar sua conduta com o fim de viabilizar e maximizar
a produção de resultados da actividade económica, conjugando os interesses privados dos

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agentes económico com os interesses da sociedade, permitindo a obtenção de efeitos que melhor
atendam ao interesse público, garantido, assim, o êxito de sua ordem económica.

Princípio da generalidade
Confere às normas de direito económico alto grau de generalidade e abstracção, ampliando seu
campo de incidência ao máximo possível, a fim de possibilitar sua aplicação em relação à grande
multiplicidade de organismos económicos, à diversidade de regimes jurídicos de intervenção
estatal, bem como às constantes e dinâmicas mudanças que ocorrem no mercado.

Isto porque o ordenamento de direito económico deve ser capaz de se adaptar às alterações
mercados de maneira célere, garantido a eficácia de sua força normativa, como instrumento
disciplinador do facto económico.

A actuação económica do Estado pode, porém, desenvolver ele próprio - como «forma» política
da sociedade - uma actividade de sujeito económico colectivo ou social. Sabemos de sistemas
sociais em que todas as necessidades económicas, em sociedades primitivas ou integralmente
socialistas, são satisfeitas pela própria sociedade política (que terá, para uns, necessidades
próprias, como organismo que e; que apenas «interpreta» necessidades individuais; ou que actua
num e noutro plano).
Em todos os tempos, contudo, zonas da actividade económica, conexas com os fins e as funções
do Estado, foram por este exercidas pois, a prossecução de fins de segurança, justiça e bem-estar
implica a administração de diversos bens raros, a qual, de per si, é actividade económica. Em tais
casos - de actuação económica do Estado - este dispõe de bens económicos, cuja gestão e
disposição lhe esta atribuída, para os afectar as necessidades sociais que lhe cumpre satisfazer.
Segundo (Franco, 2008:5), a economia do Fenómeno Financeiro subdivide-se em:

 A Economia Privada é caracterizada pela livre atracção dos agentes económicos; numa
economia de mercado fixam-se os preços de acordo com a oferta e a procura existentes; a
base fundamental para o contrato.

A economia privada baseia-se no livre comportamento dos agentes económicos e em equilíbrios,


parciais e gerais, por eles livremente estabelecidos, de acordo com os seus interesses próprios

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confrontados com transparência e medidos por referenciais comuns - os preços formados em
mercado.

 Na Economia Comunitária ou Social temos a solidariedade do grupo. Combina-se a


propriedade privada e a social ou comunitária;

A economia social assenta na solidariedade, organizada em grupos de diversa dimensões e nível


económico, na liberdade de comportamento das pessoas e dos grupos, na combinação da
propriedade privada com a propriedade social e comunitária, na cooperação organizada (mais
livremente ou com maior peso dos interesses sociais); ela pode integrar instrumentos de
racionalidade e solidariedade orgânica diversificados, que combinam o individualismo com o
solidarismo, nos seus diversos enfoques.

 Na Economia pública temos uma solidariedade organizada e dotada de poder político;

Ela assenta na coacção social máxima, à escala da colectividade ou de subsistemas do sistema


social, numa lógica de direcção económica mais ou menos planificada, com formas de
apropriação dos bens pela sociedade através dos seus órgãos políticos e juízos colectivos de
utilidade.
Estes impõem-se nos órgãos de decisão política para os membros da sociedade, seja qual for a
forma de designação e o critério de funcionamento interno da entidade pública considerada.

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CAPÍTULO III ORÇAMENTO

Orçamento do Estado
É o documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar
num determinado exercício económico e tem por objectivo a prossecução da política financeira
do Estado.

Introduz ainda Teodoro Waty que “O orçamento do Estado é uma previsão, em regra anual,
que fixa as despesas a realizar pelo Estado, as receitas para a sua cobertura e incorpora a
autorização e os limites do exercício dos poderes financeiros pela Administração.

O Orçamento é um mundo vasto e complexo. São múltiplas as abordagens que se podem adoptar
ao analisarmos o Orçamento: pode-se enfatizar mais os aspectos teóricos ou práticos, uma óptica
jurídica ou económica, as questões de natureza administrativa ou técnica, as relações
institucionais, os processos históricos, etc. Optámos aqui por nos concentrarmos naquelas áreas
que têm uma maior relevância e, seguimos uma perspectiva multi-disciplinar.

Origem e evolução do fenómeno orçamentário


A ideia do Orçamento, estão ligados os princípios da protecção das liberdades e garantias dos
cidadãos da hipertrofia do Estado, nossos dias, e, nos tempos e das necessidades dos monarcas.
(Waty, 2004:87)

Foi na Inglaterra, em 1217, que surgiu o embrião do Orçamento público, desde então, os
instrumentos para controlar as acções dos governos e dos governantes vêm sendo gradualmente
aperfeiçoados. No século XIX, grande parte dos Orçamentos públicos praticados em todo mundo
apresentava já semelhanças com as formas actuais de controlo, mas foi novamente na Inglaterra
que surgiu como instrumento formalmente acabado, por volta de 1822, quando O Chanceler Do
Erário passou a apresentar anualmente ao parlamento britânico, um documento que fixava a
receita e a despesa de cada exercício. Sua principal função foi possibilitar aos órgãos de
representação um controle político sobre os órgãos executivos.

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Nos países com regimes autoritários e colectivistas, a instituição orçamental assumiu
características diferentes, nomeadamente no que se refere à ausência de aprovação por um órgão
representativo e à concentração de competências orçamentais no Governo e na Administração
Pública.
Teoria do Orçamento

A ideia do orçamento geralmente traz-nos a ideia de gasto de dinheiro ou recursos financeiros


para o desenvolvimento ou exercício de uma certa actividade. Há aqui que perceber que não se
trata apenas de gastos de dinheiro, mas da existência de um plano que define como adquirir, gerir
e gastar recursos financeiros para exercer tal actividade.1
"A teoria do Orçamento foi elaborada sobretudo durante o liberalismo e liga-se intimamente aos
princípios inspiradores da democracia liberal: Protecção dos particulares contra o crescimento
estadual e os excessos do estatismo, consentimento representativo dos encargos fiscais, que
limitam a propriedade, e das despesas que lhes dão origem.
Desta forma e no geral, o orçamento pode ser entendido como um plano financeiro pertencente a
uma entidade pública, privada ou até mesmo familiar para determinada actividade.

Funções do Orçamento
O autor António de Sousa Franco apresenta três (3) funções do orçamento:

a) Funções económicas;
b) Funções Políticas; e
c) Funções Jurídicas.

Funções Económicas

No domínio Económico o orçamento é uma previsão ou seja um plano económico dentro das
funções económicas duas perspectivas:

 Racionalidade económica: orçamento permite uma gestão mais racional e eficiente dos dinheiros
públicos, na medida em que concretiza a relacionação entre receitas e despesas e facilita a
procura de um máximo bem-estar (ou utilidade com um mínimo de gasto (ou custo).

1
TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.

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 Eficácia: o orçamento de um ponto de vista económico é sobretudo encarado como um elemento
fundamental para a definição e execução das políticas financeiras, conseguindo-se por meio dele
conhecer a política económica global do Estado.
Funções Políticas
O orçamento é uma autorização que visa conseguir duas ordens de efeito:

 Garantia dos direitos fundamentais: assegura-se através da disciplina orçamental que a


propriedade privada só é tributada na medida em que tal seja consentido pelos representantes dos
proprietários (os deputados); numa óptica menos liberal, garante-se que os rendimentos só são
tributados para cobrir os gastos públicos mediante decisão dos representantes dos titulares desses
rendimentos – trabalhadores, proprietários, capitalistas (que, como são cidadãos, estão
representados pelos deputados no Parlamento).

 Garantia do equilíbrio e separação dos poderes, já que através do mecanismo de autorização


política, a cargo das Assembleias Parlamentares, a estas atribui um importante papel financeiro:
elas autorizam os recursos e sua afectação, o Executivo executa o orçamento e as contas são
tomadas pelo Parlamento e/ou por um órgão jurisdicional.2

Funções Jurídicas
As funções jurídicas do Orçamento decorrem do seu elemento político e consubstanciam-se no
aparecimento de toda uma série de normas destinadas a concretizar os fins de garantia que o
Orçamento visa prosseguir. Ele constitui uma limitação jurídica Administração, diversa e mais
forte que a do Direito Administrativo: os seus poderes financeiros devem ser autorizados
anualmente e por isso são limitados.

Regras da Organização do Orçamento


O processo orçamental compreende o conjunto de regras e procedimentos, de carácter formal ou
informal, que regem a elaboração, aprovação e execução do Orçamento do Estado, bem como a
prestação de contas.

2
TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.

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Na sua preparação e execução, o Orçamento do Estado observa, de entre outros, os seguintes
princípios e regras:

a) Anualidade, nos termos do qual o Orçamento do Estado tem um período de validade e de


execução anual, sem prejuízo da existência de programas que impliquem encargos plurianuais;
b) Unidade, na base do qual o Orçamento do Estado é apenas um;
c) Universalidade, pelo qual todas as receitas e todas as despesas que determinem alterações ao
património do Estado, devem nele ser obrigatoriamente inscritas;
d) Especificação, segundo o qual cada receita e cada despesa deve ser suficientemente
individualizada;
e) Não compensação, através do qual as receitas e as despesas devem ser inscritas na forma
líquida;
f) Não consignação, por força do qual o produto de quaisquer receitas não pode ser afectado à
cobertura de determinadas despesas específicas, …
g) Equilíbrio, com o fundamento no qual todas despesas previstas no Orçamento devem ser
efectivamente cobertas por receitas nele inscritas; e
h) Publicidade, em conformidade com o qual a Lei Orçamental, as tabelas de receitas e as tabelas
de despesas bem assim as demais informações económicas e financeiras julgadas pertinentes
devem ser publicadas em Boletim da República.
Os princípios representam normas substanciais ou essenciais de validade permanente,
resistentes às continências e são fonte da disciplina orçamental. As regras orçamentais,
consequência lógica natural dos princípios, admitem excepções de conteúdo pragmático e são
adaptáveis às necessidades e as convivências do momento.

Assim, o princípio da plenitude orçamental engloba as regras da unidade e universalidade. O


princípio da descriminação orçamental engloba, as regras da especificação, a da não
compensação e a regra da não consignação.

Uma vez que os princípios apresentam excepções, nas regras do orçamento, encontramos
excepção nos seguintes princípios:

Não consignação, nos casos em que:

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a) Por virtude de autonomia administrativa e financeira as receitas tenham de ser afectadas a
determinado fim específico ou a determinada instituição ou instituições;

b) Os recursos financeiros sejam provenientes de operações específicas de crédito público;

c) Os recursos provenientes decorrem de donativos, heranças ou legados a favor do Estado com


destino específico;

d) Os recursos tenham, por lei especial, destino específico.

6. Princípio da Especificação
Constitui excepção ao princípio da especificação a inscrição no Orçamento do Estado de uma
dotação provisiona I, sob gestão do Ministro que superintende a área das Finanças de forma a
permitir a sua afectação, em momento oportuno e atempado, à realização de despesas não
previsíveis e inadiáveis.3

Equilíbrio Orçamental
Ao falar do equilíbrio orçamental, tem-se em princípio a igualdade de receitas e despesas.

As receitas e as despesas são actividades que se acompanham entre si e deste modo,


estabelecem-se relações. Assim existem três relações entre as receitas despesas:

 Equilíbrio aritmético – quando as receitas e despesas se igualam;


 Superavit ou excedente – quando as receitas são superiores ou excedem as despesas;
 Défice orçamental – se as receitas forem inferiores ou quando não chegam para cobrir as
despesas.
Assim, em sentido amplo, o equilíbrio orçamental cobre, não só as situações de equilíbrio
aritmético como também as de superavit ou excedente.

"O superávit explica-se pela necessidade de cobrir o risco de sobreavaliação das receitas,
produzindo menos do que o previsto, ou por se pretender com o excesso constituir um fundo para
usar em períodos de deflação.

Em sentido restrito, estaremos diante de um equilíbrio orçamental, quando as receitas e despesas


encontram-se em pé de igualdade.
3
TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.

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Sousa Franco, nos ensina que o equilíbrio pode ser encarado numa perspectiva »ex ante ou ex
post». No primeiro caso fala-se de equilíbrio do orçamento ou equilíbrio de previsão orçamental,
no segundo em equilíbrio da conta ou da execução orçamental. Pode efectivamente, ter-se
registado um equilíbrio na previsão das receitas e despesas, que por qualquer motivo não veio a
encontrar correspondência na execução orçamental, mostrando a conta um desequilíbrio entre
receitas e despesas.

Critérios classificativos do equilíbrio


Critério clássico
Segundo este princípio há equilíbrio quando os rendimentos normais cobrem todas as despesas.
Daqui podemos dizer que o recurso as receitas não efectivas para suportar os encargos públicos
conduziria a um défice só admissível em casos de sobrevivência nacional, como é o caso da
guerra ou calamidade. A ideia base deste critério é limitar o recurso pelo Estado ao crédito, caso
contrário, o orçamento ficaria desequilibrado.

Critério do activo de tesouraria

Este critério representa uma revisão da concepção clássica. Considera-se orçamento equilibrado
quando as despesas efectivas e as receitas efectivas estão em pé de igualdade, admitindo-se
apenas o crédito público para apagamento da dívida pública. Salienta ainda que a utilização do
crédito para cobertura de despesas efectivas conduziria a um défice.

Critério do equilíbrio do orçamento ordinário


Antes importa referir que orçamento ordinário é aquele que é constituído por receitas e despesas
ordinárias. As receitas e as despesas ordinárias são renováveis ou que se repetem
qualitativamente em todos os orçamentos podendo a variação dizer respeito aos quantitativos.

Ao abrigo deste critério, um orçamento é equilibrado quando as despesas ordinárias são cobertas
pelas receitas ordinárias, e as despesas extraordinárias podem ser cobertas pelo excedente de
receita ordinária e pelas extraordinárias.

Critério de orçamento de capital


Segundo este critério, há equilíbrio quando as despesas correntes do Estado são cobertas pelas
receitas correntes, sendo as despesas de capital cobertas por receitas de capital ou por excedente
das receitas correntes.

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O Processo Orçamental
O processo orçamental vem evoluindo a muitos anos e esta evolução deve-se, entre outros
factores, às mudanças operadas nos sistemas políticos, nas teorias económicas, as abordagens de
gestão orçamental, os princípios contabilísticos e na conduta da administração pública. O
processo orçamental compreende um conjunto complexo de fazes, que não tem necessariamente
um carácter sequencial.

Podemos considerar dois tipos de processo orçamental:

Processo orçamental em sentido lato


"Um processo mais amplo com uma dimensão temporal mais vasta, que inclui não só ao
orçamento anual de recursos e a sua execução, mas também o estabelecimento dos objectivos,
políticos e programas de curto, médio e longo prazo que estão na base dos orçamentos anuais.

Nos ensina Teodoro Waty que, o processo orçamental começa com o estabelecimento de
objectivos e metas de natureza económica, social, administrativa e política. Esta constitui a
primeira fase.

A segunda fase é a de desenvolvimento de planos financeiros de curto, médio e longo prazo que
é a de realização de projecções e previsões no tempo e formulação de critérios para a selecção de
programas. Estes programas implicam necessariamente, uma priorização de sectores e áreas, de
acordo com as políticas seleccionadas e as metas e objectivos traçados.

A orçamentação anual dos recursos de acordo com as metas, os objectivos e os programas


definidos e a sua execução do orçamento constitui a terceira fase

E por fim, a última fase do processo orçamental é a monitoria e avaliação do orçamento


executado, dos programas financeiros e das metas de forma a garantir a necessária transparência,
eficácia e eficiência de todo processo.

O processo orçamental em sentido restrito


Este processo orçamental que tem apenas a ver com a orçamentação e execução anual das
receitas e das despesas, e que se repete todos os anos. Este, engloba cinco fases, sendo a primeira
a da elaboração da proposta de lei orçamental, a segunda a apresentação e aprovação pela
Assembleia da República. Depois de aprovada segue a terceira fase que a de execução e no fim

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do ano económico procede-se ao encerramento das contas e que depois são fiscalizadas,
compreendendo assim, a quarta e quinta fase.

Estes dois processos não são independentes entre si, o primeiro engloba o segundo, mas é
também, influenciado por este.

Preparação do Orçamento
"A proposta da lei do orçamento do Estado, é elaborada pelo governo e submetida à Assembleia
da República, e deve conter informação fundamentadora sobre as previsões de receitas, os
limites das despesas, o financiamento do défice e todos os elementos que fundamentam a política
orçamental.

Do artigo acima exposto podemos perceber que no nosso país a elaboração do orçamento é da
competência exclusiva do governo, ou seja, a proposta do orçamento vem do governo, órgão este
que submete a Assembleia da República em forma de proposta de orçamento, para a posterior
aprovação.

Na elaboração da proposta do orçamento, o governo deverá dar prioridades ao cumprimento do


seu programa e ter em conta a necessária relação entre as previsões orçamentais e a evolução
provável da conjuntura política, económica e social.

Isto quer significar que, o montante e tipo de receitas e despesas a inscrever no orçamento
deverão estar de acordo a política do governo e o momento económico, político e social que se
vive no país.

No processo de orçamento encontramos o seguinte ciclo:

1 - O Ministério das Finanças é o órgão coordenador do Sistema de Orçamento do Estado,


cabendo este até 31 de Maio de cada ano, comunicar a todos serviços ou unidades orgânicas do
Estado (diversos órgãos, instituições, provinciais e autarquias) a metodologia de recolha de
informação e demais instruções a serem respeitados na preparação das respectivas propostas de
orçamento.

2 – Uma vez aprovadas pelo órgão competente da instituição proponente, as diferentes propostas
de orçamento são enviadas à Direcção Nacional do Plano e Orçamento (DNPO);

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3 – As diferentes propostas de orçamento são depois analisadas, alteradas e unificadas pelo
Ministério do Plano e Finanças, através da Direcção Nacional do Plano e Orçamento, a luz das
orientações, limites orçamentais e demais instruções.

Caso se verifique alguma irregularidade ou incumprimento, a Direcção Nacional do Plano e


Orçamento, procederá, em conjunto com o proponente, à correcção da respectiva proposta, de
forma a adequá-la aos requisitos exigidos.

4 – Depois de elaborada a proposta de lei orçamental para o ano seguinte, esta é apresentada ao
Conselho de Ministros pelo Ministério do Plano e Finanças e depois submete-se à Assembleia da
República para apreciação e aprovação.

Elaboração do anteprojecto do orçamento


Elaborado o anteprojecto do orçamento pela administração é submetida à aprovação do Governo.
Este adopta-o e submete à Assembleia da República como Proposta do Orçamento para o ano
seguinte, harmonizando com as acções do Plano Económico e Social e Plano Quinquenal do
Governo.

Votação e aprovação do Orçamento


Remetido a proposta do orçamento à Assembleia da República, este órgão segue a uma discussão
normal das leis sendo relevante o trabalho da Comissão do Plano e Orçamento da Assembleia da
República que discute na especialidade os aspectos técnicos. Assim, achado conforme a
Assembleia da República, aprova a Lei do Orçamento do Estado nos termos da alínea m) do
artigo 179 da Constituição da República de Moçambique.

Aprovado o orçamento do Estado, o governo fica autorizado a:

 Proceder a gestão e execução do orçamento do Estado aprovado, adoptando as medidas


consideradas necessárias à cobrança das receitas previstas e à realização das despesas fixadas;
 Proceder à captação e canalização de recursos necessários, tendo sempre em conta o princípio da
utilização mais racional possível da melhor gestão de tesouraria;
 Proceder à abertura de créditos públicos para atender ao défice orçamental;
 Realizar operações de crédito por antecipação da receita, para atender a défices momentâneos de
tesouraria.

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Aprovado, promulgado e publicado o orçamento do Estado, compete ao governo, através do
Ministério do Plano e Finanças, fazer a necessária publicação, através de comunicação a todos os
serviços ou entidades orgânicas do Estado, com responsabilidades em acções programáticas para
que estão mandatados e na execução orçamental, os limites orçamentais que lhes caibam nas
tabelas de receitas e despesas.

Aprovado o orçamento do Estado, os deputados e as Comissões da Assembleia da República não


podem tomar iniciativa de lei que envolvam o aumento das despesas ou a diminuição de receitas.

Atraso na Aprovação do orçamento


Pode haver atraso na aprovação do orçamento, por necessidade de reformulação do orçamento
por este ter sido rejeitado na Assembleia da República, caso em que o Governo deverá voltar a
apresentar, no prazo de 90 dias, uma nova proposta de orçamento para respectivo ano
económico. Pode ainda haver atraso na aprovação do orçamento por demissão do governo e por
dissolução da Assembleia da República.

Em casos de atraso ou não aprovação da proposta do orçamento do Estado, é reconduzido o do


exercício anterior, com os limites nele definidos, incluindo os ajustes verificados ao longo desse
exercício, mantendo-se assim em vigor até aprovação do novo Orçamento do Estado.

O recurso ao orçamento executado anteriormente, em caso de atraso ou não aprovação da


proposta orçamental, visa assegurar e dar continuidade ao funcionamento da máquina
administrativa.

Execução do Orçamento
Podemos entender execução como o conjunto de actos e operações materiais de administração
financeira e de tesouraria praticados para cobrar as receitas e realizar as despesas inscritas ou
para prover ao respectivo ajustamento. Assim, uma vez aprovado o orçamento e iniciado o ano
financeiro, começam a cobrar-se receitas e a pagar as despesas inscritas no orçamento

Na execução do orçamento encontramos dois princípios fundamentais. O princípio da


economicidade e o princípio da legalidade.

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O princípio da economicidade compreende duas regras, sendo a primeira a da utilização mais
racional possível das dotações orçamentais aprovadas e a segunda a da melhor gestão de
tesouraria.

O princípio da legalidade entende-se como significando que na execução do orçamento, o


governo respeita as leis em geral, isto é, as relativas á organização e funcionamento da
Administração e as definidoras de direitos dos cidadãos.

Com o princípio da legalidade o governo não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no
orçamento uma receita que não esteja autorizada por lei, realizar despesas que, não obstante
tenham base legal, não se encontrem inscritas no orçamento ou não tenham cabimento na
correspondente verba orçamental. Há ainda obrigatoriedade das receitas cobradas e as despesas
efectuadas terem que estar necessariamente inscritas no orçamento – tipicidade orçamental.

Execução do Orçamento das Receitas


O princípio da realização das receitas é o da legalidade, isto é, a receita só poderá ser cobrada se
for cumulativamente, se for legal e tiver inscrição orçamental.

A Execução do orçamento das receitas compreende as seguintes fases:

 Lançamento e procedimento administrativo de verificação da ocorrência do facto gerador da


obrigação correspondente;
 Liquidação, cálculo do montante da receita devida e identificação do respectivo sujeito passivo;
 Cobrança, acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e subsequente entrega ao Tesouro
Público.
Entende-se aqui que o primeiro passo é de lançamento de procedimentos para a verificação de
onde e o facto que vai gerar obrigações, depois a determinação de montantes que o Estado tem a
receber de terceiros (contribuintes, utentes, devedores, etc.) cabendo geralmente a sua execução
aos serviços liquidadores de receitas, como a Direcção Nacional das Alfândegas e a Direcção
Nacional de Impostos que constituem a Rede de Cobranças do Estado.

Pá gina 18
Execução do Orçamento das Despesas
Do mesmo modo quanto a realização do orçamento das receitas, a realização do orçamento das
despesas deverá obedecer ao princípio da legalidade. A execução do orçamento das despesas,
encontra-se plasmado no artigo 30 da lei do SISTAFE

1. A realização das despesas compreende as três fases seguintes:

a) Cabimento, acto administrativo de verificação. Registo e cativo do valor com encargo a


assumir pelo Estado;

b) Liquidação, apuramento do valor que efectivamente há a pagar e emissão da competente


ordem de pagamento;

c) Pagamento ou entrega de importância em dinheiro ao titular do documento de despesa.

2. As despesas que sejam reconhecidas judicialmente no exercício em curso, pertencentes a


exercícios anteriores mas neles não liquidadas. são pagas na rubrica adequada do Orçamento do
Estado desse exercício em curso.

3. Pode ser autorizada a realização de despesas sob o regime de adiantamentos em numerário,


denominado fundo de maneio, para atender despesas cujos valores sejam de pequena monta e
para as quais se dispense o cumprimento do normal processo de realização de despesas.

4. Compete ao Governo aprovar, quer os limites máximos para a realização das despesas a que se
refere o número anterior, quer as dotações orçamentais e a este regime sujeitas, quer ainda à
regulamentação sobre a sua concessão, aplicação e prestação de contas.

Assim, as despesas só poderão ser assumidas durante o ano económico para qual estiverem
orçamentadas e deverão sempre respeitar os princípios de economia (minimização dos custos),
eficiência (maximização dos resultados) e eficácia (obtenção de resultados pretendidos).

Para que uma despesa seja executada tem de estar inscrita numa classe e verba prevista no
Orçamento do Estado e tem de ter cabimento orçamental ou seja, tem de haver verba disponível.

Pá gina 19
A execução das despesas deverá obedecer à regra dos duodécimos, segundo a qual em cada mês
do ano não poderá ser utilizada uma verba superior a 1/12 da verba global fixada no orçamento,
acrescido dos duodécimos dos meses anteriores vencidos e não pagos.

Ao nível central a execução do orçamento das despesas é da responsabilidade da Direcção


Nacional da Contabilidade Pública (DNCP). Ao nível provincial, ela é da competência das
diferentes Direcções Provinciais do Plano e Finanças (DPPF).

Alterações Orçamentais
O orçamento, como previsão que é, está sujeito a situações de imprevistos decorrentes de
mudanças de conjuntura, de calamidades ou de quaisquer outros novos condicionalismos.

A alteração orçamental, é definida por lei e sob proposta do governo, sendo que este encontra-se
devidamente autorizado.

De acordo com a lei do SISTAFE o governo pode efectuar reforços de verbas no Orçamento do
Estado, utilizando para efeito, a dotação provisional previstas, desde que as mesmas sejam
devidamente fundamentadas. É ainda da competência do governo a redistribuição das verbas
dentro dos limites estabelecidos pela Assembleia da República.

A transferência de verbas de um órgão ou instituição do Estado para outro deve ser tratado no
orçamento do Estado a crédito daquele e a débito deste.

De acordo com os ensinamentos de Teodoro Waty, as alterações feitas pelo governo podem
consistir em:

1º. Inscrição de uma nova dotação, a qual está condicionada â existência de disponibilidade na
dotação provisional e apenas será autorizada para atender a situações não previstas e inadiáveis;

2º. Reforço de dotações – aumento efectivo dos recursos anteriormente aprovados para fazer face
a situação de carência orçamental, que apenas poderá ter lugar se existir verba correspondente na
dotação provisional; e

3º. Redistribuição de dotações, que apenas poderá ser realizada entre rubricas de despesa ou
projectos distintos do mesmo órgão ou instituição, mantendo-se o respectivo limite orçamental
global inalterado.

Pá gina 20
Todas estas alterações deixam intactos os limites globais do Orçamento do Estado e por isso não
carecem de aprovação parlamentar.

Fiscalização do Orçamento
Durante o ano económico faz-se o acompanhamento e controle multifacetado do orçamento do
Estado, por forma a prevenir, detectar ou corrigir, erros e irregularidades.

Pretende-se concretamente que a arrecadação e a afectação de recursos seja feita de acordo com
o que vem estipulado no orçamento do Estado, de forma a evitar-se uma má utilização dos
dinheiros públicos e a ocorrência de desperdícios. Pretende-se ainda que os objectivos que se
pretendem alcançar e vêm definidos no Plano Económico e Social, estejam a ser efectivamente
cumpridos.

O controlo é uma garantia independente de que determinada acção ou poder no âmbito do


orçamento se ajusta aos objectivos da política financeira e que respeita as regras às quais está e a
que se deve ater-se o orçamento.

Assim, no nosso país "a execução do orçamento do Estado é fiscalizada pelo Tribunal
Administrativo e pela Assembleia da República, a qual, tendo em conta o parecer daquele
Tribunal, aprecia e delibera sobre a Conta Geral do Estado.

A Conta Geral do Estado


A conta geral do Estado tem por objectivo evidenciar a execução orçamental e financeira, bem
como apresentar o exercício e a avaliação do desempenho dos órgãos e instituições do Estado.
Na sua elaboração deve clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise
económica e financeira. Deve reflectir a observância do grau de cumprimento dos princípios de
regularidade financeira, legalidade, economicidade, eficiência e eficácia na obtenção e aplicação
dos recursos públicos colocados à disposição dos órgãos e instituições do Estado.

A Conta geral do Estado deve conter informação completa relativa a:

 Receitas cobradas e despesas pagas pelo Estado;


 Financiamento ao défice orçamental;
 Fundos de terceiros;
 Balanço do movimento de fundos entrados e saídos na Caixa do Estado;

Pá gina 21
 Activos e passivos financeiros e patrimoniais do Estado; e
 Adiantamento e suas regularizações.
O governo deve apresentar à Assembleia da República e ao Tribunal Administrativo a Conta
Geral do Estado, até 31 de Maio do ano seguinte àquele a que a referida conda conta respeite. O
relatório e o parecer do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado devem ser
enviados à Assembleia da República até 30 de Novembro do ano seguinte àquele a que a conta
respeite.

A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta Geral do Estado na sessão seguinte à


entrega do Relatório e Parecer pelo Tribunal Administrativo.

Importância do Orçamento do Estado


 Em democracia, o orçamento reflecte os objectivos e aspirações do povo;

 O governo é um dos principais actores na economia. As compras governamentais assim como a


maneira como o governo arrecada o dinheiro para fazer as suas compras afecta toda a gente;

 O orçamento é conexão vital que traduz a política em prestação de serviços;

 Orçamento é um instrumento poderoso para conduzir ao desenvolvimento e redistribuição na


sociedade.

Análise do Orçamento Moçambicano


O orçamento do Estado Moçambicano obedece as regras estabelecidas na Constituição da
República e às regras estabelecidas na Lei 9/2002, de 12 de Fevereiro, Lei do SISTAFE.

A Assembleia da República é o órgão que aprova o orçamento, que lhe é remetido sob proposta
do governo. Em termos constitucionais, o orçamento é fiscalizado pela Assembleia da República
e pelo Tribunal Administrativo.

No entanto, o orçamento moçambicano é deficitário por depender de cerca de 40% porcento da


ajuda externa e fraca colheita de recursos financeiros ou seja, fraca capacidade tributária.

Pá gina 22
Em Moçambique, há uma tendência de aumento das despesas públicas, pois, verificam-se casos
de desvios de fundo por funcionários do Estado, o que faz com que muitas actividades não se
realizarem.

Contudo, o orçamento do Estado moçambicano, tende a melhorar, muito mais pela descoberta de
recursos naturais, o que aumenta de certa forma o Produto Interno Bruto.

É de salientar que o orçamento moçambicano não é equilibrado, pois, as receitas e as despesas


não estão em pé de igualdade.

Despesa pública
O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da receita pública, pois, não pode mais ser
compreendida apenas vinculada ao conceito económico privado, isto é, de que a despesa deve ser
realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente com as empresas particulares. O
Estado tem como objectivo, no exercício de sua actividade financeira, a realização de seus fins,
pelo que procura ajustar a receita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a
esta. Sousa (2004:10)
Segundo Waty (2004:200), falar de uma despesa pública, é olhar para o conjunto de encargos do
Estado ou ente público para aquisição de bens ou prestação de serviços susceptíveis de satisfazer
necessidades públicas.
Todavia, Franco (2000:11), define despesa pública sob ponto de vista orçamentária e científica:
Sob ponto de vista orçamentário, despesa pública, é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por
parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para
execução de um fim a cargo do governo;
No contexto científico, a despesa pública é vista como a soma de gastos realizados pelo Estado
para a realização de obras e para a prestação de serviços públicos.
Quando se olha na despesa pública, deve-se entender como a forma como o Estado ou o ente
público faz a distribuição de riqueza, objectivando a produção dos serviços reclamados para
satisfação das necessidades públicas e para fazer face a outras exigências da vida pública, as
quais não são chamadas propriamente serviços.
A despesa pública difere-se da nacional, visto que, a pública constitui o processo de distribuição
de rendimentos e altera a repartição do rendimento nacional; a despesa nacional envolve não
apenas o consumo das entidades estatais mais também dos particulares.

Pá gina 23
Elementos da Despesa Pública
a) A natureza económica
O dispêndio, incidente em um gasto para os cofres do Estado e em consumo para os
beneficiados; a riqueza pública, bem económico, representado pelo acervo originário das rendas
do domínio privado do Estado e da arrecadação dos tributos;
b) A natureza jurídica
A despesa só pode ser executada com uma autorização legal dada pelo poder competente para a
efectivação da despesa;

c) A natureza política
A finalidade de satisfação da necessidade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do
serviço público, como medida de sua política financeira. A escolha do objectivo da despesa
pública envolve um acto político, referente à determinação das necessidades públicas que
deverão ser satisfeitas pelo processo do serviço público.

Formas de Execução da Despesa Pública


Nos dias de hoje prevalece a regra da execução da despesa pública em espécie, mas nem sempre
foi assim, como passamos a demonstrar.
Antigamente, o Estado não remunerava a execução do serviço público, que era feita
gratuitamente, quando, sem encargo para si, requisitava bens e serviços.
Entretanto, posteriormente ocorreu uma pequena evolução, e o Estado, apesar de continuar a não
remunerar directamente em dinheiro a prestação do serviço público, passou, em contrapartida, a
conceder honrarias (títulos honoríficos), prerrogativas e privilégios especiais aos que realizavam
gratuitamente tal serviço. Existiam ainda outras formas de remuneração:4
a) isenção de tributos;
b) autorização para que o prestador do serviço público recebesse o pagamento directamente da
parte por ele beneficiada;
c) adjudicação, em favor do prestador do serviço, em hasta pública, de receita em pagamento do
mesmo. Nesse sistema, a pessoa que prestava determinado serviço podia ficar com o direito de

4
SCHWANTZ, Giuliani; Caderno de Direito Financeiro Alberto. Santa Cruz do Sul, 2010.

Pá gina 24
receber, em substituição ao Estado, a arrecadação de determinado tributo, lucrando com a
diferença entre o que pagou e o que viesse a receber, vigorando tal sistema até o século XIX.
Actualmente, só excepcionalmente é gratuita a prestação do serviço público, como nos casos dos
serviços prestados pelos invocados dos tribunais de Júri, dos serviços eleitorais e dos serviços
dos membros do Conselho Penitenciário.

Causas da despesa pública


Wagner apud Waty (2004:201), em sociedades modernas há uma tendência para o aumento das
despesas públicas que não pode ser interpretada como significando em absoluto uma crescente
actividade financeira de Estado.
O aumento das despesas nem sempre é real. É aparente quando se refere às despesas nominais
cuja subida, deve-se a factores como, subida de taxas de câmbio, desvalorização da moeda,
subida de preços e o aumento demográfico.
Assim, pode-se subdividir as causas das despesas públicas em reais e imediatas:
a) Imediatas ou aparentes

 As variações no valor da moeda em decorrência da inflação, que determina a perda do


seu poder aquisitivo, fazendo com que as cifras das despesas públicas em determinado
país cresçam assustadoramente no transcorrer do tempo. Entretanto, este aumento é
meramente aparente, pois, em face da citada desvalorização, o Estado, na realidade,
gastou o mesmo dinheiro para efectivação das mesmas despesas feitas anos atrás.5
 A evolução das regras da contabilidade pública, substituindo-se o sistema de
contabilização de receitas líquidas pelo de contabilização das cifras brutas, com a
inclusão de todas as receitas e despesas do Estado em razão do princípio da
universalidade, ao qual está submetido o orçamento, fará, à primeira vista, que se pense
em um aumento poderoso das despesas públicas, mas, em razão desta evolução, será uma
elevação mais aparente que real;
 Anexações de territórios feitas por um Estado acarretam, sem sombra de dúvidas, um
aumento numérico das despesas públicas, que também será mais ilusório que verdadeiro

5
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004

Pá gina 25
porque com a citada anexação ocorre igualmente um incremento da receita pública, pois
um maior número de pessoas passará a ser tributado;
 Aumento da população de um Estado, vegetativamente ou pela entrada de imigrantes, faz
crescer numericamente a despesa pública, mas, em compensação, haverá um aumento
também da receita pública;
 A maior absorção das actividades privadas por parte do Estado em razão dos modernos
conceitos económico-sociais, gerando um aumento de despesa, mas tal crescimento da
despesa será também ilusório porque passando tais actividades para o Estado, este verá
crescer sua receita, bem como o custo do serviço público será menor que a actividade até
então exercida pelo particular, em razão de o Estado não visar ao lucro.

b) Reais

 O incremento da capacidade económica do homem contemporâneo, sobretudo devido ao


aperfeiçoamento da técnica de produção e, portanto, da produtividade, faz com que se
gaste mais em serviços públicos; tal ocorre pelo facto da possibilidade do gasto em
serviços públicos estar ligada directamente à capacidade económica do grupo social, já
que povo pobre, ou que produz pouco, por maiores que sejam seus problemas a
justificarem serviços públicos, não pode dedicar a estes senão mesquinha parte do que
dispõe para o total de suas necessidades;6
 A melhoria do nível político, moral e cultural da humanidade sob o influxo de ideias
forças, que levam os indivíduos a exigir e a conceder a mais ampla e eficaz expansão dos
serviços públicos. Assim, quanto maiores forem os níveis acima, mais e mais o particular
passa a exigir do Estado em serviços públicos, como em consequência do progresso da
democratização, fazendo com que um maior número de pessoas passe a participar da vida
política do país; de um maior aprimoramento do sentimento de solidariedade humana,
determinado maior exigência ao Estado de um amparo mais efectivo aos inválidos,
órfãos, menores desamparados, etc.
 O aumento progressivo das despesas públicas, correspondente aos vícios e erros dos
governantes, decorrentes de medidas demagógicas e do padrão técnico e moral do pessoal

6
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004

Pá gina 26
de administração, além de outros erros de pequena monta, embora representem uma
pequena parcela em comparação com as outras causas já enunciadas.

Pá gina 27
Tipologias das despesas públicas
a) Quanto à forma
Despesa em espécie - constitui hoje a forma usual de sua execução, embora, admitir-se alguns
serviços públicos que não são remunerados pelo Estado;
Despesa em natureza - forma que predominava na antiguidade mas que hoje está praticamente
abolida, embora ainda ocorra, como no caso de indemnização pela desapropriação de imóvel
rural mediante títulos da dívida pública com cláusula de correcção monetária;
b) Quanto ao aspecto económico
Despesa real ou de serviço é a efectivamente realizada pelo Estado em razão da utilização de
bens e serviços particulares na satisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação
desses bens ou serviços do sector privado em proveito do sector público; corresponde, pois, à
vida dos serviços públicos e à actividade das administrações, caracterizando-se pela
contraprestação que é feita em favor do Estado;7
Despesa de transferência – como a primeira, é também efectivada pelo Estado sem que receba
directamente qualquer contraprestação a seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo,
já que o dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no pagamento de pensões e
de subvenções a actividades ou empresas privadas;
c) Quanto ao ambiente
Despesa interna é a feita para atender às necessidades de ordem interna do país e se realiza em
moeda nacional e dentro do território nacional;
Despesa externa a que se realiza fora do país, em moeda estrangeira e visa a liquidar dívidas
externas;
d) Quanto à duração
Despesa ordinária visa atender às necessidades públicas estáveis, permanentes e periodicamente
previstas no orçamento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como, por exemplo,
a despesa relativa ao pagamento do funcionamento público;
Despesa extraordinária objectiva a satisfazer necessidades públicas acidentais, imprevisíveis e,
portanto, não constantes do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em sua
verificação, e estão mencionadas na Constituição, como sendo as despesas decorrentes de guerra,

7
SCHWANTZ, Giuliani; Caderno de Direito Financeiro Alberto. Santa Cruz do Sul, 2010.

Pá gina 28
que por ser urgente e inadiável não se pode esperar o processo prévio da autorização legal;
Despesa especial - tem por finalidade permitir o atendimento de necessidades públicas novas,
surgidas no decorrer do exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento, embora
não apresentem as características de imprevisibilidade e urgência, assim, dependem de prévia Lei
para a sua efectivação, sendo de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a
fazer em decorrência de sentença judicial;
e) Quanto à sua importância
Despesa necessária é aquela intransferível em face da necessidade pública, sendo sua
efectivação provocada pela colectividade;
Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela colectividade e não vise a atender
necessidades públicas prementes, é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade
social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste critério, não se pode falar em
despesa inútil, e mesmo as despesas de guerra podem produzir uma utilidade, como a
independência nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive; esta utilidade ser
de carácter económico, pois o Estado quando evita ou limita uma invasão ao seu território,
impede ou diminui um prejuízo económico.
f) Quanto aos efeitos económicos
Despesa produtiva – esta, para além de satisfazer necessidades públicas, enriquece o património
do Estado ou aumenta a capacidade económica do contribuinte, como as despesas referentes à
construção de portos, estradas de ferro, etc.
Despesa improdutiva - é aquela que não gera um benefício de ordem económica em favor da
colectividade;
h) Quanto à competência
 Despesa estadual - atende aos fins e serviços do Estado, estando fixada em seu orçamento;
 Despesa municipal - tem por finalidade atender a fins e serviços do Município, sendo
consignada no orçamento municipal;8
i) Quanto ao fim
 Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadeira, pois se destina à produção e à
manutenção do serviço público, estando enquadrados nesta categoria os gastos com os
pagamentos dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de riquezas na realização
8
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004

Pá gina 29
de obras públicas e emprego de materiais de serviço e à conservação do domínio público;
 Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utilização da receita, como a despesa para a
administração do domínio fiscal (fiscalização de terras, de bosques, das minas, manutenção de
fábricas, etc.) e para a administração financeira (arrecadação e fiscalização de receitas tributárias,
serviço de dívida pública, com o pagamento dos juros e amortização dos empréstimos
contraídos).

Receita pública
Os recursos financeiros canalizados para os cofres públicos ostentam, na prática, natureza e
conteúdo bastante diversificados, nem sempre derivam da actividade impositiva do Estado
(tributário), podendo resultar de contratos firmados pela administração com carácter bilateral.

Pode-se afirmar que o crescimento das despesas públicas, resultante do acesso das massas ao
poder político, tornou imprescindível ao Estado lançar mão de outras fontes de obtenção de
recursos financeiros capazes de manter um fluxo regular e permanente de ingressos.

Afinal o que se entende por receita?


Segundo Waty (2004:187), receita são as entradas que têm como objectivos o financiamento da
actividade financeira do Estado, sem embargo de outras funções extra-financeiras, e são de uma
grande diversidade que do acréscimo das funções do Estado Moderno.

Todavia, IFD (2011:33), define a receita como expressão monetária resultante do poder de
tributar e/ou do agregado de bens e/ou serviço da entidade, validada pelo mercado em um
determinado período de tempo e que provoca um acréscimo concomitante no activo ou uma
redução do passivo, com um acréscimo correspondente no património líquido, abstraindo-se do
esforço de produzir tal receita representado pela redução (despesa) do activo ou acréscimo do
passivo e correspondente redução do património líquido.

De facto, fala se de receita independentemente da execução orçamentária quando resulta-se em


aumento do património líquido.

As receitas podem ser de carácter individual, colectivos, particulares e estatais. Interessa-nos


nesta aula, analisar a receita pública, aquelas que advêm das actividades financeiras do Estado.

Pá gina 30
Receitas Publicas são todos os ingressos de carácter não devolutivo auferidas pelo poder público
em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa
forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma receita pública, pois, tem como finalidade
atender as despesas públicas. Ibid (2011:34)

A receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Público, incorporado ao
património do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de
investimentos públicos, Schwantz (2010: 33).

6.1. Será que todas as entradas constituem uma receita pública?


De facto, há uma corrente de opinião que entende por receita pública toda soma de dinheiro
arrecadada pelo Estado, seja a título de tributo ou renda da actividade económica (insusceptíveis
de restituição), seja a título de caução, fiança ou empréstimo público (restituíveis).

A designação receita pública deve ficar reservada, tão-somente, às importâncias arrecadadas pelo
Estado em carácter definitivo, ou seja, não restituíveis. A receita pública embarca as receitas das
empresas estatais, a remuneração dos investimentos do Estado e os juros das dívidas fiscais.

Princípios das receitas públicas


De acordo com Franco (2004:48), o regime comum da receita pública é expressão, no geral, dos
princípios essenciais da contabilidade pública e por outro do carácter dominante da receita
tributária, que tende a dominar e assimilar crescentes aspectos do regime das restantes receitas.

Assim, quando falamos da receita pública temos que ter em conta os seguintes princípios:

1. Princípio da legalidade – a receita só poderá ser cobrada se tiver existência legal e se


estiver inscrita no orçamento. As operações de liquidação, consistem, na determinação dos
montantes que o Estado tem a receber de terceiros (contribuinte, utente, devedor) cabendo a sua
execução aos serviços liquidadores de receitas, como, a DNOP.

2. Princípio da renovação anual ou de realização – sem autorização orçamental anual ou


sem regime substitutivo, não podem ser cobradas receitas; a receita é reconhecida no período em
que é contabilisticamente realizada. A realização ocorre quando bens ou serviços são fornecidos
a terceiros em troca de dinheiro ou um outro elemento activo.

Pá gina 31
3. Princípio da competência – estabelece as receitas e as despesas devem ser incluídas no
apuramento do resultado do período em que foram geradas, sempre simultaneamente quando se
relacionarem (princípio da confrontação das despesas com as receitas), independentemente de
recebimentos ou pagamento. As receitas são consideradas realizadas quando há o
desaparecimento parcial ou total de um passivo; pela geração natural de novos activos
independentemente da intervenção de terceiros; quando nas vendas a terceiros de bens ou
serviços se efectuar o pagamento ou assumirem o compromisso de efectivá-los.

4. Princípio de não consignação – nenhuma despesa específica, sem prejuízos da cobertura


geral, deve ser afectada, pela cobertura de uma despesa resultante ou de uma legislação especial;

Classificação das Receitas Públicas


Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos cofres públicos, mesmo sujeito à restituição.

A noção compreende as importâncias e valores realizados a qualquer título. Assim, os tributos


(impostos, taxas, e contribuição de melhoria) e as rendas da actividade económica do Estado
(preços), não restituíveis, são ingressos ou entradas. À semelhança, as fianças, cauções,
empréstimos públicos, posto que restituíveis.9

Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a restituição, ou, por outra, a
importância que integra o património do Estado em carácter definitivo.

Bibliografia

9
WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª Ed. Maputo, W&W –
Editora, 2004

Pá gina 32
1. GUIMARÃES, Vasco Branco. Direito Fiscal Moçambicano. Maputo, Chitlango Editora,
1993.
2. MIRANDA, Jorge; Manual de Direito Constitucional: O Estado e o Sistemas
Constitucionais. Lisboa, 6ª ed. Coimbra Editor, TOMO I, 1997.
3. SULAI, Salimo; Manual de apoio de introdução as Finanças Públicas e Direito
Financeiro, Nampula, 1ª Edição. 2018.
4. Sousa Franco, A. (1995), Finanças Públicas e Direito Financeiro, vol. I, capítulo V, pp.
335-342.
5. SOUSA FRANCO, António L. Finanças Públicas e Direito Financeiro, 4ª edição,
Almedina, Coimbra 2008.
6. TEXEIRA, António Braz. Finanças Públicas e Direito Financeiro. Coimbra, 1992.
7. WATY, Teodoro Andrade. Introdução às Finanças Públicas e Direito Financeiro l. 2ª
Ed. Maputo, W&W – Editora, 2004.
8. RIBEIRO, José Joaquim Teixeira; Lições de Finanças Públicas. Lisboa, 5ª ed.; Coimbra
Editora, 1995
9. SCHWANTZ, Giuliani; Caderno de Direito Financeiro Alberto. Santa Cruz do Sul,
2010.
a). Legislação Complementar

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, 2004..

Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro, a Lei do SISTAFE

Decreto-lei n°3/2006, de 23 de Agosto, Código Civil Moçambicano.

Pá gina 33

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