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8. Problemas cardíacos
O consumo de açúcar aumenta o risco de morte por doença cardíaca. Pessoas que
consumam cerca de 15% das suas calorias diárias através do açúcar, têm um risco maior
de morrer de doença cardíaca.
A confusão aumenta com o fato de que, na maioria dos estudos com grupos menores de
pacientes, o papel do ganho de peso, seja este associado ao consumo excessivo de
açúcar ou não, é o fator dominante para aparecimento de diabetes. Maior ainda, se
associado ao sedentarismo. Fatores adicionais como história da doença na família,
estresse, medicamentos e muitos outros podem modificar o risco individual. Assim, é
corriqueiro que os médicos desmintam essa associação entre açúcar e diabetes, e passem
a dar mais ênfase ao controle de peso e pratica de atividades físicas regulares.
Então, como conciliar essa visão com as preocupações da OMS? Uma possibilidade
bastante plausível é a seguinte: do ponto de vista individual, muitos fatores altamente
variáveis competem para o aparecimento do diabetes, sendo o ganho de peso aquele com
maior preponderância. Por outro lado, várias pesquisas feitas com dados populacionais
encontraram associação significativa entre maior consumo de açúcar e doenças crônicas,
inclusive o diabetes. Um interessante estudo2 feito por pesquisadores da Califórnia avaliou
dados de 173 países, provenientes de dados oficiais (urbanização, PIB per capita,
industrialização, envelhecimento, incidência de diabetes) e da FAO (consumo alimentar de
fibras, proteínas, álcool, açúcar refinado e outros), bem como sua evolução durante
período de 2000 a 2010.
Após uma análise estatística cuidadosa e bastante repetitiva, o consumo de açúcar foi
relacionado a maior incidência de diabetes, de forma independente da obesidade,
sedentarismo e consumo de álcool. Tempo mais longo de exposição ao maior consumo de
açúcar teve resultados semelhantes. Os autores tiveram ainda o cuidado de separar
países onde o consumo de açúcar diminuiu durante o período, verificando que nestes a
incidência de diabetes também caiu.
Ou seja, do ponto de vista mais coletivo, onde os fatores individuais são menos
importantes, o consumo excessivo de açúcar pode aumentar o número de novos casos de
diabetes. Diversos mecanismos metabólicos têm sido estudados nos últimos anos
implicando o consumo de açúcar (principalmente aqueles ricos em frutose) com maior
chance de ganho de peso, diabetes, esteato-hepatite não alcoólica, hipertrigliceridemia,
aumento do ácido úrico e hipertensão. Enfim, todos os componentes da chamada
síndrome metabólica.
Ou seja, como conclusão desta polêmica, pelo menos até o momento, podemos dizer que
do ponto de vista individual de cada paciente, dentro do consultório, devemos continuar a
atacar os fatores já consagrados: obesidade e sedentarismo. Porém, para uma estratégia
preventiva eficaz, do ponto de vista coletivo e de saúde pública, talvez deveríamos dar
maior atenção ao crescente aumento na adição de açúcares simples durante o
processamento industrial dos alimentos, bem como ampliar os esforços em educação
alimentar, visando uma escolha mais consciente daquilo que levamos do supermercado
para dentro de casa.
Contra uma doença que se alastra rapidamente e em grande número, apenas com uma
abordagem coletiva e maciça é que poderemos ter esperança de um futuro mais doce,
mas no bom sentido.
Fonte:http://www.diabetes.org.br/diabetes-em-debate/consumo-excessivo-de-acucar-e-
diabetes-a-polemica-revisitada-pela-oms
Em tempos passados, as doenças infecciosas lideravam as causas de mortes. Com os avanços
tecnológicos e controle das infecções, essas causas foram substituídas pela alta incidência das
doenças crônicas não transmissíveis, tais como: obesidade, hipertensão arterial, doenças
coronarianas, diabetes e suas implicações, grande parte delas relacionadas aos hábitos
alimentares, especialmente ao excesso de açúcar e gorduras (LESSA, 1998). Uma das doenças
crônicas, segundo Sartorelli & Franco (2003), é a prevalência do diabetes mellitus tipo 2,
especialmente em jovens. O índice dessa doença crônica tem se elevado devido ao aumento
das taxas de obesidade associada à vida sedentária e as modificações no consumo alimentar.